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Um historiador do Brasil: István Jancsó

An Historian of Brazil: István Jancsó

Resumo

De um ponto de vista ao mesmo tempo pessoal e acadêmico, este texto evoca a memória e a obra de István Jancsó, particularizando-a em ideias centrais que, de algum modo, se relacionam com sua visão da Independência do Brasil como um processo histórico não-local.

Palavras-chave:
Independência; nação; István Jancsó

Abstract: From a point of view at the same time academic and personal, this article deals with Istvan Jancsó's memory and work. It focuses specifically in his interpretation of Brazilian independence as a non-local historical process.

Keywords:
Brazilian Independence; nation; István Jancsó


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  • 1
    Retomo aqui o título do livro com depoimentos de István Jancsó dados a Marco Morel, Andréa Slemian e André Nicácio Lima: MOREL, Marco; SLEMIAN, Andréa; LIMA, André Nicácio (Orgs.). Um historiador do Brasil: István Jancsó. São Paulo: Hucitec, 2010.
  • 2
    JANCSÓ, István e PIMENTA, João Paulo Garrido. "Peças de um mosaico (ou apontamentos para o estudo da emergência da identidade nacional brasileira)". In: MOTA, Carlos Guilherme (Org.). Viagem incompleta. Formação história. A experiência brasileira. São Paulo: Editora SENAC, 2000. p.138.
  • 3
    Ver a descrição feita pelo próprio István do que era a dinâmica da sua sala no Departamento de História da USP, em Um historiador do Brasil... Op. Cit., p.255.
  • 4
    Além dos sólidos apoios documentais que estão presentes em seus diversos trabalhos, dos projetos de edições de fontes, alguns infelizmente não realizados, devem ser lembradas as duas úteis cronologias que dirigiu e fez realizar por estudantes de graduação: Cronologia de História do Brasil Colonial (1500-1831). São Paulo: FFLCH-USP, 1994 e Cronologia de História do Brasil Monárquico (1808-1889). São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2000. Quantos estudantes tiveram na realização destes trabalhos uma especial formação no ofício do historiador e não determinaram a partir daí suas escolhas de vida? Neste campo da edição de fontes a ação de István concretizou-se na magnífica Documenta Uspiana, dirigida com Pedro Puntoni. Os quatro títulos já publicados pela importância dos textos e pela qualidade crítica das edições colocam esta iniciativa entre as de primeiro plano na edição de fontes históricas no Brasil e alhures: NORONHA, José Monteiro de. Roteiro da viagem da cidade do Pará até as últimas colônias do sertão da província (1768). Introdução e notas de Antonio Porro. São Paulo: Edusp, 2006; ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas. Introdução e notas de Andrée Mansuy Diniz Silva. São Paulo: Edusp,2007; BARATA, Cipriano. Sentinela da Liberdade e outros escritos (18211835). Organização e edição de Marco Morel. São Paulo: Edusp, 2008; VIDE, Sebastião Monteiro da. Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. Estudo introdutório e edição de Bruno Feitler e Evergton Sales Souza. São Paulo: Edusp, 2010.
  • 5
    Rio de Janeiro: Universidade Federal Fluminense, 1974. Posteriormente, editada com ajustes em livro, como: Na Bahia contra o Império: História do Ensaio de Sedição de 1798. São Paulo: Hucitec, 1996.
  • 6
    PAMPLONA, Marco A. Dialogando com a obra de István Jancsó: algumas considerações sobre a contribuição desse historiador do Brasil para os debates recentes da historiografia. Almanack, Guarulhos, n.02, p.07, 2º semestre de 2011.
  • 7
    Para as referências, ver notas 12 a 18 do texto de Marco A. Pamplona acima citado
  • 8
    MOREL, Marco; SLEMIAN, Andréa; LIMA, André Nicário. Um historiador do Brasil... Op. Cit.,p.306.
  • 9
    VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História da Independência do Brasil até ao reconhecimento pela antiga metrópole, compreendendo, separadamente, a dos sucessos ocorridos em algumas províncias até essa data. 6ª ed. Brasília: INL, 1972.
  • 10
    A contagem do número de páginas está baseada na edição citada na nota anterior.
  • 11
    RODRIGUES, José Honório. Independência: revolução e contra-revolução. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975-1976. Vol.1 - A evolução política. vol.2 - Economia e sociedade. vol.3 - As forças armadas. vol.4 - A liderança nacional. vol.5 - A política internacional.
  • 12
    O volume 5, intitulado a liderança nacional, considera apenas os personagens que estavam próximos a D. Pedro, dividindo-os entre A grande liderança. Os protagonistas e A liderança menor. Os deuteragonistas. Os outros capítulos intitulam-se: O povo e a Independência, O clero e a Independência, A imprensa e a Independência.
  • 13
    JANCSÓ, István e PIMENTA, João Paulo Garrido, Op. Cit., p.135-136.
  • 14
    Frei Joaquim do Amor Divino Caneca intitulou a terceira de suas cartas de Cartas de Pítia à Damão: Sobre os projetos despóticos do Ministério do Rio de Janeiro. Escrita depois de junho de 1823, nela frei Caneca faz duras críticas à criação da Ordem do Cruzeiro, à oposição de José Bonifácio de Andrada e Silva ao desejo dos liberais do juramento prévio da futura Constituição por parte do Imperador, à devassa mandada instaurar contra José Clemente Pereira, Gonçalves Ledo e seu grupo (2 de novembro de 1822), à convocação do Conselho de Procuradores (16 de fevereiro de 1822), ao decreto de 18 de junho de 1822, criando Juízes de Fato para julgamento dos crimes de abusos de liberdade de imprensa, ao fechamento dos jornais O Periquito, O Correio do Rio de Janeiro, A Malagueta e ao atentado sofrido pelo seu redator Luís Augusto May (5 de junho de 1823), e defende uma larga autonomia para as províncias que, segundo ele, deveriam possuir suas próprias Marinhas e não depender para suas defesas da Marinha do Império. Ainda, em suas palavras: "Sim meu caro Damão, uma inquisição política se abriu na corte, e mandou-se abrir aqui e no Maranhão contra os republicanos, carbonários, etc.; pelos quais entendem todos os homens que não pensam como o ministério. Foram no Rio presas mais de trezentas pessoas, que povoam ainda a cadeia, Ilha das Cobras e Lage (sic); outros foram deportados para fora do Brasil; e outros querendo escapar a esta proscrição de Sylla (sic), emigraram de sua pátria, e foram procurar refúgio e gasalhado em terra alheia". Obras Políticas e Literárias de Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Colecionadas pelo Comendador Antônio Joaquim de Mello. Recife: Assembleia Legislativa do Estado, 1972. Edição fac-similar da edição de 1875, tomo, II, p.314.
  • 15
    "Isso de ensino na formação teórica era uma das vertentes da minha relação com a historiografia. A outra era o trabalho massivo com documentação". MOREL, Marco; SLEMIAN, Andréa; LIMA, André Nicário. Um historiador do Brasil... Op. Cit.,p.172.
  • 16
    Fazendo uma revisão do clima intelectual dos anos 60 e 70 diz: "Ninguém compreendia naquela altura que a questão é da qualidade da análise e não da origem do referencial".
  • 17
    Naturalmente elas são muitas e variadas. Elas incluem suas leituras juvenis, tão amplas, nas quais a literatura húngara tem um lugar importante, bem como os clássicos gregos e latinos lidos em húngaro, quando adolescente em São Paulo. Incluem, ainda, o fato de ter sido aluno de Sérgio Buarque de Holanda, de Eduardo D'Oliveira França e de Fernando Antônio Novais. Deste último foi aluno e amigo, e com o mesmo partilhou a direção da Coleção Estudos Históricos, da Editora Hucitec. Coleção que se impôs como das mais importantes coleções brasileiras na área da História. A interlocução com Fernando A. Novais está presente em todos os trabalhos de István, e a tese de Novais, Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1771-1808), cuja primeira edição em livro data de 1979, é uma referência constante e sempre reafirmada. Ao fazer uma referência a Pierre Vilar, István pensa na "fantástica possibilidade do bom manejo do marxismo". MOREL, Marco; SLEMIAN, Andréa; LIMA, André Nicário. Um historiador do Brasil... Op. Cit.,p.182.
  • 18
    Ibidem, p.296. Os textos a que István aqui se refere são: STUMPF, Roberta. Filhos das minas, americanos e portugueses: identidades coletivas na capitania das Minas Gerais (1763-1792). São Paulo: Hucitec/FAPESP, 2010; e VILAR, Pierre. Hidalgos, amotinados y guerrilleros. Pueblo y poderes en la historia de España. Barcelona: Critica, 1982.
  • 19
    "O conhecimento tinha a ver com a vida da gente; e a vida da gente não era a biografia da gente, era a vida da gente, o país, a nação, essas coisas...". Um historiador do Brasil... Op.Cit., p.71.
  • 20
    Importa lembrar que István teve também uma passagem pela Paraíba, da qual faz um excelente relato em Um historiador do Brasil... Op. Cit.
  • 21
    Ibidem, p.46. Ao justificar para sua mãe porque recusava a carreira de dentista que a família planejara para ele, disse: "Eu quero ver a vida. E a vida é ver História, ver Literatura, a vida é isso". Cf. Ibidem, p.45.
  • 22
    Há vários István nestas andanças, que não podem ser tratados aqui. Estão registrados em Um historiador do Brasil, com notações preciosas não apenas para sua biografia, mas para a história brasileira.
  • 23
    Ibidem, p.172.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2011

Histórico

  • Recebido
    01 Jun 2011
  • Aceito
    30 Jun 2011
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