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Usina hidrelétrica na Amazônia Oriental e seus impactos nos hábitos alimentares da população local

Resumo

O presente estudo avaliou os impactos diretos da Usina Hidrelétrica Cachoeira Caldeirão (antes e durante sua construção) sobre os hábitos alimentares (consumo de peixes e carnes silvestres) de residentes na cidade de Porto Grande, Estado do Amapá, Brasil. O estudo foi realizado em 2015, com base na aplicação de questionário para coleta de dados (tamanho da amostra = 53) e na análise comparativa para significância (teste de Wilcoxon, p <0,05) e avaliação de correlação (teste de Pearson). Os resultados sugeriram mudanças significativas nos hábitos alimentares das famílias. O teste de Wilcoxon detectou três variáveis significativas (p <0,05): renda familiar, número de espécies (consumo de peixes e carnes silvestres) e taxa de consumo de carnes silvestres por família. Os testes de correlação de Wilcoxon e Pearson confirmaram duas variáveis ​​(p < 0,05 er > 0,7): renda familiar versus consumo de carne selvagem antes (valor p = 0,045; r = - 0,75) e renda familiar versus consumo de peixe durante (valor p = 0,0029; r = - 0,83) construção de usina hidrelétrica. Pode-se inferir que a queda no consumo familiar de peixe pode estar relacionada à mudança de hábito alimentar das famílias. As mudanças na dieta alimentar podem ter levado as famílias ao consumo crescente de alimentos industrializados e/ou ultraprocessados, muito comuns em regiões ribeirinhas amazônicas isoladas geograficamente e com dificuldades de acesso a energia elétrica. Além disso, as famílias foram obrigadas a se adaptar a uma nova realidade devido às mudanças ambientais em seus territórios.

Palavras-chave:
espécies silvestres; impactos socioambientais; peixes

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