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Transubstanciação simbólica do uniforme de trabalho em signo de prestígio

The symbolic transubstantiation of the worker's uniform into a sign of prestige

O artigo analisa os usos sociais e significados simbólicos presentes no uniforme de trabalho usado pelos funcionários da Usiminas - siderúrgica sediada em Ipatinga (Mg). Esse uniforme é um dos maiores símbolos de prestígio na região, vestido por todos os funcionários, independentemente do nível hierárquico ou gênero (sob justificativa de nivelar todos, até mesmo o presidente da companhia o usa). A realidade em estudo revela um paradoxo entre a necessidade de igualar, pela roupa, os trabalhadores e a hierarquia na empresa, que aponta para diferenças. Para desvelar o universo simbólico ao qual o uniforme se liga, a análise articula antropologia simbólica, cultura material e história social, recuperando o percurso histórico quanto à adoção dos uniformes nas fábricas brasileiras, bem como o contexto em que a Usiminas foi implantada. No processo de disputas simbólicas no espaço urbano, o uniforme foi útil para moldar comportamentos e "civilizar" os operários. Apesar do controle exercido pelo uniforme, os privilégios conseguidos por meio dele transformam-no em símbolo de status. Os dados evidenciam que, mais que um material inerte, destinado a proteger os trabalhadores, o uniforme materializa relações de gênero e de classe, e adquire uma vida social essencialmente dinâmica, "impregnada" de memórias, sonhos e conquistas, além de ser marcado por perseguições, demissões, medo e dor.

Uniforme de trabalho; Investimento simbólico; Usos sociais; Usiminas; Ipatinga


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