O tratamento das superfícies arquitetônicas como problema teórico da restauração

Kühl, Beatriz Mugayar

doi:10.1590/S0101-47142004000100021

Resumos

O artigo aborda a questão das superfícies arquitetônicas e sua relação com a teoria de restauração. São examinadas com esse intuito, em linhas gerais, as transformações por que passaram as teorias de restauro. Analisam-se também as tendências contemporâneas, com o intuito de averiguar os princípios gerais que deveriam guiar as intervenções. Verificase então o que ocorre na prática de intervenções em superfícies arquitetônicas, notando-se que há uma dissociação entre teoria e prática. Neste texto, procura-se enfatizar a relevância da reflexão teórica para enfrentar os problemas em toda a sua complexidade e como meio eficiente de preservar os aspectos materiais, históricos, formais e simbólicos dos monumentos.

Superfícies arquitetônicas; Teoria da restauração; Monumentos históricos

The article deals with the question of architectural surfaces and their relation with restoration theories. The historical transformations undergone by restoration theories are examined in broad lines. The contemporary tendencies of restoration theories are also analyzed in order to verify the principles that should guide the interventions. The dissociation between theory and practice arises through the analysis of the practice of interventions in architectural surfaces. In this text, the author seeks to place an emphasis on the relevance of reflection on theoretical principles in order to face problems in their full intricacy, and as an efficient means of preserving the material, historic, formal and symbolic values of monuments.

Architectural Surfaces; Restoration Theory; Historic Monuments

CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO

O tratamento das superfícies arquitetônicas como problema teórico da restauração

Beatriz Mugayar Kühl^* * A autora conta atualmente com uma Bolsa de Auxílio à Pesquisa da Fapesp.

Depto. de História da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

RESUMO

O artigo aborda a questão das superfícies arquitetônicas e sua relação com a teoria de restauração. São examinadas com esse intuito, em linhas gerais, as transformações por que passaram as teorias de restauro. Analisam-se também as tendências contemporâneas, com o intuito de averiguar os princípios gerais que deveriam guiar as intervenções. Verificase então o que ocorre na prática de intervenções em superfícies arquitetônicas, notando-se que há uma dissociação entre teoria e prática. Neste texto, procura-se enfatizar a relevância da reflexão teórica para enfrentar os problemas em toda a sua complexidade e como meio eficiente de preservar os aspectos materiais, históricos, formais e simbólicos dos monumentos.

Palavras-chave: Superfícies arquitetônicas. Teoria da restauração. Monumentos históricos.

ABSTRACT

The article deals with the question of architectural surfaces and their relation with restoration theories. The historical transformations undergone by restoration theories are examined in broad lines. The contemporary tendencies of restoration theories are also analyzed in order to verify the principles that should guide the interventions. The dissociation between theory and practice arises through the analysis of the practice of interventions in architectural surfaces. In this text, the author seeks to place an emphasis on the relevance of reflection on theoretical principles in order to face problems in their full intricacy, and as an efficient means of preserving the material, historic, formal and symbolic values of monuments.

Keywords: Architectural Surfaces. Restoration Theory. Historic Monuments.

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Artigo apresentado em 07/2004.

Aprovado em 10/2004.

ASHURST, J; ASHURST,N. Practical Building Conservation Hants:Gower, 1989. 5 v.
BALDINI,U. Teoria del restauro e unità di metodologia Firenze: Nardini, 1997. 2 v.
BOITO, C. Questioni pratiche delle belle arti. Restauri, concorsi, legislazione, professione, insegnamento Milano: Hoepli, 1893.
_______.Os restauradoresTradução por P. e B. M. Kühl. Cotia: Ateliê, 2002.
BRANDI,C. Il restauro.Teoria e pratica Roma: Editori Riunite, 1994.
_______.Teoria da restauraçãoTradução por Beatriz M. Kühl. Cotia: Ateliê, 2004.
CARBONARA,G.Avvicinamento al restauro Napoli: Liguori, 1997.
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CARTA de Veneza. Revista do patrimônio histórico e artístico nacional Rio de Janeiro, n. 22, p. 106, 1987.
CHOAY, F. A alegoria do patrimônio Tradução por Luciano Vieira Machado. São Paulo: Unesp/Estação Liberdade, 2001.
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_______.RestauraçãoTradução por B. M. Kühl. Cotia: Ateliê, 2001.
YOURCENAR,M. Le temps, ce grand sculpteur Paris: Gallimard, 1983, p. 61-62.

*

A autora conta atualmente com uma Bolsa de Auxílio à Pesquisa da Fapesp.

Datas de Publicação

Publicação nesta coleção
10 Ago 2009
Data do Fascículo
Dez 2004

Histórico

Recebido
Jul 2004
Aceito
Out 2004

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[1] ASHURST, J; ASHURST,N. Practical Building Conservation Hants:Gower, 1989. 5 v.

[2] BALDINI,U. Teoria del restauro e unità di metodologia Firenze: Nardini, 1997. 2 v.

[3] BOITO, C. Questioni pratiche delle belle arti. Restauri, concorsi, legislazione, professione, insegnamento Milano: Hoepli, 1893.

[4] _______.Os restauradoresTradução por P. e B. M. Kühl. Cotia: Ateliê, 2002.

[5] BRANDI,C. Il restauro.Teoria e pratica Roma: Editori Riunite, 1994.

[6] _______.Teoria da restauraçãoTradução por Beatriz M. Kühl. Cotia: Ateliê, 2004.

[7] CARBONARA,G.Avvicinamento al restauro Napoli: Liguori, 1997.

[8] CARBONARA,G.;CURUNI, S.A. (Orgs.). Intervista a Renato Bonelli. Tema,Torino, n. 3, p. 38-47, 1998.

[9] CARTA de Veneza. Revista do patrimônio histórico e artístico nacional Rio de Janeiro, n. 22, p. 106, 1987.

[10] CHOAY, F. A alegoria do patrimônio Tradução por Luciano Vieira Machado. São Paulo: Unesp/Estação Liberdade, 2001.

[11] D'AVILER, A.C.Cours d'architecture qui comprend les ordres de VignoleParis:Mariette,1710.2 v.

[12] DETRY,N.; PRUNET, P. Architecture et restauration. Sens et évolution d'une recherche Paris: Les Éditions de la Passion, 2000.

[13] FEILDEN, B. Conservation of Historic Buildings Oxford: Butterworth, 2003.

[14] FIORANI,D. (Org.). Il colore dell'edilizia storica Roma: Gangemi, 2000.

[15] GIOVANNONI, G.Vecchie Città: Edilizia Nuova. Vecchie città ed edilizia nuova Torino: Utet, 1931.

[16] _______.Questioni di architettura nella storia e nella vita Roma: Società d'Arte Ilustrata, 1925.

[17] _______.Verbete: Restauro dei Monumenti. In: ENCICLOPEDIA ITALIANA DI SCIENZE, LETTERE ED ARTI. Roma: Istituto della Enciclopedia Italiana (Treccani), 1936, v. 18, p. 127-130.

[18] JOKILEHTO, J. A history of architectural conservation Oxford: Butterworth, 1999.

[19] LA REGINA, F. Come un ferro rovente, cultura e prassi del restauro architettonico Napoli: Clean, 1992.

[20] MARCONI,P. Materia e significato. Roma: Laterza, 1999.

[21] _______.Dal piccolo al grande restauroVenezia: Marsilio, 1988.

[22] MIARELLI MARIANI,G. Coloriture urbane: omologazioni fra uniformità e dissonanze. Ananke, Firenze, n. 10, p. 10-23, 1995.

[23] _______.I restauri di Pierre Prunet: un pretesto per parlare di architettura. Palladio, Roma, n. 27. p. 65-92, 2000.

[24] MORA,P.; MORA,L.Le superfici architettoniche,materiale e colore.Bollettino d'arte,supplemento al n. 6, p. 17-24, 1984.

[25] MORRIS,W. Collected Works. Londres: s. n., 1915.

[26] OLIVEIRA, M. M. de. Tecnologia da conservação e da restauração Salvador:UFBA, 1995.

[27] PANE, R. Attualitá e dialettica del restauro. Chieti, s. n., 1987.

[28] PETRELLA,A. John Ruskin e l'economia politica dell'arte. Restauro, Napoli, v. 16, n. 91-92, p. 7-88, 1987.

[29] PHILIPPOT, P. La notion de patine et le nettoyage des peintures. Bulletin de l'Institut Royale du Patrimoine Historique, Bruxelles, v. 9, p. 138-143, 1966.

[30] PHILIPPOT, P.;MORA,L.;MORA,P. Il restauro degli intonaci colorati in architettura: L'Esempio di Roma e la Questione di Metodo. Bollettino d'arte, supplemento al n. 35-36, p. 139-141, 1986.

[31] QUATREMÈRE DE QUINCY. Considérations morales sur la destination des ouvrages de l'art Paris: Fayard, 1989.

[32] _______.Lettres à Miranda (1796) Paris: Macula, 1989.

[33] _______.Restauração, restaurar, restituição e ruínas. Rotunda, Campinas, n. 2, p. 107-117, 2003.

[34] RIEGL, A. Le culte moderne des monuments Son essence et sa genèse.Tradução do alemão por Daniel Wieczorek. Paris: Seuil, 1984.

[35] RUSKIN, J. The Seven Lamps of Architecture 6 ed. Sunnyside: George Allen, 1889.

[36] SCARROCCHIA, S. Alois Riegl: teoria e prassi della conservazione dei monumenti. Bologna: Accademia Clementina di Bologna, 1995.

[37] TOLEDO,B.L. de.Patrimônio cultural:graus de intervenção nos monumentos históricos.Sinopses, São Paulo, n. 35, p. 32-38, 2001.

[38] TORSELLO, B. P. La materia del restauroVenezia: Marsilio, 1988.

[39] VIOLLET-LE-DUC, E. E. Dictionnaire raisonné de l'architecture française du XI au XVI siècle Paris: Libreries-Imprimeries Réunies, s.d., 10 v.

[40] _______.Entretiens sur l'architecture Paris: Morel, 1863-1872. 2 v.

[41] _______.RestauraçãoTradução por B. M. Kühl. Cotia: Ateliê, 2001.

[42] YOURCENAR,M. Le temps, ce grand sculpteur Paris: Gallimard, 1983, p. 61-62.

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