Memórias da experiência de visitantes no Museu da Natureza (Piauí): um estudo dois anos após a visita

SILVA, JULIANE BARROS DA; MASSARANI, LUISA MEDEIROS

doi:10.1590/1982-02672023v31e13

JULIANE BARROS DA SILVA

Fundação Oswaldo Cruz/Rio de Janeiro, RJ, Brasil

1 Mestre em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde pela Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz; especialista em Docência na Educação Básica pelo Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) e licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atua no Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia (INCT-CPCT-Fiocruz). E-mail: jubarros.jbs4@gmail.com.

http://orcid.org/0000-0002-9267-9676

LUISA MEDEIROS MASSARANI

Fundação Oswaldo Cruz/Rio de Janeiro, RJ, Brasil

2 Doutora em Gestão, Educação e Difusão em Biociências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); coordenadora do Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT-Fiocruz) e coordenadora da rede Musa Iberoamericana: Red de Museos y Centros de Ciencia. É pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) 1B e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ. E-mail: luisamassarani9@gmail.com.

http://orcid.org/0000-0002-5710-7242

1
Mestre em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde pela Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz; especialista em Docência na Educação Básica pelo Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) e licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atua no Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia (INCT-CPCT-Fiocruz). E-mail: jubarros.jbs4@gmail.com.

2
Doutora em Gestão, Educação e Difusão em Biociências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); coordenadora do Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT-Fiocruz) e coordenadora da rede Musa Iberoamericana: Red de Museos y Centros de Ciencia. É pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) 1B e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ. E-mail: luisamassarani9@gmail.com.

Sala	Título	Resumo da narrativa	Principais recursos expositivos
Antessala	Grande buraco negro	Texto de apresentação escrito pela pesquisadora Niède Guidon. Trata de sua trajetória pessoal, da pesquisa na região da Serra da Capivara, o desenvolvimento por ela impulsionado, a origem do Museu da Natureza e seu papel educativo.	Sala escura, com um único ponto de luz, direcionado para o texto de apresentação.
1	Início da matéria	Texto do curador que apresenta a exposição e a concepção de norteá-la através do clima e de sua influência sobre o ambiente.	Entrada por um corredor escuro, de formato elíptico, que se ilumina no final.
		A origem do universo, do sistema solar, da Terra, do clima, da vida e da atmosfera com oxigênio.	Mesa interativa com materiais magnéticos.
			Aparatos multimídia, ilustrações e textos de apoio.
			Mesa interativa com microscópios.
2	Tectônica de placas	A Terra em movimento: manto, crosta terrestre e a formação dos continentes.	Recurso interativo: grande esfera de metal com adesivos imantados no formato dos continentes.
3	Água	A explosão da vida: dos primeiros seres vivos até os organismos pluricelulares.	Expositores com fósseis de trilobitas e seres pré-históricos, simulador de chuva, totem audiovisual que mostra a dinâmica de movimentação dos continentes ao longo do tempo geológico e painel com projeção de ondas que simula as ondas do mar. Efeito sonoro de água.
		Surgimento de seres com exoesqueleto, notocorda e mandíbula. Os peixes pulmonados, peixes caminhantes e a saída dos animais do ambiente aquático.
		O passado marinho na região da Serra da Capivara.
4	Suco de dinossauros	Reprodução dos anfíbios dependentes de água e o surgimento de espécies exclusivamente terrestres. Evento de extinção. Os dinossauros e a ocupação do território.	Imagens de dinossauros que ocuparam o território brasileiro criadas em computação gráfica tridimensional e projetadas em barris. Cenas dos animais interagindo entre si e com outros. Efeito sonoro relacionado às cenas projetadas.
4	Suco de dinossauros	Convivemos com o passado: fósseis, formação do petróleo e evolução a partir dos dinossauros, como as aves. Novo evento de extinção em massa.
5	Gelo infinito	Variações periódicas de clima no planeta ao longo do tempo geológico, com períodos de aquecimento (derretimento de geleiras) e resfriamento (períodos glaciais).	Sala de espelhos. Do teto saem fios com pequenos suportes de acrílico fixados em sequência, com pequenos animais e plantas em seu interior.
		O aquecimento global e como as ações antrópicas contribuem para a intensificação do processo de aquecimento do planeta.	Efeito sonoro de gelo quebrando ao primeiro passo dentro da sala.
		A Serra gelada, mas não congelada, e a expansão da vida no território do Piauí.
6	A primeira transformação	A Serra da Capivara já abrigou o bioma cerrado e toda a sua biodiversidade.	Painel com impressão lenticular que, por um ângulo, mostra a paisagem da Serra da Capivara verde e frondosa (estação chuvosa) e, de outro, mostra a paisagem seca (estação com pouca chuva).
6	A primeira transformação	A transformação climática e o atual bioma caatinga.
7	Desfile animal	Os mamíferos de pequeno porte. Conceito de nicho ecológico. O surgimento de animais da megafauna após a extinção dos dinossauros e de que modo esses animais conseguiram se desenvolver em grandes dimensões depois do evento de extinção em massa dos dinossauros.	Grande bancada semicircular com fósseis de animais da megafauna encontrados na região da Serra da Capivara. Em uma das paredes, projeção em computação gráfica tridimensional dos exemplares fósseis reconstituídos em tamanho real. Efeitos sonoros com sons de animais e trilha sonora impactante.
7	Desfile animal	O intercâmbio americano de espécimes e a diversidade da fauna nas Américas. Novo evento de extinção em massa e os gigantes de hoje.
8	Animais pintados	A diversidade de animais representados nas pinturas rupestres do Parque Nacional da Serra da Capivara.	Módulo com aparência de caverna, simula paredes de pedra e tem pouca luz. Projeção de pinturas rupestres nas paredes.
8	Animais pintados		Óculos em três dimensões disponíveis para a visualização de pinturas rupestres.
9	Voo livre	O processo e as circunstâncias da criação do Parque. A importância da pesquisa científica à região, tanto para a preservação da fauna e flora endêmicas como para a conservação dos sítios arqueológicos. Parque tombado pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade em 1991.	Simulador de voo de asa delta com aparato específico e óculos em três dimensões. Simula o voo sobre a paisagem do Parque.
9	Voo livre		Telão com projeção de imagens aéreas do Parque.
10	Caatinga	A flora e a fauna atual presente no Parque.	Vitrines e totens com exemplares da fauna e flora coletados no Parque. Esqueletos inteiros de animais, espécimes da fauna e flora empalhados e conservados.
10	Caatinga	A flora e a fauna atual presente no Parque.	Monóculos com imagens da fauna e flora locais.
11	Animais noturnos	Animais de hábitos noturnos que compõem a fauna do Parque.	Módulo que lembra sala de cinema com uma grande tela na qual são projetadas imagens feitas com câmeras de infravermelho no interior do Parque. Imagens noturnas dos animais.
12	A próxima mudança	A característica mutável da natureza, as transformações climáticas como geradora de mudanças na paisagem.	Filme projetado no teto sobre um mosaico em espiral. Logo abaixo, no centro da sala, há um grande pufe para que os visitantes se acomodem e assistam ao filme.
12	A próxima mudança	Narração sonora com a voz da cantora Maria Bethânia resumindo a exposição e convidando o visitante a refletir sobre a ação humana no planeta.	Narração sonora.
Saída	Mirante e réplica de Preguiça-gigante	A paisagem atual da Serra da Capivara através da vista do mirante.	Réplica, em tamanho real, da preguiça-gigante, fabricada em resina e ferro pelo Museu de Ciências Naturais da PUC Minas.
Saída	Mirante e réplica de Preguiça-gigante	Réplica do maior fóssil já encontrado na Serra da Capivara: preguiça-gigante.

ID	Idade	Estado de origem	Formação	Atuação
A1	65	Rio de Janeiro	Graduação em Engenharia Elétrica.	Aposentado, atua no mercado
A2	55	São Paulo	Graduação em Psicologia e pós-doutorado em Saúde Pública.	Professora universitária.
A3	62	Piauí	Graduação em Farmácia e em Espanhol.	Conselho Federal de Farmácia e professora de Espanhol do ensino médio.
A7	28	Piauí	Graduação em Educação Física e graduando em Administração.	Educação física.
A8	46	Piauí	Mestrado em Computação.	Professor de Instituto Federal.
A10	31	Piauí	Graduação em Educação Física e graduando em Administração.	Professor de academia e na Secretaria Municipal de Esportes.
A11	52	Piauí	Graduação em Engenharia Agrônoma.	Pecuária.
A15	46	São Paulo	Graduação em História.	Professor do ensino fundamental.

Quantidade de visitantes	Categorias extraídas dos enunciados	Exemplos de trechos de enunciados
5	Infraestrutura	As salas são compostas na série de Fibonacci. Ela é uma espiral. Até isso foi meticulosamente pensado (Visitante A8).
5	Infraestrutura	Ah é... Eu... Eu assim, lembro que é uma coisa bem futurista (Visitante A3).
4	Experiência afetiva	Já causa um impacto né!? Já na entrada. Causa aquele impacto. Você entra num ambiente totalmente escuro, totalmente é... como eu posso falar... Dá aquele suspense [risos] (Visitante A10).
3	Dinâmica dos recursos expositivos	Pra mim foi uma surpresa porque eu achei assim, um dos museus assim... Não esperava, tá!? Mas assim, um museu muito interativo onde é... Foi assim, uma coisa que não foi assim chata, não foi boring entendeu? (Visitante A1).
2	Narrativa do Museu	Você começa no escuro, quando não existe nada, né!? A experiência de imersão começa ali e aí você vai passando por salas e cada sala é uma... Uma época daquela região até você chegar nos dias atuais e aí na última sala você vê, tem uma... um vislumbre de futuro né!? (Visitante A8).
2	Museu como instrumento para a aprendizagem	Então isso eu acho que é muito legal no Museu da Natureza, né!? Dar essa concretude pra aquilo que a gente fala. Então de visualizar, de tentar trazer pra mais próximo da gente. Isso eu acho genial! (Visitante A15).
2	Contexto social do Museu	Pra mim, o que mais me impressionou foi o quanto existe um museu moderno, bem equipado num lugar tão distante, né!? É... pobre, né!? Um recurso é... é... dessa qualidade num lugar tão afastado do Brasil (Visitante A2).
1	Importância do patrimônio	Eu passaria uma noite inteira conversando contigo, só enumerando os valores que eu consegui encontrar ali de diversos tipos, né!? Você encontra valor histórico, você encontra valor tecnológico, você encontra valor cultural, você encontra valor... Valor econômico, né!?? Você encontra todo tipo de valor ali (Visitante A8).

[1] 1
Mestre em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde pela Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz; especialista em Docência na Educação Básica pelo Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) e licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atua no Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia (INCT-CPCT-Fiocruz). E-mail: jubarros.jbs4@gmail.com.

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Memórias da experiência de visitantes no Museu da Natureza (Piauí): um estudo dois anos após a visita

Memories of the experience of visitors to the Museu da Natureza (Piauí, Brazil): a study two years after the visit

RESUMO