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Análises de livros

Análises de livros

CERULOPLASMINE. CLINICAL AND EXPERIMENTAL INVESTIGATIONS ON ORIGIN, PRESENCE AND BEHAVIOUR OF FRACTIONS. Joan A. J. Trip. Monografia com 105 páginas, 4 tabelas, 33 figuras e apêndice. Wolters-Noorhoff N. V., Groningen, 1968.

Inicialmente o autor faz a revisão da literatura relacionada com a presença de cobre e ceruloplasmina no corpo humano, com as propriedades físicas e químicas, com a purificação da ceruloplasmina, com suas frações constituintes, seus aspectos imunológicos, os métodos de determinação, o metabolismo e as variações do seu conteúdo no soro sangüíneo em algumas moléstias. No segundo capítulo descreve o material e os métodos empregados: a ceruloplasmina do soro e da urina foi determinada por método cromatográfico-espectrofotométrico de acordo com Deutsch; o cobre do soro foi determinado pelo método descrito por Rice, tendo a oxalildihidrazida como substrato; o fracionamento da ceruloplasmina foi feito pelo método do Broman, empregando solunas de hidroxiapatita para a cromatografía e, também, eletroforese em gel de amido e imunoeletroforese com a técnica de difusão em agar. Os valores normais foram determinados em 24 indivíduos hígidos (12 homens e 12 mulheres), não sendo encontradas diferenças relacionadas com o sexo. No terceiro capítulo são apresentados os resultados das dosagens de ceruloplasmina e as correlações entre suas frações em pacientes com proteinúria. No 4.° capítulo é analisada a conduta de ceruloplasmina em várias moléstias do fígado (hepatite infecciosa, metastases de tumores malignos, cirrose alcoólica, cirrose pós-necrótica, cirrose biliar, cirroses criptogênicas). Dada a influência dos estrógenos na síntese da ceruloplasmina e por ter sido admitido que o metabolismo dos estrógenos encontra-se alterado na cirrose do fígado, o autor determinou a excreção dos estrógenos urinários em pacientes com cirrose, encontrando níveis dentro da faixa de valores normais; por outro lado, em 6 mulheres grávidas as concentrações da ceruloplasmina foram encontradas elevadas, porém as percentages das suas frações não diferiam das normais. Por isso o autor conclui que as alterações encontradas nos pacientes com cirrose hepática ocorrem independentemente de possíveis alterações do metabolismo dos estrógenos e que a síntese diminuída de ceruloplasmina pelo fígado relaciona-se principalmente com a fração I(C-C), isso sugerindo que somente esta fração é sintetizada no fígado.

No 5.° capítulo são apresentados resultados obtidos em estudos feitos mediante cateterização vascular, sendo as amostras de sangue coletadas da artéria braquial e das veias hepática e sub-clávia e, em alguns casos, das veias renal, jugular e ilíaca externa: os conteúdos de cobre total do soro e de ceruloplasmina da artéria braquial foram encontrados mais baixos do que os da veia hepática, iguais aos das veias renal e jugular, e significantemente mais altos que os das veias subclávia e ilíaca externa; os conteúdos de cobre livre do soro arterial foram encontrados significantemente mais baixos que os das veias sub-clávia e ilíaca externa, porém similares aos das veias jugular, renal e hepática; os conteúdos de ceruloplasmina das veias sub-clávia e ilíaca externa estavam diminuídos em maior extensão do que os de cobre total do soro nestes vasos, esta diferença refletindo-se no aumento das concentrações do cobre livre venoso. As frações de ceruloplasmina do sangue da artéria braquial e das veias sub-clávia e hepática foram determinados em 16 pacientes: a fração I(C-C) do sangue arterial foi encontrada mais elevada que a da veia sub-clávia, porém mais baixa que a veia hepática; a fração II(C-D) do sangue arterial foi encontrada mais baixa que a da veia sub-clávia, porém mais alta que a da veia hepática. Foram estudados os conteúdos de cobre e de ceruloplasmina da linfa de três pacientes, não sendo encontrada ceruloplasmina, ao passo que os valores de cobre eram quase iguais aos do soro, o que vem mostrar que a linfa contém quase que unicamente cobre livre; isso explicaria o achado de níveis mais baixos de cobre no soro arterial, em virtude de ter êste elemento passado para a linfa. As técnicas de eletroforese em gel de amido e de imunoeletroforese não conseguiram detectar diferenças nas frações de ceruloplasmina dos soros da artéria braquial e das veias sub-clávia e hepática.

Após discutir os resultados obtidos o autor sugere as seguintes hipóteses explicativas do metabolismo da ceruloplasmina: esta substância é sintetizada no fígado como fração IC-C), a qual é transportada pela corrente sangüínea para os diferentes tecidos, sendo parte inativada ou destruída, parte transformada na fração II(C-D) e parte permanecendo como a fração I(C-C) que é encontrada no sangue venoso; durante estes processos metabólicos liberta-se cobre da molécula de ceruloplasmina que é o cobre livre do soro, sendo que a maior parte dele passa para os linfáticos.

No 6.° capítulo são expostos os resultados obtidos nos estudos ultramicroscópicos da molécula de ceruloplasmina e das suas frações, estudos que levaram o autor a concluir que, após purificação, a molécula de ceruloplasmina tende para as proteínas globulares. São também relatados estudos quanto à velocidade de sedimentação das frações de ceruloplasmina.

Francisco Bastos De Jorge

BILDNEREI DER GEISTESKRANKEN. Hans Prinzhorn. Um volume encadernado com 361 páginas e 187 figuras, sendo numerosas as coloridas, e 20 tabelas. Segunda edição. Springer Verlag, Berlin-Heidelberg-New York, 1968.

É auspiciosa a reimpressão do já antológico livro de Prinzhorn, cuja primeira edição foi publicada em 1922; embora as tentativas de análise e compreensão da produção pictórica dos doentes mentais sigam atualmente orientações diversas, o trabalho de Prinzhorn conserva méritos indiscutíveis. Prinzhorn, para montar o trabalho, colecionou cerca de 5.000 quadros, desenhos e esculturas de pacientes psiquiátricos, recolhendo o material em diversos hospitais da Europa. Com extremo cuidado selecionou os exemplares mais representativos visando à tentativa de encontrar, nas características da produção pictórica dos pacientes, dados que tivessem valor psicopatológico definido ou mesmo patognomônico. É importante lembrar, como diz Von Baeyer no prefácio, que antes de Prinzhorn, a produção pictórica dos doentes mentais valia mais ou menos como curiosidade, praticamente nunca tendo sido objeto de estudo aprofundado. Ele conseguiu mostrar espantosas semelhanças entre os desenhos de crianças, povos primitivos e doentes mentais; além disso comparou a produção destes últimos com as dos expressionistas, em voga na época, mostrando o estreito parentesco, entre elas, quanto à distorção da percepção tradicional do mundo. A diferença foi assinalada pelo fato de que o enfermo mostra, através de sua produção, a necessidade de ter que se adaptar a seu mundo pessoal distorcido e bizarro, enquanto que os artistas, não psicóticos e emocionalmente sadios, trazem uma posição de afirmação de sua autonomia interna diante da forma tradicional de ver o mundo (Von Baeyer). Depois de Prinzhorn e em boa parte a partir dele, vislumbraram-se simbolismos, momentos de forma de contacto de um mundo interior fechado dos doentes com seu ambiente social a tentativas auto-terapêuticas de reencontro pessoal, além de se tentar ver em muitos casos a imagem do processo psicopatológico em marcha. Os trabalhos colecionados por Prinzhorn originam-se de um tempo em que não existia terapia ocupacional; são, portanto, trabalhos espontâneos, sem qualquer tipo de orientação, inclusive no que diz respeito ao material e técnica; nem sequer sofreram, pelo menos de modo sistemático, qualquer forma de valorização ou de estímulo por parte dos responsáveis pelos enfermos. Assim, a riquíssima coleção que vem exposta neste livro tem o valor de repositório de documentos cujo estudo pode ser feito sob perspectivas as mais diversas. A obra, de leitura fascinante, embora possa suscitar numerosas críticas, como sejam o fato de o autor ter dado pouca importância às histórias dos doentes e de não ter tentado uma aproximação psicodinâmica no sentido de psicologia profunda, mantém, entretanto, até hoje um lugar importante não apenas em Psiquiatria, mas numa faixa intermediária entre esta e o estudo da Arte tendo, ainda, grande importância em Antropologia, em seu sentido mais amplo.

A. C. Cesarino

SYMPOSIUM ON MUSCLE. E. Ernst e F. B. Straub, editores. Um volume com 260 páginas e 181 ilustrações e gráficos. 8.° volume da série Symposia Biológica Hungárica promovidos pela Akadémiai Kiadó, Budapest, 1968.

Trata-se de livro contendo relatórios apresentados a simpósio realizado em Budapest, entre 12 e 16 de setembro de 1966. R. Couteaux faz considerações sobre os aspectos estruturais do músculo estriado, chamando a atenção para as diferenças entre as fibras rápidas e lentas. S. Ebaski estuda as proteínas estruturais dos músculos e suas interações, referindo que a contração muscular não tem base exclusivamente na interação da actina e da miosina, e mostrando a importância da tro-pomiosina nativa (fator que sensibiliza a actomiosina aos ions cálcio) e dos íons cálcio no ciclo da contração e relaxamento musculares. I. Ivanov trata das substâncias orgânicas dos músculos estriados que diferem dos lisos, entre outras coisas, pelo alto conteúdo da actomiosina. E. Page estuda os deslocamentos de água e de íons univalentes do músculo cardíaco de mamíferos, fazendo a avaliação das teorias da membrana e da carga fixa. F. Yöbsis trata da atividade mecânica dos músculos estriados, referindo-se à lei do tudo ou nada que não se aplica ao músculo estriado nem à fibra muscular isolada, salientando que a mudança de estado do músculo se produz pelas diferenças dos potenciais de ação. De Wilkie faz considerações sobre os aspectos energéticos da contração muscular. Finalmente, E. Ernst faz considerações sobre os fatos já verificados e as implicações por eles determinadas. Cada um dos relatórios foi amplamente discutido, o todo contribuindo para ampliar os conhecimentos sobre a fisio-patologia da atividade muscular e aumentar as perspectivas da miologla como sub-especialidade neurológica.

José A. Levy

Livros recebidos

Nota da Redação — A notificação dos livros recentemente recebido não implica em compromisso da Redação da revista quanto à publicação de uma apreciação. Todos os livros recebidos são arquivados na Biblioteca do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

LA ANGUSTIA NORMAL Y PATOLOGICA. Rollo may, Stanley Schachter e outros. Um volume tipo pocket-boock (11 x 14,5) com 285 páginas, contendo compilações de trabalhos de vários autores. Primeira edição em castelhano. Editorial Paidós, Buenos Aires, 1968.

WERTE UND TATSACHEN. Wölfgang Kohler. Um volume (15 x 23) com 297 páginas contendo a versão alemã feita por Mira Koffka do original editado em língua inglesa (The Place of Value in a World of Facts, 1938). Springer Verlag, Berlin-Heidelberg-New York, 1968. Preço: DM 58,—.

DER BALKENMANGEL. F. Unterharnscheidt, D. Jachnik e H. Gött. Um volume (15 x 23) com 232 páginas e 55 ilustrações. Caderno 128 da série "Monographien aus dem Gesamtgebiete der Neurologie und Psychiatrie". Springer Verlag, Berlin-Heidelberg-New York, 1969. Preço: DM 68,—.

EL DOLOR. L. Barraquer Bordas e F. Jane Carrenca. Um volume (16 x 21) com 244 páginas e 16 ilustrações. Editorial Paz Montalvo, Madrid, 1968.

SEROTONIN. Irvine H. Page. Um volume (14X22) com 143 páginas. Year Book Medical Publishers Inc., Chicago, 1968. Preço: US$ 7,95.

THE THIOXANTHENES. H. E. Lehmann e T. A. Ban, editores. Um volume (17 x 24) com 115 páginas, 27 figuras e 12 tabelas. Segundo volume da série "Modern Problems of Pharmacopsychiatry". S. Karger AG, Basel-New York, 1969. Preço: US$ 6,25.

EXPERIMENTAL BRAIN CONCUSSION BY SUDDEM INTRACRANIAL INPUT OF FLUID. Lennaet Rinder. Monografia (16 x 24) com 31 páginas e duas ilustrações. Orstadius Boktryckeri Aktiebolag, Gõteborg, 1969.

METABOLISM OF CATECHOLAMINES IN THE CENTRAL AND PEREPHERAL NERVOUS SYSTEM. Jan Jonason. Monografia (16 x 24) com 50 páginas e 6 ilustrações. Suplemento n.° 320 de Acta Physiologica Scandinavica. Elanders Boktryckeri Aktiebolag, Gõteborg, 1969.

THE CLINICAL APPEARANCE OF LOW BACK DISORDERS. Jiri Horl. Monografia (16 X 23) com 109 páginas, 8 figuras e 24 tabelas. Antonsons Tryckeri Ab, Göteborg, 1969.

THE NEUROLOGICAL EXAMINATION OF THE COMATOSE PATIENT. C. M. Fischer. Monografia (16 x 24) com 56 páginas. Suplemento n.° 36 de Acta Neurológica Scandinavica. E. Munksgaard, Copenhagen, 1969.

MIND AS A TISSUE. Charles Rupp, editor. Um volume encadernado (15 X 23) com 368 páginas e 117 ilustrações. Hoeber Medical Division Harper & Row Publishers, 1968. Preço: US$ 16,50.

PICTORIAL MANUAL OF NEUROLOGIC TESTS. M. W. van Allen. Um volume (23 X 15) com 200 páginas e 108 ilustrações. Year Book Medical Publishers Inc., Chicago, 1969. Preço: US$ 7,95.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Abr 2013
  • Data do Fascículo
    Jun 1969
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