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Alterações da velocidade do fluxo sanguíneo indicativas de compressão mecânica das artérias vertebrais durante rotação da cabeça registradas com Doppler transcraniano

Estudos anatômicos, angiografias em voluntários normais e relatos clínicos de pacientes com sintomas atestam o fato de que o fluxo sangüíneo através das artérias vertebrais (VA's) é parcialmente obstruído ao nível da articulação atlanto-axial (C1-C2) durante a rotação da cabeça. Variações anatômicas das artérias cerebrais basais, trauma e outros processos patológicos têm sido relacionados à compressão mecânica fisiológica das VA's na patogenia de insuficiência vertebrobasilar. No presente estudo, as alterações dinâmicas da velocidade do fluxo sangüíneo (BFV) nas artérias do sistema vertebrobasilar, provocadas por rotação da cabeça em voluntários adultos normais, são medidas com Doppler transcraniano (TCD). Material e métodos: 30 voluntários adultos (grupo 1) foram examinados com TCD das VA's (segmento intracraniano V4) e artéria basilar (BA). Em 8 indivíduos o estudo foi repetido com um instrumento de TCD de dois canais, permitindo o estudo simultâneo das VA's (grupo 2). A artéria basilar foi examinada com a técnica transforaminal e as VA's com o método transoccipital. Resultados: A BFV na BA e VA's diminuiu de modo significante durante rotação da cabeça no grupo 1, independentemente do lado da rotação (p<0.001). A mais acentuada diminuição do BFV ocorreu na VA do lado direito durante rotação ipsilateral (-18%). Alterações semelhantes foram notadas no grupo 2. Todavia, nesse grupo as alterações da BFV na VA do lado esquerdo não foram significantes (p=0.08), tanto à rotação ipsilateral quanto à contralateral. Comentários: A análise da relação entre a velocidade média do fluxo sangüíneo em dada artéria (V-média), a BFV medida com TCD (i.e. o componente máximo dos vetores de velocidade de fluxo no centro da artéria), o fluxo sangüíneo volumétrico e o fluxo sangüíneo cerebral regional (rCBF), sugere que a magnitude da diminuição da BFV registrada no presente estudo não reflete uma diminuição proporcional do rCBF, devido a existência de fluxo sangüíneo colateral do sistema arterial carotídeo (via artéria comunicante posterior) e, também, devido à possibilidade de que as alterações pós-estenóticas do fluxo sangüíneo interferem na relação entre BFV e V-média. Todavia, o presente estudo corrobora observações anteriores que sugerem ser a compressão mecânica das VA's ao nível C1-C2 um fenômeno presente no ser humano normal. A compressão das VA's pode assumir proporções críticas para o rCBF vertebrobasilar em pacientes com variações anatômicas ou com patologia oclusiva resultantes em compartimentalização do rCBF (i.e. casos em que a VA comprimida é funcionante como vaso terminal), em pacientes com distúrbio da auto-regulação da circulação cerebral ou com reduzida reserva cerebrovascular (e.g. pacientes com trauma crânio-encefálico e hipertensão intracraniana), especialmente pacientes comatosos ou sob anestesia geral.

artéria basilar; doença cerebrovascular; hemodinãmica; cuidado intra-operatório; postura; icto; sonografia; Doppler transcraniano; ultrassom; artéria vertebral; insuficiência vertebrobasilar


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