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Estudo morfológico no músculo gastrocnêmio de camundongos C57 BL10 submetidos à ingestão prolongada de etanol

Study of ultrastructural alterations in gastrocnemius muscle of C57 BL10 mice after prolonged ethanol ingestion

Os efeitos do alcoolismo crônico no músculo gastrocnêmio de camundongos bem nutridos foram estudados morfologicamente com a finalidade de se avaliar a hipótese de que o etanol exerce um papel tóxico direto sobre o músculo esquelético. Foram usados 30 camundongos C57BL10 machos, adultos jovens, divididos em dois grupos: Grupo A (controle) consistindo de 10 camundongos que beberam água e Grupo B (alcoólico) de 20 camundongos que beberam etanol a 25%. Todos os animais receberam" uma ração balanceada de laboratório e foram mantidos nesse regime ad libitum nas mesmas condições ambientais durante 48 semanas e pesados uma vez por semana. O consumo diário de dieta e a ingestão calórica foram calculados tendo os animais apresentado substancial ganho de peso, não mostrando qualquer sinal de desnutrição. Ao final do experimento os animais foram sacrificados para estudos morfológicos. Pela microscopia óptica não foram encontradas alterações. Importantes anormalidades foram observadas pela microscopia eletrônica em todos os espécimens.O retículo sarcoplasmático mostrou-se freqüentemente dilatado, resultando na formação de grandes vesículas e envolvendo as cisternas terminais com deslocamento das tríades. Áreas de estreitamento, ruptura e perda de miofibrilas ocorreram assim como zonas de completa desorganização de miofibrilas com perda do padrão estriado normal. As mitocondrias estavam em linhas gerais dentro dos limites da normalidade. Agregados tubulares peculiares vistos comumente na paralisia periódica e outras condições patológicas humanas, foram encontrados tanto no músculo dos camundongos controles como no dos alcoólicos. Os nervos intramusculares assim como as junções neuromusculares mostravam-se normais. Importantes anormalidades nos capilares musculares foram observadas, consistindo de tumefação das células endoteliais e de espessamento da lâmina basal. Difusa infiltração lipídica microvesicular foi vista no citoplasma dos hepatócitos parecendo constituir uma evidência a mais da ação tóxica do etanol sobre o organismo. Concluímos que a ingestão prolongada de etanol, representando 14,4% de calorias totais, produz no músculo gastrocnêmio de camundongos C57BL10 bem nutridos um elenco de alterações ultraestruturais que refletem um efeito tóxico direto sobre o músculo esquelético. As alterações constatadas são semelhantes àquelas descritas na miopatia alcoólica crônica humana

ingestão prolongada de etanol; camundongos C57BL10; músculo gastrocnêmio; alterações ultraestruturais


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