Acessibilidade / Reportar erro

La botte piena o la moglie ubriaca? Vinho e gênero na Roma antiga.

La botte piena o la moglie ubriaca? Wine and gender in ancient Rome.

Resumo:

Os modos como cada sociedade ou grupo pondera sobre o consumo do álcool e seus efeitos nos múltiplos contextos culturais é bastante distinto, em especial quando os discursos se referem a este consumo com as atenções voltadas aos gêneros. Assim, as associações entre o consumo de bebidas alcoólicas e as alterações dos comportamentos sexuais de cada gênero, embora estejam presentes desde a antiguidade, devem ser entendidas nos contextos culturais em que foram produzidas, de modo a compreender como cada grupo social lida com determinados aspectos fisiológicos e a partir disso constrói seus discursos e interdições. Desta forma, torna-se fundamental, um retorno cuidadoso às fontes antigas, evitando interpretações baseadas no senso comum ou na tradição, considerando as possíveis diferenças entre o discurso normativo e a prática cotidiana.

Palavras-chave:
Roma Antiga; Vinho; Gênero

Abstract:

The ways in which each society or group considers alcohol consumption and its effects in multiple cultural contexts is quite different, especially when the discourses refer to this consumption with attention focused on gender. Thus, the associations between the consumption of alcoholic beverages and changes in the sexual behavior of each gender, although present since antiquity, must be understood within the cultural contexts in which they were produced, to understand how each social group deals with certain situations. physiological aspects and from this builds its discourses and interdictions. In this way, a careful return to ancient sources becomes essential, avoiding interpretations based on common sense or tradition, considering the possible differences between normative discourse and everyday practice.

Keywords:
Ancient Rome; Wine; Gender

Considerações Iniciais

As associações entre o consumo de bebidas alcoólicas e as alterações dos comportamentos sexuais estão presentes em variados contextos e em períodos distintos da história. Todavia, os modos como cada sociedade ou grupo pondera sobre o consumo do álcool nos múltiplos contextos culturais é bastante distinto, em especial quando se reflete nos discursos a respeito deste consumo pelos diferentes gêneros. Esses discursos, embora possam partir de um fenômeno biológico, vinculam-se sobretudo às expectativas culturais de comportamento atribuídas a cada gênero.

Nesse sentido, nos lembramos de um célebre provérbio italiano que diz: "La botte piena o la moglie ubriaca.”1 1 Esse provérbio foi citado na “Primeira Jornada Archai: problemas e métodos” em homenagem ao dia do imigrante italiano. Traduzindo para o português, ele significa: “a garrafa cheia ou a esposa/mulher2 2 A palavra moglie refere-se ao sentido de esposa, mas podemos considerar também companheira. bêbada." Este provérbio também pode ser encontrado com pequenas variações de vocabulário, sem prejuízo de sentido:

Non si può avere la botte piena e la moglie ubriaca.

Não se pode ter a garrafa cheia e a esposa bêbada.

Non puoi avere la botte piena e la moglie ubriaca.

[Você] não pode ter a garrafa cheia e mulher bêbada.

Impossibile avere la botte piena e la moglie ubriaca.

Impossível ter a garrafa cheia e mulher bêbada.

Volere la botte piena e la moglie ubriaca.

Querer a garrafa cheia e mulher bêbada.

Não sabemos ao certo a origem deste provérbio. Alguns textos dizem que ele existe desde a época do Império Romano, contudo não encontramos nenhuma referência antiga que confirme essa ideia. De todo modo, sabemos que ele faz parte da tradição popular italiana há muito tempo e, como todo provérbio, ele reflete uma visão de mundo.

Os provérbios são ditos populares cotidianos, transmitidos de geração em geração e expressados em frases curtas, consolidadas de forma quase imutável entre os usuários de uma língua, que transmitem a ideia de conselho ou advertência, versando geralmente sobre o comportamento humano. Consideramos ainda que eles podem servir para legitimar discursos normativos na tentativa de estabelecer determinados padrões de conduta. Dentre as áreas de pesquisa que se ocupam dos estudos dos provérbios, destaca-se uma área da linguística chamada Paremiologia, que reflete sobre a linguística e sobre aspectos psicológicos e semióticos, de modo a enfatizar a relevância dos aspectos culturais presentes nos provérbios (De Giovani, 2017DE GIOVANNI, C. (2017). Fraseologia e paremiologia. Passato, presente, futuro. Milano, Francoangeli.). Portanto, ao focalizar nos aspectos culturais e discursivos que os provérbios transmitem, podemos considerá-los como fontes interessantes para o estudo de aspectos culturais de um povo ou grupo.

À vista disto, voltamos ao nosso provérbio nos indagando sobre os seus significados primários e quais visões de mundo ele reflete. Este provérbio é utilizado para dizer que não se pode ter tudo, pois a escolha de uma coisa pressupõe renunciar outra ou que é necessário sacrificar alguma coisa para se obter outra. Para tanto, o provérbio argumenta que para se ter a mulher bêbada a garrafa deverá ser esvaziada. Logo, é necessário optar entre ter a garrafa cheia de vinho ou a esposa bêbada.

Análises foram feitas para identificar como as pessoas interpretaram a expressão na atualidade e, de modo geral, ela foi vista a partir da ideia de que a mulher bêbada está mais disponível sexualmente. Essa leitura parece revelar quanto a interpretação sobre o consumo de álcool nos diferentes gêneros vincula-se ao machismo estrutural, afinal a expressão está na linguagem cotidiana e segue sendo repetida e perpetuada.

Em vista disso, ao considerar ser necessário deixar de ter o vinho para ter a mulher, esse provérbio associa o consumo do álcool com uma mudança do comportamento sexual feminino, de maneira a considerar o álcool responsável por induzir uma maior atividade sexual feminina ou a um menor autocontrole da libido. Essa associação já existia desde a antiguidade e é recorrente em várias culturas.

Contudo, para entendermos esta associação precisamos olhar para dois aspectos, o fisiológico e o cultural, afinal:

Para entender correctamente al ser humano quien bebe, hace falta pensar sin pararse en las fronteras edificadas por la tradición académica occidental entre las ciencias biológicas y las humanidades. No podemos considerar el acto de beber únicamente a través de sus dimensiones culturales, es menester que tomemos también en cuenta sus motivaciones e implicaciones fisiológicas (Duhart, 2019DUHART, F. (2019). Bebidas con identidad. Elementos para una antropología del beber. Analíticos 1, p. 31-47., p. 31).

Portanto, analisamos os efeitos do etanol, a parte do álcool que inibe as funções do sistema nervoso central no organismo humano. As pesquisas demonstram que o etanol inibe as funções do sistema nervoso central, contudo, as respostas fisiológicas dependem de diversos fatores (Dubowski, 1985DUBOWSKI, K. M. (1985). Absorption, distribution and elimination of alcohol: Highway safety aspects. Journal of Studies on Alcohol. Suppl. 10, p. 98-108.). Em primeiro lugar podemos pensar nas dosagens. Dubowski (1985DUBOWSKI, K. M. (1985). Absorption, distribution and elimination of alcohol: Highway safety aspects. Journal of Studies on Alcohol. Suppl. 10, p. 98-108.), elaborou um estudo que relaciona as reações dos organismos às quantidades de álcool ingerido. De modo geral, ele aponta que, em pequenas doses, o álcool causa euforia e desinibição. Quantidades maiores causam lentidão da atividade cerebral, prejuízo na função motora e sonolência. Doses muito altas (acima de 0,35 gramas/100 mililitros de sangue) podem ser letais.

Logo, ao considerar a relação entre a quantidade de gramas de álcool para mililitros de sangue, temos a indicação de que as mulheres são mais suscetíveis aos efeitos do álcool. Isso ocorre porque as mulheres possuem menor quantidade de água em seu organismo com uma área corpórea menor, provocando uma menor diluição do álcool no sangue (Cole-Harding; Wilson, 1987COLE-HARDING, S.; WILSON, J. R. (1987). Ethanol metabolism in men and women. J Stud Alcohol. 48, p. 380-7.). Existem ainda alguns outros fatores que contribuem para essa situação, como algumas enzimas responsáveis por quebrar a cadeia do álcool que estão em maior quantidade no organismo masculino. A quantidade de gordura corpórea e alguns hormônios femininos também são fatores a serem considerados (Cole-Harding; Wilson, 1987COLE-HARDING, S.; WILSON, J. R. (1987). Ethanol metabolism in men and women. J Stud Alcohol. 48, p. 380-7.). Assim, geralmente haverá maior quantidade de álcool na corrente sanguínea de pessoas do sexo feminino para uma mesma quantidade de álcool ingerido, bem como haverá uma demora muito maior para que a bebida seja metabolizada. Tais fatores podem potencializar o estado de embriaguez nas mulheres (Room e Collins, 1983ROOM, R; COLLINS, G. (1983) Alcohol and Desinhibition: nature and meaning of the link. Rockville, National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism.).

Contudo, é importante ressaltar que a leitura sobre o estado de embriaguez, o juízo sobre estar bêbado ou não, é, em grande medida, uma interpretação cultural. Conforme aponta Hendry, o estado de embriaguez é definido em relação à cultura e seu significado social é variável (2020HENDRY, J. (2020). Drinking and Gender in Japan. In: McDONALD, M. Gender, Drink and Drugs. Oxfordshire, Routledge, p.175-190., p. 185). Ademais, o comportamento que o álcool induz é mais uma questão cultural do que uma consequência inevitável ou um efeito natural do etanol entrando na corrente sanguínea (Hendry, 2020HENDRY, J. (2020). Drinking and Gender in Japan. In: McDONALD, M. Gender, Drink and Drugs. Oxfordshire, Routledge, p.175-190., p. 185). Assim, ainda que a embriaguez se relaciona fortemente a fatores biológicos, os comportamentos decorrentes dela não são determinados por esses fatores (Wilsnack et al., 2009WILSNACK, R. W.; WILSNACK, S. C.; KRISTJANSON, A. F.; VOGELTANS-HOLM, N. D.; GMEL, G. (2009). Gender and alcohol consumption: patterns from the multinational GENACIS project. Addiction 9, p. 1487-1500., p. 252). Desse modo, o álcool, ainda que em certas dosagens, leve à euforia e desinibição, por si só não determina o comportamento de quem o consome, pois o comportamento social vinculado a embriaguez possui forte vínculo com a cultura e com os papéis sociais que ela constrói para cada gênero.

Um exemplo significativo encontra-se na associação entre ingestão de álcool e a violência masculina. Essa associação, uma espécie de um senso comum na visão ocidental, tem na loucura causada pelo álcool a justificativa de um comportamento violento, o que reforça determinados estereótipos de virilidade tolerados por determinadas sociedades. Contudo, vale lembrar que:

Os homicídios, as agressões intrafamiliares e os acidentes não são consequências necessárias do consumo de álcool, mas sim comportamentos possíveis, considerados mais ou menos estimulados e/ou aceitos por diferentes sociedades, realizados por sujeitos específicos. (Menéndez, 2013MENÉNDEZ, E. L. (2013). Prefácio. In: SOUZA, M. L. P. Processos de alcoolização Indígena no Brasil: perspectivas plurais [online]. Rio de Janeiro, Editora FIOCRUZ. Disponível em https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/handle/icict/42077/souza-9788575415818.pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acessado em 14/04/2020
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/ha...
, p.12)

É importante ressaltar que essa associação entre o consumo de álcool e um aumento da violência ou agressividade masculina não é universal, assim, tal comportamento após o consumo de álcool não aparece em diversas sociedades (Hendry, 1994, p. 13). Desse modo, a violência, excitação ou de efeito desinibido são expectativas culturais esperadas da bebida (Room e Collins 1983ROOM, R; COLLINS, G. (1983) Alcohol and Desinhibition: nature and meaning of the link. Rockville, National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism.).

Portanto, as fronteiras da ebriedade, o valor simbólico que ela ocupa e o comportamento após a ingestão do álcool pertencem a um conjunto de fatores que envolvem os metabolismos do corpo e os papéis sociais esperados de cada gênero (e suas intersecções com outros elementos como grupos sociais, e raça). Logo, devemos olhar para esses aspectos e considerar que existe um fator biológico e outro cultural. Deste modo, não se trata de negar as ciências biológicas, ainda mais em um momento tão delicado que vivemos, mas de interseccioná-lo com os vários fatores culturais que, em conjunto, serão responsáveis pela formação dos discursos e interpretações sobre o consumo do álcool e seus efeitos nos diferentes gêneros em diferentes sociedades.

O Consumo de vinho pelas mulheres na Antiguidade Romana

Primeiramente, é necessário enfatizar que o consumo do vinho ingerido pelas mulheres romanas, especialmente sobre aquelas que viveram no período arcaico, foi um tema investigado com certo grau de intensidade e que teve presença recorrente na historiografia sobre as antiguidades romanas e sobre o direito romano.

Desde a antiguidade, uma grande ênfase foi dada às leis que proibiam o consumo de vinho pelas mulheres no período arcaico. Diversos autores as consideram vinculadas à questão de gênero e à sexualidade. Apoiados na ideia de que o consumo de vinho provocaria uma mudança do comportamento sexual feminino, de modo a levar a uma maior atividade sexual feminina, ou a um menor autocontrole da libido, considerou-se que esta interdição existia para o controle da sexualidade feminina.

Dessa maneira, alguns autores da antiguidade argumentaram que as mulheres romanas do período arcaico eram abstêmias ou eram proibidas de beber vinho para manter a castidade ou para controlar o adultério iminente. Uma dessas fontes é o Aulus Gellius, que, baseado em outros autores anteriores a ele, traz a seguinte informação:

Qui de victu atque cultu populi Roman scripserunt mulieres Romae atque in Latio 'aetatem abstemias egisse, 'hoc est vino semper, quod temetum prisca lingua appellabatur, abstinuisse dicunt… (Gell. NA. 10.23.1).

Aqueles que escreveram sobre a vida e a cultura dos romanos disseram que as mulheres em Roma e no Lácio viviam vidas abstêmias, sempre se abstinham de vinho que era chamado de temetum na língua antiga […] (Gell. NA. 10.23.1). (Tradução Nossa)

Esta idéia de que não era permitido às mulheres da Roma arcaica beber vinho também é apresentada por Plínio na História Natural:

Non licebat id feminis Romae bibere (Plin. HN. 14.14.89).

Não era permitido às mulheres de Roma beber (Plin. HN. 14.14.89). (Tradução Nossa)

Aulus Gellius, ao citar Catão, aponta ainda para a severidade das punições para aquelas que descumprissem a interdição beber vinho:

Marcus Cato non solum existimatas, set et multatas quoque a iudice mulieres refert, non minus si vinum in se, quam si probrum et adulterium admisissent (Gell. NA. 10.23.3).

Marco Catão narra que as mulheres não eram apenas julgadas, mas também punidas por um júri com a mesma severidade se fossem culpadas de beber vinho como culpadas de falta de castidade e adultério (Gell. NA. 10.23.3). (Tradução Nossa)

A punição para a mulher pega em adultério era, de acordo com Catão, apresentado por Aullus Gelius, a morte.

In adulterio uxores deprehensasius fuisse maritis necare (Gell. NA. 10.23.4).

As mulheres pegas em adultério eram mortas pelo marido (Gell. NA. 10.23.4). (Tradução Nossa)

Dionísio de Halicarnasso também descreve que, na Roma arcaica, as mulheres adúlteras poderiam ser punidas com morte, punição que o autor atribui a uma antiga lei instituída por Rômulo. (Dion. Hal. Ant. Rom. 2).

Devemos lembrar que a concepção de que as mulheres na Roma arcaica poderiam ser mortas caso fossem pegas em adultério se arrastou até a promulgação da Lex Iulia de adulteriis coercendis, por Augusto, em aproximadamente 18 EC. A partir dessa nova legislação, a punição legal para o adultério foi o exílio. Contudo, é importante frisar que o juízo sobre o adultério e o controle restrito da sexualidade, por consequência as punições, refletem aspectos relacionados ao gênero, bem como sua interseção com o status social. Esse fenômeno ocorria porque o adultério era um crime apenas para as matronas romanas, homens ou mulheres com outros status social, como as mulheres escravizadas, não eram punidos3 3 O controle da castidade feminina recaía apenas sobre as matronas, pois apenas elas gerariam filhos que seriam cidadãos romanos. (Cavicchioli, 2020CAVICCHIOLI, M. (2020). O incesto e o monstro: Uma construção da memória do Imperador Calígula. In: História (São Paulo), Dossiê Memórias e Mortes de Imperadores romanos (I a.C. - VI d.C.) v. 39, e20200042., p. 5).

Quanto ao consumo do vinho pelas mulheres, a Lex Iulia e nenhuma outra legislação posterior traz qualquer restrição ao ato de beber. Contudo, para o período arcaico, temos ainda algumas referências dos autores antigos. Plínio, por exemplo, após afirmar que às mulheres romanas não era permitido beber, nos traz dois relatos nos quais observamos a punição feminina pelo consumo de vinho. No primeiro deles, um relato da mitologia romana, Plínio nos conta que o personagem Inácio Mecênio bateu em sua mulher até a morte porque ela havia bebido Vinho do dolium.4 4 Os dolia eram potes cerâmicos nos quais o vinho era armazenado. Após fustigá-la até morte, Rômulo, o fundador de Roma, não apenas absolveu Mecênio pelo assassinato, como também o elogiou por este ato:

Egnati Maetenni uxorem, quod vinum bibisset e dolio, interfectam fusti a marito, eumque caedis a Romulo absolutum (Plin. HN. 14.14.89).

A mulher de Ignácio Mecenio porque havia bebido vinho do dolium foi fustigada pelo marido até a morte e [este] foi absolvido, pelo assassinato, por Rômulo (Plin. HN. 14.14.89). (Tradução Nossa)

Em seu segundo exemplo, Plínio narra que Fábio Pictor, considerado um dos primeiros escritores do mundo Romano, escreveu em seus anais que uma matrona foi condenada pelos seus a morrer de fome por quebrar o cofre que tinha as chaves da adega:5 5 A pena de morte por inanição, era uma contenção tradicional para as mulheres.

Fabius Pictor in annalibus suis scripsit matronam, quod loculos in quibus erant claves cellae vinariae resignavisset, a suis inedia mori coactam… (Plin. HN. 14.14.89).

Fábio Pictor em seus Anais escreve que uma matrona foi condenada pelos seus a morrer de fome por quebrar o cofre que continha as chaves da adega (Plin. HN. 14.14.89). (Tradução Nossa)

Dionísio de Halicarnasso, por sua vez, argumentou que a pena de morte atribuída às mulheres criada por Rômulo estava vinculada tanto ao adultério como à embriaguez. Para o autor, assim como para Plutarco, a embriaguez seria a responsável pelo adultério (Dion. Hal. Ant. Rom. 2.25.6; Plut. Quaest. Rom. 6). Todavia, é bastante provável que estes autores, tenham se baseado na argumentação de Aulus Gellius que, ao comparar a punição pelo consumo feminino de vinho com a punição por adultério feminino, parece associar as duas práticas.

Mas será que o vinho era de fato visto como um elemento responsável pela falta de castidade e adultério feminino na Roma arcaica, conforme foi proposto pelos autores do período republicano em diante? Essa não seria uma imagem criada por esses autores que argumentaram que a mulher romana do período arcaico não bebia vinho ou era proibida de beber vinho para conter-se e assim manter a castidade, evitar o adultério, de maneira a construir um discurso normativo legitimado na valorização dos mores dos antepassados?

Noailles, nos anos 1930, apresentou outra proposta interpretativa. Para o autor, o vinho continha um princípio de vida distinto daquele do marido e, ao beber o vinho, a mulher receberia este outro princípio de vida e isso seria equivalente a cometer o adultério (Noailles, 1937NOAILLES, P. (1937). Les tabous du mariage dans le droit primitif des Romains. Annales Sociologiques, série C, fasc. 2., p. 6-34., p. 21):

[…]les raisons pour lesquelles les Romains ont assimilé à l'adultère le fait de boire du vin. C'est un fait de possession. C'est pourquoi il constitue une infraction aussi grave que l'adultère à l'obligation de fidélité qui pèse sur la femme. En buvant, la femme se soumet à un principe de vie étranger, donc hostile. En introduisant cet élément extérieur en elle, dans le sang de la famille, elle en détruit l’intégrité. (Noailles, 1937NOAILLES, P. (1937). Les tabous du mariage dans le droit primitif des Romains. Annales Sociologiques, série C, fasc. 2., p. 6-34., p. 21).

Mas a proposta do autor ainda apresenta este forte vínculo entre a interdição de consumo do vinho e o adultério. Contudo, dada a importância que o vinho irá adquirir no mundo romano e pensando essas falas dos autores antigos, poderíamos, em certa medida, desconfiar desta interdição. Essa escolha nos leva de volta às fontes antigas e a uma operação que demanda uma leitura criteriosa das fontes antigas.

Ao retornarmos a Aulus Gellius, percebemos haver uma questão muito interessante, despercebida pelos autores contemporâneos, que nos chama a atenção. De acordo com Aulus Gellius, as mulheres na Roma arcaica bebiam uma série de bebidas alcoólicas. Nosso autor, após dizer que as mulheres na Roma arcaica eram proibidas de beber temetum, que, segundo Gellius, era o modo como o vinho era chamado no período arcaico, descreve que elas estavam acostumadas a outras bebidas, como loream, passum, murrina e diferentes bebidas que possuíam o sabor doce:

Bibere autem solitas ferunt loream, passum, murrinam et quae id genius sapiant potu dulcia (Gell. NA. 10.23.1-2).

Todavia, [as mulheres] estavam acostumadas a beber loream, passum, murrinam e aquelas outras bebidas que possuem o sabor doce (Gell. NA. 10.23.1-2). (Tradução Nossa)

Uma vez que essas bebidas foram produzidas a partir do processo de fermentação do suco de uvas, consideramos que elas eram vinhos. Assim, podemos considerar que essa variedade de nomes sugerem apenas categorias distintas de vinho, pois, mesmo na antiguidade, essas bebidas eram consideradas vinho, conforme indicaram alguns autores que se dedicaram a agronomia, a produção e comércio de vinho, tais como Plínio (Plin. HN. XIV, 81; 83 - 84), Columela (Columella, Rust. XII, 39, 1) e Catão (Cato, Agr. CXVIII; CXIX; CXXI; CXXII; CXXIII; CXXIV; CXXIX; CXXXI; CXXXII; CXXXIV; CXXXV; CXXXVI). Esses autores registraram uma série de informações sobre os processos de fabricação da bebida, sobre os tipos de vinhos, sobre o consumo do fermentado e em suas obras encontramos as descrições dos vinhos supracitados.

Portanto, ao nos debruçarmos sobre as fontes, identificamos que as mulheres na Roma arcaica bebiam usualmente alguns tipos de vinho. Esse fato foi ignorado por Billiard (1913BILLIARD, R. (1913). La vigne dans la Antiquité. Lyon, Librarie H. Lardanchet.), Purcell (1994PURCELL, (1994). Wine and Wealth in Ancient Italy. The Journal of Roman Studies 75, p. 1-19.), Philips (2003), Cantarella (1996CANTARELLA, E. (1996). I supplizi Capitale in grecia e a Roma,. Origini e funzioni delle pene di morte nell’antichitá classica. Milão, Biblioteca Universale Rizzoli.; 2013CANTARELLA, E. (2013). L'Ambiguo Malanno. Condizione e immagine della donna nell'antichità greca e romana. Milão, Feltrinelli.) e Russel (2003RUSSEL, B. (2003). Wine, Women, and the Polis: Gender and the Formation of the City-State in Archaic Rome. Greece & Rome., Vol. 50, n. 1. Cambridge, Cambridge University Press, p. 77-84. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/3567821 Acessado em 19/09/2020.
http://www.jstor.org/stable/3567821...
). Esses autores contemporâneos, com exceção de Billiard, parecem desconhecer outras fontes antigas que tratam do tema do vinho e que podem ajudar a compor um quadro mais amplo sobre o tema em questão, como pudemos observar. Consequentemente, eles seguem a afirmar que aquelas mulheres eram abstêmias e reproduzem o discurso da interdição feminina de beber vinho, sem uma leitura atenta das fontes, que informam que as mulheres eram proibidas de beber uma variedade específica de vinho, o “temetum.”

Sobre este vinho especificamente sabemos que diferentemente dos outros vinhos, que eram misturados com água, o temetum, era bebido puro6 6 Os vinhos em Roma eram consumidos misturados com água, e não puros. O vinho puro, chamado inicialmente de temetum, posteriormente será chamado de merum. (Noiales, 1937NOAILLES, P. (1937). Les tabous du mariage dans le droit primitif des Romains. Annales Sociologiques, série C, fasc. 2., p. 6-34., p. 8; Gras 1983GRAS, M. (1983). Vin et société à Rome et dans le Latium à l'époque archaïque. In: NENCI, G. ; LEPORE, E. (eds.) (1983) Modes de contacts et processus de transformation dans les sociétés anciennes. Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981). Rome, École Française de Rome, p. 1067-1075. Disponível em: http://www.persee.fr/doc/efr_0000-0000_1983_act_67_1_2501 Acessado em 16/05/2020.
http://www.persee.fr/doc/efr_0000-0000_1...
, p. 1071; Cazanove 1987CAZANOVE, O. (1987). ”Exesto”: L'incapacité Sacrificielle des Femmes à Rome (À Propos de Plutarque "Quaest. Rom." 85). In: Phoenix 41, n. 2, p. 159-173. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/1088742 Acessado em 31/08/2021., p. 59) assim, era um vinho intacto que, por manter sua pureza original, era o único que poderia ser usado nas libações (Cazone, 1987, p. 159). À vista disso, Gras traz uma importante contribuição, ao defender que os motivos desta interdição estava no fato do temetum ser considerado um vinho sagrado usado, em rituais e sacrifícios onde a participação das mulheres era proibida (Gras, 1983GRAS, M. (1983). Vin et société à Rome et dans le Latium à l'époque archaïque. In: NENCI, G. ; LEPORE, E. (eds.) (1983) Modes de contacts et processus de transformation dans les sociétés anciennes. Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981). Rome, École Française de Rome, p. 1067-1075. Disponível em: http://www.persee.fr/doc/efr_0000-0000_1983_act_67_1_2501 Acessado em 16/05/2020.
http://www.persee.fr/doc/efr_0000-0000_1...
, p. 1071).

Outro fato bastante interessante que nos chama atenção consiste no consumo de vinhos doces, como o passum. O passum era um vinho feito a partir de uvas-secas, da uva-passa, um vinho próximo aos atuais late harvest, cosecha tardia, passito. Essas uvas, ao secarem, perdem a água e o fruto fica com uma concentração maior de açúcar que, ao ser convertido em álcool, produz vinhos mais alcoólicos. Atualmente esses vinhos têm um grau elevado de álcool, próximo a 16.° (Bouvier, 2001BOUVIER, M. (2001). Les saveurs du vin antique-Vins d'hier, vignerons d'aujourd'hui. Paris, Errance., p. 59). Assim, se a embriaguez por si só fosse de fato o motivo da interdição, elas seriam provavelmente interditadas de beber um vinho com alta graduação alcoólica.

Outro problema metodológico importante, está no fato destas fontes antigas não serem fontes primárias, escritas no período arcaico. Ao conduzir um levantamento, identificamos que o autor mais antigo que aparece apenas citado por Plínio é Fábio Pictor, o qual é do século III AEC. Depois dele temos Catão, que, por sua vez, aparece citado por Aulus Gellius e viveu entre 23 e 149 AEC. Já nas fontes diretas, temos Dionísio de Halicarnasso, nascido em meados do século I AEC e falecido entre o fim deste século e o início do século I EC. Plínio viveu entre 23 e 79 EC. Plutarco, que viveu entre 46 a 120 EC. Enquanto Aulus Gellius teria vivido aproximadamente entre 125 e 180 E.C.

Contudo, embora não existam fontes escritas do período arcaico, existe significante material arqueológico que não foi utilizado pelos autores, já citados, que defendem a ideia de que as mulheres não bebiam vinho. O cruzamento das fontes escritas e da cultura material é também uma metodologia bastante importante para a compreensão do contexto histórico em questão. Ao nos debruçarmos sobre as fontes arqueológicas encontramos outro tipo de informação, que pode representar um discurso diferente sobre as relações entre o vinho e as mulheres. Pesquisas arqueológicas, realizadas desde os anos 1970, mas negligenciada por muitos historiadores até a atualidade, encontraram ânforas vínicas e objetos ligados ao consumo do vinho em tumbas romanas de ambos os sexos desde a época arcaica (Gras, 1983GRAS, M. (1983). Vin et société à Rome et dans le Latium à l'époque archaïque. In: NENCI, G. ; LEPORE, E. (eds.) (1983) Modes de contacts et processus de transformation dans les sociétés anciennes. Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981). Rome, École Française de Rome, p. 1067-1075. Disponível em: http://www.persee.fr/doc/efr_0000-0000_1983_act_67_1_2501 Acessado em 16/05/2020.
http://www.persee.fr/doc/efr_0000-0000_1...
, p. 1069).

Um exemplo muito importante foram as escavações do sítio arqueológico de Castel Decima, conduzidas de 1971 a 1975. Nesse sítio foram encontradas tumbas datadas entre os séculos VIII, VII e VI AEC. Essas tumbas representavam tanto sepultamentos masculinos quanto femininos e em algumas delas foram encontrados diversos objetos, símbolos de distinção social (Zevi et al., 1977ZEVI, F.; BARTOLONI, G.; CATALDI, M. D. (1977). Aspetti dell’ideologia funeraria nella necropoli di Castel di Decima. In: GNOLI, G. E.; VERNANT, J. P. La mort, les morts dans les sociétés anciennes. Paris, Éditions de la Maison des sciences de l’homme, p. 257-273., p. 10), e outros relacionados aos gêneros. Como as armas encontradas nas tumbas masculinas e jóias nas tumbas femininas (Zevi et al., 1977ZEVI, F.; BARTOLONI, G.; CATALDI, M. D. (1977). Aspetti dell’ideologia funeraria nella necropoli di Castel di Decima. In: GNOLI, G. E.; VERNANT, J. P. La mort, les morts dans les sociétés anciennes. Paris, Éditions de la Maison des sciences de l’homme, p. 257-273., p. 258 - 260). Entres os objetos encontrados, havia: “… la presenza anche in tombe femminili di anfore vinarie di tipo fenicio, di cui Decima offre una esemplificazione piuttosto vasta” (Zevi et al., 1977ZEVI, F.; BARTOLONI, G.; CATALDI, M. D. (1977). Aspetti dell’ideologia funeraria nella necropoli di Castel di Decima. In: GNOLI, G. E.; VERNANT, J. P. La mort, les morts dans les sociétés anciennes. Paris, Éditions de la Maison des sciences de l’homme, p. 257-273., 262). A própria descrição de nossos autores, com a expressão "mesmos em tumbas femininas” parece chamar a atenção para o fato, considerado novidade na época das escavações. Além das ânforas, havia ainda vasos para o consumo de vinho durante o banquete (Zevi et al., 1977ZEVI, F.; BARTOLONI, G.; CATALDI, M. D. (1977). Aspetti dell’ideologia funeraria nella necropoli di Castel di Decima. In: GNOLI, G. E.; VERNANT, J. P. La mort, les morts dans les sociétés anciennes. Paris, Éditions de la Maison des sciences de l’homme, p. 257-273., p. 14). Esses vasos, também foram encontrados, ainda nos anos 1970, em tumbas femininas do período arcaico dos sítios de Laurentina e Osteria dell’Osa, bem como, posteriormente, em várias outras localidades (Gras, 1983GRAS, M. (1983). Vin et société à Rome et dans le Latium à l'époque archaïque. In: NENCI, G. ; LEPORE, E. (eds.) (1983) Modes de contacts et processus de transformation dans les sociétés anciennes. Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981). Rome, École Française de Rome, p. 1067-1075. Disponível em: http://www.persee.fr/doc/efr_0000-0000_1983_act_67_1_2501 Acessado em 16/05/2020.
http://www.persee.fr/doc/efr_0000-0000_1...
, p.1070; Forsythe, 2005FORSYTHE, G. (2005) A critical history of early Rome: from prehistory to the first Punic War. Berkeley, University of California Press., p. 56). Colonna considerou que estes artefatos significariam a presença das mulheres nos banquetes, bem como uma evidência do consumo de vinho realizado por elas (Colonna, 1990COLONNA, G. (1990). Popoli e civiltà dell'Italia antica. Vol. 2: Civiltà del ferro nell'Italia meridionale e in Sicilia. Milano, Spazio Tre. , p. 179).

Ainda que os objetos para o consumo de vinho e as ânforas vínicas nas tumbas não nos permitam afirmar que as mulheres consumiam vinho, a existência desses objetos nas tumbas femininas nos indicam a tentativa intencional de vincular o vinho às pessoas sepultadas na tumba, não apresentando nenhuma distinção de gênero. Assim, nos parece razoável supor, a partir do cruzamento das fontes materiais com as fontes escritas, que as mulheres na Roma arcaica consumiam vinho e poderiam, até mesmo por razões religiosas ou de status social, estar vinculadas a ele positivamente.

Considerações finais

Em suma, o modo como as relações de gênero vinculam-se com o consumo de bebidas alcoólicas, assim como o gênero, são construções culturais e precisam ser observadas e compreendidas em cada contexto histórico. Assim, do mesmo modo que o gênero é construído culturalmente, os valores dados aos os efeitos do álcool sobre as pessoas, também são construídos culturalmente.

Desse modo, ainda que os romanos, assim como nós, notassem os efeitos do álcool sobre o organismo humano, não podemos imediatamente supor, sem uma análise atenciosa das fontes, que as interdições de consumo de vinho feitas às mulheres da Roma arcaica recaísse necessariamente sobre uma mudança de comportamento sexual.

Portanto, para a compreendermos as relações entre o consumo de vinho pelas mulheres romanas, suas interdições e estímulos, é importante utilizarmos conhecimentos mais amplos sobre a bebida, de maneira a considerar os aspectos biológicos, suas relações com a cultura, bem como os tipos de bebidas e suas formas de produção, tanto no mundo atual, como no universo romano. Para tanto, é importante o cruzamento de múltiplas fontes, de naturezas diversas, pois essas podem nos trazer diferentes visões e realidades e contribuir para um estudo mais aprofundado sobre o tema. Sobre o mundo romano, as fontes literárias de cunho histórico, moralista e legislativas, podem, por vezes, nos apontar um discurso normativo, ao passo que tratados de agricultura contribuem com indícios de aspectos do cotidiano. A cultura material, também constitui-se de importante fonte de estudo, apontando para discursos por vezes distintos das fontes escritas e trazendo à luz fontes primárias sobre o período arcaico.

Ao realizarmos alguns procedimentos, como observar os discursos normativos de gênero, identificar a natureza cultural da observância dos efeitos do álcool, mobilizar conhecimentos amplos sobre as bebidas alcoólicas, propomos um olhar atento e crítico para as fontes de natureza textual, além de submetê-las ao cruzamento com a cultura material. Esse procedimento revelou problemas nas fontes escritas, bem como em uma tradição historiográfica sobre o tema. Esses procedimentos também tornaram possível um novo olhar sobre o consumo do vinho pelas mulheres na Roma Arcaica, de modo a romper com a ideia da abstinência das mulheres romanas. Por fim, gostaríamos de voltar ao provérbio, La botte piena o la moglie ubriaca. Ele nos informa que nós não somos os romanos, que o valor dado à embriaguez feminina e a sua sexualidade não podem ser pensados de forma anacrônica.

Bibliografia

  • BABBITT, F. C. (1962) Plutarch. Moralia Volume IV. Cambridge, Harvard University Press. [1ed. 1936].
  • BILLIARD, R. (1913). La vigne dans la Antiquité Lyon, Librarie H. Lardanchet.
  • BOUVIER, M. (2001). Les saveurs du vin antique-Vins d'hier, vignerons d'aujourd'hui Paris, Errance.
  • CANTARELLA, E. (1996). I supplizi Capitale in grecia e a Roma,. Origini e funzioni delle pene di morte nell’antichitá classica Milão, Biblioteca Universale Rizzoli.
  • CANTARELLA, E. (2013). L'Ambiguo Malanno. Condizione e immagine della donna nell'antichità greca e romana Milão, Feltrinelli.
  • CARY, E. (1960). Dionysius of Halicarnassus. The Roman Antiquities Volume I. Cambridge, Harvard University Press . [1ed. 1937]
  • CAVICCHIOLI, M. (2020). O incesto e o monstro: Uma construção da memória do Imperador Calígula. In: História (São Paulo), Dossiê Memórias e Mortes de Imperadores romanos (I a.C. - VI d.C.) v. 39, e20200042.
  • CAZANOVE, O. (1987). ”Exesto”: L'incapacité Sacrificielle des Femmes à Rome (À Propos de Plutarque "Quaest. Rom." 85). In: Phoenix 41, n. 2, p. 159-173. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/1088742 Acessado em 31/08/2021.
  • COLE-HARDING, S.; WILSON, J. R. (1987). Ethanol metabolism in men and women. J Stud Alcohol 48, p. 380-7.
  • COLONNA, G. (1990). Popoli e civiltà dell'Italia antica. Vol. 2: Civiltà del ferro nell'Italia meridionale e in Sicilia Milano, Spazio Tre.
  • DE GIOVANNI, C. (2017). Fraseologia e paremiologia. Passato, presente, futuro. Milano, Francoangeli.
  • DUBOWSKI, K. M. (1985). Absorption, distribution and elimination of alcohol: Highway safety aspects. Journal of Studies on Alcohol Suppl. 10, p. 98-108.
  • DUHART, F. (2019). Bebidas con identidad. Elementos para una antropología del beber. Analíticos 1, p. 31-47.
  • FORSYTHE, G. (2005) A critical history of early Rome: from prehistory to the first Punic War Berkeley, University of California Press.
  • FOSTER, E. S.; HEFNER, E. H. (1993). Columella. On Agriculture X-XII Cambridge, Harvard University Press . [1ed. 1955]
  • GOUJARD, P. (1975). Caton. De L’Agriculture Paris, Les Belles Lettres.
  • GRAS, M. (1983). Vin et société à Rome et dans le Latium à l'époque archaïque. In: NENCI, G. ; LEPORE, E. (eds.) (1983) Modes de contacts et processus de transformation dans les sociétés anciennes. Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981). Rome, École Française de Rome, p. 1067-1075. Disponível em: http://www.persee.fr/doc/efr_0000-0000_1983_act_67_1_2501 Acessado em 16/05/2020.
    » http://www.persee.fr/doc/efr_0000-0000_1983_act_67_1_2501
  • HENDRY, J. (2020). Drinking and Gender in Japan. In: McDONALD, M. Gender, Drink and Drugs Oxfordshire, Routledge, p.175-190.
  • MENÉNDEZ, E. L. (2013). Prefácio. In: SOUZA, M. L. P. Processos de alcoolização Indígena no Brasil: perspectivas plurais [online]. Rio de Janeiro, Editora FIOCRUZ. Disponível em https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/handle/icict/42077/souza-9788575415818.pdf?sequence=3&isAllowed=y Acessado em 14/04/2020
    » https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/handle/icict/42077/souza-9788575415818.pdf?sequence=3&isAllowed=y
  • NOAILLES, P. (1937). Les tabous du mariage dans le droit primitif des Romains. Annales Sociologiques, série C, fasc. 2., p. 6-34.
  • PHILLIPS, R. (2003). Uma Breve História do Vinho São Paulo, Editora Record.
  • PURCELL, (1994). Wine and Wealth in Ancient Italy. The Journal of Roman Studies 75, p. 1-19.
  • RACKHAM. H. (1960). Pliny. Natural History Volume IV, Libri XII-XVI. Cambridge, Harvard University Press . [1ed. 1945]
  • ROLFE, J. C. (2016). Aulus Gellius. The Complete Work of Aulus Gellius Hastings, Delphi Classics.
  • ROOM, R; COLLINS, G. (1983) Alcohol and Desinhibition: nature and meaning of the link Rockville, National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism.
  • RUSSEL, B. (2003). Wine, Women, and the Polis: Gender and the Formation of the City-State in Archaic Rome. Greece & Rome, Vol. 50, n. 1. Cambridge, Cambridge University Press, p. 77-84. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/3567821 Acessado em 19/09/2020.
    » http://www.jstor.org/stable/3567821
  • SCHICK, C. (1955). Polibio. Le Storie Volume II. Roma, Mondadori.
  • WILSNACK, R. W.; WILSNACK, S. C.; KRISTJANSON, A. F.; VOGELTANS-HOLM, N. D.; GMEL, G. (2009). Gender and alcohol consumption: patterns from the multinational GENACIS project. Addiction 9, p. 1487-1500.
  • ZEVI, F.; BARTOLONI, G.; CATALDI, M. D. (1977). Aspetti dell’ideologia funeraria nella necropoli di Castel di Decima. In: GNOLI, G. E.; VERNANT, J. P. La mort, les morts dans les sociétés anciennes Paris, Éditions de la Maison des sciences de l’homme, p. 257-273.
  • 1
    Esse provérbio foi citado na “Primeira Jornada Archai: problemas e métodos” em homenagem ao dia do imigrante italiano.
  • 2
    A palavra moglie refere-se ao sentido de esposa, mas podemos considerar também companheira.
  • 3
    O controle da castidade feminina recaía apenas sobre as matronas, pois apenas elas gerariam filhos que seriam cidadãos romanos.
  • 4
    Os dolia eram potes cerâmicos nos quais o vinho era armazenado.
  • 5
    A pena de morte por inanição, era uma contenção tradicional para as mulheres.
  • 6
    Os vinhos em Roma eram consumidos misturados com água, e não puros. O vinho puro, chamado inicialmente de temetum, posteriormente será chamado de merum.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Abr 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    26 Jun 2022
  • Aceito
    14 Out 2022
Universidade de Brasília / Imprensa da Universidade de Coimbra Universidade de Brasília / Imprensa da Universidade de Coimbra, Campus Darcy Ribeiro, Cátedra UNESCO Archai, CEP: 70910-900, Brasília, DF - Brasil, Tel.: 55-61-3107-7040 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: archai@unb.br