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Megalotomus parvus West. (Hemiptera: Alydidae): inseto adequado para experimentação e didática entomológica

Megalotomus parvus West. (Hemiptera: Alydidae): an insect for research and teaching purposes

Resumo

Megalotomus parvus West. is a neotropical alydid very common and abundant in northern Paraná State (23º 11' S latitude, 51º 11' W longitude). A colony of this bug was maintained in the laboratory for successive generations. Nymphs and adults were reared in plastic boxes (12,0 x 12, 0 x 3,8 cm) lined with filter paper, using mature seeds of pigeon pea, Cajanus cajan plus water (imbibed cotton). The easiness of which M. parvus was reared in the laboratory allow to suggest the use of this bug for research and teaching purposes.

Insecta; Heteroptera; rearing; diet


Insecta; Heteroptera; rearing; diet

COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

Megalotomus parvus West. (Hemiptera: Alydidae): inseto adequado para experimentação e didática entomológica

Megalotomus parvus West. (Hemiptera: Alydidae): an insect for research and teaching purposes

Maurício U. VenturaI; Antônio R. PanizziII

IUniversidade Estadual de Londrina, Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Agronomia, Caixa postal 6001, 86051-970, Londrina, PR

IIEmbrapa, Centro Nacional de Pesquisa de Soja, Caixa postal 231, 86001-970, Londrina, PR

ABSTRACT

Megalotomus parvus West. is a neotropical alydid very common and abundant in northern Paraná State (23º 11' S latitude, 51º 11' W longitude). A colony of this bug was maintained in the laboratory for successive generations. Nymphs and adults were reared in plastic boxes (12,0 x 12, 0 x 3,8 cm) lined with filter paper, using mature seeds of pigeon pea, Cajanus cajan plus water (imbibed cotton). The easiness of which M. parvus was reared in the laboratory allow to suggest the use of this bug for research and teaching purposes.

Key words: Insecta, Heteroptera, rearing, diet.

Insetos são utilizados como cobaias para expandir o conhecimento em diversas áreas da ciência, como a genética, histologia, fisiologia, morfologia e evolução (Feir 1974). Por serem abundantes, terem ciclo curto, permitindo várias gerações/ano (multivoltinos), e terem tamanho adequado, dispensando técnicas sofisticadas de microscopia, os insetos são úteis para experimentação e ensino de biologia. Em cursos de entomologia, espécies com estas características são desejáveis para utilização em experimentos e aulas práticas (Youdeowei 1977).

Feir (1974) sugeriu a utilizaçao de Oncopeltus fasciatus Dallas (Hemiptera: Miridae) para experimentação entomológica. Este mirídeo é criado em sementes secas de girassol (Helianthus annuus), apresenta ciclo curto, requer pouco espaço e é grande o suficiente para ser observado facilmente (Best 1977). Outros percevejos (Dysdercus spp.) são comumente utilizados em experimentação entomológica no campo e em laboratório (e.g., Almeida et al. 1985, 1986, Zaidi & Khan 1986, Nobrega 1989, Bala & Gandhi 1988, Singh & Ram 1988).

O percevejo Megalotomus parvus West., como outras espécies da família Alydidae (Schaefer 1980, Schaefer & Mitchell 1983), é polífago em leguminosas, preferindo sementes secas destas plantas (Panizzi 1988, Santos 1996). Abundante durante o ano todo no norte do Paraná, é facilmente coletado a campo e criado em laboratório. Para o início da colônia, podese coletar os insetos nas leguminosas hospedeiras com sementes em maturação, onde são abundantes, principalmente em guandu, Cajanus cajan e lablab Dolichos lablab (Ventura & Panizzi, não publicado). Os insetos são criados em laboratório, utilizandose como alimento sementes maduras dessas leguminosas. As sementes são colocadas em recipiente plástico (tampa com 2,5 cm de diâmetro) e em outra tampa coloca-se algodão hidrófilo embebido em água. Utilizase caixa plástica do tipo "gerbox" (12,0 x 12,0 x 3,8 cm), forradas com papel filtro e contendo o alimento e a água onde são colocadas cerca de 14 ninfas. Do 2º ao 4º ínstar, o papel filtro, o alimento e o algodão são substituídos semanalmente quando também devem ser eliminados os insetos mortos e as exúvias. Para ninfas de 5º ínstar e adultos, a troca do alimento e água deve ser feita duas vezes/semana, devido a maior contaminação da água e das sementes em decorrência da maior produção de fezes. Os adultos obtidos são colocados em outros recipientes (quatro casais /gerbox, nas mesmas condições descritas para as ninfas). Para a manipulação dos adultos, devese abrir a tampa da caixa do lado oposto a direção da luz, após deixá-los ca. 5 min em congelador, o que reduz a sua movimentaçao, diminuindo as fugas. Os insetos devem ser transferidos de recipientes utilizandose pinça de ponta fina, segurando-os por uma das antenas ou pernas. Este procedimento deve ser realizado com rapidez pois ao tentar fugir o inseto pode perder o apêndice ficando mutilado. Os recipientes de criação devem ser mantidos em câmaras climatizadas (25 ºC e 70% UR), o que protege os insetos de formigas predadoras. Caso a criação seja feita fora das câmara, devese utilizar vasilhas com água sob os recipientes de criação para impedir o ataque das formigas.

Em geral, as fêmeas de M. parvus colocam os ovos sobre o alimento, nas paredes do recipiente ou no algodão. Ovos colocados nas paredes devem ser retirados utilizandose pincel embebido em água para remover a substância adesiva que prende o ovo à superfície. Em guandu, as fêmeas ovipositam preferencialmente nas fendas das vagens que separam os grãos de onde os ovos são removidos facilmente com pincel.

Panizzi (1988) verificou a adequabilidade de sementes maduras de soja (Glycine max) para este inseto. Entretanto, Santos (1996) verificou que sementes ou vagens maduras de guandu originam fêmeas mais pesadas e mais fecundas (100-118 ovos/fêmea) do que em soja ou outras leguminosas (ca. 70 ovos/fêmea). Considerando a abundância e frequência de M. parvus a campo e a facilidade de sua criação em laboratório com uso de sementes maduras de guandu, este inseto se constitui numa excelente espécie para uso em experimentação e para fins didáticos em entomologia.

Literatura Citada

Recebido em 12/05/97. Aceito em 22/09/97.

  • Almeida, J.R., S.B. Almeida & R. Xerez. 1986. Variação geográfica das espécies brasileiras de percevejos "manchadores de algodão" (Hemiptera, Pyrrhocoridae, Dysdercus spp.). Rev. Bras. Biol. 46:329-337.
  • Almeida, J.R., R. Xerez & L. Gonçalves. 1985. Nota sobre a tendência gregária entre espécies de percevejos "manchadores de algodao" Dysdercus spp. (Hemiptera, Pyrrhocoridae). An. Soc. Entomol. Brasil 14:131-140.
  • Bala, S. & J.R.Gandhi, J.R. Agregation behaviour of Dysdercus koenigii Fabr. (Heteroptera: Pyrrhocoridae). Ann. Entomol. 6:27-34.
  • Best, R.L. 1977. The milkweed bug. Carolina Tips 40:13.
  • Feir, D. 1974. Oncopeltus fasciatus: A research animal. Annu. Rev. Entomol. 19: 81-96.
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  • Panizzi, A.R. 1988. Biology of Megalotomus parvus (Heteroptera: Alydidae) on selected leguminous food plants. Insect Sci. Applic. 9:279-285.
  • Santos, C.H. 1996. Desempenho de Megalotomus parvus Westwood (Heteroptera: Alydidae) em plantas hospedeiras e danos à soja, Glycine max (L.) Meerril. Tese de mestrado, UFPR, 85p.
  • Schaefer, C.W. 1980. The host plant of the Alydinae, with a note on heterotypic feeding agregations (Hemiptera: Coreoidea: Alydidae). J. Kansas Entomol. Soc. 53:115-122.
  • Schaefer, C.W. & P.L. Mitchell. 1983. Food plants of the Coreoidea (Hemiptera: Heteroptera). Ann. Entomol. Soc. Am. 76:591-615.
  • Singh, H. & B. Ram. 1988. Effect of different host plant on the delopment of red cotton bug, Dysdercus koenigii (Fab.). Ind. J. Entomol. 49:345-350.
  • Youdeowei, A. 1977. A laboratory manual of entomology. Oxford University Press, Oxford, 208p.
  • Zaidi, Z.S. & N. H. Khan. 1986. Comparative studies on the feeding behaviour and life history of the red cotton bug, Dysdercus cingulatus Fabr. and its predator Antilochus cocquebertii (Fabr.) (Heteroptera: Pyrrhocoridae). Ann. Entomol. 4:59.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Out 2006
  • Data do Fascículo
    Dez 1997

Histórico

  • Aceito
    22 Set 1997
  • Recebido
    12 Maio 1997
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