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Relações entre características dos CEOs e as decisões de fusões e aquisições realizadas por empresas brasileiras

RESUMO

Este artigo investiga a probabilidade de empresas realizarem Fusões e Aquisições (F&A) por meio da análise das características dos CEOs. Utilizamos uma amostra de 794 CEOs de empresas não financeiras listadas na B3, no período de 2000 a 2017. O estudo apresenta uma abordagem descritiva para análise dos perfis dos CEOs e recorre ao modelo Logit para examinar a probabilidade de ocorrer F&As, dadas as características dos CEOs. Encontramos que CEOs com formação em Finanças têm menor probabilidade de realizar F&A comparados aos CEOs com outras formações. As variáveis tempo do CEO na empresa, idade, educação, participação do CEO como presidente do conselho de administração, experiência prévia como empreendedor e ser acionista da empresa adquirente não apresentaram significância estatística.

Palavras-chave
Fusões e Aquisições (F&A); Características; CEOs

ABSTRACT

This paper investigates the probability of companies to perform Mergers & Acquisitions (M&As) based on the characteristics of the CEO.. We use a sample of 794 CEOs of nonfinancial firms, which were listed on the B3 from 2000 to 2017. We adopt a descriptive approach and run logistic regressions to examine the probability of a company performing M&As, given the characteristics of its CEO. We show that CEOs with finance backgrounds are less likely to perform M&As. We find no statistically significant correlations for other CEO’s characteristics, such as executive tenure, age, education, participation as chair of the board, previous experience as an entrepreneur or being a shareholder of the acquiring company.

Keywords
Mergers and Acquisitions (M&A); Characteristics; CEOs

1. INTRODUÇÃO

A literatura apresentada nas últimas décadas sobre F&A tem mostrado que empresas que passam por processo de F&A tendem a destruir valor ou possuem retorno anormal nulos, quando analisado o retorno sobre o preço das ações em determinado período de tempo (Alexandridis et al, 2010Alexandridis, G., Petmezas, D., Travlos, N.G., 2010. Gains from mergers and acquisitions around the world: new evidence. Financ Manag, 39(4), 1671-1695.; Andrade et al, 2001Andrade, G., Mitchell, M.L., Stafford, E., 2001. New Evidence and Perspectives on Mergers.). Em adição, Damodaran (2005Damodaran, A., 2005. The Value of Synergy. SSRN, 841486.) estudou a geração de sinergias em F&A e concluiu que as sinergias são raramente entregues nos processos de F&A porque são avaliadas incorretamente e mal planejadas. Outros efeitos como problemas de agência nas adquirentes e excesso de confiança dos gestores ajudam a explicar a não geração de valor nas F&A (Da Silva et al., 2016Da Silva, E.S., Kayo, E.K., Nardi, R.Y.S. 2016. Governança Corporativa e Criação de Valor em Aquisições. REGE - Revista de Gestão, 23, 222-232.).

Contudo, o volume de F&As tem crescido bastante nos últimos anos no Brasil, saindo de uma média de 100 transações domésticas em 2004 para 365 transações em 2013 (KPMG, 2014KPMG - Klynveld Peat Marwick Goerdeler. (2004). Pesquisa de Fusões e Aquisições - 4o. Trimestre. 2004 - 2014. Disponível em: http://www.kpmg.com/BR/PT/Estudos_Analises/ RSSFeeds/Paginas/Corporate-Finance.aspx.
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). Logo, surge a importância de avaliar as características dos principais decisores (CEOs) dos processos de F&A, já que houve um aumento considerável no volume de F&As nos últimos anos combinado ao fato estilizado de que F&A destrói valor ou gera retorno anormal nulo.

Os principais estudos sobre Fusões e Aquisições (F&As) no Brasil enfatizam a possibilidade de criação de valor. Para isso, pesquisadores investigaram o panorama das operações de aquisição, criação de sinergia, critérios de governança corporativa e a participação de empresas estrangeiras (Tanure e Cançado, 2005Tanure, B., Cançado, V.L. (2005). Fusões e Aquisições: Aprendendo com a Experiência Brasileira. Revista de Administração de Empresas - RAE, 45(2). ; Brito et al., 2005Brito, G. A. S., Batistella, F. D., & Famá, R. 2005. Fusões e aquisições no setor bancário: Avaliação empírica do efeito sobre o valor das ações. Revista de Administração da Universidade de São Paulo, 40(4), 353-360.; Camargos e Barbosa, 2009Camargos, M.A., Barbosa, F.V. 2009. Fusões e Aquisições de Empresas Brasileiras: Criação de Valor e Sinergias Operacionais. Revista de Administração de Empresas, 49(2). ; Steinberg, 2009Steinberg, F. 2009. Governança corporativa e ganhos de sinergia de fusões e aquisições no Brasil (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. e Simões et al., 2012Simões, M. D., Macedo-Soares, T. D. L., Klotzle, M. C., & Pinto, A. C. F. 2012. Assessment of market efficiency in Argentina, Brazil and Chile: An event study of mergers and acquisitions. Brazilian Administration Review - BAR, 9(2), 229-245.; Bortoluzzo et al., 2014Bortoluzzo, A.B., Garcia, M.P.S., Boehe, D.M., Sheng, H.H. 2014. Desempenho de fusões e aquisições cross border: análise empírica do caso brasileiro. Revista de Administração de Empresas, 54(6). ; Bergmann et al., 2015Bergmann, D.R., Savoia, J.R.F., Souza, B.M, Mariz, F. 2015. Avaliação dos Processos de Fusões e Aquisições no setor Bancário Brasileiro por meio de Estudo de Eventos. Revista Brasileira de Gestão de Negócios - RBGN, 17(56). ; Ferreira e Callado, 2015Ferreira, T.S.V., Callado, A.L.C. 2015. Fusões e Aquisições no Brasil: Reflexões Acerca da Evolução do Volume de Transações. Pensamento Contemporâneo em Administração, 9(2). ; Da Silva et al., 2016Da Silva, E.S., Kayo, E.K., Nardi, R.Y.S. 2016. Governança Corporativa e Criação de Valor em Aquisições. REGE - Revista de Gestão, 23, 222-232. e; Sales e Zanini, 2017Sales, A.C. & Zanini, M.T.F. (2017). Investigando o fracasso em negociações de F&A: a perspectiva de negociadores no Brasil. Rev. Adm.(São Paulo), 52(4), 467-478. http://doi. org/10.1016/j
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).

Além dos estudos de F&As apresentados acima, não identificamos no Brasil estudos que abordam as características dos importantes decisores na realização das operações de F&A.

Assim, o propósito desta pesquisa é verificar a relação das características dos CEOs com a probabilidade de realização de F&As nas empresas listadas na B3, no período de 2000 a 2017. Este artigo explora se as variáveis relacionadas ao CEO, como formação em Finanças, educação, participação no conselho da empresa e tempo de gestão possuem relação com a decisão de investimento em F&As.

O papel do gestor pode ser crucial na avaliação e decisão acerca das oportunidades de investimento. Por meio de estratégias de F&A, bons administradores podem identificar economias de escala e de escopo, ganhos provenientes de integrações verticais, superação de barreiras de entrada em certos mercados, ganhos fiscais e melhorias na estrutura de capital (Berkovitch e Narayanan, 1993Berkovitch, E., & Narayanan, M. P. (1993). Motives for takeovers: an empi-rical investigation. Journal of Financial and Quantitative Analysis, 28(3),347-362. http://dx.doi.org/10.2307/2331418
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; Capron e Pistre,2002Capron, L., & Pistre, N. (2002). When do acquirers earn abnormalreturns? Strategic Management Journal, 23(9), 781-794. http://dx.doi.org/10.1002/smj.262
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). Por outro lado, também é possível que o gestor busque maximizar seu próprio resultado por meio do aumento de poder de decisão e de barganha junto aos acionistas (Jense, 1986; Shleifer & Vishny, 1989Shleifer, A., & Vishny, R. W. (1989). Managerial entrenchment: the case of manager-specific investments. Journal of Financial Economics , 25(1),123-139. https://doi.org/10.1016/0304-405X(89)90099-8
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).

Outros estudos analisaram a relação da característica de excesso de confiança dos CEOs com estrutura de capital e nível de alavancagem financeira das empresas. A relação do excesso de confiança dos CEOs com a estrutura de capital das empresas brasileiras foi estudado por Barros e Silveira (2008Barros, L. A. B. de C., & Silveira, A. D. M. (2008). Excesso de confiança, otimismo gerencial e os determinantes da estrutura de capital. Revista Brasileira de Finanças, 6(3), 293-335. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=305824735001
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) que descobriram uma relação positiva e relevante entre o comportamento otimista dos CEOs e o nível de alavancagem financeira das empresas. Choi, Saito e Silva (2015Choi, D., Saito, R., & Silva, V. (2015). Estrutura de capital e remuneração dos funcionários: Evidência empírica no Brasil. RAC - Revista de Administração, 19(2). Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84035381006
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) também mostraram que a política de estrutura de capital das empresas é afetada pelo perfil do CEO, medido pela característica de aversão ao risco. Contudo, apesar desses estudos, pouco se sabe até agora no Brasil sobre quais características dos CEOs possuem relação com a probabilidade de realização de uma operação de F&A.

Gestores com maior aversão ao risco adiarão naturalmente as decisões que devem tomar em nome dos acionistas. Já os administradores excessivamente confiantes acreditam que a incerteza sobre um projeto potencial é menor do que na verdade é, por isso eles estão menos dispostos a adiar a decisão de realizar projetos (Gervais, Heaton, & Odean, 2003Gervais, S., Heaton, J. B., & Odean, T. (2003). Overconfidence, investment policy and executive stock options. Working Paper. Duke University, The Fuqua School of Business, 312, 1-49. https://www.semanticscholar.org/paper/Overconfidence-%2C-Investment-Policy-%2C-and-Executive-Gervais-Heaton/79ba4e8749693e0d078b503751984a4dd4737006?navId=citing-papers
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). Roll (1986Roll, R. (1986). The Hubris hypothesis of corporate takeovers. Journal of Business, 59(2), 197-216 https://doi.org/10.1086/296325
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) evidencia que gerentes de empresas adquirentes fazem erros de avaliação porque são muito otimistas quanto a sinergias potenciais em uma proposta de aquisição.

Em adição, Goel e Thakor (2000Goel, A. M., & Thakor, A. V. (2000). Rationality, overconfidence and leadership. Working Paper, Michigan Business School, (September) . http://hdl.handle.net/2027.42/35648
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) evidenciam que gerentes excessivamente confiantes - aqueles que subestimam o risco dos projetos - têm maior probabilidade de serem promovidos a CEOs do que um gerente racional; e que gerentes que estão competindo para uma vaga de liderança tendem a escolher projetos com riscos mais altos. Esses resultados sugerem que o excesso de confiança pode ser um traço mais comum, entre os líderes, do que a racionalidade.

Neste artigo, não avaliamos diretamente se o excesso de confiança dos gestores contribui para a realização de F&As. Como não possuímos as mesmas proxies apresentadas por Malmendier e Tate (2008Malmendier, U., & Tate, G. (2008). Who makes acquisitions? CEO overconfidence and the market’s reaction. Journal of Financial Economics. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2007.07.002
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) para empresas brasileiras, investigamos apenas se a variável empreendedorismo, considerada uma proxy para excesso de confiança de acordo com Barros e Silveira (2008Barros, L. A. B. de C., & Silveira, A. D. M. (2008). Excesso de confiança, otimismo gerencial e os determinantes da estrutura de capital. Revista Brasileira de Finanças, 6(3), 293-335. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=305824735001
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), possui relevância em nossa análise empírica. Nosso estudo é descritivo e busca aferir a relação entre as características supracitadas dos CEOs com a chance de realização de F&As.

Em nossa pesquisa, os CEOs são classificados em quatro grupos: a) CEOs com formação em Finanças (administração, economia, ciências contábeis e engenharias com core financeiro); b) CEOs com formação em engenharia (considerado as engenharias que não possuem core financeiro, como: engenharia química, metalúrgica, naval, florestal, agronômica, minas e aeronáutica); c) CEOs com outras formações e d) CEOs empresários. Diferentemente da segmentação utilizada por Malmendier e Tate (2005Malmendier, U., & Tate, G. (2005). CEO overconfidence and corporate investment. Journal of Finance. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005.00813.x
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), este estudo incluiu engenharias com core financeiro no grupo de CEOs com Formação em Finanças, pois no Brasil, cerca de 35% dos executivos financeiros são formados em Engenharia, e essa formação oferece um bom background financeiro para os alunos, como imersão em análise de projetos e gestão financeira (FESA, 2014FESA (2014). Engenheiros ocupam cadeiras de Executivos de Finanças. https://www.hojeemdia.com.br/primeiro-plano/economia/engenheiros-ocupam-cadeiras-de-executivos-de-finan%C3%A7as-1.258579
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).

Nosso estudo possui uma amostra de 794 CEOs de empresas não financeiras listadas na B3, no período de 2000 a 2017. Encontramos que CEOs com formação em Finanças têm menor probabilidade de realizar F&As. Não identificamos significância estatística para outras características, como tempo do CEO na empresa, idade, educação, participação do CEO como presidente do conselho de administração, experiência prévia como empreendedor ou ser acionista da empresa adquirente. Acreditamos que este é o primeiro estudo sobre o tópico no Brasil e que nossos resultados contribuem para a literatura supracitada acerca das operações de F&A.

2. CARACTERÍSTICAS DO CEO E O PROCESSO DE F&A

Malmendier e Tate (2005Malmendier, U., & Tate, G. (2005). CEO overconfidence and corporate investment. Journal of Finance. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005.00813.x
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) encontraram que certas características dos CEOs, como o tipo de formação, determinam seu nível de confiança: CEOs com formação em engenharia ou outras ciências possuem mais confiança que os CEOs formados em cursos de finanças. Os pesquisadores utilizaram a área de formação do CEO na pesquisa da relação do excesso de confiança dos CEOs com a forma de investimentos das empresas e encontraram que aqueles formados em finanças são menos excessivamente confiantes do que os formados em engenharia ou áreas afins. Malmendier, Tate e Yan (2011Malmendier, U., Tate, G., & Yan, J. O. N. (2011). Overconfidence and early-life experiences : The effect of managerial traits on corporate financial policies. Journal of Finance, 66(5).) descobriram que CEOs que viveram momentos de grande crise ou guerra, durante a juventude, podem se tornar mais agressivos, resultando em menor aversão ao risco e excesso de confiança.

O excesso de confiança pode ser definido como uma superestimação das próprias habilidades e dos resultados relacionados à própria situação atual, conhecido como o efeito “melhor que a média” (Larwood & Whittaker, 1977Larwood, L., & Whittaker, W. (1977). Managerial myopia: Self-serving biases in organizational planning. Journal of Applied Psychology, 62(2), 194-198. https://doi.org/10.1037/0021-9010.62.2.194
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). Esse efeito, já comprovado por estudos psicológicos, reflete-se, no mundo das finanças corporativas, por meio do superotimismo dos CEOs em relação aos resultados futuros, que muitas vezes envolvem negociações bilionárias que tendem a ser malsucedidas, dado o excesso de confiança das pessoas que gerem o negócio.

Nosso estudo não pretende designar uma variável específica para apurar excesso de confiança, já que existem complicações para apurar tal característica de maneira assertiva. Utilizamos algumas características dos CEOs já estudadas na literatura para encontrar a relação com a decisão de realizar F&A. Por exemplo, estudos já mostraram uma forte correlação entre pessoas empreendedoras e excesso de confiança. Palich e Bagby (1995Palich, L. E., & Bagby, D. R. a Y. (1995). Using cognitive theory to explain risk-taking: challenging conventional wisdom. Journal of Business Venturing, 9026(95), 425-438.) sinalizaram que empreendedores percebem maior potencial de ganho em situações incertas do que aqueles que não são empreendedores, e que pessoas empreendedoras tendem a ter maior viés na percepção dos riscos. Em adição, Arabsheibani, De Meza, Maloney e Pearson (2000Arabsheibani, G., De Meza, D., Maloney, J., & Pearson, B. (2000). And a vision appeared unto them of a great profit: Evidence of self-deception among the self-employed. Economics Letters, 67(1), 35-41. https://doi.org/10.1016/S0165-1765(99)00242-6
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) evidenciaram que empreendedores são mais sujeitos ao otimismo, porém, o otimismo financeiro irrealista é menos acentuado para pessoas com maior nível de educação, mulheres e solteiros.

Há uma literatura crescente a qual explica que os homens são mais confiantes e têm menos aversão ao risco do que mulheres (Bengtsson, Persson, & Willenhag, 2005Bengtsson, C., Persson, M., & Willenhag, P. (2005). Gender and overconfidence. Economics Letters, 86(2), 199-203. https://doi.org/10.1016/j.econlet.2004.07.012
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). Pensando no mundo financeiro, Jianakoplos e Bernasek (1998Jianakoplos, N. A., & Bernasek, A. (1998). Are women more risk averse? Economic Inquiry, 36(4), 620-630. https://doi.org/10.1111/j.1465-7295.1998.tb01740.x
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) encontraram que as mulheres possuem significativamente maior aversão ao risco na tomada de decisões financeiras do que os homens.Sabe-se que aversão ao risco e excesso de confiança também estão ligados a educação e idade do indivíduo. Hryshko, Luengo-Prado e Sørensen (2011Hryshko, D., Luengo-Prado, M. J., & Sørensen, B. E. (2011). Childhood determinants of risk aversion: The long shadow of compulsory education. Quantitative Economics, 2(1), 37-72. https://doi.org/10.3982/QE2
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) descobriram que indivíduos mais velhos apresentam maior aversão ao risco e que filhos de pais mais educados, menor aversão ao risco, quando chegam à idade adulta.

O estudo brasileiro realizado por Barros e Silveira (2008Barros, L. A. B. de C., & Silveira, A. D. M. (2008). Excesso de confiança, otimismo gerencial e os determinantes da estrutura de capital. Revista Brasileira de Finanças, 6(3), 293-335. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=305824735001
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) utilizou como proxy do excesso de confiança a variável empreendedorismo, sendo uma variável binária, classificando como 1 os profissionais que são fundadores da empresa e 0 aqueles não possuidores de relação de herança com a empresa. Malmendier e Tate (2005Malmendier, U., & Tate, G. (2005). CEO overconfidence and corporate investment. Journal of Finance. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005.00813.x
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, 2008Malmendier, U., & Tate, G. (2008). Who makes acquisitions? CEO overconfidence and the market’s reaction. Journal of Financial Economics. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2007.07.002
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) utilizaram como proxy de excesso de confiança, nas empresas americanas, o comportamento do CEO em relação às opções de ações da própria empresa, ou seja, o CEO que mantém as opções de ações até a data de expiração são excessivamente confiantes, pois é persistente e otimista em relação às perspectivas futuras da empresa, diferentemente daqueles que aproveitam as oportunidades de preço alto para negociar suas opções antes da data de expiração. Conseguimos obter a variável empreendedorismo para este estudo. Contudo, não conseguimos aferir as opções de ações em mãos de CEOs no Brasil.

Brown e Sarma (2007Brown, R., & Sarma, N. (2007). CEO overconfidence, CEO dominance and corporate acquisitions. Journal of Economics and Business, 59(5), 358-379. https://doi.org/10.1016/j.jeconbus.2007.04.002
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) utilizaram como proxy do excesso de confiança a cobertura da mídia, ou seja, como a imprensa australiana retratou cada CEO durante o período da amostra: confiante, otimista, cauteloso ou conservador. Dutta, Macaulay e Saadi (2011Dutta, S., Macaulay, K., & Saadi, S. (2011). CEO power , M & A decisions , and market reactions. Journal of Multinational Financial Management, 21(5), 257-278. https://doi.org/10.1016/j.mulfin.2011.07.003
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) avaliaram a relação do poder dos CEOs com a decisão de realizar aquisições nas empresas do Canadá, utilizando como proxy para medir o poder dos CEOs o total de remuneração (salário, bônus e stock options) recebido pelo CEO em determinado ano, e encontraram que CEOs com mais poder fazem mais aquisições.

Malmendier e Tate (2005Malmendier, U., & Tate, G. (2005). CEO overconfidence and corporate investment. Journal of Finance. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005.00813.x
https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005...
) estudaram a relação do excesso de confiança dos CEOs com a decisão de investimentos nas empresas, pois CEOs excessivamente confiantes tendem a superestimar o retorno de seus projetos, impactando a decisão de investimento das empresas e de realizar ou não uma fusão ou aquisição. Eles encontraram que o tipo de formação do CEO interfere no seu nível de confiança: CEOs com Formação em Finanças tendem a ser menos excessivamente confiantes do que os aqueles formados em outras áreas. Anos depois, Malmendier e Tate (2008Malmendier, U., & Tate, G. (2008). Who makes acquisitions? CEO overconfidence and the market’s reaction. Journal of Financial Economics. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2007.07.002
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) avaliaram o excesso de confiança com a decisão de realizar F&A e encontraram que CEOs excessivamente confiantes têm mais chances de realizar F&A do que os que não são excessivamente confiantes.

Especificamente em operações de F&A, Malmendier e Tate (2008Malmendier, U., & Tate, G. (2008). Who makes acquisitions? CEO overconfidence and the market’s reaction. Journal of Financial Economics. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2007.07.002
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) encontraram, nas empresas dos Estados Unidos, que a chance de fazer aquisições são 65% maiores se o CEO for classificado com excesso de confiança, e que a reação do mercado é significativamente mais negativa para CEOs excessivos do que para CEOs não excessivos. Nas empresas australianas, Brown e Sarma (2007Brown, R., & Sarma, N. (2007). CEO overconfidence, CEO dominance and corporate acquisitions. Journal of Economics and Business, 59(5), 358-379. https://doi.org/10.1016/j.jeconbus.2007.04.002
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) encontraram que o excesso de confiança e o efeito de dominância do CEO, que é a capacidade do CEO impor seus pontos de vista, são importantes para explicar a decisão de adquirir outra empresa. Logo, essa pesquisa realizada no Brasil tem o papel de contribuir significativamente com a literatura existente sob a ótica dos processos de F&A nos países emergentes, a fim de trazer contribuições relevantes aos estudos apresentados até hoje.

3. METODOLOGIA E DADOS

Para obter a probabilidade de realização das operações de F&A, este estudo utiliza o modelo de regressão logística, o mesmo método utilizado nos estudos de Malmendier e Tate (2008Malmendier, U., & Tate, G. (2008). Who makes acquisitions? CEO overconfidence and the market’s reaction. Journal of Financial Economics. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2007.07.002
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) e Brown e Sarma (2007Brown, R., & Sarma, N. (2007). CEO overconfidence, CEO dominance and corporate acquisitions. Journal of Economics and Business, 59(5), 358-379. https://doi.org/10.1016/j.jeconbus.2007.04.002
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). Primeiramente, os dados foram organizados em forma de cross-section empilhada, onde as informações das empresas e CEOs foram observadas ao longo do tempo e o período da amostra organizados nas linhas da base de dados. Como também aferimos F&As realizadas pela mesma empresa ao longo do tempo para parte da amostra, organizamos a base em formato de painel e refizemos o procedimento supracitado para o modelo de regressão logística em painel.

Com isso, pretendemos aferir a probabilidade de empresas realizarem F&A de acordo com as características dos CEOs. Os modelos de resposta binária, assim como a regressão logística, são utilizados para explicar a relação das variáveis independentes com a probabilidade de resposta.

Enfatizamos que este estudo é descritivo e que não investigamos qualquer evidência causal em nossas análises. Buscamos contribuir para a literatura ao explorar as características dos CEOs e as operações de F&A realizadas no Brasil considerando diferentes setores de atuação no período de 2000 a 2017.

Nossa amostra contempla 307 empresas não financeiras com ações negociadas na B3 no período de 2000 a 2017, contando com 12.489 observações trimestrais. Na amostra estão contidas 79 empresas adquirentes que realizaram F&A nesse período, contando com 177 observações trimestrais.

Os dados de F&A foram obtidos diretamente com a Anbima - Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, enquanto os dados financeiros trimestrais das empresas foram coletados da base de dados Economatica.

As informações sobre os CEOs foram coletadas no site da CVM - Comissão de Valores Mobiliários, na seção 12.5 do Formulário de Referência para as informações a partir de 2008 e no relatório IAN para informações antes de 2008. Todas essas informações estão detalhadas na Tabela 1. A fim de eliminar observações com valor extremo (outliers), a base de dados foi “winsorizada” a 5% para as variáveis Tamanho, Tobin’s Q, ROA, Ebit e Caixa. Nas regressões, utilizamos o logaritmo natural (Ln) das variáveis Tamanho, Ebit, Alavancagem e Caixa.

Tabela 1.
Dados da amostra

3.1. Desenvolvimento das hipóteses

Malmendier e Tate (2008Malmendier, U., & Tate, G. (2008). Who makes acquisitions? CEO overconfidence and the market’s reaction. Journal of Financial Economics. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2007.07.002
https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2007.0...
) e Brown e Sarma (2007Brown, R., & Sarma, N. (2007). CEO overconfidence, CEO dominance and corporate acquisitions. Journal of Economics and Business, 59(5), 358-379. https://doi.org/10.1016/j.jeconbus.2007.04.002
https://doi.org/10.1016/j.jeconbus.2007....
) encontraram que as características dos CEOs têm forte influência na tomada de decisão de F&A nas empresas, e que algumas características são relevantes e bem relacionadas com a característica de excesso de confiança, como a área de formação do CEO, idade, gênero e até se o CEO é empreendedor ou não.

Para entender se essas características têm relação com a tomada de decisão dos CEOs, a primeira hipótese aborda a área de formação dos CEOs: hipótese 1 (H1) - a área de formação do CEO tem relação com a decisão de realizar F&A. Malmendier e Tate (2005Malmendier, U., & Tate, G. (2005). CEO overconfidence and corporate investment. Journal of Finance. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005.00813.x
https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005...
) evidenciaram que a formação do CEO é uma variável relevante nas decisões de F&As, e acredita-se que CEOs com formação em Finanças são mais racionais e tendem a tomar decisões com maior embasamento de números e estudos quando comparados aos de outras formações.

Palich e Bagby (1995Palich, L. E., & Bagby, D. R. a Y. (1995). Using cognitive theory to explain risk-taking: challenging conventional wisdom. Journal of Business Venturing, 9026(95), 425-438.) e Arabsheibani, De Meza, Maloney e Pearson (2000Arabsheibani, G., De Meza, D., Maloney, J., & Pearson, B. (2000). And a vision appeared unto them of a great profit: Evidence of self-deception among the self-employed. Economics Letters, 67(1), 35-41. https://doi.org/10.1016/S0165-1765(99)00242-6
https://doi.org/10.1016/S0165-1765(99)00...
) sinalizaram que pessoas empreendedoras são mais otimistas e percebem maior potencial de ganho em situações incertas, e Barros e Silveira (2008Barros, L. A. B. de C., & Silveira, A. D. M. (2008). Excesso de confiança, otimismo gerencial e os determinantes da estrutura de capital. Revista Brasileira de Finanças, 6(3), 293-335. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=305824735001
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=30...
) encontraram que empreendedores tendem a ser mais excessivamente confiantes em situações de risco.

Logo, a segunda hipótese sinaliza que CEOs empreendedores têm maior probabilidade de realizar F&A, já que alguns estudos encontraram forte relação dessa característica com excesso de confiança: hipótese 2 (H2) - CEOs empreendedores têm maior probabilidade de realizar F&A.

Hryshko, Luengo-Prado e Sørensen (2011Hryshko, D., Luengo-Prado, M. J., & Sørensen, B. E. (2011). Childhood determinants of risk aversion: The long shadow of compulsory education. Quantitative Economics, 2(1), 37-72. https://doi.org/10.3982/QE2
https://doi.org/10.3982/QE2...
) encontraram que indivíduos mais velhos têm mais aversão ao risco, e Choi, Saito e Silva (2015Choi, D., Saito, R., & Silva, V. (2015). Estrutura de capital e remuneração dos funcionários: Evidência empírica no Brasil. RAC - Revista de Administração, 19(2). Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84035381006
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84...
) verificaram que CEOs mais velhos são mais conservadores e apresentam maior aversão ao risco do que CEOs mais jovens.

Portanto, a terceira hipótese aponta que CEOs mais jovens têm maior probabilidade de realizar F&A: hipótese 3 (H3) - CEOs mais jovens têm maior probabilidade de realizar F&A.cb

3.2. Especificação econométrica e variáveis

Esta pesquisa utiliza o modelo de regressão não linear Logit para verificar a probabilidade de realização de F&A de acordo com as características dos CEOs. A variável dependente binária é F&A, sendo igual a 1 para as empresas adquirentes que realizaram F&A no período de 2000 a 2017. As variáveis explicativas que apontam as características dos CEOs são as variáveis de interesse, α e β1..., β17 são os parâmetros estimados, e G (.) é uma Função de Distribuição Acumulada (FDA). Todas as variáveis utilizadas no modelo estão detalhadas na Tabela 2.

Tabela 2.
Sumário das Variáveis

Modelo Econométrico:

P r o b y = 1 x = G ( α + B 1 D m F i n + B 2 D m E n g + B 3 D m E m p r e s + B 4 D m M B A + B 5 D m E m p r + B 6 D m C E O & C A + B 7 D m C E O & A c i o n + B 8 I d a d e + B 9 I d a d e ² + B 10 T e m p o d e C E O + B 11 D m G o v + B 12 L n T a m + B 13 T o b i n ' s Q + B 14 L n E b i t + B 15 R O A + B 16 L n A l a v + B 17 L n C a i x a ) + ɛ

4. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1. Estatística descritiva

Nas tabelas 3 a 10 será apresentada a distribuição da amostra por setor, com análise da amostra total (que inclui todos os CEOs pesquisados) e da amostra das empresas F&A, que contempla apenas os CEOs das empresas adquirentes que passaram por processo de F&A. Para a classificação dos setores, foi utilizada a classificação setorial da BM&FBovespa - B3.

Tabela 3.
Tempo na empresa como CEO por setor (em anos)
Tabela 4.
Área de formação do CEO
Tabela 5.
Nível de formação do CEO por setor
Tabela 6.
Idade do CEO por setor

A estatística descritiva possibilita caracterizar a amostra e indicar as médias do tempo do CEO nas empresas. Observa-se por meio da classificação setorial que, em média, os CEOs ficaram 4 anos nas empresas, com exceção dos setores de Telecomunicações, Saúde e Petróleo, gás e biocombustíveis, que apresentaram média abaixo de 3 anos.

Os setores que apresentaram maior tempo do CEO na empresa foram os de Bens industriais, Consumo cíclico, Materiais básicos e Utilidade pública, os quais apresentaram tempo máximo acima de 18 anos. Observa-se que 60% da amostra está concentrada em até 2 anos de tempo médio como CEO nas empresas, 28% de 2 a 5 anos de empresa, 11% de 5 a 10 anos de empresa e apenas 1% acima de 10 anos.

Nas empresas adquirentes que passaram por processo de F&A, o tempo médio de CEO é 1,17 anos menor que o tempo médio de CEO da amostra total. O setor de Utilidade pública apresentou a maior média de tempo como CEO nas empresas (5,63 anos), enquanto o setor de Saúde apresentou a menor média (1,25 ano). Verifica-se que 48% da amostra está concentrada em até 2 anos de tempo médio como CEO nas empresas, 42% de 2 a 5 anos e apenas 10% de 5 a 10 anos.

Conforme apresentado na tabela 4, as formações dos CEOs estão concentradas nos cursos de finanças (74%), 9% em engenharia, 13% em outras ciências, e 4% são considerados empresários sem formação específica. As empresas adquirentes que passaram por processo de F&A apresentaram distribuição bem similar à amostra total, sendo 75% da amostra concentrada na Formação em Finanças, 8% em Engenharia, 13% em outras ciências e 4% são empresários.

Na Tabela 5 foi analisado o nível de formação dos CEOs: onde se vê MBA, entenda-se níveis de formação: MBA, mestrado ou doutorado. Da amostra total de CEOs, 44% apresentaram formação em MBA, mestrado ou doutorado, enquanto, na amostra de empresas adquirentes que passaram por F&A, esse número é de 49%.

A idade média dos CEOs da amostra é de 55 anos, o setor de Saúde apresentou a menor idade média (47 anos), ao passo que o setor Financeiro e outros apresentaram a idade média mais alta (60 anos). O setor de Materiais básicos apresentou a idade máxima de 96 anos, enquanto o setor de Utilidade pública apresentou a menor idade, 23 anos. Da amostra total, 40% está concentrada na idade até 50 anos, 54% de 50 a 70 anos, e 6% acima de 70 anos.

A idade média dos CEOs das empresas adquirentes que passaram por F&A é 3 anos menor que a idade média da amostra total. A idade mínima apresentada é do setor de Utilidade pública (32 anos);já a idade máxima é do setor de Bens materiais, 84 anos.

Da amostra total, 40% está concentrada na idade até 50 anos, 57% de 50 a 70 anos, e apenas 3% acima de 70 anos.

Tabela 7.
Gênero do CEO por setor

A amostra total apresentou 20 CEOs do gênero feminino, sendo 13 CEOs com Formação em Finanças, 5 em outras ciências e 2 empresárias. A idade média é de 48 anos, sendo a menor idade de 32 anos, e a maior idade, de 59 anos.

A amostra das empresas adquirentes que passaram por F&A apresentou 2 CEOs do gênero feminino, sendo nos setores de Consumo cíclico e telecomunicações. A idade média é de 52 anos, a menor idade de 43 anos, e a maior idade de 62 anos. A amostra está distribuída nas formações de finanças e outras ciências.

Observa-se que 24% dos CEOs ocupam também o cargo de presidente do Conselho de Administração (CA) das empresas e que 29% desses possuem MBA, mestrado ou doutorado. A formação desses CEOs também é concentrada na área de finanças (65%).

As empresas adquirentes que passaram por F&A possuem 17% dos CEOs com cargo de presidente do CA, e 26% desses possuem MBA, mestrado ou doutorado; a formação também está concentrada na área de finanças (53%), 5% em engenharia, 26% em outras ciências, e 16% são empresários.

Tabela 8.
CEO que ocupa a presidência do CA
Tabela 9.
CEO e acionista

Verifica-se que 11% dos CEOs estão entre os 5 maiores acionistas da empresa em que atuam, e 57% desses também são presidentes do CA. Na amostra de empresas adquirentes que passaram por processo de F&A, apenas 4% dos CEOs estão entre os 5 maiores acionistas das empresas.

Tabela 10.
CEO e empreendedor

Analisando os CEOs que são empreendedores, eles representam 35% da amostra total. Do total de CEOs empreendedores, 32% possuem MBA, mestrado ou doutorado, e 68% são formados na área de finanças, 6% em engenharia, 15% em outras ciências, e 11% são empresários (sem formação específica).

Das empresas adquirentes que passaram por processo de F&A, 37% dos CEOs são empreendedores, 40% desses possuem MBA, mestrado ou doutorado. A formação desses CEOs empreendedores está assim distribuída: 62% em finanças, 7% em engenharia, 19% em outras ciências e 12% são empresários.

4.2. Resultados Estatísticos

Pode-se verificar, na tabela abaixo, a correlação das variáveis e os baixos índices entre as variáveis. De acordo com o teste VIF (Variance Inflation Factor, Fator de Inflação de Variância), não foi identificada presença de multicolinearidade, resultando em VIF médio próximo de 2 para as regressões.

Tabela 11.
Correlação das variáveis pesquisadas

A Tabela 12 apresenta os resultados da estimação do modelo não linear por meio do estimador Logit. Nas colunas 1 a 4 são apresentados os resultados dos coeficientes, e na coluna 5 é apresentado o efeito marginal (o efeito marginal se refere ao resultado da coluna 4, em que a regressão apresenta controles para efeito fixo de tempo e setor).

Tabela 12.
Resultados dos coeficientes estimados no modelo não linear

A fim de verificar a qualidade do modelo não linear Logit apresentado na Tabela 12, foi realizada a análise de sensibilidade versus especificidade, e o resultado revela classificação correta de aproximadamente 98% da amostra. Além disso, a curva ROC, apresentada na Figura 1, confirma o resultado positivo do modelo, com área abaixo da curva igual a 0,8153.

Figura 1.
Curva ROC

Observa-se por meio do modelo Logit na Tabela 12 que a variável Formação em Finanças apresentou resultados significantes e sinal dentro do esperado. Assim como encontrado por Malmendier e Tate (2005Malmendier, U., & Tate, G. (2005). CEO overconfidence and corporate investment. Journal of Finance. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005.00813.x
https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005...
), CEOs com Formação em Finanças apresentaram menor probabilidade de realizar F&A do que CEOs formados em outras áreas. Esse resultado pode sugerir que CEOs com maior background em finanças tomam suas decisões com maior embasamento em números dos projetos, possibilitando decisões mais corretas.

Logo, a hipótese 1, na qual se ostenta que a área de formação do CEO interfere na decisão de realizar F&A, é confirmada, pois a variável Formação em Finanças apresentou significância estatística e sinal esperado.

A variável empreendedor não apresentou significância estatística, como o encontrado na pesquisa de Barros e Silveira (2008Barros, L. A. B. de C., & Silveira, A. D. M. (2008). Excesso de confiança, otimismo gerencial e os determinantes da estrutura de capital. Revista Brasileira de Finanças, 6(3), 293-335. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=305824735001
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), em que CEOs empreendedores tendem a ser mais excessivamente confiantes e, consequentemente, ter maior probabilidade de realizar F&A. Por isso, não é possível confirmar a hipótese 2 da pesquisa com a amostra utilizada neste estudo.

A idade do CEO também não apresentou resultado estatístico significante, como encontrado por Hryshko, Luengo-Prado e Sørensen (2011Hryshko, D., Luengo-Prado, M. J., & Sørensen, B. E. (2011). Childhood determinants of risk aversion: The long shadow of compulsory education. Quantitative Economics, 2(1), 37-72. https://doi.org/10.3982/QE2
https://doi.org/10.3982/QE2...
) e Choi, Saito e Silva (2015Choi, D., Saito, R., & Silva, V. (2015). Estrutura de capital e remuneração dos funcionários: Evidência empírica no Brasil. RAC - Revista de Administração, 19(2). Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84035381006
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84...
), os quais revelam que CEOs mais velhos possuem menos excesso de confiança e têm mais aversão ao risco. Por conseguinte, não é possível confirmar a hipótese 3 da pesquisa.

A variável de controle Tamanho da empresa mostrou resultados significantes, evidenciando que empresas grandes apresentam maior probabilidade de realizar F&A: esse resultado é esperado, pois empresas maiores têm menos limitações financeiras e maior capacidade de realizar F&A do que outras empresas, assim como o resultado apresentado por Brown e Sarma (2007Brown, R., & Sarma, N. (2007). CEO overconfidence, CEO dominance and corporate acquisitions. Journal of Economics and Business, 59(5), 358-379. https://doi.org/10.1016/j.jeconbus.2007.04.002
https://doi.org/10.1016/j.jeconbus.2007....
).

A variável Alavancagem também apresentou resultados significantes, confirmando o esperado: quanto mais alavancada for uma empresa, menor será a probabilidade de realizar F&A. Uma vez que empresas mais alavancadas possuem obrigações com credores, acreditamos que muitas operações de F&A não são realizadas em virtude de aspectos contratuais e também por comprometimento de caixa.

4.3. Análise de Robustez

Com o objetivo de mostrar consistência para os resultados obtidos na Tabela 12, decidimos realizar alguns testes de robustez com os dados utilizados em nossa amostra. Em primeiro lugar, a fim de ajustar os resultados considerando a Lei 11.941/2009, que rege a adequação das demonstrações contábeis às normas IFRS no período da amostra, a Tabela 13 apresenta os resultados com dados a partir de 2010, já que desde esse período foi implementada a obrigatoriedade de divulgação de resultados no formato das IFRS. Como as regressões utilizam variáveis provenientes dos balanços das empresas como controle, qualquer mudança na construção das variáveis entre os períodos “pré e pós” IFRS poderia atrapalhar a regressão. Portanto, decidimos apresentar também os resultados considerando somente o período posterior à implementação obrigatória das IFRS.

Tabela 13.
Resultados dos coeficientes estimados no modelo não linear - dados a partir de 2010

Observa-se na Tabela 13 que a variável Formação em Finanças continuou com resultados significantes no período a partir de 2010, assim como a variável Tamanho da empresa.

Em segundo lugar, decidimos analisar o resultado na regressão para a variável Formação em Finanças em mais duas classificações diferentes. A classificação original foi apresentada na Tabela 12, onde a Formação em Finanças inclui os cursos de engenharia com core financeiro. Na Tabela 14 são apresentadas as demais classificações para a variável Formação em Finanças: (a) consideradas todas as engenharias na variável Formação em Finanças, apresentado nas colunas 1 a 3; b) considerada nenhuma engenharia na variável Formação em Finanças, apresentada nas colunas 4 a 6.

Tabela 14
Resultados dos coeficientes estimados no modelo não linear - Robustez Formação em Finanças

Conforme apresentado na Tabela 14, os resultados da variável Formação em Finanças permaneceram significantes para as classificações apresentadas.

Adicionalmente, ao notar que a base de dados apresenta mais de um M&A realizado pela mesma empresa em várias situações, estimamos o modelo empírico supramencionado considerando a base de dados como um painel. Os resultados dos coeficientes do modelo Pooled Logit são, como esperado, iguais aos coeficientes apresentados para a análise anterior. Contudo, na estimação de modelos longitudinais logísticos consideramos a utilização de erros-padrão robustos com agrupamento por indivíduo (que permite controle da correlação dos termos de erro para os indivíduos ao longo do tempo), os resultados permanecem robustos.

Também foi realizado o teste no modelo de painel com efeitos aleatórios (não é possível utilizar o modelo de efeitos fixos, pois muitas variáveis do modelo não apresentam modificação ao longo do tempo). A Tabela 15 mostra os resultados das estimações com dados em painel.

Tabela 15.
Resultados dos coeficientes estimados no modelo Painel - Logit Agrupado (Pooled) e Logit com Efeitos Aleatórios

Observa-se na Tabela 15 que os resultados continuam robustos no modelo Logit Agrupado (Pooled) e na estimação por Efeitos Aleatórios. A variável Formação em Finanças se mantém negativa e estatisticamente significante nos modelos de dados em painel, assim como o resultado das análises anteriores.

Também investigamos se a quantidade de variáveis dummy utilizadas na regressão poderia apresentar algum problema para a estimação do modelo empírico e para a significância dos resultados da variável principal, Formação em Finanças. Utilizamos os resultados do teste de razão de verossimilhança (verifica a adequação do ajuste do modelo utilizado com outra especificação alternativa) e do teste de Hosmer-Lemeshow (divide a base em 10 grupos pelos decis das probabilidades estimadas e apresenta teste para diferenças entre frequências esperadas e observadas na estimação do modelo) para aferir a adequação do modelo utilizado e a significância da variável Formação em Finanças. A especificação utilizada nas regressões ao longo do estudo foi comparada aos resultados do modelo ajustado pelo método de Stepwise (considerando 10% e 5% de significância). Os resultados mostraram que os modelos são qualitativamente similares. Em adição, a variável de interesse Formação em Finanças se manteve estatisticamente significante nas regressões elaboradas de acordo com o método Stepwise.

Como análise adicional de robustez, realizamos os testes considerando outros grupos de comparação, além do grupo de Formação Outras Ciências. Foram realizados os testes considerando os demais grupos de comparação: Empresário, Engenharia e Outras Ciências no modelo Logit com e sem efeito fixo de setor e ano, e painel de efeitos aleatórios. Em ambos os modelos, a variável Formação em Finanças se manteve com significância estatística e mesmo sinal já apresentado.

Por fim, após obter os resultados para a variável formação em Finanças nos modelos de regressão binária, utilizamos as medidas de razão de risco ajustada (ARR - adjusted risk ratio) e de diferença de risco (ARD - Adjusted risk difference) para aferir as razões de risco da variável “Formação em Finanças” com os demais grupos de comparação. A estatística ARR proporciona a razão das probabilidades obtidas com o modelo de previsão e a estatística ARD mostra a diferença prevista em termos de pontos percentuais. No que diz respeito à regressão que compara o resultado dos CEOs com formação em Finanças com os demais CEOs formados em outras áreas (variável outras ciências), encontramos um resultado ARR igual a 0,5784. Esse resultado indica que CEOs com formação em Finanças apresentam, em média, menor chance de realizar F&A que o grupo de comparação “Outras Ciências” na razão de 42,16%. O resultado ARD pode ser interpretado como uma medida de risco absoluta e indica que CEOs com formação em finanças realizam, em média, um número menor de operações de F&A (1,08%) que o grupo de comparação “Outras Ciências”. A análise para o grupo de comparação formado por CEOs empresários apresentou interpretação similar, e as medidas de risco ARR e ARD são, respectivamente, iguais a 54,37% e 1,70%. Por fim, ao comparar os CEOs com formação em Finanças com aqueles das demais formações (empresários, engenheiros e outras ciências), encontramos resultados similares (mas com menor divergência entre os grupos), com medidas de risco ARR e ARD de, respectivamente, 35,52% e 0,84%.

5. CONCLUSÃO

Esta pesquisa investigou a relação das características dos CEOs com a probabilidade de realizar F&A nas empresas brasileiras não financeiras listadas na BM&FBovespa - B3, no período de 2000 a 2017. O trabalho analisou como é o perfil dos CEOs que realizaram F&A, comparado ao do grupo total de CEOs das empresas listadas na BM&FBovespa - B3. Verificou-se que as características dos CEOs são relevantes na decisão de realizar F&A, assim como encontrado nas pesquisas de Brown e Sarma (2007Brown, R., & Sarma, N. (2007). CEO overconfidence, CEO dominance and corporate acquisitions. Journal of Economics and Business, 59(5), 358-379. https://doi.org/10.1016/j.jeconbus.2007.04.002
https://doi.org/10.1016/j.jeconbus.2007....
) e Malmendier e Tate (2008Malmendier, U., & Tate, G. (2008). Who makes acquisitions? CEO overconfidence and the market’s reaction. Journal of Financial Economics. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2007.07.002
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), que analisaram o impacto do excesso de confiança dos CEOs na decisão de realizar F&A nas empresas, encontrando que CEOs com formação diferente de finanças têm maior probabilidade de realizar F&A. Os resultados demonstram que a formação dos CEOs é relevante na decisão de realizar F&A, corroborando os resultados já encontrados em outras pesquisas, em que CEOs com Formação em Finanças têm menor probabilidade de realizar F&A e tendem a ser menos excessivamente confiantes.

A Formação em Finanças oferece um background mais extenso relacionado à análise de projetos, viabilidade financeira de investimentos e mais racionalidade nas projeções de ganhos futuros, e isso indica que CEOs com formação em Finanças são mais exigentes na tomada de decisão de F&A, pois se baseiam mais em números e análises, sendo mais racionais na aprovação de uma F&A. Assim a probabilidade de realizar F&A reduz em relação aos CEOs com outras formações. O resultado deste estudo traz à tona a importância do background financeiro nas decisões de F&A a serem realizadas no Brasil, e acreditamos que um suporte financeiro mais profundo possa ajudar o CEO a tomar a decisão de realizar ou não uma F&A de forma mais racional e justificada em números.

A principal limitação desta pesquisa foi a falta de dados brasileiros para utilizar a mesma proxy de excesso de confiança usado pelo estudo de Malmendier e Tate (2005Malmendier, U., & Tate, G. (2005). CEO overconfidence and corporate investment. Journal of Finance. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005.00813.x
https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2005...
, 2008Malmendier, U., & Tate, G. (2008). Who makes acquisitions? CEO overconfidence and the market’s reaction. Journal of Financial Economics. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2007.07.002
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), que verificou o excesso de confiança dos CEOs de acordo com a execução de opções de ações da empresa, ou seja, o CEO que mantém as opções de ações até a data de expiração são excessivamente confiantes, pois é persistente e otimista em relação às perspectivas futuras da empresa, diferentemente daqueles que aproveitam as oportunidades de preço alto para negociar suas opções antes da data de expiração.

Contudo, acreditamos que este estudo pode contribuir para futuras pesquisas, já que há a evidência de que CEOs formados em finanças têm menos propensão de realizar F&A. Os novos estudos poderiam abordar variáveis mais profundas desses CEOs como forma de explicar o que é mais relevante na decisão de F&A, por exemplo: tempo médio do processo de F&A, quantos F&As o CEO já realizou na carreira e quanto tempo possui de experiência na carreira financeira. Seriam boas questões de pesquisas futuras: CEOs com Formação em Finanças levam mais tempo no processo de F&A do que aqueles com outras formações? O tempo de carreira em finanças possui relação com a decisão de F&A?

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Out 2021
  • Data do Fascículo
    Jul-Aug 2021

Histórico

  • Recebido
    06 Fev 2020
  • Revisado
    23 Jun 2020
  • Aceito
    21 Dez 2020
  • Publicado
    21 Jun 2021
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