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Proposta de novas unidades litoestratigráficas para o Devoniano da Bacia do Rio do Peixe, Nordeste do Brasil

Proposal of new lithostratigraphic units for the Devonian of the Rio do Peixe Basin, Northeast of Brazil

Resumos

A análise estratigráfica de subsuperfície de estratos devonianos na Bacia do Rio do Peixe, recentemente identificados por palinologia, resultou na caracterização de duas novas formações reunidas no Grupo Santa Helena. Estas unidades foram caracterizadas por meio de testemunhos, amostras laterais e de calha, perfis geofísicos convencionais de poço, perfil de imagem e sísmica 3D. A Formação Pilões (unidade inferior), na qual predominam pelitos escuros e arenitos médios a muito finos, com brechas e conglomerados subordinados, e a Formação Triunfo (unidade superior), composta por arenitos cinza-esbranquiçados, grossos a conglomeráticos, caulínicos, com estratificações cruzadas, e conglomerados, com pelitos e arenitos finos intercalados. A Formação Pilões é representada por fácies prodeltaicas-lacustres, com menor proporção de fácies de tálus, debritos e lobos turbidíticos arenosos, associadas a sistemas de leque deltaico e fluviodeltaico. A Formação Triunfo é interpretada como depósitos fluviodeltaicos do tipo entrelaçado. O Grupo Santa Helena corresponde a uma tectonossequência depositada em um graben, com eixo deposicional NO-SE, durante um ciclo transgressivo-regressivo. Com a espessura de 343 m (isócora) no poço 1-PIL-1-PB (Pilões n° 1), esta sequência é limitada na base por uma não-conformidade e o limite superior é uma discordância angular, com um hiato de cerca de 265 milhões de anos, separando-a da tectonossequência cretácea inferior (Grupo Rio do Peixe). Ignimbritos e brechas coignimbríticas (brecha vulcânica Poço da Jurema) foram reconhecidas na margem norte do Semigraben de Sousa. Há indícios de que o evento piroclástico e o preenchimento do graben eodevoniano tenham sido contemporâneos. Os resultados deste estudo indicam que a evolução tectono-vulcano-sedimentar da bacia é poli-histórica. Esta atualização litoestratigráfica abre novas perspectivas para pesquisas geológicas na Bacia do Rio do Peixe, assim como em outras bacias interiores do Nordeste do Brasil.

Litoestratigrafia; Tectonossequência devoniana inferior; Formação Pilões; Formação Triunfo; Grupo Santa Helena; Província Borborema


Subsurface stratigraphic analysis of Devonian strata in the Rio do Peixe Basin, newly recognized by palynological studies, has resulted in the identification of two new formations assembled in the newly established Santa Helena Group. These units were characterized using cores, sidewall and cuttings samples, conventional well logs, image log and 3D seismic data. The Pilões Formation, the lower unit, is composed mainly of dark mudstones and medium-to-very fine-grained sandstones, with minor conglomerates and breccias, and the Triunfo Formation, the upper unit, comprises whitish grey, kaolinitic, coarse-grained to conglomeratic, cross stratified sandstones and conglomerates, with interbedded mudstones and fine-grained sandstones. The Pilões Formation is represented by prodeltaic lagoonal-lacustrine facies, with lesser associated subaqueous talus, debrite and sandy turbidite lobe facies, part of fandelta and delta systems. The Triunfo Formation is interpreted as braided fluviodeltaic facies. The Santa Helena Group corresponds to the Lower Devonian tectono-sequence deposited in a NW-SE-trending graben during a transgressive-regressive cycle. With 343 m of thickness (isochore) in well 1-PIL-1-PB (Pilões 1), this sequence has a non-conformity at the lower boundary and its upper boundary is an angular unconformity that represents a hiatus of about 265 Myr, at the base of the Lower Cretaceous tectono-sequence (Rio do Peixe Group). Ignimbrites and co-ignimbrite breccias (Poço da Jurema volcanic breccia) were recognized at the northern margin of the Sousa half-graben. There is evidence that the pyroclastic event is coeval with the Lower Devonian graben filling. The results of this study indicate a polyhistorical tectono-volcano-sedimentary evolution of the basin. This lithostratigraphic update brings new perspectives for geological research in the Rio do Peixe Basin, as well as in other inland basins of the Northeast of Brazil.

Lithostratigraphy; Early Devonian tectono-sequence; Pilões Formation; Triunfo Formation; Santa Helena Group; Borborema Province


INTRODUÇÃO

A revisão do arcabouço estratigráfico da Bacia do Rio do Peixe (BRP) foi motivada pela descoberta de rochas do Devoniano Inferior até então desconhecidas na bacia (Roesner et al. 2011Roesner H.E., Lana C.C., Le Herissé A., Melo J.H.G. 2011. Bacia do Rio do Peixe (PB). Novos resultados biocronoestratigráficos e paleoambientais. In: Carvalho I.S., Srivastava N.K., Strohschoen Jr O., Lana C.C. (eds.) Paleontologia: Cenários de Vida, 3. Rio de Janeiro. Interciência, p. 135-141.). A atualização da coluna litoestratigráfica resultou da análise estratigráfica integrada de subsuperfície, apoiada na caracterização de fácies, sistemas e tratos deposicionais, sob a ótica da Estratigrafia de Sequências.

Quatro unidades litoestratigráficas são propostas para o Devoniano Inferior da BRP, três formais: a Formação Pilões (inferior) e a Formação Triunfo (superior) - reunidas no Grupo Santa Helena - e a brecha vulcânica Poço da Jurema (informal).

Os resultados aqui apresentados abrem novas perspectivas para futuros estudos geológicos e uma melhor compreensão da evolução tectonossedimentar da bacia, além de contribuírem para ampliar o conhecimento sobre a Província Borborema e a paleogeografia do Gondwana ocidental, durante o Eodevoniano.

CONTEXTO GEOLÓGICO

A BRP está localizada em parte dos estados da Paraíba e do Ceará (Fig. 1). Faz parte do trend Cariri-Potiguar (Matos 1992Matos R.M.D. 1992. The Northeast Brazilian Rift System. Tectonics, 11(4):766-791.), o qual abrange bacias de pequeno a médio porte, desde a Bacia Potiguar (BPT) até a Bacia do Araripe (BAP), inseridas na Província Borborema. A estrutura destas bacias rifte é caracterizada por grabens e altos internos originados em consequência do estiramento crustal que antecedeu à fragmentação do continente Gondwana nas placas africana e sulamericana, durante o Eocretáceo (Françolin & Szatmari 1987Françolin J.B.L. & Szatmari P. 1987. Mecanismo de rifteamento da porção oriental da margem norte brasileira. Revista Brasileira de Geociências, 17(2):196-207., Sénant & Popoff 1991Sénant J. & Popoff M. 1991. Early Cretaceous extension in northeast Brazil related to the South Atlantic opening. Tectonophysics. 198:35-46., Ponte 1992Ponte F.C. 1992. Origem e evolução das pequenas bacias cretáceas do nordeste do Brasil. In: 2° Simpósio sobre as Bacias Cretácicas do Brasil. Rio Claro, p. 55-58., Françolin et al. 1994Françolin J.B.L., Cobbold P.R., Szatmari P. 1994. Faulting in the Early Cretaceous Rio do Peixe basin (NE Brazil) and its significance for the opening of the Atlantic. Journal of Structural Geology, 16(5):647-661., Matos 1999Matos R.M.D. 1999. Hystory of the Northeast Brasilian Rift Systems: kinematic implications for the break-up between Brazil and West Africa. In: Cameron N.R., Bate R.H., Clure, V.S. (eds.) The Oil and Gas Habitats of the South Atlantic. London, Geological Society, Special Publications, 153:55-73.).

Figura 1.
Localização da Bacia do Rio do Peixe, com destaque para a área de estudo, com vias de acesso, poços perfurados pela Petróleo Brasileiro S.A. e principais afloramentos estudados.

Na BRP, estratos cretáceos preenchem quatro semigrabens assimétricos, denominados Icozinho (SgI), Brejo das Freiras-Triunfo (SgBF-T), Sousa (SgS) e Pombal (SgP), separados por blocos aflorantes de granitóides brasilianos intrudidos em rochas metamórficas paleoproterozoicas (Medeiros et al. 2005Medeiros V.C., Amaral C.A., Rocha D.E.G.A., Santos R.B. 2005. Mapa geológicodos Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, escala 1:250.000. Programa Geologia do Brasil - PGB. Sousa. Folha SB.24-Z-A.. Recife, CPRM.). Estes semigrabens são delimitados por falhas NE, controladas pela Zona de Cisalhamento Portalegre (ZCPt) e, na porção sul, pela Falha de São Gonçalo (Malta), orientada aproximadamente E-O, paralela à Zona de Cisalhamento Patos (ZCPa).

De acordo com Carvalho e Leonardi (1992)Carvalho I.S. & Leonardi G. 1992. Geologia das Bacias de Pombal, Sousa, Uiraúna-Brejo das Freiras e Vertentes (Nordeste do Brasil). Anais da Academia Brasileira de Ciências, 64(3):231-252., a montagem do atual arcabouço litoestratigráfico da BRP teve início com os trabalhos de Braun (1969)Braun O.P.G. 1969. Geologia da Bacia do Rio do Peixe Nordeste do Brasil. Departamento Nacional da Produção Mineral/PROSPEC S.A., 23 p. (Relatório interno)., ao subdividir a Série Rio do Peixe (Moraes 1924Moraes L.J. 1924. Serras e montanhas do Nordeste. Ministério da Viação e Obras Públicas, Inspectoria de Obras contra as Seccas. Geologia. Rio de Janeiro, Série I. D., 58. (2ª ed. Coleção Mossoroense, Fundação Guimarães Duque, Escola Superior de Agricultura de Mossoró, 35, 1997) p. 43-49.) em três unidades informais (A, B e C), assim denominadas da base para o topo, equivalentes respectivamente às unidades informais 1, 2 e 3 de Ghignone et al. (1986)Ghignone J.I., Couto E.A., Assine, M.L. 1986. Estratigrafia e estrutura das bacias do Araripe, Iguatu e Rio do Peixe. In: 34° Congresso Brasileiro de Geologia, Goiânia, Anais, v. 1, p. 271-286..

As formações Antenor Navarro e Sousa, propostas por Costa (1964)Costa W.D. 1964. Nota preliminar da geologia da Bacia do Rio do Peixe. Boletim do Departamento de Geologia, 4:47-50., e Rio Piranhas, definida por Albuquerque (1970)Albuquerque J.P.T. 1970. Inventário Hidrogeológico do Nordeste. Folha nº 15. Recife, SUDENE, Divisão de Documentação, 187 p., foram reunidas no Grupo Rio do Peixe por Albuquerque (1970)Albuquerque J.P.T. 1970. Inventário Hidrogeológico do Nordeste. Folha nº 15. Recife, SUDENE, Divisão de Documentação, 187 p.. A Formação Rio Piranhas foi renomeada Piranhas (Mabesoone 1972Mabesoone J.M. 1972. Sedimentos do Grupo Rio do Peixe (Paraíba). In: 26° Congresso Brasileiro de Geologia, Belém, Boletim, v. 1: p. 236.) e com as formações Sousa e Antenor Navarro foram formalmente congregadas no Grupo Rio do Peixe (Mabesoone & Campanha 1974Mabesoone J.M. & Campanha V.A. 1973/1974. Caracterizacão estratigráfica dos Grupos Rio do Peixe e Iguatu. Estudos Sedimentológicos, 3/4:21-41.).

Os estratos da BRP têm sido preferencialmente posicionados no Cretáceo Inferior (Moraes 1924Moraes L.J. 1924. Serras e montanhas do Nordeste. Ministério da Viação e Obras Públicas, Inspectoria de Obras contra as Seccas. Geologia. Rio de Janeiro, Série I. D., 58. (2ª ed. Coleção Mossoroense, Fundação Guimarães Duque, Escola Superior de Agricultura de Mossoró, 35, 1997) p. 43-49., Braun 1969Braun O.P.G. 1969. Geologia da Bacia do Rio do Peixe Nordeste do Brasil. Departamento Nacional da Produção Mineral/PROSPEC S.A., 23 p. (Relatório interno).). Todavia, Mabesoone e Campanha (1974)Mabesoone J.M. & Campanha V.A. 1973/1974. Caracterizacão estratigráfica dos Grupos Rio do Peixe e Iguatu. Estudos Sedimentológicos, 3/4:21-41., por meio da análise de ostracodas, e Tinoco e Katoo (1975)Tinoco I.M. & Katoo I. 1975. Conchostraceos da Formação Sousa, Bacia do Rio do Peixe, Estado da Paraíba. In: 7° Simpósio de Geologia do Nordeste. Fortaleza, Boletim, p. 135-147., ao estudarem os conchostráceos da Formação Sousa, atribuíram o início da sedimentação ao Neojurássico e o término da mesma durante o Eocretáceo.

Em estudo palinológico das amostras de testemunhos do poço estratigráfico Lagoa do Forno nº 1 (2-LF-1-PB), perfurado no SgS, o Grupo Rio do Peixe foi primeiramente posicionado no Andar Aratu (Lima & Coelho 1987Lima M.R. & Coelho M.P.C.A. 1987. Estudo palinológico da sondagem de Lagoa do Forno Bacia do Rio do Peixe Cretáceo do Nordeste do Brasil. São Paulo. Boletim do Instituto de Geociências-USP, Série Científica, 18:67-83.) e depois reposicionado no Andar Rio da Serra (Regali 1990Regali M.S.P. 1990. Biocronoestratigrafia e paleoambiente do Eocretáceo das bacias do Araripe (CE) e Rio do Peixe PB), NE-Brasil. In: 1° Simpósio sobre a Bacia do Araripe e Bacias Interiores do Nordeste, Crato, Atas, p. 163-172.), podendo, no máximo, incluir a parte basal do Andar Aratu (Arai 2006Arai M. 2006. Revisão estratigráfica do Cretáceo Inferior das bacias interiores do Nordeste do Brasil. Geociências, 25(1):7-15.).

Diversos estudos (Antunes et al. 2007Antunes A.F., Andrade P.R.O., Jardim de Sá E.F., Lins F.A.P.L., Silva F.C.A., Sousa D.C., Córdoba V.C. 2007. Estilo tectônico do rifte na Bacia do Rio do Peixe. In: 22° Simpósio de Geologia do Nordeste. Natal, Boletim 20, p. 218., Costa P. et al. 2007Costa I.P., Bueno G.V., Milhomem P.S., Lima e Silva H.S.R., Kosin M.D. 2007. Sub-bacia de Tucano Norte e Bacia de Jatobá. Boletim de Geociências da Petrobras, 15(2):445-453., Córdoba et al. 2008Córdoba V.C., Antunes A.F., Jardim de Sá E.F., Nunes da Silva A., Sousa D.C., Lins F.A.P.L. 2008. Análise estratigráfica e estrutural da Bacia do Rio do Peixe Nordeste do Brasil: integração de dados a partir do levantamento sísmico pioneiro 0295_rio_do_peixe_2d. Boletim de Geociências da Petrobras, 16(1):53-68., Antunes et al. 2009Antunes A.F., Jardim de Sá E.F., Lins F.A.P.L., Córdoba V.C., Sousa D.C., Nunes da Silva A. 2009. Tectonic framework of the Rio do Peixe Basin (Northeast Brazil). In: 11th International Congress of the Brazilian Geophysical Society. Salvador, Extended Abstracts, p. 1-6., Nunes da Silva 2009Nunes da Silva A. 2009. Arquitetura litofácies e evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Rio do Peixe Nordeste do Brasil. MS Dissertation, Programa de Pós-Graduação Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 108p., Conde Blanco 2013Conde Blanco, A.J.P. 2013. Modelagem estrutural física de semigráben ortogonais e oblíquos à distensão regional: Influência da trama do embasamento e comparação com análogo do Nordeste Brasileiro. MS Dissertation, Programa de Pós-Graduação Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 65p.) trouxeram novas perspectivas sobre a evolução tectonossedimentar da bacia, com ênfase em contatos interdigitados entre as três formações.

Na margem flexural, depósitos fluviais entrelaçados (Lima Filho 1991Lima Filho M.F. 1991. Evolução Tectono-Sedimentar da Bacia do Rio do Peixe (PB). MS Dissertation, Departamento de Geologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 99 p.) são interpretados por Scherer et al. (2007)Scherer C.M.S., Córdoba V.C., Sousa D.C., Jardim de Sá E.F. 2007. Associações de fácies típicas de sitemas fluviais distributários na Bacia do Rio do Peixe, NE do Brasil. In: 22° Simpósio de Geologia do Nordeste. Natal, Boletim, p. 7. como fácies proximais de um sistema fluvial distributário que passam lateralmente para depósitos de planície aluvial com lobos de extravasamento distais. Junto à margem falhada do Semigraben de Brejo das Freiras, Sousa et al. (2007)Sousa D.C., Córdoba V.C. Jardim de Sá E.F. Scherer C.M.S., Antunes A.F., Nunes da Silva A., Andrade P.R.O. 2007. Arquitetura deposicional da Bacia do Rio do Peixe, NE do Brasil. In: 22° Simpósio de Geologia do Nordeste. Natal, Boletim 20, p. 5. identificaram depósitos de leques aluviais da Formação Piranhas interdigitados com as outras unidades.

Roesner et al. (2011)Roesner H.E., Lana C.C., Le Herissé A., Melo J.H.G. 2011. Bacia do Rio do Peixe (PB). Novos resultados biocronoestratigráficos e paleoambientais. In: Carvalho I.S., Srivastava N.K., Strohschoen Jr O., Lana C.C. (eds.) Paleontologia: Cenários de Vida, 3. Rio de Janeiro. Interciência, p. 135-141. identificaram uma associação palinológica diagnóstica da Zona Mórfon emsiensis de Rubinstein et al. (2005)Rubinstein C., Melo J.H.G., Steemans P. 2005. Lochkovian (earliest Devonian) miospores from the Solimões Basin, northwestern Brazil. Review of Paleobotany and Palinology, 133:91-113., datada como eolochkoviana-?eopraguiana, seguramente pré-neoemsiana (eodevoniana), até então desconhecida na bacia, em estratos sotopostos à tectonossequência cretácea inferior, amostrados em três poços perfurados pela Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRAS).

Os autores relatam a diminuição do conteúdo de elementos do microfitoplâncton de parede orgânica (MPO), em relação aos constituintes continentais (miósporos e fitoclastos), da porção basal para a superior da sucessão devoniana. Como os elementos do MPO têm afinidade marinha, este fato sugere mudança no ambiente deposicional de transicional para continental.

BASE DE DADOS E MÉTODOS

A base de dados utilizada neste estudo é composta por três poços pioneiros e pelo volume sísmico 3D do Rio do Peixe provenientes das atividades de exploração petrolífera realizadas pela PETROBRAS no bloco exploratório BRP-T-41, o qual está situado nos municípios de Santa Helena e São João do Rio do Peixe, na Paraíba (Fig. 1).

Os dados de poço são constituídos por testemunhos, amostras laterais e de calha, assim como dados digitais de perfis geofísicos convencionais (raios gama espectral, sônico, neutrão, densidade, resistividade, microrresistividade, caliper), além de perfil de imagem microrresistiva e de mergulho (dipmeter). O dado sísmico provém do levantamento sísmico 3D_Rio_do_Peixe, com 49,6 km² (Fig. 1).

A análise estratigráfica (Silva J. 2014Silva J.G.F. 2014. Análise estratigráfica de subsuperfície do Devoniano da Bacia do Rio do Peixe, Nordeste do Brasil. MS Dissertation, Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 194 p.) que fundamenta esta proposta utiliza a abordagem multidisciplinar, apoiada em técnicas de geologia sedimentar, tais como: interpretação de padrões de curvas e rastreamento de feições de perfis de poços, a caracterização de associações de fácies e de seus padrões de empilhamento, identificação de superfícies estratigráficas, interpretação de elementos e sistemas deposicionais, de tratos de sistemas, além da sismoestratigrafia ajustada aos dados biocronoestratigráficos disponíveis.

RESULTADOS

Correlação litológica

A partir da relação entre a descrição das amostras de calha, laterais e de testemunhos com os padrões de perfis geofísicos dos poços, foi construída uma coluna litológica interpretada para cada poço (Fig. 2), subdividida em unidades litológicas descritivas (sensu Miall 1990), denominadas UL1 a UL8, as quais serviram de base para correlação litoestratigráfica entre os poços.

Figura 2.
Perfis litológicos integrados dos poços estudados: (A) 1-PIL-1-PB (Pilões n° 1), (B) 1-TRF-1-PB (Triunfo n° 1) e (C) 1-STH-1-PB (Santa Helena n° 1).

Fácies e associações de fácies

A caracterização de fácies levou em conta a descrição de quatro testemunhos, treze amostras laterais e de centenas de amostras de calha, em conjunto com os perfis geofísicos de poço. Dados de afloramentos também foram utilizados, especialmente no caso das fácies vulcanoclásticas.

Baseado em critérios litológicos, tamanho de grão e estruturas sedimentares, Silva J. (2014)Silva J.G.F. 2014. Análise estratigráfica de subsuperfície do Devoniano da Bacia do Rio do Peixe, Nordeste do Brasil. MS Dissertation, Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 194 p. caracteriza doze fácies principais na sucessão devoniana da BRP, descritas sucintamente na Tab. 1, em ordem decrescente do tamanho de grão.

Tabela 1.
Fácies descritas na sucessão devoniana inferior.

Estas doze fácies foram agrupadas em sete associações de fácies, relacionadas a elementos deposicionais, sumariadas na Tab. 2. A descrição detalhada das fácies e das associações de fácies consta da dissertação inédita do primeiro autor (Silva J. 2014Silva J.G.F. 2014. Análise estratigráfica de subsuperfície do Devoniano da Bacia do Rio do Peixe, Nordeste do Brasil. MS Dissertation, Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 194 p.).

Tabela 2.
Associação de fácies interpretadas para a sucessão devoniana da Bacia do Rio do Peixe.

Padrões de empilhamento de fácies, superfícies-chave e unidades genéticas

O poço 1-PIL-1-PB (Pilões nº 1) foi escolhido como padrão, pois tem a sucessão sedimentar mais completa entre os três poços perfurados pela PETROBRAS (Fig. 2). Na Fig. 3, considerando-se a baixa frequência, podemos observar que o empilhamento é retrogradacional a partir da base da sucessão devoniana, com depósitos de tálus subaquoso (TS) seguidos de lobos areníticos subaquosos proximais e intermediários (LSP, LSI), os quais dão lugar a lobos areníticos subaquosos distais (LSD) e pelitos de fundo de bacia, carbonosos e muito radioativos. No topo destes, se posiciona uma superfície de inundação máxima (SIM), a partir da qual o padrão de empilhamento torna-se agradacional a progradacional, com pelitos prodeltaicos (PRD) que passam a arenitos grossos, em parte conglomeráticos, de origem fluviodeltaica (BFD), limitados por uma discordância angular (DS) no topo.

De acordo com a arquitetura estratigráfica proposta, a sucessão devoniana é interpretada como uma sequência transgressivo-regressiva sensu Johnson e Murphy (1984)Johnson J.G. & Murphy M.A. 1984. Time-rock model for Siluro-Devonian continental shelf, western United States. Geological Society of America Bulletin, 95(5):1349-1359.. Por outro lado, levando-se em conta a importância da tectônica na acomodação e preservação desta sucessão sedimentar, é denominada tectonossequência devoniana inferior, em consonância com a tectonossequência cretácea inferior (Grupo Rio do Peixe). Este arcabouço estratigráfico genético está sumariado na Fig. 3.

Figura 3.
Padrões de empilhamento e arcabouço estratigráfico genético do Devoniano Inferior.

Considerando-se os padrões de empilhamento das fácies e as superfícies estratigráficas-chave marcadas nos poços, interpreta-se na seção sísmica (Fig. 4): o refletor Rf1 como uma não-conformidade, que coincide com a superfície transgressiva (ST), na base dos depósitos de tálus ou lobos subaquosos proximais. O Rf2 representa a SIM, no topo do intervalo pelítico radioativo, e o refletor Rf3 está associado à discordância subaérea (DS), localmente angular (1-PIL-1-PB), no topo da tectonossequência devoniana inferior.

Figura 4.
Seção sísmica arbitrária (em tempo) passando pelos poços PIL-1 e TRF-1 e pelo Alto de Santa Helena, com destaque para a falha de Brejo das Freiras (Portalegre), limite entre o SgS e o SgBF-T, próxima ao poço 1-PIL-1-PB.

PROPOSTA DE NOVAS UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS

Os estratos devonianos têm identidade litológica, gênese e história geológica própria, limites definidos e rastreáveis em subsuperfície, por meio de perfis geofísicos de poço e de sísmica de reflexão. Também atendem aos critérios de uniformidade litológica, continuidade e mapeabilidade, conforme preconizado nos códigos e guias estratigráficos (Petri et al. 1986aPetri S., Coimbra A.M., Amaral G., Ojeda y Ojeda H., Fúlfaro V.J., Ponçano W.L. 1986a. Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica. Revista Brasileira de Geociências, 16(4):372-376., 1986bPetri S., Coimbra A.M., Amaral G., Ponçano W.L. 1986b. Guia de Nomenclatura Estratigráfica. Revista Brasileira de Geociências, 16(4):376-415., North American Commission on Stratigraphic Nomenclature 2005North American Commission on Stratigraphic Nomenclature (NACSN). 2005. North American Stratigraphic Code. American Association of Petroleum Geologists Bulletin, 89(11):1547-1591.).

As características litológicas e genéticas das unidades devonianas são diferentes das demais unidades litoestratigráficas da BRP, assim como das unidades potencialmente cronocorrelatas nas bacias do Parnaíba (BPB), Araripe (BAP) e Jatobá (BJB), além de estarem ausentes do Léxico Estratigráfico do Brasil (Baptista et al. 1984Baptista M.B., Braun O.P.G., Campos D.A. (eds). 1984. Léxico Estratigráfico do Brasil. Brasília, Departamento Nacional da Produção Mineral, 560 p.) e sem quaisquer referências em publicações geocientíficas nacionais e internacionais.

Formação Pilões

Justificativa

As características litofaciológicas, o contexto deposicional e os padrões de perfis geofísicos de poço da unidade proposta são distintos das unidades litoestratigráficas adjacentes ou potencialmente cronocorrelatas nas bacias do Parnaíba, Araripe e Jatobá.

Hierarquia

É proposta como Formação pois a unidade possui continuidade lateral e vertical suficiente para ser mapeada em subsuperfície e em superfície, na escala de 1:25.000.

Nome

A denominação Pilões é inédita e alude ao poço 1-PIL-1-PB (Pilões nº 1), no qual a unidade tem a seção-tipo descrita. O termo geográfico refere-se ao açude Pilões, localizado entre os municípios de Triunfo e São João do Rio do Peixe, na Paraíba (Fig. 1).

Poço-tipo

A unidade tem a seção-tipo descrita no poço 1-PIL-1-PB (Fig. 5), cujas coordenadas geográficas são: 6° 42' 45,340" S de latitude e 38° 33' 43,624" O de longitude, situado na localidade de Melancia, Município de Santa Helena, na Paraíba (Fig. 1). A cota altimétrica é 274,3 m.

Figura 5.
Perfil-tipo da Formação Pilões no poço 1-PIL-1-PB, com destaque para as fácies interestratificadas, com arenitos finos a muito finos e pelitos carbonosos (Iap, Ipa e Pc).

Repositório de amostras

As amostras de rochas (testemunhos, amostras laterais e de calha) da Formação Pilões estão depositadas na Gerência de Sedimentologia e Estratigrafia, da Gerência de Exploração da Unidade Operacional do Rio Grande do Norte e Ceará, PETROBRAS, localizada na Rua Euzébio Rocha, nº 1000, Cidade da Esperança, Natal, Rio Grande do Norte.

Descrição

Esta unidade é composta predominantemente por siltitos e argilitos, cinza-escuros a claros, também castanho-avermelhados (oxidados), em parte verde-claros, laminados ou maciços, localmente com grãos de quartzo e fragmentos de rocha dispersos, com intervalos carbonosos betuminosos, muito radioativos, com grumos e níveis ricos em analcima e concreções de calcita.

Arenitos cinza-claro/esverdeados, acastanhados a alaranjados, de granulação fina a grossa, quartzosos, feldspáticos, micáceos (biotita e muscovita), com intraclastos pelíticos, seleção moderada a pobre, maciços ou com gradação normal, estratificação plano-paralela e cruzada de baixo ângulo e topo ondulado ou com laminação cruzada por corrente. Estes arenitos ocorrem em camadas isoladas ou em ciclos (ritmitos) compostos por camadas centimétricas a métricas.

Na porção superior, predominam siltitos cinza-escuros a claros, maciços ou com laminações plano-paralelas, com anomalia nos perfis densidade e neutrão, provavelmente devido à influência vulcânica (cloritização).

Localmente, na base da unidade, ocorrem conglomerados seixosos e arenitos conglomeráticos, sotopostos a ortoconglomerado, com aspecto de brecha sedimentar, composto por seixos, calhaus e blocos subarredondados a angulosos e, em parte muito cimentados, com as fácies pelíticas e areníticas intercaladas.

Em superfície, ocorre como folhelhos rijos/médios (semiduros) a moles, castanho-avermelhados, roxos a amarelo-mostarda, e arenitos muito finos, maciços, micáceos, com gradação normal para siltitos. Subordinadamente, arenitos finos a muito finos, maciços a laminados, localmente com microlaminações clinoascendentes e estruturas convolutas, em camadas decimétricas, passando para o topo a arenitos conglomeráticos com seixos e grânulos angulosos, em corpos tabulares, com topo e base planos, com espessura centimétrica a decimétrica, contínuas lateralmente por dezenas de metros.

Limites, espessura e área de ocorrência

No poço-tipo (Fig. 5) a unidade tem 300 m de espessura (isócora) e o limite superior é transicional, marcado a 652,0 m (-372,7 m) de profundidade medida, no topo do pacote pelítico estratigraficamente mais elevado. O limite inferior está a 952,0 m (-672,7 m), ao nível da superfície de não-conformidade. Na área do bloco BRP-T-41, a unidade está encaixada num baixo estrutural de direção NO-SE, sobre o Alto de Santa Helena, adelgaçando para nordeste, sudoeste e sudeste, por efeito de falhas e erosão.

Correlação bioestratigráfica e idade

Com abundantes palinomorfos e estéril em ostracodas, de acordo com Roesner et al. (2011)Roesner H.E., Lana C.C., Le Herissé A., Melo J.H.G. 2011. Bacia do Rio do Peixe (PB). Novos resultados biocronoestratigráficos e paleoambientais. In: Carvalho I.S., Srivastava N.K., Strohschoen Jr O., Lana C.C. (eds.) Paleontologia: Cenários de Vida, 3. Rio de Janeiro. Interciência, p. 135-141. esta unidade possui uma associação palinológica diagnóstica do Eodevoniano, correlacionada à porção superior da Formação Jaicós, do Grupo Serra Grande, e à parte inferior da Formação Itaim, do Grupo Canindé, da Bacia do Parnaíba (Vaz et al. 2007Vaz P.T., Rezende N.G.A.M., Wanderley Filho J.R., Travassos W.A.S. 2007. Bacia do Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobras, 15(2):253-263.).

Na Bacia do Amazonas correlaciona-se às formações Manacapuru e Jatapu, do Grupo Trombetas (Cunha et al. 2007Cunha P.R.C., Melo J.H.G., Silva O.B. 2007. Bacia do Amazonas. Boletim de Geociências da Petrobras, 15(2):227-251.), e na Bacia do Paraná à Formação Furnas e à porção inferior do Membro Jaguariaíva da Formação Ponta Grossa, na base do Grupo Paraná (Milani et al. 2007Milani E.J., Melo, J.H.G., Souza P.A., Fernandes L.A., França A. B. 2007. Bacia do Paraná. Boletim de Geociências da Petrobras, 15(2):265-287.).

Gênese e contexto paleogeográfico

Nesta unidade, predominam pelitos e psamitos interacamadados depositados por fluxos gravitacionais de sedimentos (associações de fácies LSP, LSD e LSI) interpretados como lobos subaquosos provenientes de leques deltaicos e de deltas do tipo entrelaçado (associação de fácies BFD), e que passam a fácies pelíticas de prodelta (associação de fácies PRD), no topo. Na porção basal, podem estar presentes depósitos psefíticos de tálus subaquoso (associação de fácies TS) e intercalações de vulcanoclásticas (associação de fácies DV).

As interpretações, com base na análise sismoestratigráfica, na arquitetura dos sistemas/elementos deposicionais e nos dados palinológicos (Roesner et al. 2011Roesner H.E., Lana C.C., Le Herissé A., Melo J.H.G. 2011. Bacia do Rio do Peixe (PB). Novos resultados biocronoestratigráficos e paleoambientais. In: Carvalho I.S., Srivastava N.K., Strohschoen Jr O., Lana C.C. (eds.) Paleontologia: Cenários de Vida, 3. Rio de Janeiro. Interciência, p. 135-141.) e micropetrográficos (Silva I. 2014Silva I.T. 2014. Evolução diagenética e caracterização dos reservatórios da seção devoniana na Bacia do Rio do Peixe-Nordeste do Brasil. MS Dissertation, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 144 p.) sugerem uma mudança no ambiente deposicional de transicional (água salobra) para continental (água doce).

Observações

Esta unidade está bem representada no poço 1-TRF-1-PB e está parcialmente erodida no poço 1-STH-1-PB.

Formação Triunfo

Justificativa

Os padrões de perfis geofísicos de poço, as características petrográficas, litológicas e faciológicas, o ambiente deposicional e o contexto tectônico são distintos das unidades litoestratigráficas adjacentes ou potencialmente cronocorrelatas nas bacias do Parnaíba (formações Jaicós e Itaim), Araripe (Formação Cariri) e Jatobá (Formação Tacaratu).

Hierarquia

É proposta como Formação, pois possui persistência lateral e vertical para ser mapeada, na escala de 1:25.000, em subsuperfície e em superfície. Aflora em outros pontos da margem flexural do SgS, fora dos limites da área estudada.

Nome

A denominação Triunfo refere-se ao poço 1-TRF-1-PB (Triunfo n° 1) no qual a unidade tem a seção-tipo. O termo geográfico faz referência ao município homônimo, no Estado da Paraíba.

Topônimo semelhante já havia sido utilizado por Galeão da Silva et al. (1974)Galeão da Silva G., Lima M.I.C., Andrade A.R.F., Issler R.S.; Guimarães, G. 1974. Geologia das folhas SB.22 Araguaia e parte da folha SC.22 Tocantins.. In: BRASIL, Departamento Nacional da Produção Mineral. Projeto RADAM, Levantamento de Recursos Naturais. Rio de Janeiro, p. 1-143. para uma unidade clástica pré-cambriana da Bacia do Amazonas. Porém, a designação original "Formação Prosperança" sensu Caputo et al. (1972Caputo M.V., Rodrigues R. Vasconcelos D.N.N. 1972. Nomenclatura estratigráfica da Bacia do Amazonas: histórico e atualização. In: 26° Congresso Brasileiro de Geologia. Belém, Anais, v. 3, p. 35-46.) tem sido utilizada formalmente nas cartas estratigráficas das bacias do Amazonas (Cunha et al. 2007Cunha P.R.C., Melo J.H.G., Silva O.B. 2007. Bacia do Amazonas. Boletim de Geociências da Petrobras, 15(2):227-251.) e Solimões (Wanderley Filho et al. 2007Wanderley Filho J.R., Eiras J.F., Vaz P.T. 2007. Bacia do Solimões. Boletim de Geociências da Petrobras, 15(2):217-225.).

Schneider et al. (1974)Schneider R.L., Mühlmann H., Tommasi E., Medeiros A., Daemon R.F. Nogueira A.A. 1974. Revisão estratigráfica da Bacia do Paraná. In: 28° Congresso Brasileiro de Geologia, Porto Alegre, Anais, v. 1, p. 41-65. denominaram como "Membro Triunfo" o primeiro dos três intervalos estratigráficos da Formação Rio Bonito, Permiano da Bacia do Paraná, tomando como referência o município de São João do Triunfo (PR), onde está situada a seção-tipo da unidade. Portanto não há motivo para confusão em termos de posição geográfica, de litocronoestratigrafia ou de hierarquia entre a unidade da Bacia do Paraná e esta aqui proposta para a Bacia do Rio do Peixe.

Poço-tipo

A unidade tem a seção-tipo descrita no poço 1-TRF-1-PB (Fig. 6), cujas coordenadas geográficas são: 6° 43' 8,837" S de latitude e 38° 31' 45,683" O de longitude, situado no Município de Santa Helena, Paraíba (Fig. 1). A cota altimétrica é 255,8 m.

Figura 6.
Perfil-tipo da Formação Triunfo no poço 1-TRF-1-PB, com destaque para a imagem microrresistiva dos arenitos grossos conglomeráticos estratificados (AG) e seu aspecto em amostra de calha, no poço 1-PIL-1-PB.

REPOSITÓRIO DAS AMOSTRAS DE ROCHA

As amostras de calha representativas da Formação Triunfo estão depositadas na Gerência de Sedimentologia e Estratigrafia, da Gerência de Exploração da Unidade Operacional do Rio Grande do Norte e Ceará, localizada na Rua Euzébio Rocha, nº 1000, Cidade da Esperança, Natal, Rio Grande do Norte.

Descrição

É composta principalmente por arenitos cinza-esbranquiçados ou hialinos, localmente avermelhados, grossos a conglomeráticos, mal selecionados, com grãos subangulares a subarredondados, quartzosos, feldspáticos, caulínicos, com arenitos finos a médios subordinados. São calcíferos, friáveis a desagregados, com boa porosidade aparente, contendo estratificações cruzadas visíveis na imagem microrresistiva, e raros siltitos e argilitos cinza-escuros, verde-claros e castanho-avermelhados/escuros, micáceos, moles e hidratáveis intercalados.

Em superfície, é comum uma crosta avermelhada devido ao intemperismo e precipitação de óxido de ferro, porém a rocha fresca geralmente é cinza-esbranquiçada. As melhores exposições, em corte, estão nas terras da Fazenda Areias, a sudoeste da casa-sede, no término de uma estrada carroçável que dá acesso à base de uma locação não perfurada pela PETROBRAS (Afloramento 13 - latitude 6° 42' 55.00" S e longitude 38° 32' 46,67" O).

No afloramento 13, o empilhamento perfaz cerca de quatro metros (4 m), composto por ciclos decimétricos a métricos, com granodecrescência ascendente, os quais iniciam com conglomerados e/ou arenitos conglomeráticos, com seixos angulosos a subangulosos, predominantemente de quartzo, passando a arenitos muito grossos a grossos, localmente médios, caulínicos, com camadas pelíticas arroxeadas na porção superior da sucessão vertical. Predominam estratificações cruzadas acanaladas de médio porte e tangenciais, com sentido preferencial de paleocorrentes para ONO (270° - 290°), medidas de forma expedita em dois pontos do afloramento, portanto sem representação estatística.

Limites, espessura e ocorrência

No poço-tipo (Fig. 6), a unidade tem 49 m de espessura (isócora), com o limite superior discordante, posicionado a 44,0 m (216,8 m), e o inferior a 93,0 m (167,8 m), de profundidade medida, marcado na base do pacote expressivo de arenito, estratigraficamente mais inferior, em contato abrupto-conforme com a Formação Pilões.

Está presente no poço 1-PIL-1-PB, com 43 m de espessura, em contato basal gradacional-interdigitado, com a Formação Pilões, e limitada no topo por uma discordância angular com a Formação Sousa. Está ausente no poço 1-STH-1-PB.

Correlação bioestratigráfica e idade

Esta unidade é estéril em ostracodas. Devido à natureza essencialmente arenoconglomerática, contém poucos palinomorfos indicativos de idade eodevoniana. É posicionada no Devoniano Inferior, devido à evidência de discordância angular no seu topo, a composição arcoseana e a concordância da atitude do seu acamamento e do rumo de paleocorrentes, com a unidade sotoposta (Formação Pilões), com a qual mostra contato gradacional-interdigitado, no poço 1-PIL-1-PB.

Gênese e contexto paleogeográfico

Esta unidade arenoconglomerática foi depositada em uma fase de assoreamento da bacia eodevoniana, dominada por um sistema deposicional interpretado como fluviodeltaico entrelaçado (fluvial-braided delta) representado pela associação de fácies BFD.

Em termos paleogeográficos, a unidade representa um ambiente deposicional continental a montante dos ambientes parálico e marinho plataformal, característicos das formações Jaicós (parte mais superior) e Itaim (parte mais inferior) na Bacia do Parnaíba (Vaz et al. 2007Vaz P.T., Rezende N.G.A.M., Wanderley Filho J.R., Travassos W.A.S. 2007. Bacia do Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobras, 15(2):253-263.)

Observações

No poço 1-PIL-1-PB, o acamamento mergulha entre 10° e 15° para S-SE, em discordância angular, a 609 m de profundidade, com a base da Formação Sousa.

Na localidade de Sítio Tanque (latitude 6° 41' 00,2'' S e longitude 38° 21' 06,9" O), a 20 Km a ENE do poço 1-TRF-1-PB, a unidade assenta-se sobre o embasamento e tem paleocorrentes com rumo para ONO.

Grupo Santa Helena

Justificativa

As formações Pilões e Triunfo estão geneticamente relacionadas e constituem o registro de subsidência mecânica eodevoniana durante a evolução tectonossedimentar da bacia. Estão separadas do Grupo Rio do Peixe por uma discordância com um hiato de cerca de 265 milhões de anos. Portanto, é factível agrupá-las numa unidade litoestratigráfica do mesmo nível hierárquico da unidade cretácea.

Nome

O nome Santa Helena faz referência ao município homônimo, no qual foi perfurado o poço 1-STH-1-PB (Santa Helena n°1), no Estado da Paraíba (Fig. 1). De acordo com o Léxico Estratigráfico do Brasil (Baptista et al. 1984Batista Z.V., Valença L.M., Neumann V.H., Silva S.M.A., Vieira M.M. 2011. Caracterização petrográfica dos arenitos da Formação Mauriti, Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil. Estudos Geológicos, 21(1):41-58.), este termo foi utilizado por Miranda e Silva (1978)Miranda L.L.F. & Silva J.G. 1978. Estratigrafia e mineralizações do Grupo Bambuí na Serra do Ramalho. In: 30° Congresso Brasileiro de Geologia, Recife, Anais, v. 6, p. 2534-2547. para uma das formações do Grupo Bambuí. Contudo, não consta na carta estratigráfica da Bacia do São Francisco (Zalán & Silva 2007Zalán P.V. & Silva, P.C.R. 2007. Bacia do São Francisco. Boletim de Geociências da Petrobras, 15(2):561-570.), na qual figura a "Formação Serra de Santa Helena", proposta originalmente com Membro da Formação Paraopeba por Costa e Branco (1961)Costa M.T. & Branco J.J.R. 1961. Roteiro para a excursão Belo Horizonte - Brasília. In: Branco, J.J.R. (ed.). Contribuição ao 14° Congresso Brasileiro de Geologia. Belo Horizonte, Instituto de Pesquisas Radioativas, Publicação, 15:9-25..

A erosão da seção devoniana sobre as ombreiras do graben, e sobre a rampa do embasamento (SE), levou à maior preservação dos estratos do Grupo Santa Helena no quadrante NO da área, onde estão localizados os primeiros degraus profundos do Alto de Santa Helena. A unidade tem a seção mais completa, 343 m de espessura (isócora), amostrada no poço 1-PIL-1-PB (Pilões nº 1), indicada na Fig. 5.

A identificação de palinomorfos devonianos no poço 2-LF-1-PB (Lima & Coelho 1987Lima M.R. & Coelho M.P.C.A. 1987. Estudo palinológico da sondagem de Lagoa do Forno Bacia do Rio do Peixe Cretáceo do Nordeste do Brasil. São Paulo. Boletim do Instituto de Geociências-USP, Série Científica, 18:67-83.), no SgS, e na Bacia de Icó (Lima 1990Lima M.R. 1990. Estudo palinológico de sedimentos da Bacia de Icó, Cretáceo do Estado do Ceará, Brasil. Boletim do Instituto de Geociências-USP, Série Científica, 21:35-46.), além de litotipos semelhantes na localidade de Sítio Tanque e em outras bacias interiores, sugerem que a unidade tenha ocorrência mais ampla.

brecha vulcânica Poço da Jurema

Justificativa

São rochas vulcanoclásticas, caracterizadas nesta pesquisa, cuja descrição litológica possibilita a identificação da mesma em outras áreas da BRP e da região.

Hierarquia

É proposta como unidade informal, pois representa um registro vulcânico investigado apenas petrograficamente, cuja área de ocorrência pode não estar plenamente delimitada. Estudos faciológicos e litogeoquímicos, além de datação geocronológica, são necessários para melhor caracterização e formalização.

Nome

O termo litológico faz referência ao litotipo predominante e o termo geográfico refere-se ao Riacho Poço da Jurema, localizado próximo à área de afloramento da unidade.

Área de exposição

Aflora em uma frente de lavra e nas circunvizinhanças (Afloramento 25: latitude 6° 42'7.59" S e longitude 38° 31'35.12" O), às margens da linha férrea ao sul do açude Pilões, entre os municípios de Triunfo e São João do Rio do Peixe, no Estado da Paraíba (Fig. 1).

Descrição

É composta por brechas vulcânicas, com fragmentos angulosos a subangulosos de rochas do embasamento (xistos, milonitos e granitóides) em matriz fina, geralmente cloritizada, localmente com feições de escape de gases (vesículas milimétricas a submilimétricas), acamamento incipiente a pobremente definido. Localmente, há ignimbritos creme-alaranjados, com material juvenil (púmice) e estruturas típicas de fiammes, além de litoclastos do embasamento e raros moldes de possíveis clastos pelíticos incorporados ao fluxo (Fig. 7). O acamamento mergulha entre 30° e 35° para SSE.

Figura 7.
Características das brechas vulcânicas clasto-sustentadas (Bcm), matriz-sustentadas (Bmm) e ignimbritos (Igb).

Gênese

A origem destes depósitos está ligada a vulcanismo explosivo, com fluxos piroclásticos e deposição de fácies subaéreas (brechas e ignimbritos) nas margens da bacia e de fácies subaquosas decorrentes da queda de cinzas nas áreas submersas mais distais. Este vulcanismo provavelmente está relacionado à reativação frágil de lineamentos brasilianos que também originou o graben devoniano.

Limites, espessura e área de ocorrência

Na área-tipo, a unidade tem, no mínimo, oito metros (8 m) de espessura estimada, é tabular com acamamento irregular, aparentemente amalgamado. O limite inferior é não-conforme e o superior é dado pela superfície atual do terreno. O contato lateral é por falha com a Formação Piranhas e abrupto-conforme com a Formação Pilões.

Correlação bioestratigráfica e idade

Por ser estéril em fósseis, a idade mínima desta unidade é inferida como eodevoniana devido à presença de fragmentos vulcânicos em amostras de calha do poço 1-PIL-1-PB, coletadas no intervalo sotoposto aos dos estratos do Devoniano Inferior, os quais têm níveis ricos em analcima e clorita que podem ser produtos de alteração de cinzas vulcânicas depositadas com os sedimentos devonianos (Silva I. 2014Silva I.T. 2014. Evolução diagenética e caracterização dos reservatórios da seção devoniana na Bacia do Rio do Peixe-Nordeste do Brasil. MS Dissertation, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 144 p.).

Esta unidade também pode ser correlacionada ao ignimbrito reportado por Cordani et al. (1984)Cordani U.G., Neves B.B.B., Fuck R.A., Porto R., Thomaz Filho A., Cunha F.M.B. 1984. Estudo preliminar de integração do Pré-Cambriano com os eventos tectônicos das bacias sedimentares brasileiras, Ciência Técnica Petróleo, 15:1-70., na base do poço 1-IZ-1- MA, interpretado como de idade siluriana ou mais antiga.

Observações

Estudos de campo, faciológico, litogeoquímico e petrográfico são necessários para uma melhor caracterização das fácies vulcanoclásticas e da área de ocorrência.

Ocorrência das unidades devonianas e suas relações estratais em superfície

No quadrante noroeste do mapa geológico (Fig. 8A), as unidades devonianas afloram. Ao longo da falha de Brejo das Freiras, as formações Pilões e Triunfo e as brechas vulcânicas limitam-se com a Formação Piranhas.

Figura 8.
Mapa geológico e seção geológica AA', passando pelos poços STH-1 e TRF-1.

No bloco alto da mesma falha, o limite da Formação Pilões com o embasamento é não-conforme, embora localmente possa ser por falha, como interpretado a partir da sísmica (Figs. 4 e 8B). Aflora nos quadrantes NO e NE em contato gradacional-interdigitado com a Formação Triunfo, na cuesta alinhada à falha de Brejo das Freiras, e abrupto-conforme, com corpos isolados da mesma unidade, na borda norte do SgS.

O contato das brechas e ignimbritos (brecha vulcânica Poço da Jurema) com o embasamento é não-conforme. Com a Formação Piranhas, o contato se dá por falha, e com a Formação Pilões é aparentemente abrupto-conforme, embora possa ser discordante se o evento vulcânico não for contemporâneo à sedimentação devoniana. Nos poços, estas vulcanoclásticas podem estar indiferenciadas na base da Formação Pilões (Fig. 8B).

O limite das unidades devonianas com a Formação Sousa é discordante, localmente angular, porém difícil de ser mapeado, em superfície, devido à cobertura de solo. No mapa está inferido com base em dados de afloramento, do relevo e de imagem de satélite.

DISCUSSÃO

No prefácio ao Léxico Estratigráfico do Brasil (Baptista et al. 1984Baptista M.B., Braun O.P.G., Campos D.A. (eds). 1984. Léxico Estratigráfico do Brasil. Brasília, Departamento Nacional da Produção Mineral, 560 p.), o geólogo Oscar Braun orienta sobre a criação de novas unidades estratigráficas, as quais devem atender aos requisitos e critérios codificados, além de promover necessariamente a simplificação do conhecimento geológico. A denominação deve ser corolário da existência inequívoca da unidade, a qual deve ser descrita e classificada de acordo com o método científico e a sistemática adequada.

Embora a existência de estratos devonianos na BRP esteja bem embasada em dados bioestratigráficos (Roesner et al. 2011Roesner H.E., Lana C.C., Le Herissé A., Melo J.H.G. 2011. Bacia do Rio do Peixe (PB). Novos resultados biocronoestratigráficos e paleoambientais. In: Carvalho I.S., Srivastava N.K., Strohschoen Jr O., Lana C.C. (eds.) Paleontologia: Cenários de Vida, 3. Rio de Janeiro. Interciência, p. 135-141.), a proposta de novas unidades carece de reflexão mais aprofundada, mormente as implicações no arcabouço estratigráfico local e regional.

No âmbito local, o primeiro ponto a ser discutido trata da classificação litoestratigráfica dos conglomerados e brechas associados à porção basal da tectonossequência devoniana.

Formalmente descritos como parte da Formação Antenor Navarro por Mabesoone e Campanha (1974)Mabesoone J.M. & Campanha V.A. 1973/1974. Caracterizacão estratigráfica dos Grupos Rio do Peixe e Iguatu. Estudos Sedimentológicos, 3/4:21-41., as brechas e conglomerados imaturos, localmente cimentados (silicificados), junto às bordas falhadas, também têm sido relacionados à Formação Piranhas (Barbosa Junior et al. 1986Barbosa Junior W.V, Silva I.B., Santos R.C., Pimentel C.A.C., Nóbrega V.A, Mabesoone J.M. 1986. Revisão geológica da parte oriental da Sub-bacia de Sousa (Bacia do Rio do Peixe). In: 34° Congresso Brasileiro de Geologia. Goiânia, Anais, v. 1, p. 208-220.), como ocorre na área estudada, que abrange o Alto de Santa Helena e a borda falhada do SgBF-T (Sousa et al. 2007Sousa D.C., Córdoba V.C. Jardim de Sá E.F. Scherer C.M.S., Antunes A.F., Nunes da Silva A., Andrade P.R.O. 2007. Arquitetura deposicional da Bacia do Rio do Peixe, NE do Brasil. In: 22° Simpósio de Geologia do Nordeste. Natal, Boletim 20, p. 5., Córdoba et al. 2008Córdoba V.C., Antunes A.F., Jardim de Sá E.F., Nunes da Silva A., Sousa D.C., Lins F.A.P.L. 2008. Análise estratigráfica e estrutural da Bacia do Rio do Peixe Nordeste do Brasil: integração de dados a partir do levantamento sísmico pioneiro 0295_rio_do_peixe_2d. Boletim de Geociências da Petrobras, 16(1):53-68., Nunes da Silva 2009Nunes da Silva A. 2009. Arquitetura litofácies e evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Rio do Peixe Nordeste do Brasil. MS Dissertation, Programa de Pós-Graduação Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 108p.). Embora algumas destas brechas e ignimbritos associados tenham sido descritas como depósitos da Formação Rio Piranhas (Nunes da Silva 2009Nunes da Silva A. 2009. Arquitetura litofácies e evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Rio do Peixe Nordeste do Brasil. MS Dissertation, Programa de Pós-Graduação Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 108p.), esta interpretação está sendo revista, uma vez que as mesmas têm natureza vulcânica.

No perfil de imagem do poço 1-PIL-1-PB, são interpretadas brechas de tálus interdigitadas com a seção arenopelítica da Formação Pilões, sobrepostas a conglomerados, arenitos conglomeráticos e rochas vulcanoclásticas, cujos fragmentos estão presentes em amostras de calha próximas ao topo do embasamento. Ao considerar estas evidências de poço, conclui-se que há brechas vulcânicas depositadas durante o Eodevoniano ou, no mínimo, mais antigas.

Por certo, há brechas (sedimentares, vulcânicas ou de falha) e conglomerados, de diferentes idades, associados ao preenchimento da BRP. Cada caso deve ser avaliado com base nas características litológicas e nas relações de contato destes litotipos com as unidades cretáceas ou devonianas, evitando-se o risco da generalização.

Outra questão, com reflexo no arcabouço estratigráfico local, refere-se ao posicionamento dos arenitos estratificados e conglomerados intercalados (UL5 nas Figs. 2A e 2B) na Formação Triunfo, dentro da tectonossequência devoniana inferior, ou na Formação Antenor Navarro (tectonossequência cretácea inferior), posto ainda não haver datação inequívoca para apoiar uma ou outra hipótese.

Os dados de poços, sismoestratigráficos e de afloramentos indicam uma discordância angular, entre a base da Formação Sousa e o topo da Formação Triunfo, cuja atitude do acamamento mantém continuidade com a da Formação Pilões, além do contato gradacional-interdigitado entre estas duas unidades, no poço 1-PIL-1-PB (Figs. 2A e 5). Outro aspecto relevante, é que a espessura destes arenitos é praticamente a mesma nos poços 1-PIL-1-PB, perfurado na margem falhada do SgBF-T, e no 1-TRF-1-PB, perfurado na margem flexural do SgS, o que sugere a deposição do sistema fluviodeltaico em um depocentro único. Além disso, os arenitos devonianos são arcóseos (Silva I. 2014Silva I.T. 2014. Evolução diagenética e caracterização dos reservatórios da seção devoniana na Bacia do Rio do Peixe-Nordeste do Brasil. MS Dissertation, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 144 p.) e os da Formação Antenor Navarro são quatzoarenitos (Costa 2010Costa A.B.S. 2010. Diagênese e proveniência dos arenitos da Tectonossequência Rifte nas bacias do Rio do Peixe e Araripe, NE do Brasil. MS Dissertation, Programa de Pós-Graduação Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 96 p.), o que sugere área-fonte e/ou contexto tectonossedimentar distintos para estas unidades.

No tocante às implicações no âmbito regional, as unidades propostas podem ser confrontadas com as cronocorrelatas nas bacias paleozoicas mais próximas. A sedimentação pelitopsamítica do Grupo Santa Helena ocorreu em um graben de águas doces a salobras, com paleocorrentes orientadas para o quadrante NO, sem continuidade deposicional com a sedimentação arenítica da parte superior do Grupo Serra Grande (Caputo & Lima 1984Caputo M.V., Rodrigues R. Vasconcelos D.N.N. 1972. Nomenclatura estratigráfica da Bacia do Amazonas: histórico e atualização. In: 26° Congresso Brasileiro de Geologia. Belém, Anais, v. 3, p. 35-46., Santos & Carvalho 2004Santos M.E.C.M. & Carvalho M.S.S. 2004. Paleontologia das bacias do Parnaíba, Grajaú e São Luís. Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil, CPRM. Serviço Geológico do Brasil DIEDIG/DEPAT, Rio de Janeiro. CPRM/DIEDIG/DEPAT. (CD-ROM). 212 p.) e nem com a parte inferior do Grupo Canindé (Vaz et al. 2007Vaz P.T., Rezende N.G.A.M., Wanderley Filho J.R., Travassos W.A.S. 2007. Bacia do Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobras, 15(2):253-263.), na margem leste do mar epicontinental Parnaíba.

Nas duas bacias, há diferenças entre as unidades cronoequivalentes, tais como a ausência, na unidades da Bacia do Parnaíba, do intervalo com pelitos carbonosos, com forte anomalia radioativa, e do intervalo pelítico com influência vulcânica, com anomalia no perfil neutrão, ambos na Formação Pilões.

Na Bacia do Jatobá, localizada a cerca de 90 km a sul da BRP, a Formação Tacaratu representa a sedimentação silurodevoniana ((Costa I. et al. 2007Costa I.P., Bueno G.V., Milhomem P.S., Lima e Silva H.S.R., Kosin M.D. 2007. Sub-bacia de Tucano Norte e Bacia de Jatobá. Boletim de Geociências da Petrobras, 15(2):445-453.)). Da mesma firma, na Bacia do Araripe, a Formação Cariri representa estratos do Ordoviciano Superior-Devoniano Inferior (Assine 2007Assine M.L. 2007. Bacia do Araripe. Boletim de Geociências da Petrobras, 15(2):371-389.). Não obstante estas unidades sejam afossilíferas, poderiam ser enquadradas em um mesmo contexto deposicional do Grupo Santa Helena.

A orientação média das paleocorrentes destas unidades eopaleozoicas, para N-NO (Assine 1994Assine M.L. 1994. Paleocorrentes e paleogeografia na Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Geociências, 24(4):223-232.), é compatível com o rumo dos paleofluxos da Formação Triunfo para o quadrante NO. No entanto, nesta predominam arcóseos, com provável área-fonte do tipo bloco continental soerguido (rifte) a transicional (Silva I. 2014Silva I.T. 2014. Evolução diagenética e caracterização dos reservatórios da seção devoniana na Bacia do Rio do Peixe-Nordeste do Brasil. MS Dissertation, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 144 p.), ao passo que, nas outras unidades, a composição é quartzoarenítica, subordinadamente subarcoseana a sublitarenítica, com proveniência de região cratônica estável, com alguma reativação de borda (Carvalho et al. 2010Carvalho R.R., Neumann V.H., Fambrini G.L., Vieira M.M., Rocha D.E.G.A. 2010. Origem e proveniência da Sequência Siliciclástica inferior da Bacia do Jatobá. Estudos Geológicos, 20(2):113-127., Batista et al. 2011Batista Z.V., Valença L.M., Neumann V.H., Silva S.M.A., Vieira M.M. 2011. Caracterização petrográfica dos arenitos da Formação Mauriti, Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil. Estudos Geológicos, 21(1):41-58.).

Mesmo considerando a área-fonte e gênese comuns para estas unidades, a Formação Triunfo, por ser arcoseana, teria pouca probabilidade de ter continuidade deposicional com as formações Tacaratu e Cariri, pois foi depositada a jusante das mesmas. Portanto, deveria ser mais matura composicional e texturalmente. Embora as rochas vulcanoclásticas possam ter sido a fonte local para este aporte de feldspatos.

Diante do exposto, conclui-se ser válida a classificação litoestratigráfica proposta, pois discrimina unidades com características litológicas distintas entre si. Porém, são geneticamente relacionadas a uma mesma fase de subsidência mecânica devoniana, cujo registro preservado na área estudada pode ser apenas um relicto de um sistema mais amplo de grabens eodevonianos.

Estas novas unidades vêm simplificar o conhecimento atual da BRP, ao atribuir uma identidade própria aos estratos devonianos e às vulcanoclásticas associadas, o que possibilitará o seu reconhecimento e mapeamento na bacia e em outros sítios deposicionais da Província Borborema.

CONCLUSÕES

A evolução tectonossedimentar da BRP é mais complexa do que se pensava. Pelo menos em dois semigrabens, ocorrem duas fases de subsidência mecânica e não apenas uma (eocretácea). O sítio da sedimentação sintectônica foi, provavelmente, um graben com significativo influxo de água doce, porém com períodos nos quais havia conexão com águas marinhas (mar Parnaíba), propiciando águas salobras em seu interior, semelhante ao que ocorre atualmente no mar báltico.

A tectonossequência devoniana inferior corresponde a um ciclo transgressivo-regressivo e, em termos litoestratigráficos, ao Grupo Santa Helena, com duas unidades: a Formação Pilões (inferior), composta predominantemente por pelitos escuros (localmente oxidados), com analcima, e arenitos arcoseanos, localmente cloríticos, associados com brechas, conglomerados e vulcanoclásticas na porção basal, e a Formação Triunfo (superior), na qual predominam arenitos cinza-esbranquiçados, arcoseanos, em parte conglomeráticos, caulínicos, com estratificações cruzadas, localmente com intercalações de conglomerados e raros pelitos e arenitos finos a muito finos.

A Formação Pilões foi depositada a partir de fluxos gravitacionais de sedimentos e de material vulcanoclástico, na porção distal de leques deltaicos e deltas de granulação grossa, em um graben de águas salobras a doces, o qual foi assoreado por depósitos fluviodeltaicos do tipo entrelaçado correspondentes à Formação Triunfo.

Estas unidades têm características litológicas, gênese e idade diferentes das demais unidades litoestratigráficas formais da BRP, das quais estão separadas por uma discordância, com um hiato de aproximadamente 265 milhões de anos. Da mesma forma, não são compatíveis com as unidades potencialmente cronocorrelatas das bacias do Parnaíba, Araripe e Jatobá.

Ignimbritos e brechas coignimbríticas afloram na margem norte da bacia. Fragmentos vulcânicos e produtos interpretados como alteração diagenética de vidro vulcânico (analcima e clorita), associados à Formação Pilões, sugerem que o evento piroclástico seja contemporâneo à sedimentação eodevoniana ou mais antigo.

A existência de um graben eodevoniano na BRP associado a vulcanismo, indica que a evolução da bacia é poli-histórica e que as zonas dúcteis brasilianas sofreram reativação frágil durante o Eopaleozoico, reforçando a existência de grabens coevos ou precursores de algumas sinéclises paleozoicas.

AGRADECIMENTOS

O primeiro autor agradece à PETROBRAS, pela liberação dos dados e permissão de publicação dos resultados da pesquisa de mestrado, e à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) pelo seu acolhimento no Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica. Os autores também são gratos aos revisores ad hoc pelos comentários e sugestões.

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  • Manuscrito ID: 30129.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2014

Histórico

  • Recebido
    01 Jul 2014
  • Aceito
    22 Out 2014
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