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Microbiota bacteriana dominante cultivável no trato digestivo do urubu (Coragyps atratus Bechstein 1793)

As bactérias anaeróbias estritas e facultativas cultiváveis do trato digestivo de seis urubus (Coragyps atratus Bechstein 1793) foram isoladas e identificadas. Após a captura, as aves receberam uma alimentação de baixa contaminação durante uma semana para eliminar possíveis microorganismos alóctonos. A seguir, amostras colhidas na língua, estomago e intestinos foram pesadas, submetidas a diluições decimais numa câmara anaeróbia, inoculadas em meios de cultura e incubadas em aerobiose e anaerobiose a 37ºC para enumeração, isolamento e identificação. As bactérias isoladas foram usadas posteriormente como produtoras e reveladoras para detectar possíveis fenômenos de antagonismo. A população bacteriana total ao longo do trato digestivo variou de 3,46 ± 0,39 log UFC/g no estômago até 10,75 ± 0,37 log UFC/g no intestino distal. Algumas bactérias foram isoladas pela primeira vez do trato digestivo de C. atratus: Actinomyces bovis, Lactobacillus cellobiosus, Micrococcus luteus, Neisseria sicca, Clostridium bifermentans, Enterobacter agglomerans, Peptostreptococcus sp., Sarcina sp., Serratia odorifera, and Shigella flexneri. Associações entre microorganismos foram observadas durante o isolamento em dois casos, um envolvendo A. bovis e N. sicca, e o outro envolvendo A. bovis e um bastonete Gram-negativo. Hetero-, iso- e autoantagonismos foram observados, sugerindo um papel ecológico para esses microorganismos em termos de autocontrole populacional e de barreira ambiental no trato digestivo dessas aves.

urubu; microbiota; trato digestivo; substância antagonista


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