A sedimentação é freqüentemente relacionada a estresse em recifes de coral. Os recifes do Atlântico sul ocidental possuem grande sedimentação, entretanto carecem de séries temporais das taxas de deposição de sedimento. Foram avaliadas estas taxas e a composição carbonática do sedimento, além da cobertura de corais e zoantídeos em seis recifes brasileiros durante quatro anos consecutivos. A deposição variou de zero a 233 mg cm-2 dia-1, com picos entre agosto e dezembro e médias anuais variando de nove a 104 mg cm-2 dia-1. As taxas de deposição apresentaram correlação com o vento, indicando que a ressuspensão deve ser o fator preponderante. A contribuição do carbonato variou de 38% a 90%, com dois locais apresentando diferenciação sazonal. As comunidades bênticas foram similares entre locais, entretanto as análises sugerem freqüencias diferenciadas para cada local. Não houve correlação significativa entre sedimentação e a comunidade bêntica. Entretanto, maior cobertura de Palythoa caribaeorum normalmente ocorreu em áreas de maior sedimentação. Nossos resultados não corroboraram resultados prévios sugerindo que 10 mg cm-2 dia-1 seria "limite crítico para sobrevivência" dos corais. Recifes brasileiros podem estar associados a ambientes de alta deposição de sedimento com elevadas frações carbonáticas, o que não impede o desenvolvimento das comunidades recifais do Atlântico sul ocidental.
Comunidade bêntica; Coral; Recife de coral; Condições ambientais; Sedimentação; Zoantídeo