Este estudo apresenta uma avaliação da deposição de elementos potencialmente tóxicos no Canal de Bertioga (costa sudeste brasileira) ao longo de 150 anos, período principal de atividade antropogênica na área. O trabalho analisou cinco testemunhos sedimentares por meio de ICP-OES para determinar os níveis de metais (Cd, Cr, Cu, Ni, Pb e Zn) e As. O índice de carga de poluição (PLI) e o fator de enriquecimento (EF) foram calculados para identificar a toxicidade relativa dos elementos dos sedimentos e a contribuição antropogênica dos elementos investigados. Os índices indicaram a ausência de contaminação por metais pesados, mas houve uma entrada mais elevada de As nos testemunhos B2 e B5, amostrados em área com maiores taxas de sedimentação. Através de análise estatística de decomposição de séries temporais, verificou-se que o fluxo de metais para a área segue os ciclos de estações chuvosa (verão austral) e seca (inverno austral). Como conclusão pode ser verificado que o enriquecimento observado corresponde ao final do século XIX, quando o Porto de Santos foi inaugurado, e à década de 1970, quando as atividades do porto foram expandidas. Ainda, a análise dos índices e da decomposição temporal indica que a entrada de As no Canal de Bertioga dá-se por processos naturais de intemperismo e sedimentação.
Elementos potencialmente tóxicos; Fator de enriquecimento; Taxa de sedimentação; Canal de Bertioga