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Abscessos cervicais profundos: estudo de 101 casos Como citar este artigo: Brito TP, Hazboun IM, Fernandes FL, Bento LR, Zappelini CE, Chone CT, et al. Deep neck abscesses: study of 101 cases. Braz J Otorhinolaryngol. 2017;83:341-8.

Resumo

Introdução:

Embora a incidência dos abscessos cervicais profundos (ACP) tenha diminuído, principalmente pela disponibilidade dos antibióticos, essa infecção ainda ocorre com frequência considerável e pode estar associada a alta morbidade e mortalidade.

Objetivo:

Este estudo teve como objetivo apresentar nossa experiência clínico-cirúrgica com os abcessos cervicais profundos.

Método:

Um estudo retrospectivo realizado em um hospital universitário analisou 101 pacientes, durante seis anos, diagnosticados com abscessos cervicais profundos causados por múltiplas etiologias. Foram incluídos 101 pacientes, sendo que 27 (26,7%) tinham menos de 18 anos (grupo das crianças) e 74 (73,3%) tinham mais de 18 anos (grupo dos adultos). As seguintes características clínicas foram analisadas e comparadas: idade, sexo, sintomas clínicos, área cervical acometida, hábitos de vida, antibioticoterapia, comorbidades, etiologia, cultura bacteriana, tempo de internação, necessidade de traqueotomia e complicações.

Resultados:

Houve predominância do sexo masculino (55,5%) e de jovens (idade média de 28,1 anos). Todos os 51 pacientes com comorbidade associada eram adultos. As etiologias mais frequentes foram tonsilite bacteriana (31,68%) e infecções odontogênicas (23,7%). As áreas cervicais acometidas mais comuns foram a peritonsilar (26,7%), submandibular/assoalho da boca (22,7%) e os espaços parafaríngeos (18,8%). No grupo das crianças, o local mais comumente envolvido foi o espaço peritonsilar (10 pacientes, 37%). No grupo dos adultos, houve predomínio de acometimento de múltiplos espaços cervicais (31 pacientes, 41,8%). Streptococcus pyogenes foi o microrganismo presente mais comum (23,3%). A amoxicilina associada ao clavulanato foi o antibiótico mais usado (82,1%). As principais complicações dos abscessos foram choque séptico (16,8%), pneumonia (10,8%) e mediastinite (1,98%). A traqueostomia foi necessária em 16,8% dos pacientes. A taxa de mortalidade foi de 1,98%.

Conclusão:

As características clínicas e a gravidade dos ACP variam de acordo com as diferentes faixas etárias, possivelmente devido à localização da infecção e à maior incidência de comorbidades em adultos. Assim, o ACP em adultos acomete mais facilmente múltiplos espaços, apresenta mais complicações e parece ser também mais grave do que em crianças.

PALAVRAS-CHAVE
Abscesso cervical; Infecção cervical; Espaços cervicais

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