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Caracterização da mutação em BRAF em pacientes acima de 45 anos com carcinoma bem diferenciado de tireoide Como citar este artigo: Barreno LR, Mello JB, Barros-Filho MC, Francisco AL, Chulam TC, Pinto CA, et al. Characterization of BRAF mutation in patients older than 45 years with well-differentiated thyroid carcinoma. Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88:523-28.

Resumo

Introdução:

O carcinoma papilífero de tireoide é a neoplasia endócrina mais frequente e sua incidência triplicou nos últimos 35 anos. Embora o carcinoma papilífero de tireoide tenha um bom prognóstico, 1% a 30% dos pacientes desenvolvem recorrência e metástase. Algumas características clínicas e genéticas estão associadas a um pior prognóstico. A mutação mais frequente é a BRAF p.V600E, a qual tem sido associada a muitas características clínicas de pior prognóstico. No entanto, muitos estudos apresentam resultados controversos, sem qualquer associação entre a mutação em BRAF e características clinicopatológicas de pior prognóstico.

Objetivo:

Uma vez que o valor prognóstico das mutações em BRAF permanece controverso, investigar a importância dessa mutação em decisões terapêuticas para o carcinoma papilífero de tireoide.

Método:

Foi avaliada a associação da mutação em BRAF com características de pior prognóstico em 85 pacientes com carcinoma papilífero de tireoide acima de 45 anos tratados no A.C. Camargo Cancer Center, de 1980 a 2007. A mutação em BRAF foi avaliada por pirossequenciamento. A análise estatística foi feita com o software SPSS.

Resultados:

A média de idade dos pacientes foi de 54 anos (variação de 45 - 77), 73 eram mulheres (85,8%) e 12 eram homens (14,2%). Entre eles, 39 casos (45,9%) apresentaram extensão extratireoidiana e 11, doença recorrente. A mutação em BRAF foi detectada em 57 (67%) pacientes. Não foi observada associação significante entre mutação em BRAF e sexo (p = 0,743), idade (p = 0,236), estágio N (p = 0,423), infiltração vascular e perineural (p = 0,085) ou multi-focalidade (p = 1,0). Apesar de não apresentar associação estatística, a maioria dos pacientes com doença recorrente foi positiva para BRAF (9 em 11) (p = 0,325). Os pacientes afetados pela mutação em BRAF estão associados a tumores maiores do que 1 cm (p = 0,034) e com extensão extratireoidiana (p = 0,033).

Conclusão:

Embora a mutação em BRAF seja amplamente avaliada, não há dados consistentes que demonstrem uma melhor sobrevida ou benefício clínico ao incorporá-la à decisão terapêutica para o câncer de tireoide.

PALAVRAS CHAVE
Câncer de tireoide; Carcinoma papilífero; Mutação em BRAF; Sobrevida; Recorrência; Prognóstico

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