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Reconstrução de vias aéreas pediátricas: resultados após a implantação de uma equipe de vias aéreas no Brasil Como citar este artigo: Maunsell R, Lacerda NS, Prata L, Brandão M. Pediatric airway reconstruction: results after implementation of an airway team in Brazil. Braz J Otorhinolaryngol. 2020;86:157-64.

Resumo

Introdução:

Com o desenvolvimento de unidades de terapia intensiva pediátrica, o tratamento de crianças para situações cirúrgicas complexas, como a estenose laringotraqueal, tem sido cada vez mais adequado. Montar equipes coordenadas de via aérea para alcançar resultados aceitáveis ainda é um desafio.

Objetivo:

Descrever os dados demográficos e os resultados cirúrgicos dos pacientes durante os primeiros oito anos de uma equipe de reconstrução de via aérea pediátrica.

Método:

Revisão retrospectiva de prontuários de crianças submetidas à reconstrução aberta de via aérea em uma unidade de saúde universitária de nível terciário durante os primeiros oito anos de desenvolvimento de uma equipe de vias aéreas.

Resultados:

Nos últimos 8 anos, 43 crianças foram submetidas a 52 reconstruções abertas de vias aéreas. A mediana de idade na cirurgia foi de 4,1 anos. Mais da metade das crianças (55,8%) apresentavam pelo menos uma comorbidade e mais de 80% apresentavam estenose subglótica Grau III e Grau IV. Outras anomalias das vias aéreas ocorreram em 34,8% dos casos. As cirurgias feitas foram: ressecções cricotraqueais parciais e estendidas em 50% e laringotraqueoplastia com enxertos anterior e/ou posterior em 50%. A dilatação pós-operatória foi necessária em 34,15% dos pacientes. A taxa de decanulação total nesta população durante o período de 8 anos foi de 86%, com 72% dos pacientes decanulados após o primeiro procedimento. O seguimento médio foi de 13,6 meses. O grau inicial de estenose foi preditivo de sucesso para a primeira cirurgia (p = 0,0085), 7 crianças foram submetidas a cirurgias de resgate. Crianças com comorbidades apresentaram uma probabilidade 2,5 vezes maior (IC95% 1,2-4,9, p = 0,0067) de cirurgias sem sucesso. A idade na primeira cirurgia e a presença de outras anomalias das vias aéreas não foram significantemente associadas ao sucesso.

Conclusões:

A taxa global de sucesso foi de 86%. As falhas foram associadas a graus maiores de estenose e a presença de comorbidades, mas não com a idade do paciente ou anomalias concomitantes das vias aéreas.

PALAVRAS-CHAVE
Reconstrução laringotraqueal; Estenose subglótica; Via Aérea Pediátrica; Traqueostomia

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