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Fístula labiríntica por colesteatoma: prevalência e impacto Como citar este artigo: Rosito LP, Canali I, Teixeira A, Silva MN, Selaimen F, Costa SS. Cholesteatoma labyrinthine fistula: prevalence and impact. Braz J Otorhinolaryngol. 2019;85:222-7.

Resumo

Introdução:

A fístula labiríntica é uma das complicações mais comuns associadas ao colesteatoma. Representa uma perda erosiva do osso endocondral que recobre o labirinto. As razões para a ocorrência da fístula labiríntica induzida pelo colesteatoma ainda são mal compreendidas.

Objetivo:

Avaliar pacientes com colesteatoma, a fim de identificar possíveis fatores de risco ou achados clínicos associados à fístula labiríntica. Os objetivos secundários foram determinar a prevalência de fístula labiríntica no estudo de coorte, analisar o papel da tomografia computadorizada e descrever os resultados auditivos após a cirurgia.

Método:

Este foi um estudo de coorte retrospectivo. Foram incluídos pacientes com colesteatoma adquirido de orelha média em pelo menos um lado sem cirurgia prévia que haviam sido submetidos à audiometria e tomografia computadorizada de orelha ou cirurgia em nossa instituição. Os resultados auditivos após a cirurgia foram analisados de acordo com a classificação de fístula labiríntica e da técnica empregada.

Resultados:

Analisamos um total de 333 pacientes, dos quais 9 (2,7%) apresentavam fístula labiríntica no canal semicircular lateral. Em 8 pacientes, a fístula foi identificada na tomografia computadorizada e confirmada durante a cirurgia. Em pacientes com colesteatomas epitimpânicos posteriores e de via dupla, a prevalência foi de 5,0%; e nos casos com padrão de crescimento de colesteatoma remanescente, a prevalência foi de 0,6% (p = 0,16). Além disso, a taxa de prevalência de fístula labiríntica entre pacientes com e sem vertigem foi de 2,1. Dos pacientes sem perda auditiva neurossensorial antes da cirurgia, 80,0% permaneceram com os mesmos limiares de condução óssea, enquanto 20,0% progrediram para perda auditiva profunda. Dos pacientes com perda auditiva neurossensorial antes da cirurgia, 33,33% permaneceram com a mesma deficiência auditiva, enquanto 33,33% apresentaram melhora da média de dos limiares de condução óssea aos tons puros.

Conclusão:

A fístula labiríntica deve ser descartada antes do procedimento cirúrgico, particularmente nos casos de colesteatomas epitimpânicos posteriores e de dupla via. A tomografia computadorizada é uma boa modalidade diagnóstica para a fístula do canal semicircular lateral. A perda auditiva neurossensorial pode ocorrer pós-cirurgicamente, mesmo em pacientes previamente não afetados, a despeito da técnica empregada.

PALAVRAS-CHAVE
Fístula labiríntica; Colesteatoma; Perda auditiva

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