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Peixes de água doce do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e áreas adjacentes

Resumo:

Nós apresentamos aqui um inventário de peixes de água doce do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e áreas adjacentes, relatando 49 espécies de peixes, 33 dos quais foram identificados com precisão à nível de espécie, representando dez ordens e 25 famílias de peixes que variam de água doce à organismos estuarinos. Esse número de espécies é muito maior do que dois estudos anteriores para o parque, cada um registrando apenas 12 e 33 espécies de peixes ocorrendo em ambientes de água doce. Entre as 49 espécies de água doce registradas neste estudo, 14 são novos registros para o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, e apenas um corresponde a uma espécie introduzida. Alguns dos 14 novos registros no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, citados acima, bem como algumas das 16 espécies que não foram possíveis de serem identificadas com precisão no nível de espécie, podem incluir espécies não descritas. Entretanto, são necessários mais estudos antes de se ter certeza de quais espécies são verdadeiramente não descritas, e quais já são descritas. As ordens relatadas por esta pesquisa que compõem a maior porcentagem de riqueza de espécies, excluindo espécies introduzidas, foram: Characiformes, Cichliformes e Siluriformes na mesma posição do ranking, e Gymnotiformes, como esperado para levantamentos de água doce Neotropical. As famílias com maior número de espécies, excluindo espécies não nativas, foram: Characidae, seguida por Cichlidae e Loricariidae. Das 33 espécies aqui identificadas com precisão no nível de espécie, cinco delas são espécies tipicamente encontradas em ambientes de água salobra, e quando ocorrem em ambientes de água doce, são restritas principalmente a estuários, ou ocasionalmente, as porções mais baixas dos rios. Assim, não os abordaremos em nossos comentários biogeográficos. Das 28 espécies restantes, oito não ocorrem na bacia do rio Amazonas, sendo seis endêmicas da ecorregião Maranhão-Piauí. As espécies restantes aqui relatadas também têm sua distribuição registrada para a bacia do rio Amazonas, o que mostra sua grande influência. Nas últimas duas décadas foram feitos esforços para inventariar a fauna de peixes de água doce e resolver taxonomicamente alguns grupos que ocorrem no estado do Maranhão. No entanto, o conhecimento sobre a composição dos peixes de água doce do Maranhão ainda é insuficiente e subestimado, com vários grupos ainda sem resolução taxonômica e sistemática adequada, e com muitas lacunas de conhecimento, algo que não é apropriado para nosso quadro atual da "crise da biodiversidade". Assim como as demais áreas de proteção brasileiras, o PNLM falha em preservar seus ambientes de água doce de forma apropriada, já que ele inclui apenas fragmentos dos maiores sistemas fluviais da área, não incluindo e conservando as drenagens inteiramente, principalmente excluindo suas cabeceiras. Sendo assim, seus corpos de águas estão expostos a típicos impactos humanos.

Palavras-chave:
Biodiversidade; ictiologia; Rio Periá; Rio Preguiças

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