Resumo
As atividades antropogênicas modificaram as paisagens levando a danos ambientais e a uma biodiversidade ameaçada. Como resultado, as áreas protegidas se tornaram o último refúgio para muitas espécies. Áreas protegidas cercadas por uma paisagem altamente modificada podem acumular espécies, especialmente grandes mamíferos, o que pode alterar o uso de seu habitat habitual. Neste trabalho, usamos análise de DNA não-invasivo, identificação molecular de espécies e análises de paisagem para avaliar o uso de habitat de carnívoros em uma área protegida isolada, o Parque Nacional de Itatiaia (PNI). Duas espécies foram de longe as mais amostradas dentro do PNI, Chrysocyon brachyurus e Leopardus guttulus. A distribuição espacial de cada espécie foi avaliada com as seguintes variáveis paisagísticas: altitude; uso e cobertura do solo; declividade e distâncias euclidianas da água e de construções urbanas. O uso de C. brachyurus e L. guttulus no habitat estava relacionado à altitude e ao uso e cobertura do solo. Testamos se existiam diferenças nos indicadores ambientais considerando ambas as espécies, o que mostrou que altitudes mais elevadas, formação de florestas e/ou campestres estavam de fato associadas a elas. Destacamos a presença incomum de ambas as espécies em altitudes de até 2.631 metros. Nossos resultados sugerem uma extensão do uso do habitat conhecido para ambas as espécies como possível consequência da paisagem altamente modificada onde o PNI está inserido. Portanto, os resultados podem ser úteis para entender melhor a dinâmica das espécies e sua conservação diante das mudanças na paisagem. Além disso, este estudo pode ser útil para as políticas de manejo e conservação desta emblemática área protegida.
Palavras-chave
Conservação; DNA não-invasivo; paisagem; uso e cobertura do solo; carnívoros
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