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Free meals on long-distance cruisers: the vampire fish rides giant catfishes in the Amazon

Os bagres tricomicterídeos conhecidos como candirus são famosos por se alimentarem de sangue, mas as informações sobre seus hábitos, em condições naturais, são fragmentárias e restritas aos seus hospedeiros ou ambientes. Registramos uma espécie não descrita de candiru do gênero Paracanthopoma (Vandelliinae) sobre um jaú, Zungaro zungaro (Pimelodidae), no alto Rio Amazonas. Os candirus estavam sobre as nadadeiras caudal e peitoral e junto à base da dorsal, com seus focinhos enterrados até a altura dos olhos, no tegumento espesso do bagre hospedeiro. Os candirus continham pequenas quantidades de sangue parcialmente digerido na porção distal de seus tubos digestórios. Havia diversos orifícios rasos próximos à base da nadadeira dorsal do hospedeiro, a maioria cicatrizada. Sugerimos que Paracanthopoma se alimente na câmara branquial dos seus hospedeiros e que os candirus estejam viajando parcialmente enterrados na pele do jaú. Nossa suposição está apoiada no hábito de tomar sangue na região branquial dos hospedeiros, predominante entre os Vandelliinae, bem como por um registro de Paracanthopoma parva sobre as brânquias de uma outra espécie de grande bagre (Brachyplatystoma vaillanti). Além disso, os indivíduos de Paracanthopoma sp. não estavam empanturrados com sangue, como é usual para Vandelliinae. As espécies de Paracanthopoma têm o focinho mais longo e robusto entre os candirus hematófagos, além de dentes mandibulares longos e muito fortes, características adequadas ao hábito de perfurar a pele do hospedeiro. Viajar no corpo do hospedeiro seria vantajoso por diversos motivos: 1) dispersão; 2) não haver necessidade de procurar hospedeiros para se alimentar; 3) proteção contra predadores. A explicação alternativa, de que Paracanthopoma toma sangue nos pequenos furos que escava, não parece plausível, devido à recente descoberta de que espécies de Vandellia são incapazes de tomar sangue ativamente, pois fazem uma incisão numa das artérias branquiais e valem-se da pressão arterial do hospedeiro para bombear sangue dentro do seu tubo digestório. As partes do hospedeiro, em que os candirus estavam fixados, não têm vasos sangüíneos de calibre adequado para este tipo de alimentação. Portanto, escavar um furo na pele de um hospedeiro deve servir principalmente para ancorar os candirus durante os longos percursos do seu hospedeiro. Caso a nossa sugestão seja plausível, as espécies de Paracanthopoma representam um exemplo de forese em candirus hematófagos.

Trichomycteridae; Paracanthopoma sp.; candiru; hematofagia; forese; dispersão; Pimelodidade; Zungaro zungaro; Rio Amazonas


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