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Anfíbios do Monumento Natural Serra das Torres: um reservatório da biodiversidade da Mata Atlântica no sudeste do Brasil

Resumo

A Mata Atlântica brasileira guarda importante porção da riqueza de anfíbios e altas taxas de endemismos. Neste estudo, nós realizamos pesquisas usando o Método de Avaliação Rápida (RA) com o objetivo de inventariar a fauna de anfíbios de um remanescente da Mata Atlântica no sudeste do Brasil, o Monumento Natural Serra das Torres (MONAST). Amostramos ativamente com uma equipe de 6 a 10 pessoas para coletar amostras padronizadas entre 09:00 e 12:00 horas durante o peíodo diurno e entre 18:00 e 22:00 duranto período crepuscular/noturno, totalizando aproximadamente 1320 horas de esforço amostral. Complementamos estes dados com 720 horas de amostragem passiva usando armadilhas de queda com cercas-guia (30 dias de balde). Registramos 54 espécies de anfíbios (dois gimnofionos e 52 anuros) e a riqueza de espécies estimada pelo Bootstrap indicou um número relativamente maior de espécies (n = 60). A família mais especiosa foi Hylidae (n = 21), seguida por Brachycephalidae (n = 8). No geral, 25% das espécies (n = 13) foram registradas apenas uma vez - singletons e 15% (n = 8) apenas duas vezes (doubletons). A maioria dos anfíbios registrados neste estudo (71%, n = 37 espécies) esteve restrita ao bioma Mata Atlântica, duas espécies (Euparkerella robusta e Luetkenotyphlus fredi) são endêmicas do estado do Espírito Santo, sendo uma delas, a espécie de serapilheira E. robusta, endêmica do MONAST. Euparkerella robusta está atualmente listada como Vulnerável pela IUCN e classificada como Criticamente Ameaçada na lista vermelha do estado do Espírito Santo, enquanto L. fredi ainda não foi avaliada devido a sua descrição ser muito recente. Thoropa lutzi está atualmente listada como Ameaçada (EN) pela IUCN e na lista estadual. Nove espécies estão listadas como Deficiente de Dados (DD) e as populações de 13 espécies são consideradas em declínio pela IUCN. Estendemos a distribuição geográfica de duas espécies de anuros (Hylodes babax e Phasmahyla lisbella) e preenchemos uma importante lacuna na distribuição de Siphonops hardyi. Os anfíbios associados ao chão da floresta representaram 42% das espécies do MONAST e 43% destas espécies habitavam exclusivamente a serapilheira. Nosso estudo revelou que a Serra das Torres preserva diversidade considerável de anfíbios da Mata Atlântica, o que reforça a necessidade de conservação desse remanescente florestal.

Palavras-chave:
Anfíbios do folhiço; Distribuição geográfica; Gymnophiona; Inventário; Método de Avaliação Rápida

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