Resumo
O presente trabalho pretende dar visibilidade à história de uma mulher negra e pobre que quebrou a tríplice opressão decorrente do seu gênero, sua cor e sua classe social, bem como rompeu os condicionantes das representações sociais que impõem escolhas de carreiras de acordo com o gênero. A análise se apoia nos Estudos Feministas da Ciência e da Tecnologia, bem como em reflexões articuladas às questões econômicas e raciais. Assim, este artigo apresenta a primeira doutora em Matemática da Bahia e uma das primeiras do Brasil, a doutora em Álgebra Eliza Maria Ferreira Veras da Silva – uma mulher que pode ser reconhecida como uma “guerreira negra”. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com a professora, as quais foram submetidas ao método de análise do discurso de acordo com a linha francesa. A análise revelou as práticas discursivas que atravessaram o cotidiano da referida matemática, além das formas de resistência utilizadas por ela em um campo acadêmico ainda androcêntrico. Desse modo, apresentar a trajetória de uma mulher negra e pobre que se destacou na área da Matemática tanto contribui para o reconhecimento e valorização da cientista, como revela um referencial importante para as novas gerações de mulheres que almejam ingressar no campo da Matemática.
Gênero; Raça; Classe Social; Matemática