Acessibilidade / Reportar erro

Educação em dor de mulheres portadoras de fibromialgia com o jogo DolorÔmetro

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

As dúvidas e questionamentos sobre os aspectos gerais da dor, crenças mal adaptativas, conhecimento sobre neurofisiologia da dor e seu impacto na realização de exercícios são comuns nas pacientes com fibromialgia. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento sobre dor em mulheres com fibromialgia, por meio do jogo DolorÔmetro.

MÉTODOS:

Estudo quase-experimental com abordagem quali-quantitativa. Foram avaliadas 20 mulheres com diagnóstico clínico de fibromialgia com idade de 18 a 60 anos. As pacientes responderam duas perguntas no momento inicial e final do jogo. A intervenção consistiu no uso de 9 cartas a partir dos 6 domínios aceitação, atitudes, cinesiofobia, conhecimento, ansiedade e catastrofismo, do jogo DolorÔmetro para motivar as discussões sobre a temática.

RESULTADOS:

A média de idade foi 50,6±9,6 anos e o tempo diagnóstico de 6,5±4,6 anos. Foi avaliado o número de acertos e erros de cada domínio. No domínio “aceitação” foram 4 erros na afirmação 1 e 12 erros na afirmação 2. No domínio “atitudes”, 2 na afirmação 4 e 1 na afirmação 8. No domínio “cinesiofobia”, nenhum acerto na afirmação 2. No domínio “conhecimento”, 19 erraram a afirmação 3. No domínio “ansiedade”, 15 erraram a afirmação 1. No domínio “catastrofismo” 10 erraram a afirmação 2.

CONCLUSÃO:

Realizar educação em dor, com duração de uma hora em único momento, contribuiu para as participantes expressarem suas dúvidas e questionamentos prévios e após o momento de educação, porém persistiram dúvidas referentes aos domínios aceitação, cinesiofobia, conhecimento e ansiedade.

Descritores:
Dor crônica; Educação em saúde; Fibromialgia; Fisioterapia; Reumatologia

ABSTRACT

BACKGROUND AND OBJECTIVES:

Doubts and questions about the general aspects of pain, maladaptive beliefs, knowledge about pain neurophysiology, and its impact on exercise are common in fibromyalgia patients. This study aimed to evaluate the knowledge about pain in women with fibromyalgia through the DolorÔmetro game.

METHODS:

A quasi-experimental study with a qualitative and quantitative approach. Twenty women with a clinical diagnosis of fibromyalgia and aged 18 to 60 years were evaluated. The patients answered two questions at the beginning and end of the game. The intervention consisted of the use of 9 cards from the six domains of the game DolorÔmetro to motivate discussions about the theme.

RESULTS:

The sample had a mean age of 50.6±9.6 years and a diagnostic time of 6.5±4.6 years. The number of hits and errors in each domain was observed. In the “acceptance” domain, four errors were found in statement 1 and twelve in statement 2. In the “attitudes” domain, only two in statement 4 and one in statement 8. In the “kinesiophobia” domain, all errors were only in statement 2. In the “knowledge” domain, nineteen women missed statement 3. In the “anxiety” domain, fifteen women missed statement 1. Finally, in the “catastrophic” domain, ten women missed statement 2.

CONCLUSION:

Conducting an education in pain, lasting in one hour in a single moment, contributed to the participants expressing their doubts and previous questions and after the moment of education, however doubts persisted in the domains of acceptance, kinesiophobia, knowledge and anxiety.

Keywords:
Chronic pain; Fibromyalgia; Health education; Physiotherapy; Rheumatology

INTRODUÇÃO

A educação em neurofisiologia da dor é uma estratégia que ensina sobre o processo biológico da dor e sua relação com a sensibilização central11 Nijs J, Torres-Cueco R, van Wilgen CP, Girbes EL, Struyf F, Roussel N, et al. Applying modern pain neuroscience in clinical practice: criteria for the classification of central sensitization pain. Pain Physician. 2014;17(5):447-57.

2 Van Oosterwijck J, Meeus M, Paul L, De Schryver M, Pascal A, Lambrecht L, et al. Pain physiology education improves health status and endogenous pain inhibition in fibromyalgia: a double-blind randomized controlled trial. Clin J Pain. 2013;29(10):873-82.
-33 Woolf CJ. Central sensitization: implications for the diagnosis and treatment of pain. Pain. 2011;152(3 Suppl):S2-15. em pacientes com dor musculoesquelética crônica, como a fibromialgia (FM), podendo influenciar as cognições mal adaptativas e negativas relacionadas à dor, reduzindo a dor e melhorando o comportamento e desempenho dos movimentos11 Nijs J, Torres-Cueco R, van Wilgen CP, Girbes EL, Struyf F, Roussel N, et al. Applying modern pain neuroscience in clinical practice: criteria for the classification of central sensitization pain. Pain Physician. 2014;17(5):447-57.,44 Moseley L. Reconceptualising pain according to modern pain science. Phys Ther Rev. 2007;12(3):169-78..

O tratamento da FM é interdisciplinar, combinando tratamentos farmacológicos e não farmacológicos55 Macfarlane GJ, Kronisch C, Dean LE, Atzeni F, Häuser W, Fluß E, et al. EULAR revised recommendations for the management of fibromyalgia. Ann Rheum Dis. 2017;76(2):318-28., como o exercício aeróbico55 Macfarlane GJ, Kronisch C, Dean LE, Atzeni F, Häuser W, Fluß E, et al. EULAR revised recommendations for the management of fibromyalgia. Ann Rheum Dis. 2017;76(2):318-28., exercício resistido66 Silva HJA, Assunção Júnior JC, de Oliveira FS, Oliveira JMP, Figueiredo Dantas GA, Lins CAA, et al. Sophrology versus resistance training for treatment of women with fibromyalgia: a randomized controlled trial. J Bodyw Mov Ther. 2019;23(2):382-9., terapia cognitivo comportamental77 Karlsson B, Burell G, Anderberg UM, Svärdsudd K. Cognitive behaviour therapy in women with fibromyalgia: a randomized clinical trial. Scand J Pain. 2015;9(1):11-21., fármacos88 Souza Oliveira LH, Mattos RS, Castro JB, Barbosa JS, Chame F, Vale RG. Effect of supervised physical exercise on flexibility of fibromyalgia patients. Rev Dor. 2017;18(2):145-9., bem como a educação em dor22 Van Oosterwijck J, Meeus M, Paul L, De Schryver M, Pascal A, Lambrecht L, et al. Pain physiology education improves health status and endogenous pain inhibition in fibromyalgia: a double-blind randomized controlled trial. Clin J Pain. 2013;29(10):873-82.. Essa última produz mudanças na relação terapeuta e paciente, fazendo com que esse seja protagonista em seu processo terapêutico, por isso as intervenções socioeducativas têm sido recomendadas por diretrizes internacionais no tratamento da FM99 Mendez SP, Sá KN, Araújo PC, Oliveira IA, Gosling AP, Baptista AF. Elaboration of a booklet for individuals with chronic pain. Rev Dor. 2017;18(3):199-211..

Os jogos educativos são ferramentas que contribuem para o processo de aprendizagem e construção do saber, podendo ser utilizados como intervenção para a educação em dor1010 Valentim JC, Meziat-Filho NA, Nogueira LC, Reis FJ. ConheceDOR: the development of a board game for modern pain education for patients with musculoskeletal pain. BrJP. 2019;2(2):166-75.. O jogo DolorÔmetro é um jogo de tabuleiro que utiliza seis domínios de cartas desenvolvidas a partir das escalas e questionários mais utilizados para a avaliação da dor, adequado para a abordagem de educação em dor para mulheres participantes do projeto de dança1111 Araújo JT, Rocha CF, Farias GM, Cruz RS, Assunção Júnior JC, Silva HJ, et al. Experience with women with fibromyalgia who practice Zumba. Case reports. Rev Dor. 2017;18(3):266-9.,1212 Assunção Júnior JC, de Almeida Silva HJ, da Silva JFC, da Silva Cruz R, de Almeida Lins CA, de Souza MC. Zumba dancing can improve the pain and functional capacity in women with fibromyalgia. J Bodyw Mov Ther. 2018;22(2):455-9., devido às constantes dúvidas e questionamentos sobre os aspectos gerais da dor e seu impacto na execução dos exercícios. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento sobre dor de mulheres com FM, por meio do jogo DolorÔmetro.

MÉTODOS

Estudo quase-experimental com abordagem quali-quantitativa. Foram selecionadas 20 mulheres com diagnóstico de FM, segundo os critérios de classificação do Colégio Americano de Reumatologia1313 Heymann RE, Paiva E dos S, Helfenstein M Jr, Pollak DF, Martinez JE, Provenza JR, et al. Brazilian consensus on the treatment of fibromyalgia. Rev Bras Reumatol. 2010;50(1):56-66., com idade de 18 a 60 anos. Recusa para participar e não responder todas as perguntas foram os critérios de exclusão.

A educação em dor foi realizada na sala de atividades em grupo da Clínica Escola de Fisioterapia de uma universidade pública. A sessão de educação teve a duração de 1h, sendo realizada em único momento durante o projeto de extensão da dança.

A atividade de educação em dor foi realizada através do jogo DolorÔmetro, cuja versão em português pode ser acessada pelo link https://drive.google.com/drive/folders/1AJUTM8gyo-BfG6imkJJwI3WhzxEe-xk. O jogo consiste em seis domínios: aceitação, atitudes, ansiedade, cinesiofobia, conhecimento e catastrofismo, com cartões-respostas que têm pontuações específicas, e um tabuleiro. Foram utilizados apenas os cartões-respostas, desconsiderando a pontuação e o tabuleiro. A partir dos domínios, nove cartões-respostas foram selecionados por conveniência, que eram considerados “verdadeiro” ou “falso” pelas participantes. Em seguida foram quantificadas as respostas e realizada a educação em dor.

Para conhecer a opinião das mulheres antes de iniciar o jogo, com o intuito de analisar a sua percepção em relação à dor, foi realizada a seguinte pergunta: “O que a dor causa em você”? E ao final, com o objetivo de analisar o que elas entenderam sobre os aspectos gerais da dor, foi realizada a pergunta: “O que você aprendeu com esse momento”? As respostas foram escritas pelas pacientes em folha de papel.

Os dados qualitativos foram analisados com a categorização das respostas em dois subgrupos, dimensões sociais e pessoais, a partir da análise de conteúdo de Bardin.

Todas as pacientes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)), antes da participação do estudo.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, sob parecer nº 3.130.248 (CAAE 61904216.9.0000.5568).

RESULTADOS

A tabela 1 apresenta as características clínicas e sociodemográficas das pacientes, com média de idade de 50,6±9,6 anos e com tempo de diagnóstico clínico da FM de 6,5±4,6 anos.

Tabela 1
Características clínicas e sociodemográficas das pacientes

A tabela 2 apresenta os relatos das pacientes referentes à primeira pergunta antes do momento de educação em dor. Na dimensão pessoal, as palavras que mais se sobressaíram foram de origem emocional, como tristeza, estresse, infelicidade e desmotivação. E na dimensão social, palavras que remetem à dificuldade em realizar atividades laborativas e do cotidiano, como interferir, impossibilitar e não conseguir.

Tabela 2
O que a dor causa em você?

Com relação ao jogo DolorÔmetro, foi observado o número de acertos e erros de cada domínio. No domínio “aceitação” foram verificados quatro erros na afirmação 1 e 12 erros na afirmação 2. No domínio “atitudes” poucos erros foram encontrados, apenas nas afirmações 4 e 8. No domínio “cinesiofobia” todas erraram apenas a afirmação 2. No domínio “conhecimento”, 19 erraram a afirmação 3. No domínio “ansiedade”, 15 erraram a afirmação 1. Finalmente, no domínio “catastrofismo” 10 erraram a afirmação 2, conforme apresentado na tabela 3.

Tabela 3
Quantidade de acertos e erros das pacientes referentes aos seis domínios do jogo DolorÔmetro

A tabela 4 apresenta os relatos das participantes referentes à segunda pergunta. No que se refere à dimensão pessoal foram destacados termos sobre aprendizado, consciência, conhecimento adquirido e compreensão sobre a dor. E na dimensão social enfatizou-se a importância na participação de palestras.

Tabela 4
O que você aprendeu com esse momento?

DISCUSSÃO

As pacientes apresentaram um alto nível de desconhecimento nos domínios aceitação, cinesiofobia, conhecimento e ansiedade, o que comprova a importância da educação em dor em pacientes com dores crônicas.

Com relação à primeira pergunta “o que a dor causa em você?” na dimensão social, foi possível observar que há interferência da dor nas atividades do cotidiano e laborativas, em consequência das atitudes e comportamentos diários possuírem ligação direta com a capacidade do indivíduo em melhorar seus níveis de atividade e desempenho1414 Nijs J, Van Houdenhove B. From acute musculoskeletal pain to chronic widespread pain and fibromyalgia: application of pain neurophysiology in manual therapy practice. Man Ther. 2009;14(1):3-12..

Os reflexos da dor na dimensão pessoal, sobretudo de origem emocional, como tristeza, desmotivação, infelicidade e estresse, dificultando o equilíbrio emocional frente à sintomatologia se destacam, refletindo diretamente na perspectiva de melhora do quadro sintomático11 Nijs J, Torres-Cueco R, van Wilgen CP, Girbes EL, Struyf F, Roussel N, et al. Applying modern pain neuroscience in clinical practice: criteria for the classification of central sensitization pain. Pain Physician. 2014;17(5):447-57.

2 Van Oosterwijck J, Meeus M, Paul L, De Schryver M, Pascal A, Lambrecht L, et al. Pain physiology education improves health status and endogenous pain inhibition in fibromyalgia: a double-blind randomized controlled trial. Clin J Pain. 2013;29(10):873-82.
-33 Woolf CJ. Central sensitization: implications for the diagnosis and treatment of pain. Pain. 2011;152(3 Suppl):S2-15.,1010 Valentim JC, Meziat-Filho NA, Nogueira LC, Reis FJ. ConheceDOR: the development of a board game for modern pain education for patients with musculoskeletal pain. BrJP. 2019;2(2):166-75.,1111 Araújo JT, Rocha CF, Farias GM, Cruz RS, Assunção Júnior JC, Silva HJ, et al. Experience with women with fibromyalgia who practice Zumba. Case reports. Rev Dor. 2017;18(3):266-9.,1313 Heymann RE, Paiva E dos S, Helfenstein M Jr, Pollak DF, Martinez JE, Provenza JR, et al. Brazilian consensus on the treatment of fibromyalgia. Rev Bras Reumatol. 2010;50(1):56-66. e limitando o processo de autocuidado e reações de enfrentamento. Por essa razão, a educação em neurofisiologia da dor é considerada uma estratégia que visa reconceitualizar a dor e alterar suas cognições inapropriadas com os pacientes1515 van Ittersum WM, van Wilgen CP, van der Schans CP, Lambrecht L, Groothoff JW, Nijs J. Written pain neuroscience education in fibromyalgia: a multicenter randomized controlled trial. Pain Pract. 2014;14(8):689-700., sendo capazes de compreender e lembrar em longo prazo o conteúdo utilizado na educação em dor22 Van Oosterwijck J, Meeus M, Paul L, De Schryver M, Pascal A, Lambrecht L, et al. Pain physiology education improves health status and endogenous pain inhibition in fibromyalgia: a double-blind randomized controlled trial. Clin J Pain. 2013;29(10):873-82..

Quanto à segunda pergunta “o que você aprendeu com esse momento?” sobre a dimensão pessoal, os termos mais enfatizados foram aprendizado, consciência, conhecimento adquirido e compreensão relacionados à dor. A compreensão e o conhecimento sobre a dor é um dos pontos essenciais no tratamento, a fim de melhorar a maneira como irão lidar com a sintomatologia da FM. Na dimensão social foi descrita a importância da participação em palestras com abordagens sobre a educação em neurofisiologia da dor, enfatizando a importância da troca de conhecimentos com os mediadores da discussão e entre as participantes.

Em concordância com os termos relatados, um estudo que realizou uma sessão de educação em dor concluiu que os pacientes apresentaram melhora na compreensão da dor e menos intenção de catastrofizar, quando comparados ao grupo controle1616 Meeus M, Nijs J, Van Oosterwijck J, Van Alsenoy V, Truijen S. Pain physiology education improves pain beliefs in patients with chronic fatigue syndrome compared with pacing and self-management education: a double blind randomized controlled trial. Arch Phys Med Rehabil. 2010;91(8):1153-9.. Assim, a revisão1717 Geneen LJ, Martin DJ, Adams N, Clarke C, Dunbar M, Jones D, et al. Effects of education to facilitate knowledge about chronic pain for adults: a systematic review with meta-analysis. Syst Rev. 2015;4:132. que objetivou determinar o nível de evidência das intervenções educativas sobre os resultados psicossociais mostrou que os estudos utilizando a educação neurofisiológica da dor como forma de intervenção, proporcionou melhora significativa nas concepções de catastrofização e conhecimento sobre a dor.

Com relação aos resultados quantitativos foi possível analisar o conhecimento das participantes sobre a neurofisiologia da dor a partir das respostas dadas aos domínios do jogo. No domínio “ansiedade” foram 15 respostas erradas em uma afirmação e no “cinesiofobia” 20 respostas erradas em apenas uma afirmação, tendo sido necessário explicar as duas afirmações para o grupo. Os dados deste estudo se assemelham à outro1818 Louw A, Diener I, Butler DS, Puentedura EJ. The effect of neuroscience education on pain, disability, anxiety, and stress in chronic musculoskeletal pain. Arch Phys Med Rehabil. 2011;92(12):2041-56. que após a educação em neurofisiologia da dor, apresentou diminuição nos relatos de ansiedade, estresse e catastrofização da dor que também estão intimamente relacionados ao aspecto cinesiofobia em dores crônicas1818 Louw A, Diener I, Butler DS, Puentedura EJ. The effect of neuroscience education on pain, disability, anxiety, and stress in chronic musculoskeletal pain. Arch Phys Med Rehabil. 2011;92(12):2041-56..

Sobre o domínio “conhecimento”, 19 mulheres erraram a afirmação 3 que discorria sobre o cérebro ser capaz de produzir substâncias que diminuíssem a dor. Com isso, foi possível observar a importância da realização da educação em dor e os seus benefícios, pois os pacientes foram capazes de compreender os aspectos neurofisiológicos22 Van Oosterwijck J, Meeus M, Paul L, De Schryver M, Pascal A, Lambrecht L, et al. Pain physiology education improves health status and endogenous pain inhibition in fibromyalgia: a double-blind randomized controlled trial. Clin J Pain. 2013;29(10):873-82., assim como abordou uma revisão sobre a utilização da educação em dor como ferramenta eficiente para o paciente adquirir conhecimento sobre o tema1919 Marris D, Theophanous K, Cabezon P, Dunlap Z, Donaldson M. The impact of combining pain education strategies with physical therapy interventions for patients with chronic pain: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Physiother Theory Pract. 2019;28:1-12 [Epub ahead of print]..

Por fim, no domínio “aceitação” foram verificados 16 erros, havendo relação com a percepção que cada paciente tem sobre a sua dor e a realização de ajustes necessários para o dia a dia2020 Luciano JV, Martínez N, Penãrrubia-María MT, Fernández-Vergel R, García-Campayo J, Verduras C, et al. Effectiveness of a psychoeducational treatment program implemented in general practice for fibromyalgia patients: a randomized controlled trial. Clin J Pain. 2011;27(5)383-91.. Somado a isso, nas respostas referentes à segunda pergunta, as participantes se sentiram mais conscientes sobre sua dor e a importância do conhecimento adquirido durante a aplicação do jogo para a aceitação da sua condição.

Com relação à interação das pacientes com a intervenção, foi possível observar boa adesão, possibilitando um momento de descontração e construção do saber, acerca das suas dores e as implicações na FM, para que possam participar de modo ativo no tratamento e a conscientização sobre os aspectos da dor, como abordados nos domínios do jogo. Na mesma linha, outros estudos apoiam a conclusão que as intervenções combinadas com a educação em dor possuem de moderado a grande efeito na construção do seu conhecimento1919 Marris D, Theophanous K, Cabezon P, Dunlap Z, Donaldson M. The impact of combining pain education strategies with physical therapy interventions for patients with chronic pain: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Physiother Theory Pract. 2019;28:1-12 [Epub ahead of print].,2020 Luciano JV, Martínez N, Penãrrubia-María MT, Fernández-Vergel R, García-Campayo J, Verduras C, et al. Effectiveness of a psychoeducational treatment program implemented in general practice for fibromyalgia patients: a randomized controlled trial. Clin J Pain. 2011;27(5)383-91..

O presente estudo apresentou algumas limitações, como a pequena amostra e a realização da intervenção em espaço coletivo, uma vez que a conversa compartilhada entre as participantes pode ter interferido no momento de expressar respostas pessoais acerca das perguntas realizadas.

CONCLUSÃO

Realizar educação em dor contribuiu para que as participantes expressassem seus fundamentos prévios e atribuídos após o momento de educação, e educar pacientes sobre sua condição de saúde, em especial sobre a compreensão da dor, é um componente vantajoso no processo de tratamento embora existam dúvidas referentes aos domínios aceitação, cinesiofobia, conhecimento e ansiedade das mulheres com fibromialgia.

REFERENCES

  • 1
    Nijs J, Torres-Cueco R, van Wilgen CP, Girbes EL, Struyf F, Roussel N, et al. Applying modern pain neuroscience in clinical practice: criteria for the classification of central sensitization pain. Pain Physician. 2014;17(5):447-57.
  • 2
    Van Oosterwijck J, Meeus M, Paul L, De Schryver M, Pascal A, Lambrecht L, et al. Pain physiology education improves health status and endogenous pain inhibition in fibromyalgia: a double-blind randomized controlled trial. Clin J Pain. 2013;29(10):873-82.
  • 3
    Woolf CJ. Central sensitization: implications for the diagnosis and treatment of pain. Pain. 2011;152(3 Suppl):S2-15.
  • 4
    Moseley L. Reconceptualising pain according to modern pain science. Phys Ther Rev. 2007;12(3):169-78.
  • 5
    Macfarlane GJ, Kronisch C, Dean LE, Atzeni F, Häuser W, Fluß E, et al. EULAR revised recommendations for the management of fibromyalgia. Ann Rheum Dis. 2017;76(2):318-28.
  • 6
    Silva HJA, Assunção Júnior JC, de Oliveira FS, Oliveira JMP, Figueiredo Dantas GA, Lins CAA, et al. Sophrology versus resistance training for treatment of women with fibromyalgia: a randomized controlled trial. J Bodyw Mov Ther. 2019;23(2):382-9.
  • 7
    Karlsson B, Burell G, Anderberg UM, Svärdsudd K. Cognitive behaviour therapy in women with fibromyalgia: a randomized clinical trial. Scand J Pain. 2015;9(1):11-21.
  • 8
    Souza Oliveira LH, Mattos RS, Castro JB, Barbosa JS, Chame F, Vale RG. Effect of supervised physical exercise on flexibility of fibromyalgia patients. Rev Dor. 2017;18(2):145-9.
  • 9
    Mendez SP, Sá KN, Araújo PC, Oliveira IA, Gosling AP, Baptista AF. Elaboration of a booklet for individuals with chronic pain. Rev Dor. 2017;18(3):199-211.
  • 10
    Valentim JC, Meziat-Filho NA, Nogueira LC, Reis FJ. ConheceDOR: the development of a board game for modern pain education for patients with musculoskeletal pain. BrJP. 2019;2(2):166-75.
  • 11
    Araújo JT, Rocha CF, Farias GM, Cruz RS, Assunção Júnior JC, Silva HJ, et al. Experience with women with fibromyalgia who practice Zumba. Case reports. Rev Dor. 2017;18(3):266-9.
  • 12
    Assunção Júnior JC, de Almeida Silva HJ, da Silva JFC, da Silva Cruz R, de Almeida Lins CA, de Souza MC. Zumba dancing can improve the pain and functional capacity in women with fibromyalgia. J Bodyw Mov Ther. 2018;22(2):455-9.
  • 13
    Heymann RE, Paiva E dos S, Helfenstein M Jr, Pollak DF, Martinez JE, Provenza JR, et al. Brazilian consensus on the treatment of fibromyalgia. Rev Bras Reumatol. 2010;50(1):56-66.
  • 14
    Nijs J, Van Houdenhove B. From acute musculoskeletal pain to chronic widespread pain and fibromyalgia: application of pain neurophysiology in manual therapy practice. Man Ther. 2009;14(1):3-12.
  • 15
    van Ittersum WM, van Wilgen CP, van der Schans CP, Lambrecht L, Groothoff JW, Nijs J. Written pain neuroscience education in fibromyalgia: a multicenter randomized controlled trial. Pain Pract. 2014;14(8):689-700.
  • 16
    Meeus M, Nijs J, Van Oosterwijck J, Van Alsenoy V, Truijen S. Pain physiology education improves pain beliefs in patients with chronic fatigue syndrome compared with pacing and self-management education: a double blind randomized controlled trial. Arch Phys Med Rehabil. 2010;91(8):1153-9.
  • 17
    Geneen LJ, Martin DJ, Adams N, Clarke C, Dunbar M, Jones D, et al. Effects of education to facilitate knowledge about chronic pain for adults: a systematic review with meta-analysis. Syst Rev. 2015;4:132.
  • 18
    Louw A, Diener I, Butler DS, Puentedura EJ. The effect of neuroscience education on pain, disability, anxiety, and stress in chronic musculoskeletal pain. Arch Phys Med Rehabil. 2011;92(12):2041-56.
  • 19
    Marris D, Theophanous K, Cabezon P, Dunlap Z, Donaldson M. The impact of combining pain education strategies with physical therapy interventions for patients with chronic pain: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Physiother Theory Pract. 2019;28:1-12 [Epub ahead of print].
  • 20
    Luciano JV, Martínez N, Penãrrubia-María MT, Fernández-Vergel R, García-Campayo J, Verduras C, et al. Effectiveness of a psychoeducational treatment program implemented in general practice for fibromyalgia patients: a randomized controlled trial. Clin J Pain. 2011;27(5)383-91.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Jun 2020
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2020

Histórico

  • Recebido
    02 Out 2019
  • Aceito
    30 Mar 2020
Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 937 Cj2 - Vila Mariana, CEP: 04014-012, São Paulo, SP - Brasil, Telefones: , (55) 11 5904-2881/3959 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: dor@dor.org.br