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Participação doméstica de crianças e adolescentes com TDAH: uma revisão sistemática da literatura

Resumo

Introdução:

No Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, a identificação de prejuízos funcionais no contexto domiciliar é um elemento importante para o diagnóstico.

Objetivo:

Avaliar o conhecimento científico acerca da participação doméstica de crianças e adolescentes com déficit de atenção com hiperatividade e implicações para a prática clínica.

Método:

Revisão sistemática com as palavras-chave/descritores, “attention deficit disorder with hyperactivity”, “ADHD”, “household chores” e “household task” no PubMed e Scopus. Os critérios de inclusão adotados foram: artigos originais, em inglês, amostra composta por crianças e adolescentes com o diagnóstico de TDAH, com idade entre 6 e 17 anos e artigos disponíveis em suas versões completas.

Resultados:

A busca resultou em 43 estudos, sendo apenas quatro incluídos. A partir da análise dos artigos foi possível constatar que crianças com déficit de atenção com hiperatividade desempenham tarefas de modo semelhante ao de crianças com desenvolvimento típico, todavia crianças com TDAH recebem mais assistência pelos cuidadores quando comparadas a seus pares. A idade, sexo, irmão mais velho e a importância atribuída pelos pais parecem estar associados ao aumento no desempenho das tarefas, enquanto os sintomas de oposição, ter o diagnóstico de TDAH e o nível de estresse dos pais, ao aumento da assistência pelos cuidadores.

Conclusão:

São poucos os estudos envolvendo crianças com déficit de atenção com hiperatividade, e não é possível a generalização dos achados. Investigações futuras sobre outros fatores do ambiente domiciliar são necessárias para ampliar o conhecimento sobre a participação dessa população e nortear intervenções para a prática clínica.

Palavras-chave:
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade; Criança; Revisão

Abstract

Introduction:

In the Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD), the identification of functional impairments in home context is an important feature for the diagnosis.

Objective:

To evaluate the scientific knowledge regarding household participation of children with attention deficit with hyperactivity and implications for clinical practice.

Method:

A systematic review was performed using the keywords: “attention deficit disorder with hyperactivity”, “ADHD”, “household chores” and “household task” at PUBMED and SCOPUS. The inclusion criteria adopted were: original articles, in English, studied population composed of children and adolescents with attention deficit hyperactivity disorder, 6 to 17 years old, and articles available in their complete versions.

Results:

The search resulted in 43 articles, and only four studies were included. From the analysis of the articles, it was verified that children with attention deficit hyperactivity disorder perform tasks similar to children with typical development. However, children with ADHD receive more assistance of caregivers than their peers. Age, gender, presence of older sibling, and the importance attributed by parents seem to be associated with increased task performance, while oppositional symptoms, diagnosis of attention deficit hyperactivity disorder, and parental stress level seem to be associated with increased care from caregivers.

Conclusion:

Few studies evaluated household chores participation of children with attention deficit hyperactivity disorder and the findings cannot be generalized. Future investigations about other factors of home environment still need to improve the knowledge about the participation of this population and then to guide interventions in clinical practice.

Keywords:
Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder; Child; Review

1 Introdução

O ambiente domiciliar é onde ocorre a realização de tarefas rotineiras e cotidianas que incluem a preparação de refeições, limpeza e reparos domésticos, o cuidado com os objetos pessoais e com aqueles comuns ao grupo familiar, bem como atividades de auxílio aos demais membros da família. O aprendizado e sucesso na participação dessas tarefas, por sua vez, é resultado das interações entre as características da criança, do ambiente e da tarefa (LAW et al., 1996LAW, M. et al. The person/environment/occupation model: a transitive approach to occupational performance. Canadian Journal of Occupational Therapy, Thousand Oaks, v. 63, n. 1, p. 9-23, 1996.; ROGOFF, 2003ROGOFF, B. A natureza cultural do desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2003.). Dessa forma, a participação constitui-se em um importante indicador de como as relações entre pessoa, ambiente e tarefa estão acontecendo e de como esses fatores se configuram em barreiras ou facilitadores no processo de preparação da criança para uma vida independente.

O desempenho regular das tarefas domésticas possibilita o desenvolvimento de habilidades necessárias para uma maior independência na vida diária e na comunidade, estimulando habilidades que favorecem a autodeterminação, o planejamento, a tomada de decisões e a resolução de problemas (DUNN, 2004DUNN, L. Validation of the CHORES: a measure of school-aged children’s participation in household tasks. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, London, v. 11, n. 4, p. 179-190, 2004.). Essas características são estimuladas pelos desafios e oportunidades vivenciadas no dia a dia, que otimizam a aprendizagem de tarefas através da transferência gradual de responsabilidade passada de pais para seus filhos (GOODNOW, 1988GOODNOW, J. J. Children’s household work: its nature and functions. Psychological Bulletin, Washington, v. 103, n. 1, p. 5-26, 1988.; ROGOFF, 1996ROGOFF, B. Developmental transitions in children’s participation in sociocultural activities. In: SAMEROFF, A.; HAITH, M. M. The five to seven year-shift: the age of reason and responsibility. Chicago: The University of Chicago, 1996. p. 273-294.; HARR; DUNN; PRICE, 2011HARR, N.; DUNN, L.; PRICE, P. Case study on effect of household task participation on home, community, and work opportunities for a youth with multiple disabilities. Work, Amsterdam, v. 39, n. 4, p. 445-453, 2011.).

1.1 Participação de crianças e adolescentes no contexto domiciliar

A participação em tarefas domésticas é um tema que vem sendo estudado ao longo dos últimos trinta anos por pesquisadores das áreas da psicologia e das ciências sociais (GOODNOW, 1988GOODNOW, J. J. Children’s household work: its nature and functions. Psychological Bulletin, Washington, v. 103, n. 1, p. 5-26, 1988., 1996; ROGOFF, 2003ROGOFF, B. A natureza cultural do desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2003.). Inicialmente, esses pesquisadores tinham por objetivo investigar a participação da criança em casa e como isso afetava o seu desenvolvimento (WHITE; BRINKERHOFF, 1981WHITE, L. K.; BRINKERHOFF, D. B. Children’s work in the family: its significance and meaning. Journal of Marriage and Family, Washington, v. 43, n. 4, p. 789-798, 1981.; GOODNOW, 1988GOODNOW, J. J. Children’s household work: its nature and functions. Psychological Bulletin, Washington, v. 103, n. 1, p. 5-26, 1988.; GOODNOW et al., 1991GOODNOW, J. J. et al. Would ask someone else to do this task? Parents’ and children’s ideas about household work requests. Developmental Psychology, Washington, v. 27, n. 5, p. 817-828, 1991.; BOWES; FLANAGAN; TAYLOR, 2001BOWES, J. M.; FLANAGAN, C.; TAYLOR, A. J. Adolescents’ ideas about individual and social responsibility in relation to children’s household work: some 54 international comparisons. International Journal of Behavioral Development, Texas, v. 25, n. 1, p. 60-68, 2001.). Posteriormente, as investigações se estenderam também ao campo da saúde, para compreender como as diversas condições interfeririam no processo de aprendizagem das tarefas domésticas (DUNN, 2004DUNN, L. Validation of the CHORES: a measure of school-aged children’s participation in household tasks. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, London, v. 11, n. 4, p. 179-190, 2004.; DUNN et al., 2009a, 2009b; DUNN; GARDNER, 2013).

No caso de crianças com desenvolvimento atípico, como no Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), o processo de ensinar e aprender as tarefas domésticas tende a ser um pouco diferente, sendo a transferência de responsabilidade altamente guiada pelos pais, cuidadores ou profissionais de saúde (DUNN, 2004DUNN, L. Validation of the CHORES: a measure of school-aged children’s participation in household tasks. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, London, v. 11, n. 4, p. 179-190, 2004.). Em geral, essas crianças têm menos oportunidades de participar das tarefas domésticas, em comparação a crianças com desenvolvimento típico (DUNN, 2004). Uma das razões para essa realidade pode estar relacionada à falta de tempo dos cuidadores para acompanhar as crianças em processo que demanda repetição e reforços, ou mesmo pela crença de que seus filhos não são capazes de realizá-las (HARR; DUNN; PRICE, 2011HARR, N.; DUNN, L.; PRICE, P. Case study on effect of household task participation on home, community, and work opportunities for a youth with multiple disabilities. Work, Amsterdam, v. 39, n. 4, p. 445-453, 2011.).

Estudos compararam os padrões de participação de crianças com desenvolvimento atípico (DUNN; GARDNER, 2013DUNN, L.; GARDNER, J. Household task participation of children with and without physical disability. American Journal of Occupational Therapy, Bethesda, v. 67, n. 5, p. 1-6, 2013.), tais como Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) (DUNN et al., 2009a, 2009b), Síndrome de Down e Paralisia Cerebral (AMARAL et al., 2014AMARAL, M. et al. Household task participation of children and adolescents with cerebral palsy, Down syndrome and typical development. Research in Developmental Disabilities, United States, v. 35, n. 2, p. 414-422, 2014.) ao de crianças com desenvolvimento típico. Esses estudos demonstraram que o desempenho das tarefas ocorre de modo semelhante, no entanto, as crianças com TDAH tendem a ser mais dependentes de assistência dos pais quando comparadas com seus pares. Fatores particulares da criança e socioambientais como a idade, presença de um irmão mais velho e a importância dada pelos pais ao envolvimento na rotina familiar foram preditivos de aumento no desempenho nas tarefas domésticas (DUNN et al., 2009b).

Crianças com TDAH podem apresentar dificuldades em iniciar e manter a realização de tarefas de cuidado pessoal, de cuidados domésticos e de socialização (ENGEL-YEGER; ZIV-ON, 2011ENGEL-YEGER, B.; ZIV-ON, D. The relationship between sensory processing difficulties and leisure activity preference of children with different types of ADHD. Research in Developmental Disabilities, United States, v. 32, n. 3, p. 1154-1162, 2011.; GARNER et al., 2013GARNER, A. A. et al. The relationship between ADHD symptom dimensions, clinical correlates, and functional impairments. Journal of Developmental and Behavioral Pediatrics, Baltimore, v. 34, n. 7, p. 469-477, 2013.). A presença de prejuízos em mais de um ambiente, tais como escola e casa, é uma característica essencial para diagnóstico de TDAH (AMERICAN..., 1994AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-IV). Washington: APA, 1994.). Dessa forma, a compreensão de como se dá a participação no ambiente doméstico pode ser informativo sobre a sua funcionalidade, bem como sobre as acomodações e estratégias realizadas pela família para possibilitar o engajamento dessas crianças na rotina familiar. O acesso às tarefas, a quantidade de assistência disponibilizada e o quanto a criança é responsabilizada por tarefas de natureza pessoal ou familiar são aspectos que podem se tornar também marcadores importantes do processo de desenvolvimento da criança e sobre o curso de seu diagnóstico.

É relativamente comum que crianças com TDAH apresentem comorbidades psiquiátricas associadas, cujos sintomas podem agravar ainda mais os prejuízos funcionais e ser um fator limitante para o acesso dessas crianças às oportunidades de participação no ambiente domiciliar (MENDES et al., 2016MENDES, C. G. et al. Household task demands for quiet and focused behavior facilitate performance by ADHD youth. Arquivos de NeuroPsiquiatria-, São Paulo, v. 72, n. 7, p. 524-529, 2016.). Além disso, pais de crianças com TDAH são mais susceptíveis a desenvolver problemas psiquiátricos como depressão e ansiedade, e também apresentar quadro clínico de TDAH, o que pode impactar diretamente as relações entre a criança e seus cuidadores, favorecendo o uso de estratégias ineficientes e estilos parentais inconsistentes (CUSSEN et al., 2012CUSSEN, A. et al. Relationship between symptoms of attention-deficit/hyperactivity disorder and family functioning: a community-based study. European Journal of Pediatrics, Berlin, v. 171, n. 2, p. 271-280, 2012.). Por fim, sendo a casa um contexto de referência primária de participação infantil (AMARAL et al., 2012AMARAL, M. et al. Tradução do questionário Children Heping Out-Responsibilities, Expectations and Supports (CHORES) para o português- Brasil: equivalências semântica, idiomática, conceitual, experiencial e administração em crianças e adolescentes normais e com paralisia cerebral. Brazilian Journal of Physical Therapy, São Carlos, v. 16, n. 6, p. 515-522, 2012.) e em se tratando do TDAH, com toda sua complexidade e vulnerabilidade aos fatores ambientais, a informação sobre a participação doméstica e a relação entre criança e cuidador pode nortear ações de intervenção importantes nessa população.

Diante do exposto, buscou-se realizar uma revisão sistemática da literatura para investigar o conhecimento científico acerca da participação doméstica de crianças e adolescentes com TDAH e implicações na prática clínica.

2 Método

Foi realizada uma revisão sistemática seguindo as etapas de construção previstas: definição da pergunta norteadora da pesquisa, estratégia de busca para seleção e extração dos dados, avaliação da qualidade metodológica, síntese dos dados, avaliação da qualidade das evidências e redação dos resultados (PEREIRA; GALVÃO, 2014PEREIRA, M. G.; GALVAO, T. F. Etapas de busca e seleção de artigos em revisões sistemáticas da literatura. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, v. 23, n. 2, p. 369-371, 2014.). As questões norteadoras desta revisão foram: Como acontece a participação em tarefas domésticas de crianças com TDAH? Quais são as potenciais implicações desse tema para a prática clínica? Para a busca, foram utilizados o descritor presente no Medical Subject Headings (MeSH): “attention deficit disorder with hyperactivity”, e as seguintes palavras-chave consideradas relevantes para busca dos artigos relacionados ao tema: “ADHD”, “household chores” e “household task”. Todos os descritores e palavras-chave usados em língua inglesa e foram combinados segundo os operadores AND e OR, nas respectivas plataformas PubMed e base de dados Scopus (Tabela 1). Os critérios de inclusão foram: estudos sobre participação doméstica de crianças e adolescentes com diagnóstico de TDAH, idade entre 6 e 17 anos, em inglês, indexados nas bases Scopus e no PubMed. Não houve delimitação de ano de publicação. Foram excluídos estudos que não estavam disponíveis em suas versões completas.

Tabela 1
Estratégias de busca.

Todos os artigos identificados pelas estratégias de busca foram avaliados pela leitura de seu título, resumo e, quando necessário, pela leitura do conteúdo, para auxiliar na seleção de artigos que fossem elegíveis conforme os critérios de inclusão adotados previamente. O mesmo procedimento foi realizado por dois pesquisadores independentes, que após a inclusão dos estudos para síntese compararam seus achados. Havendo discordância entre dados, um terceiro pesquisador foi eleito para juiz da seleção final dos estudos. Para os estudos elegíveis foram obtidos textos completos.

Os textos disponíveis foram lidos criteriosamente e analisados minuciosamente, conforme o modelo do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses - PRISMA (LIBERATI et al., 2009LIBERATI, A. et al. The PRISMA statement for reporting systematic reviews and meta-analyses of studies that evaluate health care interventions: explanation and elaboration. BMJ, London, v. 339, p. 1-27, 2009.; GALVÃO; PANSANI; DAVID, 2015GALVÃO, T. F.; PANSANI, T. S. A.; DAVID, H. Principais itens para relatar revisões sistemáticas e meta-análises: a recomendação PRISMA. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, v. 24, n. 2, p. 335-342, 2015.). Foi elaborado um banco de dados que serviu para categorização das informações dos artigos, seguindo a mesma sequência de numeração dos estudos selecionados (Tabela 2). As informações foram divididas nas categorias: amostra, objetivos, resultados principais e implicações para a prática clínica (Tabela 3).

Tabela 2
Estudos selecionados para revisão sistemática.

Tabela 3
Categorização para análise dos estudos.

3 Resultados/Discussão

As estratégias de busca adotadas levantaram um total de 43 estudos, sendo apenas quatro incluídos na revisão (Figura 1).

Figura 1
Diagrama de fluxo dos estudos filtrados, avaliados para elegibilidade, incluídos e excluídos.

Em relação à nacionalidade dos estudos, um deles é brasileiro e os demais são americanos, publicados nos anos de 2016, 2009 e 2004 respectivamente. A falta de estudos faz com que o conhecimento em relação ao contexto cultural brasileiro seja ainda pequeno e possamos generalizar menos sobre o papel da participação doméstica nas crianças com TDAH.

A participação doméstica tem sido um tema incipiente nos últimos dez anos, no entanto, já se sabe que ela é influenciada pelo conjunto de fatores da própria criança e do meio em que ela vive. Mais precisamente no contexto brasileiro, ainda é um tema recente, que nos últimos seis anos tem sido explorado por pesquisadores da área da terapia ocupacional. O estudo de Amaral et al. (2014AMARAL, M. et al. Household task participation of children and adolescents with cerebral palsy, Down syndrome and typical development. Research in Developmental Disabilities, United States, v. 35, n. 2, p. 414-422, 2014.) investigou as diferenças nos perfis de participação entre crianças com e sem deficiência, mais especificamente crianças com paralisia cerebral e Síndrome de Down. Todavia pouco se sabia sobre o perfil de participação e fatores relacionados das crianças com desenvolvimento típico. Por isso, em 2015, o estudo de Drummond et al. (2015DRUMMOND, A. F. et al. Predictive factors of household task participation in Brazilian children and adolescents. OTJR: Occupation, Participation and Health, Thorofare, v. 35, n. 2, p. 101-109, 2015.) investigou os fatores que impactam a participação doméstica de crianças brasileiras, particularmente no que tange às tarefas de cuidado familiar, contribuindo para novos segmentos na área.

Por outro lado, mesmo sendo as tarefas domésticas um assunto tão comum no dia a dia das pessoas e reportado pelas famílias como algo importante, isso nem sempre condiz com a satisfação destas em relação ao desempenho atual das crianças, como demonstrado em Drummond (2014DRUMMOND, A. F. Participação de crianças e de adolescentes nas tarefas domésticas. 2014. 125 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014.). Esse distanciamento parece perpassar pela necessidade de que as crianças tenham acesso aos meios para participar, bem como da dificuldade dos pais em acompanhar a execução das tarefas e atribuir responsabilidades para que o aprendizado de fato ocorra (DRUMMOND, 2014DRUMMOND, A. F. Participação de crianças e de adolescentes nas tarefas domésticas. 2014. 125 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014.).

Desse modo, conhecer como as crianças participam em casa podem trazer informações valiosas sobre quão aliada ou não está a expectativa da família ao que realmente acontece. É possível que diante de uma condição de saúde específica, como o TDAH, a criança pode não corresponder às expectativas dos pais por não ter no ambiente condições para tal, ou simplesmente não ter oportunidade de fazer, pelos pais acharem que ela pode não dar conta.

Em relação à amostra dos estudos, um deles incluiu crianças com deficiências físicas e de comportamento, além do TDAH (DUNN, 2004DUNN, L. Validation of the CHORES: a measure of school-aged children’s participation in household tasks. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, London, v. 11, n. 4, p. 179-190, 2004.), enquanto os demais avaliaram especificamente a participação doméstica no contexto do TDAH (MENDES et al., 2016MENDES, C. G. et al. Household task demands for quiet and focused behavior facilitate performance by ADHD youth. Arquivos de NeuroPsiquiatria-, São Paulo, v. 72, n. 7, p. 524-529, 2016.) ou comparando com crianças com desenvolvimento típico (DUNN et al., 2009a, 2009b).

Em relação aos instrumentos utilizados para avaliar a participação doméstica de crianças e adolescentes com TDAH, todos os estudos selecionados utilizaram o mesmo instrumento: o Children Helping Out: Responsibilities, Expectations and Supports (CHORES), que recentemente foi traduzido para o português por pesquisadores da área da terapia ocupacional. Através desse instrumento, é possível compreender o envolvimento das crianças na rotina das tarefas domésticas e documentar mudanças ao longo do tempo, sendo de grande utilidade na prática clínica por possibilitar um acompanhamento da funcionalidade da criança no contexto domiciliar e avaliar resultados de intervenções com crianças com deficiências nos mais diversos cenários (AMARAL et al., 2014AMARAL, M. et al. Household task participation of children and adolescents with cerebral palsy, Down syndrome and typical development. Research in Developmental Disabilities, United States, v. 35, n. 2, p. 414-422, 2014.; MENDES et al., 2016MENDES, C. G. et al. Household task demands for quiet and focused behavior facilitate performance by ADHD youth. Arquivos de NeuroPsiquiatria-, São Paulo, v. 72, n. 7, p. 524-529, 2016.).

O CHORES é hoje um dos instrumentos mais utilizados para avaliar a participação em tarefas domésticas de crianças em idade escolar, entre 6 e 14 anos, e as mudanças ao longo do tempo, considerando os valores das famílias e suas atividades (DUNN, 2004DUNN, L. Validation of the CHORES: a measure of school-aged children’s participation in household tasks. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, London, v. 11, n. 4, p. 179-190, 2004.). É importante ressaltar que esse instrumento não visa descrever tarefas que são realizadas eventualmente pela criança, mas sim aquelas que são responsabilizadas pelos pais para que elas realizem frequentemente. Por isso, a consideração dos valores e expectativas dos pais é que determina quais tarefas ocorrem e a quantidade de ajuda necessária para sua execução O engajamento nas tarefas domésticas é reportado sob a perspectiva dos pais, em duas subescalas: cuidado próprio (incluem as tarefas relacionados a interesses pessoais da criança, como guardar a própria roupa, guardar os brinquedos depois que brinca) e cuidado familiar (incluem as tarefas relacionadas a interesses comuns da família, como guardar a roupa da família, arrumar uma área compartilhada com os outros) (DUNN, 2004).

Um dos estudos objetivou avaliar as propriedades psicométricas desse instrumento (DUNN, 2004DUNN, L. Validation of the CHORES: a measure of school-aged children’s participation in household tasks. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, London, v. 11, n. 4, p. 179-190, 2004.). Os resultados apontaram a medida como capaz de captar diferenças entre as crianças na extensão de sua participação, suportado pelos níveis globais de assistência avaliados, e revelou forte confiabilidade e validade.

3.1 A participação doméstica de crianças com TDAH: perfil e fatores relacionados

Os estudos de Dunn et al. (2009aDUNN, L. et al. Household task participation of children with and without attentional problems. Physical and Occupational Therapy in Pediatrics, London, v. 29, n. 3, p. 258-273, 2009a., 2009b) revelaram que crianças com TDAH apresentaram desempenho semelhante ao de crianças com desenvolvimento típico, diferenciando apenas na quantidade de assistência disponibilizada pelos cuidadores. Esses resultados sugerem que o diagnóstico de TDAH é um fator que influencia a participação, no que tange à assistência disponibilizada pelos cuidadores.

No CHORES, as tarefas são pontuadas conforme relato dos pais, e uma pontuação para cada item é somada, gerando escores totais e parciais de desempenho e assistência nas subescalas de cuidado próprio e de cuidado familiar. Escores elevados de desempenho no CHORES indicam que a criança realiza um número grande de tarefas de casa. EmDunn et al. (2009aDUNN, L. et al. Household task participation of children with and without attentional problems. Physical and Occupational Therapy in Pediatrics, London, v. 29, n. 3, p. 258-273, 2009a., 2009b), as médias de desempenho nas tarefas de cuidado próprio e cuidado familiar de crianças com TDAH variaram entre 11,2 (com desvio padrão de 1,6; máximo possível =12) e 12,0 (com desvio padrão de 3,0; máximo possível = 21) (DUNN et al., 2009aDUNN, L. et al. Household task participation of children with and without attentional problems. Physical and Occupational Therapy in Pediatrics, London, v. 29, n. 3, p. 258-273, 2009a., 2009b), respectivamente. No que tange ao tipo de tarefas realizadas, identificou-se que crianças, de ambos os grupos, desempenhavam mais tarefas de cuidado próprio em comparação a tarefas de cuidado familiar. As médias de assistência disponibilizada pelos cuidadores reportadas foram de 80,5 (com desvio padrão de 9,7) para as tarefas de cuidado próprio, e 76,9 (com desvio padrão de 9,9) para tarefas de cuidado familiar. Quanto maior esses escores, menos é assistência disponibilizada pelos cuidadores, indicando maior independência da criança nas tarefas.

Por outro lado, em Dunn (2004DUNN, L. Validation of the CHORES: a measure of school-aged children’s participation in household tasks. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, London, v. 11, n. 4, p. 179-190, 2004.), os resultados de uma pequena amostra, comparando crianças com e sem deficiência, dentre elas o TDAH, demonstraram que crianças com desenvolvimento típico desempenhavam mais tarefas quando comparadas a seus pares com deficiência. As médias de desempenho nas tarefas de cuidado próprio e cuidado familiar de crianças com TDAH variaram entre 9,72 (desvio padrão = 2,44; máximo possível =12) e 10,16 (desvio padrão =3,19; máximo possível= 21) (DUNN, 2004DUNN, L. Validation of the CHORES: a measure of school-aged children’s participation in household tasks. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, London, v. 11, n. 4, p. 179-190, 2004.), e 11,2 (com desvio padrão de 1,6) e 12,0 (com desvio padrão de 3,0) (DUNN et al., 2009a, 2009b) respectivamente. Em relação à assistência, nas tarefas de cuidado próprio e cuidado familiar, as médias encontradas foram de 7,72 (com desvio padrão de 2,22) e 8,67 (com desvio padrão de 2,93) (DUNN, 2004), respectivamente.

Sabendo que ter o diagnóstico de TDAH é um fator de impacto para a assistência disponibilizada pelos cuidadores (DUNN et al., 2009aDUNN, L. et al. Household task participation of children with and without attentional problems. Physical and Occupational Therapy in Pediatrics, London, v. 29, n. 3, p. 258-273, 2009a., 2009b), o estudo brasileiro avaliou os fatores relacionados ao diagnóstico que poderiam influenciar a participação doméstica da criança, investigando elementos como número de sintomas de TDAH (desatenção, hiperatividade/impulsividade) ou de comorbidades (sintomas do Transtorno Opositivo Desafiador, TOD) (MENDES et al., 2016MENDES, C. G. et al. Household task demands for quiet and focused behavior facilitate performance by ADHD youth. Arquivos de NeuroPsiquiatria-, São Paulo, v. 72, n. 7, p. 524-529, 2016.). Os resultados revelaram que quanto maior o número de sintomas de hiperatividade/impulsividade e de oposição, maior é a assistência disponibilizada pelos cuidadores. Dessa forma, a sintomatologia do TDAH e de comorbidades associadas, como do Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), traz um impacto importante no ambiente domiciliar, no que tange às relações entre criança e cuidador para realização das tarefas.

Sobre os fatores pessoais que influenciam a participação, os estudos encontrados apontaram a idade da criança como fator preditivo do aumento de participação nas tarefas domésticas realizadas, independentemente do diagnóstico de TDAH (DUNN et al., 2009bDUNN, L. et al. Factors associated with participation of children with and without ADHD in household tasks. Physical and Occupational Therapy in Pediatrics, London, v. 29, n. 3, p. 274-294, 2009b.; MENDES et al., 2016MENDES, C. G. et al. Household task demands for quiet and focused behavior facilitate performance by ADHD youth. Arquivos de NeuroPsiquiatria-, São Paulo, v. 72, n. 7, p. 524-529, 2016.). Em adição, o estudo de Mendes et al. (2016MENDES, C. G. et al. Household task demands for quiet and focused behavior facilitate performance by ADHD youth. Arquivos de NeuroPsiquiatria-, São Paulo, v. 72, n. 7, p. 524-529, 2016.) apontou a idade, nas crianças com TDAH, também como preditiva de menos assistência disponibilizada pelos cuidadores. Esses resultados corroboram a literatura que já apontava a influência da idade nas crianças com desenvolvimento típico. Segundo Goodnow (1996GOODNOW, J. J. From household practices to parents’ ideas about work and interpersonal relationships. In: HARKNESS, S.; SUPER, C. M. (Ed.). Parents’ cultural belief systems: their origins, expressions, and consequences. New York: Guilford Press, 1996. p. 313-344.), é esperado que a participação nas tarefas domésticas tenha início entre 4 e 6 anos, momento em que os pais transferem aos filhos a responsabilidade de tarefas relacionadas ao cuidado próprio. Entre 11 e 14 anos, outras responsabilidades diárias de tarefas mais complexas são transferidas, relacionadas ao cuidado de outros membros da família e de áreas comuns (GOODNOW, 1996GOODNOW, J. J. From household practices to parents’ ideas about work and interpersonal relationships. In: HARKNESS, S.; SUPER, C. M. (Ed.). Parents’ cultural belief systems: their origins, expressions, and consequences. New York: Guilford Press, 1996. p. 313-344.). Observa-se que o número de atividades aumenta com o passar do tempo e consequentemente os pais disponibilizam menos assistência para a criança realizar as tarefas, algo que ocorre mesmo nas crianças com diagnóstico de TDAH (DUNN et al., 2009b; MENDES et al., 2016). Com o aumento da idade, é esperada uma redução dos sintomas de hiperatividade, tão marcantes nas crianças mais novas (HARPIN, 2005HARPIN, V. A. The effect of ADHD on the life of an individual, their family, and community from preschool to adult life. Archives of Disease in Childhood, London, v. 90, p. i2-i7, 2005. Supplement 1.). Isso pode ter um impacto positivo para aumentar o acesso dessas crianças à participação doméstica, justificando o efeito da idade, mesmo com o diagnóstico.

A presença de um irmão mais velho também foi identificada como fator preditivo do aumento da quantidade de assistência disponibilizada (DUNN et al., 2009bDUNN, L. et al. Factors associated with participation of children with and without ADHD in household tasks. Physical and Occupational Therapy in Pediatrics, London, v. 29, n. 3, p. 274-294, 2009b.). O TDAH é uma condição de saúde heterogênea e susceptível ao desenvolvimento de comorbidades associadas ao diagnóstico, podendo tornar o perfil de funcionalidade da criança cada vez mais complexo (ENGEL-YEGER; ZIV-ON, 2011ENGEL-YEGER, B.; ZIV-ON, D. The relationship between sensory processing difficulties and leisure activity preference of children with different types of ADHD. Research in Developmental Disabilities, United States, v. 32, n. 3, p. 1154-1162, 2011.; KAWABATA; TSENG; GAU, 2012KAWABATA, Y.; TSENG, W. L.; GAU, S. S. Symptoms of attention-deficit/hyperactivity disorder and social and school adjustment: the moderating roles of age and parenting. Journal of Abnormal Child Psychology, New York, v. 40, n. 2, p. 177-188, 2012.). Da mesma forma, essa população pode apresentar perfis distintos de participação doméstica, tendo em vista essas variáveis.

3.2 Implicações para a prática clínica

Em seu sentido mais amplo, alcançar a saúde, bem-estar e a participação na vida por meio do envolvimento na ocupação é o que descreve o domínio e o processo de terapia ocupacional (CAVALCANTI; DUTRA; ELUI, 2015CAVALCANTI, A.; DUTRA, F.; ELUI, V. Estrutura da prática da terapia ocupacional: domínio & processo. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 26, p. 1-49, 2015. Edição Especial.). A compreensão de como se dá a participação de crianças com TDAH em tarefas no ambiente doméstico traz informações importantes sobre o desempenho atual dessa criança, facilitadores e dificultadores para o engajamento, bem como da dinâmica familiar e relações que se fazem nesse contexto.

Temos instrumento disponível em português que pode ser um aliado importante para a avaliação ocupacional dessas famílias e crianças, tendo em vista a especificidade em mensurar desempenho de tarefas e assistência dos cuidadores. Da mesma forma, essa avaliação tem potencial de promover discussões entre as famílias e profissionais acerca da rotina diária de seus filhos, oportunidades de participação, demandas das tarefas e o uso de estratégias para apoiar e favorecer o melhor desempenho dessas crianças em casa.

Por outro lado, sabemos que nem sempre os ganhos motores, cognitivos, sensoriais e psíquicos percebidos na terapia são vivenciados em casa, não havendo necessariamente uma generalização das vivências no setting terapêutico para o ambiente familiar (DRUMMOND, 2014DRUMMOND, A. F. Participação de crianças e de adolescentes nas tarefas domésticas. 2014. 125 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014.). Dessa forma, uma melhor compreensão de como essa criança/adolescente desempenha as tarefas domésticas pode contribuir para que o terapeuta identifique possíveis barreiras que dificultem a generalização para o contexto real da criança, minimizando assim as inconsistências que tendem a ocorrer entre o desempenho observado nos contextos terapêutico e de casa.

4 Conclusão

Considerando a heterogeneidade do TDAH, os poucos estudos envolvendo crianças com essa condição não permitem a generalização para crianças e adolescentes com esse diagnóstico. Especialmente no contexto brasileiro, faz-se necessário o desdobramento das pesquisas desenvolvidas até o momento, e estudos com crianças com TDAH com amostras maiores e representativas. A partir desta revisão, entendemos que o engajamento dessas crianças nas tarefas domésticas sofre um impacto significativo de fatores do contexto onde elas vivem e do próprio diagnóstico, que implica especificamente maior quantidade de assistência por parte dos cuidadores. Outros estudos serão necessários para explorar outros fatores do ambiente familiar que podem restringir ou facilitar a participação doméstica das crianças, sendo importantes para ampliar o conhecimento sobre perfis distintos e determinar intervenções ocupacionais específicas para essa população.

No âmbito da terapia ocupacional, os resultados desta revisão contribuem para o aprofundamento desse campo de conhecimento, no contexto do TDAH, ainda tão pouco explorado, contribuindo também para fortalecer o foco da profissão para a relação pessoa-ocupação-contexto, em vez das análises da patologia (DRUMMOND, 2014DRUMMOND, A. F. Participação de crianças e de adolescentes nas tarefas domésticas. 2014. 125 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014.).

Agradecimentos

Este estudo foi apoiado pelas agências brasileiras de fomento à pesquisa: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e Conselho Nacional de desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul 2018

Histórico

  • Recebido
    04 Jul 2017
  • Revisado
    26 Fev 2018
  • Aceito
    11 Maio 2018
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