Avaliação do acesso ao tratamento de tuberculose sob a perspectiva de usuários

Furlan, Mara Cristina Ribeiro; Marcon, Sonia Silva

doi:10.1590/1414-462X201700030139

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Sumário

Artigos Originais • Cad. saúde colet. 25 (3) • July-Sept 2017 • https://doi.org/10.1590/1414-462X201700030139 copiar

Avaliação do acesso ao tratamento de tuberculose sob a perspectiva de usuários

Evaluation of access to tuberculosis treatment from the point of view of patients

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Objetivo

Analisar, na perspectiva dos usuários, o acesso ao tratamento de tuberculose (TB) em serviços de saúde vinculados às Unidades Básicas de Saúde (UBS)/Unidades Saúde da Família (USF) e em ambulatórios de referência.

Método

Estudo transversal, em que foram entrevistados 89 pacientes que realizavam o tratamento de TB no âmbito da 15ª Regional de Saúde do Paraná, com uso do questionário Primary Care Assessment Tool. Os dados foram submetidos à análise de variância.

Resultados

As pessoas gastam menos com transporte quando realizam tratamento nas UBS/USF. No entanto, alguns indicadores, como marcação da consulta por telefone e espera média na consulta de retorno, são mais eficazes nos ambulatórios de referência. A visita domiciliar é realizada de forma insatisfatória em ambos os tipos de serviços.

Conclusão

Há muitos desafios a serem enfrentados para que o acesso ao tratamento de TB consiga ser satisfatório tanto nas UBS/USF quanto nos serviços de referência.

Palavras-chave:
tuberculose; família; avaliação de serviços de saúde; acesso aos serviços de saúde; enfermagem

Municípios	População		Casos de tuberculose		Estratégia Saúde da Família (ESF) implantada	Proporção de cobertura populacional estimada pela ESF
Municípios	N	%	N	%	N	%
Serviço de controle da tuberculose centralizado
Astorga	24780	3,7	3	2,0	5	69,6
Colorado	22452	3,4	5	2,0	6	92,2
Mandaguaçu	20008	3,0	5	3,3	2	34,4
Mandaguari	32855	4,9	5	2,0	6	63,2
Nova Esperança	26684	4,0	5	3,3	6	77,5
Paiçandú	36333	5,5	4	2,7	6	56,9
Sarandi	83724	12,6	19	18,6	1	4,1
Serviço de controle da tuberculose descentralizado
Doutor Camargo	5832	0,9	1	0,7	1	59,1
Floraí	5032	0,8	1	0,7	1	68,5
Iguaraçu	4012	0,6	1	0,7	1	85,9
Itaguajé	4553	0,7	1	0,7	1	75,7
Itambé	5981	0,9	5	3,3	2	100
Ivatuba	3027	0,5	1	0,7	1	100
Marialva	32209	4,8	3	2,0	6	64,2
Maringá	362329	54,5	78	48,4	64	60,9
Ourizona	3379	0,5	3	2,0	1	100
Paranacity	10338	1,6	4	2,7	-	-
Presidente Castelo Branco	4821	0,7	2	1,4	1	71,5
Santa Fé	10552	1,6	1	0,7	1	32,7
Santo Inácio	5276	0,8	1	0,7	1	65,3
São Jorge do Ivaí	5521	0,8	1	0,7	1	62,5
Uniflor	2475	0,4	2	1,4	1	100

Variáveis	Pacientes em tratamento nas Unidades Básicas de Saúde/Unidades Saúde da Família (N=64)		Pacientes em tratamento nos ambulatórios de referência (N=25)		Total
Variáveis	N	%	N	%	N	%
Forma clínica da tuberculose
Pulmonar	50	78,1	23	92,0	73	82,0
Extrapulmonar	14	21,9	2	8,0	16	18,0
Tempo de tratamento medicamentoso
>1 mês até 3 meses	14	21,9	-	-	14	15,7
>3 meses até 6 meses	31	48,4	15	60,0	46	51,7
>6 até 9 meses	4	6,3	3	12,0	7	7,9
Concluído	15	23,4	7	28,0	22	24,7
Sexo
Masculino	30	46,9	15	60,0	45	50,6
Feminino	34	53,1	10	40,0	44	49,4
Idade
18-29 anos	8	12,5	4	16,0	12	13,5
30-49 anos	35	54,7	11	44,0	46	51,7
50-59 anos	14	21,9	9	36,0	23	25,8
60 anos ou mais	7	10,9	1	4,0	8	9,0
Estado civil
Solteiro	18	28,1	6	24,0	24	27,0
Casado	33	51,6	17	68,0	50	56,2
Separado/divorciado	9	14,1	1	4,0	10	11,2
Viúvo	4	6,3	1	4,0	5	5,6
Trabalhava antes da tuberculose
Sim	48	75,0	22	88,0	70	78,7
Não	16	25,0	3	12,0	19	21,3
Continuou trabalhando depois da tuberculose
Sim	26	40,6	11	44,0	37	41,6
Não	38	59,4	14	56,0	52	58,4
Renda familiar
Sem renda	3	4,7	1	4,0	4	4,5
Até 1 salário mínimo (SM)	15	23,4	4	16,0	19	21,3
>1 até 3 SM	33	51,6	14	56,0	47	52,8
>3 até 5 SM	5	7,8	4	16,0	9	10,1
>5 SM	8	12,5	2	8,0	10	11,2
Escolaridade
Sem escolaridade	1	1,6	1	4,0	2	2,2
Ensino fundamental incompleto	40	62,5	17	68,0	53	59,6
Ensino fundamental completo	4	6,3	-	-	4	4,5
Ensino médio incompleto	7	10,9	3	12,0	10	11,2
Ensino médio completo	7	10,9	3	12,0	10	11,2
Ensino superior incompleto	1	1,6	1	4,0	2	2,2
Ensino superior completo	4	6,3	-	-	4	4,5
Número de pessoas que moram na casa
1 a 3	34	53,1	18	72,0	52	58,4
4 ou mais	30	46,9	7	28,0	37	41,6

Variáveis	Paciente em tratamento na Unidade Básica de Saúde Unidades Básicas de Saúde/Unidades Saúde da Família (n=64)		Paciente em tratamento no ambulatório de referência (n=25)		*P-valor*
Variáveis	Média	DP ^a a Desvio Padrão;	Média	DP ^a a Desvio Padrão;	*P-valor*
Consulta médica em menos de 24 horas^b b Categorias das respostas às questões que compuseram a variável: 1=nunca; 2=quase nunca; 3=às vezes; 4=quase sempre; 5=sempre;	3,50	0,23	4,00	0,35	0,2577
Informações por telefone na unidade de saúde^b b Categorias das respostas às questões que compuseram a variável: 1=nunca; 2=quase nunca; 3=às vezes; 4=quase sempre; 5=sempre;	2,44	0,39	2,00	0,98	0,6807
Marcação de consulta por telefone^b b Categorias das respostas às questões que compuseram a variável: 1=nunca; 2=quase nunca; 3=às vezes; 4=quase sempre; 5=sempre;	3,62	0,78	4,37	0,74	0,0001^d d Estatisticamente significativo
Recebimento de visita domiciliar durante o tratamento^b b Categorias das respostas às questões que compuseram a variável: 1=nunca; 2=quase nunca; 3=às vezes; 4=quase sempre; 5=sempre;	2,37	0,18	1,36	0,29	0,0010^d d Estatisticamente significativo
Realização do tratamento de tuberculose na unidade de saúde mais próxima de casa^b b Categorias das respostas às questões que compuseram a variável: 1=nunca; 2=quase nunca; 3=às vezes; 4=quase sempre; 5=sempre;	3,93	0,20	2,20	0,32	<0,001^d d Estatisticamente significativo
Perda do dia de trabalho ou compromissos devido à consulta de tuberculose^c c Categorias das respostas às questões que compuseram as variáveis: 5=nunca; 4=quase nunca; 3=às vezes; 2=quase sempre; 1=sempre;	3,68	0,22	2,52	0,36	0,0074^d d Estatisticamente significativo
Dificuldade para se deslocar até a unidade de saúde^c c Categorias das respostas às questões que compuseram as variáveis: 5=nunca; 4=quase nunca; 3=às vezes; 2=quase sempre; 1=sempre;	4,59	0,22	4,12	0,36	0,1926
Utilização de transporte motorizado no deslocamento até a unidade de saúde^c c Categorias das respostas às questões que compuseram as variáveis: 5=nunca; 4=quase nunca; 3=às vezes; 2=quase sempre; 1=sempre;	3,34	0,23	2,12	0,37	0,0077^d d Estatisticamente significativo
Despesa com transporte até a unidade de saúde^c c Categorias das respostas às questões que compuseram as variáveis: 5=nunca; 4=quase nunca; 3=às vezes; 2=quase sempre; 1=sempre;	4,04	0,22	2,92	0,35	0,0081^d d Estatisticamente significativo
Falta de medicamentos durante o tratamento^c c Categorias das respostas às questões que compuseram as variáveis: 5=nunca; 4=quase nunca; 3=às vezes; 2=quase sempre; 1=sempre;	4,57	0,11	4,68	0,18	0,6385
Espera média por consulta de retorno maior que 60 minutos^c c Categorias das respostas às questões que compuseram as variáveis: 5=nunca; 4=quase nunca; 3=às vezes; 2=quase sempre; 1=sempre;	3,58	0,18	4,76	0,29	0,0021^d d Estatisticamente significativo
Oferecimento de cesta básica^b b Categorias das respostas às questões que compuseram a variável: 1=nunca; 2=quase nunca; 3=às vezes; 4=quase sempre; 5=sempre;	1,12	0,07	1,24	0,12	0,4345
Oferecimento de vale-transporte^b b Categorias das respostas às questões que compuseram a variável: 1=nunca; 2=quase nunca; 3=às vezes; 4=quase sempre; 5=sempre;	1,12	0,06	1,08	0,11	0,7320

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[1] Endereço para correspondência: Mara Cristina Ribeiro Furlan, Av. Cap. Olinto Mancini, 1662 – Colinos, CEP: 79600-080 – Três Lagoas (MS), Brasil – Email: maracristina.mga@gmail.com