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Influência do apoio social e capital social no consumo alimentar de adultos no sul do Brasil

Influence of social support and social capital on food consumption of adults in southern Brazil

Resumo

Introdução

As escolhas alimentares podem ser influenciadas por apoio social e capital social.

Objetivo

Investigar as relações do apoio social e capital social com o consumo alimentar.

Método

Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, com uma amostra aleatória de 1.098 adultos (≥ 18 anos de idade) de uma cidade no Sul do Brasil. O apoio social foi mensurado por meio da escala Medical Outcomes Study (MOS), e o capital social contemplou a avaliação dos indicadores de coesão social, apoio dos vizinhos, controle social informal, eficácia política e ação social. Para o consumo alimentar, utilizou-se de uma escala com base nas orientações do guia alimentar para a população brasileira.

Resultados

A média de idade da amostra foi de 44 anos (DP[Desvio-padrão] = 15,8), e identificou-se um consumo alimentar adequado em 38,6% (IC95%: 35,7 a 41,5). Após ajuste, observou-se uma probabilidade 40% maior para adoção de consumo alimentar adequado (saudável) entre os indivíduos com maior nível de apoio social (OR = 1,47; IC95%: 1,07 a 2,03), coesão social (OR = 1,40; IC95%: 1,02 a 1,92) e apoio dos vizinhos (OR = 1,45; IC95%: 1,04 a 2,02).

Conclusão

Os aspectos psicossociais, tanto individual quanto contextual, podem desempenhar um papel importante no consumo alimentar saudável em adultos.

Palavras-chave:
aspectos psicossociais; capital social; apoio social; consumo alimentar

Abstract

Background

Food choices can be influenced by psychosocial factors.

Objective

To investigate the relationships between social support and social capital with food consumption.

Method

This is a population-based cross-sectional study with a random sample of 1098 adults (≥18 years old) from a medium-sized city in southern Brazil. Social support was measured by Medical Outocomes Study (MOS) scale and social capital was assessed by social cohesion, neighbor support, informal social control, political effectiveness, and social action. For the assessment of food consumption was applied a scale based on the food guide for the Brazilian population.

Results

The mean age of the sample was 44 years (SD [Standard Deviation] = 15.8) and adequate food consumption was identified in 38.6% (95% CI: 35.7 to 41.5). After adjustment, there was a 40% higher probability of adopting adequate (healthy) food consumption among individuals with higher level of social support (OR = 1.47; 95% CI: 1.07 to 2.03), cohesion. social (OR = 1.40; 95% CI: 1.02 to 1.92) and support from neighbors (OR = 1.45; 95% CI: 1.04 to 2.02).

Conclusion

Both individual and contextual psychosocial aspects can play an important role in healthy food consumption in adults.

Keywords:
psychosocial aspects; social capital; social support; food consumption

INTRODUÇÃO

A partir da segunda metade do século XX, uma série de mudanças na distribuição etária tem ocorrido na maioria dos países industrializados, principalmente em decorrência de uma progressiva redução da fecundidade e aumento da expectativa de vida da população11 Bloom DE, Chatterji S, Kowal P, Lloyd-Sherlock P, McKee M, Rechel B, et al. Macroeconomic implications of population ageing and selected policy responses. Lancet. 2015;385(9968):649-57. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(14)61464-1. PMid:25468167.
http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(14)...
. Em paralelo, variações nos padrões de morbimortalidade também são observadas, incluindo diminuição da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias e incremento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)22 Nascimento BR, Brant LC, Moraes DN, Ribeiro AL. Global health and cardiovascular disease. Heart. 2014;100(22):1743-9. http://dx.doi.org/10.1136/heartjnl-2014-306026. PMid:25327515.
http://dx.doi.org/10.1136/heartjnl-2014-...
. Ademais, considerando o importante papel da alimentação para a saúde humana3, a3 Liu RH. Health-promoting components of fruits and vegetables in the diet. Adv Nutr. 2013;4(3):384S-92S. http://dx.doi.org/10.3945/an.112.003517. PMid:23674808.
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transição nutricional surge como um processo de modificações no padrão de alimentação, causando alterações na distribuição, magnitude e causalidade dos distúrbios nutricionais e doenças relacionadas à nutrição44 Conde WL, Monteiro CA. Nutrition transition and double burden of undernutrition and excess of weight in Brazil. Am J Clin Nutr. 2014;100(6):1617S-22S. http://dx.doi.org/10.3945/ajcn.114.084764. PMid:25411303.
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,55 Souza NPDA, Lira PIC, Fontbonne A, Pinto FCL, Cesse EÂP. A (des) nutrição e o novo padrão epidemiológico em um contexto de desenvolvimento e desigualdades. Cien Saude Colet. 2017;22(7):2257-66. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232017227.03042017. PMid:28724007.
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.

Nos países em desenvolvimento, tem sido observada a substituição da alimentação tradicional por uma dieta à base de alimentos ultraprocessados66 Rtveladze K, Marsh T, Webber L, Kilpi F, Levy D, Conde W, et al. Health and economic burden of obesity in Brazil. PLoS One. 2013;8(7):e68785. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0068785. PMid:23874763.
http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0...
,77 Monteiro CA, Levy RB, Claro RM, Castro IR, Cannon G. Increasing consumption of ultra-processed foods and likely impact on human health: evidence from Brazil. Public Health Nutr. 2010;14(1):5-13. http://dx.doi.org/10.1017/S1368980010003241. PMid:21211100.
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. No Brasil, estudos apontam um consumo insuficiente de frutas e hortaliças, considerando as recomendações da Organização Mundial da Saúde88 Jaime PC, Monteiro CA. Fruit and vegetable intake by Brazilian adults, 2003. Cad Saúde Pública. 2005;21(1 Supl):S19-24. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2005000700003. PMid:16462993.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2005...
,99 Levy-Costa RB, Sichieri R, Pontes NS, Monteiro CA. Household food availability in Brazil: distribution and trends (1974-2003). Rev Saúde Públi. 2005;39(4):530-40. PMid:16113900., além da presença de uma dieta com pouca variedade e qualidade1010 Mendonça RD, Lopes MS, Freitas PP, Campos SF, Menezes MC, Lopes ACS. Monotony in the consumption of fruits and vegetables and food environment characteristics. Rev Saúde Públi. 2019;53:63. http://dx.doi.org/10.11606/S1518-8787.2019053000705. PMid:31483005.
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. Estudos prévios também demonstram um perfil relativamente homogêneo de indivíduos com melhores marcadores de alimentação saudável, sendo este composto por mulheres adultas de meia-idade ou idosas, praticantes regulares de atividade física no lazer e com maiores níveis de renda e escolaridade1111 Neutzling MB, Rombaldi AJ, Azevedo MR, Hallal PC. Fatores associados ao consumo de frutas, legumes e verduras em adultos de uma cidade no sul do Brasil. Cad Saúde Pública. 2009;25(11):2365-74. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2009001100007. PMid:19936475.
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,1212 Figueiredo ICR, Jaime PC, Monteiro CA. Factors associated with fruit and vegetable intake among adults of the city of São Paulo. Rev Saúde Públi. 2008;42(5):777-85. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102008005000049. PMid:18797573.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102008...
.

As escolhas alimentares podem ser influenciadas por aspectos psicossociais, incluindo fatores que direcionam a atenção para as respostas comportamentais ou para as condições de interações humanas1313 Shaikh AR, Yaroch AL, Nebeling L, Yeh M, Resnicow K. Psychosocial predictors of fruit and vegetable consumption in adults: a review of the literature. Am J Prev Med. 2008;34(6):535-43. http://dx.doi.org/10.1016/j.amepre.2007.12.028. PMid:18471592.
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. Tais aspectos têm sido explorados, tanto em nível individual quanto em nível de área (contexto). No nível individual, o conceito de apoio social contempla as condições que auxiliam o indivíduo a mobilizar seus recursos psicológicos por meio do contato e apoio de pessoas próximas (família e amigos)1414 Gottlieb H. Social networks and social support: an overview of research, practice, and policy implications. Health Educ Q. 1985;12(1):5-22. http://dx.doi.org/10.1177/109019818501200102. PMid:3980240.
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. Já em nível contextual, o conceito de capital social contempla características da estrutura social que beneficiem os indivíduos ou facilitem ações coletivas (reciprocidade e níveis de confiança, por exemplo)1515 Coleman JS. Social capital in the creation of human capital. Am J Sociol. 1988;94:S95-120. http://dx.doi.org/10.1086/228943.
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,1616 Putnam RD, Leonardi R, Nonetti RY. Making democracy work: civic traditions in modern Italy. Princeton: Princeton University Oress; 1993..

Achados apontam que a presença de melhores índices de apoio social está associada com melhores níveis de consumo de frutas e vegetais1313 Shaikh AR, Yaroch AL, Nebeling L, Yeh M, Resnicow K. Psychosocial predictors of fruit and vegetable consumption in adults: a review of the literature. Am J Prev Med. 2008;34(6):535-43. http://dx.doi.org/10.1016/j.amepre.2007.12.028. PMid:18471592.
http://dx.doi.org/10.1016/j.amepre.2007....

14 Gottlieb H. Social networks and social support: an overview of research, practice, and policy implications. Health Educ Q. 1985;12(1):5-22. http://dx.doi.org/10.1177/109019818501200102. PMid:3980240.
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15 Coleman JS. Social capital in the creation of human capital. Am J Sociol. 1988;94:S95-120. http://dx.doi.org/10.1086/228943.
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16 Putnam RD, Leonardi R, Nonetti RY. Making democracy work: civic traditions in modern Italy. Princeton: Princeton University Oress; 1993.
-1717 Kamphuis CBM, Giskes K, Bruijn GJ, Wendel-Vos W, Brug J, van Lenthe FJ. Environmental determinants of fruit and vegetable consumption among adults: a systematic review. Br J Nutr. 2006;96(4):620-35. PMid:17010219.. Da mesma forma, altos níveis de capital social têm sido relacionados com maior proteção para a insegurança alimentar1818 Carter MA, Dubois L, Tremblay MS. Place and food insecurity: a critical review and synthesis of the literature. Public Health Nutr. 2014;17(1):94-112. http://dx.doi.org/10.1017/S1368980013000633. PMid:23561752.
http://dx.doi.org/10.1017/S1368980013000...

19 Brisson D, Altschul I. Collective efficacy predicting experience of material hardship in low-income neighborhoods. Urban Aff Rev. 2011;47(4):541-63. http://dx.doi.org/10.1177/1078087411400043.
http://dx.doi.org/10.1177/10780874114000...

20 Martin KS, Rogers BL, Cook JT, Joseph HM. Social capital is associated with decreased risk of hunger. Soc Sci Med. 2004;58(12):2645-54. http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.2003.09.026. PMid:15081212.
http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.20...
-2121 Loch MR, Souza RKT, Mesas AE, González AD, Rodriguez-Artalejo F. Association between social capital and self-perception of health in Brazilian adults. Rev Saúde Públi. 2015;49(00):53. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.2015049005116. PMid:26270010.
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, bem como para a obesidade2222 Yoon J, Brown TT. Does the promotion of community social capital reduce obesity risk? J Socio-Economics. 2011;40(3):296-305. http://dx.doi.org/10.1016/j.socec.2011.01.002.
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,2323 Backes V, Olinto MTA, Henn RL, Cremonese C, Pattussi MP. Associação entre aspectos psicossociais e excesso de peso referido em adultos de um município de médio porte do sul do Brasil. Cad Saúde Pública. 2011;27(3):573-80. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2011000300017. PMid:21519707.
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. Contudo, a associação entre aspectos psicossociais e alimentares tem sido pouco explorada na literatura, principalmente no contexto brasileiro. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo principal verificar a associação entre apoio social e capital social com o consumo alimentar em adultos de uma cidade de médio porte do Sul do Brasil.

MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, com uma amostra representativa de adultos (≥ 18 anos de idade) residentes na área urbana de um município localizado no Vale do Rio dos Sinos, região metropolitana da capital do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A população da presente cidade era composta por um total de 214.087 indivíduos em 20102424 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades [Internet]. 2010 [citado em 2020 dez 10]. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/sao-leopoldo/panorama
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/sa...
. Para a realização deste estudo, realizou-se um cálculo de tamanho amostral para obter um poder de 85% (1 – ß = 0,85) e para detectar uma diferença de 7% na prevalência de autopercepção de saúde ruim entre áreas com alto e baixo capital social, considerando um nível de confiança de 95%. Para esse cálculo, considerou-se a inclusão de 35 domicílios por setor, contudo foi estimada a necessidade de se incluir um total de 1.260 domicílios entre 36 setores. Para compensar possíveis perdas e para controlar possíveis fatores de confusão nas análises, o tamanho da amostra foi aumentado em 20% no número de domicílios e em 10% no número de setores. Dessa forma, entre os anos de 2006 e 2007, realizou-se um total de 1.100 entrevistas, contemplando 38 setores censitários. Para cada setor incluído no estudo, sorteou-se um quarteirão para dar início à coleta dos dados da pesquisa, sendo que todos os domicílios foram visitados até completar o número estimado de participantes. Maiores detalhes sobre os procedimentos metodológicos adotados no presente estudo encontram-se disponíveis em publicações anteriores2525 Cremonese C, Backes V, Olinto MT, Dias-da-Costa JS, Pattussi MP. Neighborhood sociodemographic and environmental contexts and self-rated health among Brazilian adults: a multilevel study. Cad Saúde Pública. 2010;26(12):2368-78. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010001200015. PMid:21243231.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010...
,2626 Vial EA, Junges JR, Olinto MTA, Machado PS, Pascoal MP. Violência urbana e capital social em uma cidade no Sul do Brasil: um estudo quantitativo e qualitativo. Rev Panam Salud Publica. 2010;28(4):289-97. http://dx.doi.org/10.1590/S1020-49892010001000008. PMid:21152717.
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.

O desfecho de consumo alimentar foi avaliado por meio de 13 questões que tiveram como base as diretrizes do guia alimentar para a população brasileira, vigente no momento de elaboração e execução desta pesquisa2727 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção B. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde; 2008., incluindo a frequência do consumo de: frutas ou copos de suco natural de fruta; verduras ou legumes; leguminosas; arroz, farinha ou macarrão; carne vermelha, porco, frango, peixe ou ovos; controle da gordura aparente de carne; consumo de frituras e embutidos; consumo de doces, balas ou bolos; uso de sal adicional nas refeições; consumo de água; consumo de álcool; troca do almoço ou jantar por lanches; e tipo de gordura para preparo de alimentos (Quadro 1). Cada opção de resposta das questões foi quantificada de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo guia alimentar, considerando uma pontuação de 0 ponto para inadequado, 1 ponto para moderado e 2 pontos para recomendado (Quadro 1). O consumo alimentar foi analisado de duas formas (variável contínua e dicotômica). Um escore de consumo alimentar saudável foi obtido a partir do somatório das 13 questões (variável contínua), o qual foi padronizado com valores de 0 a 100 pontos (maiores valores representavam um consumo alimentar mais saudável). Posteriormente, o presente escore foi categorizado em uma variável dicotômica (consumo alimentar adequado), utilizando-se do ponto de corte obtido pelo Percentil 66 (≥ P66 ou terceiro tercil vs. primeiro + segundo tercis), ou seja, um valor maior ou igual a 73 pontos no escore de consumo alimentar.

Quadro 1
Distribuição da pontuação das questões que compõem o escore de consumo alimentar saudável formulado com base nas orientações propostas pelo guia alimentar para a população brasileira

O apoio social foi mensurado por meio da escala do Medical Outcomes Study (MOS)2828 Sherbourne CD, Stewart AL. The MOS social support survey. Soc Sci Med. 1991;32(6):705-14. http://dx.doi.org/10.1016/0277-9536(91)90150-B. PMid:2035047.
http://dx.doi.org/10.1016/0277-9536(91)9...
, adaptada e validada para o português, sendo composta por um total de 19 questões, compreendendo 5 dimensões funcionais: material, afetiva, emocional, interação social positiva e informação2929 Griep RH, Chor D, Faerstein E, Werneck GL, Lopes CS. Validade de constructo de escala de apoio social do Medical Outcomes Study adaptada para o português no Estudo Pró-Saúde. Cad Saúde Pública. 2005;21(3):703-14. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2005000300004. PMid:15868028.
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. O entrevistado foi indagado sobre o relacionamento com as pessoas e com que frequência ele poderia contar com a ajuda de alguém. Para cada uma das 19 questões, utilizou-se de uma escala do tipo likert, incluindo as seguintes opções de resposta: nunca, raramente, às vezes, frequentemente e sempre. O capital social foi avaliado por meio da escala de eficácia coletiva proposta por Sampson et al.3030 Sampson RJ, Raudenbush SW, Earls F. Neighborhoods and violent crime: a multilevel study of collective efficacy. Science. 1997;277(5328):918-24. http://dx.doi.org/10.1126/science.277.5328.918. PMid:9252316.
http://dx.doi.org/10.1126/science.277.53...
, contemplando um total de 23 questões distribuídas em 5 diferentes dimensões previamente exploradas na literatura3131 Stafford M, Bartley M, Mitchell R, Marmot M. Characteristics of individuals and characteristics of areas: investigating their influence on health in the Whitehall II study. Health Place. 2001;7(2):117-29. http://dx.doi.org/10.1016/S1353-8292(01)00004-1. PMid:11470225.
http://dx.doi.org/10.1016/S1353-8292(01)...
,3232 Baum F, Palmer C. ‘Opportunity structures’: urban landscape, social capital and health promotion in Australia. Health Promot Int. 2002;17(4):351-61. http://dx.doi.org/10.1093/heapro/17.4.351. PMid:12406923.
http://dx.doi.org/10.1093/heapro/17.4.35...
: coesão social (5 questões sobre os vizinhos se ajudarem, a vizinhança ser amigável, haver união entre vizinhos e os vizinhos compartilharem os mesmos valores)3030 Sampson RJ, Raudenbush SW, Earls F. Neighborhoods and violent crime: a multilevel study of collective efficacy. Science. 1997;277(5328):918-24. http://dx.doi.org/10.1126/science.277.5328.918. PMid:9252316.
http://dx.doi.org/10.1126/science.277.53...
; apoio dos vizinhos (4 questões sobre se sentir à vontade para contar com a ajuda de um vizinho para pegar um remédio na farmácia, conversar sobre um problema pessoal, tomar conta dos filhos ou pedir algo emprestado); controle social informal (5 questões sobre a possibilidade de contar com vizinhos para intervir em casos de crianças/adolescentes matando aula sem o conhecimento dos responsáveis, pichando ou destruindo bens públicos e desrespeitando pessoas idosas, brigas entre vizinhos, e sobre a ação dos vizinhos no caso do fechamento do posto de saúde da comunidade)3030 Sampson RJ, Raudenbush SW, Earls F. Neighborhoods and violent crime: a multilevel study of collective efficacy. Science. 1997;277(5328):918-24. http://dx.doi.org/10.1126/science.277.5328.918. PMid:9252316.
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; eficácia política (4 questões sobre a concordância de governantes não ligarem para os cidadãos, não estarem interessados no que os cidadãos pensam, sobre os partidos políticos só estarem interessados nos votos e sobre os políticos eleitos perderem o contato com as pessoas após a eleição)3333 Muntaner C, Oates G, Lynch J. Social class and social cohesion: a content validity analysis using a nonrecursive structural equation model. Ann N Y Acad Sci. 1999;896(1):409-13. http://dx.doi.org/10.1111/j.1749-6632.1999.tb08156.x. PMid:10681937.
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; ação social (5 questões sobre a frequência de conversas sobre problemas da vizinhança, participação de abaixo-assinado, reuniões, contato com os governantes e apoio da mídia para resolução dos problemas locais)3232 Baum F, Palmer C. ‘Opportunity structures’: urban landscape, social capital and health promotion in Australia. Health Promot Int. 2002;17(4):351-61. http://dx.doi.org/10.1093/heapro/17.4.351. PMid:12406923.
http://dx.doi.org/10.1093/heapro/17.4.35...
. Para cada uma das 23 questões, utilizou-se de uma escala do tipo likert, incluindo as seguintes opções de resposta para as dimensões de coesão social, controle social informal e eficácia política: concordo totalmente, concordo, não concordo nem discordo, discordo e discordo totalmente. Para a dimensão de apoio dos vizinhos, as opções foram: não pediria ajuda, muito desconfortável, um pouco desconfortável, um pouco à vontade e muito à vontade. Já para a dimensão de ação social, as opções de resposta foram: nunca fiz isso, há mais de 12 meses, nos últimos 12 meses, nos últimos 6 meses e nos últimos 3 meses. Para cada uma das dimensões investigadas, realizou-se uma conversão dos seus resultados para um escore com valores de 0 a 100 pontos (variável contínua). Posteriormente, estes foram categorizados em alto, moderado e baixo (variável ordinal), tendo como base os pontos de corte obtidos pela estratificação dos escores em tercis. Assim como em outros estudos3434 Pattussi MP, Olinto MTA, Rower HB, Bairros FS, Kawachi I. Individual and neighbourhood social capital and all-cause mortality in Brazilian adults: a prospective multilevel study. Public Health. 2016;134:3-11. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2015.12.007. PMid:26809862.
http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2015.12...
,3535 Gontijo CF, Mambrini JV, Luz TCB, Loyola AI Fo. Associação entre incapacidade funcional e capital social em idosos residentes em comunidade. Rev Bras Epidemiol. 2016;19(3):471-83. http://dx.doi.org/10.1590/1980-5497201600030001. PMid:27849264.
http://dx.doi.org/10.1590/1980-549720160...
, os níveis das dimensões investigadas indicam os níveis de capital social.

Informações individuais sobre características demográficas, socioeconômicas e comportamentais também foram obtidas para descrever a amostra em estudo, assim como para controle de possíveis fatores de confusão nas análises multivariáveis. As características demográficas investigadas foram: sexo, idade (faixas etárias de 10 anos), cor da pele (branca e outras) e situação conjugal (casado(a)/união estável, solteiro(a) e viúvo(a)/divorciado(a)). Entre as socioeconômicas, foram obtidas informações sobre a renda familiar mensal (valores absolutos em reais) e escolaridade (anos de ensino) estratificadas em tercis. Em relação à renda, o salário mínimo vigente em 2006 e em 2007, período de realização da coleta de dados, era de R$ 350 e R$ 380, respectivamente. Quanto às características comportamentais, foram investigados tabagismo (fumante, não fumante e ex-fumante) e prática regular de atividade física (ativo(a) e inativo(a)), considerando-se fisicamente ativos aqueles que reportaram a prática de 150 minutos ou mais de atividade por semana. Também foram obtidas informações do setor (área), incluindo-se renda (valores absolutos em reais) e escolaridade (anos de ensino), estratificadas em tercis.

A entrada dos dados coletados foi realizada em duplicata no software Epi Info 6.0 (Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, EUA), o que permitiu posterior comparação dos bancos de dados e correção de possíveis erros de digitação. As análises foram realizadas nos programas SPSS, versão 21 (SPSS IBM Corporation, Nova Iorque, EUA), e MLwiN, versão 2.13 (Centre for Multilevel Modelling, Bristol, Reino Unido). O desfecho de consumo alimentar foi analisado de maneira contínua e categórica. Para as análises descritivas do desfecho contínuo (escore de consumo alimentar), utilizou-se dos testes t de Student e de análise de variância (ANOVA), enquanto os testes de Qui-quadrado de Pearson e de tendência linear foram utilizados para o desfecho dicotômico (consumo alimentar adequado).

Para as análises de associação entre a variável desfecho (consumo alimentar) e as variáveis de exposição (apoio social e capital social), utilizou-se de regressão linear e logística multinível. Apenas os potenciais fatores de confusão entraram na análise multivariável. Para ser um fator de confusão, a variável deveria estar associada tanto com a exposição quanto com o desfecho3636 Rothman K, Greenland S. Modern epidemiology (3ª ed.). Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins; 2008., considerando um nível de significância menor que 10% (p < 0,10). Em decorrência de o capital social ser considerado uma propriedade do contexto, mais do que o indivíduo, e considerando que seu análogo em nível individual seria o apoio social3737 Kawachi I, Berkman LF. Social capital, social cohesion, and health. In: Berkman LF, Kawachi I, Glymour MM, editores. Social epidemiology (2ª ed.). New York: Oxford University Press; 2014. p. 174-90., este foi controlado para as variáveis individuais, assim como todas as variáveis de capital social no nível de contexto (coesão social, apoio dos vizinhos, controle social informal, eficácia política e ação social). Após, cada variável de capital social no nível de contexto foi controlada para apoio social individualmente, adicionado aos demais fatores de confundimento no nível individual.

O presente estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS; parecer n. 04/034). Todos os participantes leram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, sendo-lhes garantido o sigilo dos dados.

RESULTADOS

Do total de 1.100 entrevistas realizadas, excluíram-se 2 pessoas (0,2%) por não terem fornecido informações sobre o consumo alimentar. Dessa forma, 1.098 indivíduos foram considerados na análise final deste estudo. A média de idade da amostra foi de 44 anos (DP[Desvio-padrão] = 15,8), com escolaridade média de 8 anos (DP = 4) e renda familiar média de R$ 2.625 (DP = 2.590). Em nível de área/contexto, a média de renda foi de R$ 955 (DP = 586), enquanto a escolaridade foi de 8 anos (DP = 3).

A Tabela 1 apresenta as características gerais da amostra e as respectivas distribuições das médias de escore de consumo alimentar saudável e percentuais de consumo alimentar adequado conforme as variáveis investigadas. A maioria da amostra foi composta por mulheres (72%), de cor de pele branca (83,79%), que vivia com um parceiro(a) (55,92%), por não fumantes (55,01%) e por uma maior proporção de indivíduos fisicamente ativos (51,92%).

Tabela 1
Características gerais da amostra e de consumo alimentar, segundo características demográficas, socioeconômicas e comportamentais em níveis individual e contextual de adultos de um município do sul do Brasil, 2014 (n = 1.098)

A média geral do escore de consumo alimentar saudável foi de 66,9 (IC95%: 66,2 a 67,6), enquanto o percentual de consumo alimentar adequado (Percentil ≥ 66 do escore de consumo alimentar saudável) foi de 38,6% (IC95%: 35,7 a 41,5). Escores mais elevados de consumo alimentar saudável e maiores percentuais de consumo alimentar adequado foram verificados nas mulheres, nos indivíduos com idades mais avançadas, entre aqueles divorciados ou viúvos, em indivíduos com menor escolaridade e entre os ex-fumantes (Tabela 1).

A Tabela 2 apresenta a distribuição das médias de escore de consumo alimentar saudável e percentuais de consumo alimentar adequado segundo apoio social e coesão social nos níveis individual e contextual. Com base nos resultados apresentados, observaram-se escores mais elevados de consumo alimentar saudável e maiores percentuais de consumo alimentar adequado entre as pessoas com maiores níveis de apoio social no nível individual e entre aqueles que reportaram maiores níveis de coesão social, apoio dos vizinhos e controle social informal no nível de setor.

Tabela 2
Distribuição das médias de escore de consumo alimentar saudável e percentuais de consumo alimentar adequado, segundo aspectos psicossociais em níveis individual e contextual de adultos de um município do sul do Brasil, 2014 (n = 1.098)

As Tabelas 3-4 apresentam os resultados brutos e ajustados para a associação de apoio social e coesão social com consumo alimentar. O apoio social manteve um efeito independente das variáveis contextuais de capital social e das variáveis de confundimento no nível individual, tanto na análise bruta (β = 0,04; IC95%: 0,01 a 0,08 / OR = 1,37; IC95%: 1,02 a 1,84) quanto na análise ajustada (β = 0,04; IC95%: 0,00 a 0,07 / OR = 1,47; IC95%: 1,07 a 2,03), sendo esta independentemente da forma de análise adotada no desfecho (contínua ou categórica). Do mesmo modo, resultado similar e estatisticamente significativo foi verificado para as variáveis de capital social contextual (coesão social e apoio dos vizinhos). Estas mantiveram-se associadas na análise bruta (coesão social: β = 0,11; IC95%: 0,07 a 0,15 / OR = 1,53; IC95%: 1,15 a 2,05; e apoio dos vizinhos: β = 0,07; IC95%: 0,04 a 0,09 / OR = 1,48; IC95%: 1,09 a 1,99), sendo que as suas magnitudes de associação foram levemente atenuadas na análise ajustada (coesão social: β = 0,05; IC95%: 0,01 a 0,09 / OR = 1,40; IC95%: 1,02 a 1,92; e apoio dos vizinhos: β = 0,03; IC95%: 0,01 a 0,05 / OR = 1,45; IC95%: 1,04 a 2,02). De modo geral, observou-se uma probabilidade 40% maior para adoção de consumo alimentar adequado (saudável) entre os indivíduos que relataram maior nível de apoio social (OR = 1,47; IC95%: 1,07 a 2,03), coesão social (OR = 1,40; IC95%: 1,02 a 1,92) e apoio dos vizinhos (OR = 1,45; IC95%: 1,04 a 2,02) (Tabelas 3-4).

Tabela 3
Coeficientes β brutos e ajustados para a associação entre consumo alimentar saudável de acordo com os aspectos psicossociais nos níveis individual (apoio social) e contextual (capital social) em adultos de um município do sul do Brasil, 2014 (n = 1.098)
Tabela 4
Razões de chances (OR) para a associação entre consumo alimentar adequado de acordo com os aspectos psicossociais nos níveis individual (apoio social) e contextual (capital social) em adultos de um município do sul do Brasil, 2014 (n = 1.098)

DISCUSSÃO

Este estudo teve como objetivo investigar a associação de apoio social e coesão social com consumo alimentar saudável em uma amostra de adultos no Sul do Brasil. Os achados demonstraram que aspectos psicossociais mais favoráveis se associaram significativamente com consumo alimentar adequado, tanto no nível do indivíduo quanto no nível de contexto, independentemente da forma de mensuração do consumo alimentar.

O presente estudo verificou que em torno de 1/3 dos adultos investigados apresentou consumo alimentar adequado. O padrão alimentar do brasileiro, em termos de consumo calórico, tem sido considerado adequado no que se refere a consumir carboidratos e lipídios, contudo o consumo de proteínas está ligeiramente acima da recomendação. Neste sentido, consumir gordura saturada, fibras e micronutrientes possui variações quanto à adequação na ingesta alimentar3838 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011.. O consumo de fontes de fibras, como frutas e verduras, pode estar adequado, mas não necessariamente diversificado1010 Mendonça RD, Lopes MS, Freitas PP, Campos SF, Menezes MC, Lopes ACS. Monotony in the consumption of fruits and vegetables and food environment characteristics. Rev Saúde Públi. 2019;53:63. http://dx.doi.org/10.11606/S1518-8787.2019053000705. PMid:31483005.
http://dx.doi.org/10.11606/S1518-8787.20...
. Contudo, destaca-se que os referidos consumos variam conforme local de residência (urbano ou rural), sexo e faixa etária, demonstrando a importância do ambiente nas relações de consumo alimentar1010 Mendonça RD, Lopes MS, Freitas PP, Campos SF, Menezes MC, Lopes ACS. Monotony in the consumption of fruits and vegetables and food environment characteristics. Rev Saúde Públi. 2019;53:63. http://dx.doi.org/10.11606/S1518-8787.2019053000705. PMid:31483005.
http://dx.doi.org/10.11606/S1518-8787.20...
,3838 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011.,3939 Canuto R, Fanton M, Lira PIC. Iniquidades sociais no consumo alimentar no Brasil: uma revisão crítica dos inquéritos nacionais. Ciên Saúde Colet. 2019;24(9):3193-212. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018249.26202017. PMid:31508741.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182...
.

O apoio social no nível individual mostrou-se associado com o consumo alimentar saudável, mantendo um efeito independente das variáveis contextuais de capital social e de confundimento no nível individual. Neste sentido, uma revisão sistemática sobre o tema, incluindo 35 estudos (21 transversais e 14 longitudinais), verificou que aspectos psicossociais, como apoio social, além de autoeficácia e conhecimento, foram importantes preditores para o consumo de frutas, legumes e verduras em adultos1313 Shaikh AR, Yaroch AL, Nebeling L, Yeh M, Resnicow K. Psychosocial predictors of fruit and vegetable consumption in adults: a review of the literature. Am J Prev Med. 2008;34(6):535-43. http://dx.doi.org/10.1016/j.amepre.2007.12.028. PMid:18471592.
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. Similarmente, um estudo experimental verificou que maiores níveis de apoio social da família e dos amigos tendiam a aumentar o consumo de frutas e vegetais, independentemente dos aspectos demográficos e de consumo desse grupo alimentar na linha de base4040 Steptoe A, Perkins-Porras L, Rink E, Hilton S, Cappuccio FP. Psychological and social predictors of changes in fruit and vegetable consumption over 12 months following behavioral and nutrition education counseling. Health Psychol. 2004;23(6):574-81. http://dx.doi.org/10.1037/0278-6133.23.6.574. PMid:15546225.
http://dx.doi.org/10.1037/0278-6133.23.6...
.

Neste estudo, resultados estatisticamente significativos também foram identificados para os aspectos relacionados ao capital social contextual (coesão social e apoio dos vizinhos) em relação ao consumo alimentar. Considerando-se potenciais diferenças do aspecto alimentar avaliado neste estudo, destaca-se que características locais de território possuem uma relação importante com a insegurança alimentar na população em geral, por exemplo, tanto em nível individual quanto contextual, incluindo aspectos de coesão social e segurança da vizinhança1919 Brisson D, Altschul I. Collective efficacy predicting experience of material hardship in low-income neighborhoods. Urban Aff Rev. 2011;47(4):541-63. http://dx.doi.org/10.1177/1078087411400043.
http://dx.doi.org/10.1177/10780874114000...
,2020 Martin KS, Rogers BL, Cook JT, Joseph HM. Social capital is associated with decreased risk of hunger. Soc Sci Med. 2004;58(12):2645-54. http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.2003.09.026. PMid:15081212.
http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.20...
,4141 Chung WT, Gallo WT, Giunta N, Canavan ME, Parikh NS, Fahs MC. Linking neighborhood characteristics to food insecurity in older adults: the role of perceived safety, social cohesion, and walkability. J Urban Health. 2012;89(3):407-18. http://dx.doi.org/10.1007/s11524-011-9633-y. PMid:22160446.
http://dx.doi.org/10.1007/s11524-011-963...

42 Dean WR, Sharkey JR. Food insecurity, social capital and perceived personal disparity in a predominantly rural region of Texas: an individual-level analysis. Soc Sci Med. 2011;72(9):1454-62. http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.2011.03.015. PMid:21497429.
http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.20...

43 Kirkpatrick SI, Tarasuk V. Assessing the relevance of neighbourhood characteristics to the household food security of low-income Toronto families. Public Health Nutr. 2010;13(7):1139-48. http://dx.doi.org/10.1017/S1368980010000339. PMid:20196916.
http://dx.doi.org/10.1017/S1368980010000...

44 Morton LW, Bitto EA, Oakland MJ, Sand M. Solving the problems of Iowa food deserts: food insecurity and civic structure*. Rural Sociol. 2005;70(1):94-112. http://dx.doi.org/10.1526/0036011053294628.
http://dx.doi.org/10.1526/00360110532946...
-4545 Bernell SL, Weber BA, Edwards ME, Bernell SL, Weber BA, Edwards ME. Restricted opportunities, personal policies: choices, ineffective what explains food in Oregon? Insecurity vulnerability. J Agric Resour Econ. 2006;31(2):193-211.. Comunidades com altos índices de capital social apresentaram-se inversamente relacionadas com a ocorrência de insegurança alimentar grave (fome presente), mas não com a insegurança alimentar leve (sem fome)2020 Martin KS, Rogers BL, Cook JT, Joseph HM. Social capital is associated with decreased risk of hunger. Soc Sci Med. 2004;58(12):2645-54. http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.2003.09.026. PMid:15081212.
http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.20...
. Contudo, destaca-se que apenas dois dos estudos citados examinaram características do ambiente social de forma contextual e individual1919 Brisson D, Altschul I. Collective efficacy predicting experience of material hardship in low-income neighborhoods. Urban Aff Rev. 2011;47(4):541-63. http://dx.doi.org/10.1177/1078087411400043.
http://dx.doi.org/10.1177/10780874114000...
,2020 Martin KS, Rogers BL, Cook JT, Joseph HM. Social capital is associated with decreased risk of hunger. Soc Sci Med. 2004;58(12):2645-54. http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.2003.09.026. PMid:15081212.
http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.20...
, sendo que, nos demais, isso ocorreu apenas em nível individual4141 Chung WT, Gallo WT, Giunta N, Canavan ME, Parikh NS, Fahs MC. Linking neighborhood characteristics to food insecurity in older adults: the role of perceived safety, social cohesion, and walkability. J Urban Health. 2012;89(3):407-18. http://dx.doi.org/10.1007/s11524-011-9633-y. PMid:22160446.
http://dx.doi.org/10.1007/s11524-011-963...

42 Dean WR, Sharkey JR. Food insecurity, social capital and perceived personal disparity in a predominantly rural region of Texas: an individual-level analysis. Soc Sci Med. 2011;72(9):1454-62. http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.2011.03.015. PMid:21497429.
http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.20...

43 Kirkpatrick SI, Tarasuk V. Assessing the relevance of neighbourhood characteristics to the household food security of low-income Toronto families. Public Health Nutr. 2010;13(7):1139-48. http://dx.doi.org/10.1017/S1368980010000339. PMid:20196916.
http://dx.doi.org/10.1017/S1368980010000...

44 Morton LW, Bitto EA, Oakland MJ, Sand M. Solving the problems of Iowa food deserts: food insecurity and civic structure*. Rural Sociol. 2005;70(1):94-112. http://dx.doi.org/10.1526/0036011053294628.
http://dx.doi.org/10.1526/00360110532946...

45 Bernell SL, Weber BA, Edwards ME, Bernell SL, Weber BA, Edwards ME. Restricted opportunities, personal policies: choices, ineffective what explains food in Oregon? Insecurity vulnerability. J Agric Resour Econ. 2006;31(2):193-211.
-4646 Foley W, Ward P, Carter P, Coveney J, Tsourtos G, Taylor A. An ecological analysis of factors associated with food insecurity in South Australia, 2002-7. Public Health Nutr. 2010;13(2):215-21. http://dx.doi.org/10.1017/S1368980009990747. PMid:19706209.
http://dx.doi.org/10.1017/S1368980009990...
. Por outro lado, um estudo transversal, de base populacional, com dados do Sistema de Vigilância de Comportamentos de Risco (BRFSS) da população americana, verificou uma associação significativa entre maior nível de capital social contextual e redução no risco de obesidade na idade adulta, ou seja, com consequente redução no consumo de calorias ou gorduras, tendo como objetivo a redução ou manutenção do peso corporal2222 Yoon J, Brown TT. Does the promotion of community social capital reduce obesity risk? J Socio-Economics. 2011;40(3):296-305. http://dx.doi.org/10.1016/j.socec.2011.01.002.
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. Essa relação também foi confirmada por outro estudo, que identificou a presença de capital social como importante fator de proteção para a obesidade4747 Wu YH, Moore S, Dube L. Social capital and obesity among adults: longitudinal findings from the Montreal neighborhood networks and healthy aging panel. Prev Med. 2018;111:366-70. http://dx.doi.org/10.1016/j.ypmed.2017.11.028. PMid:29197528.
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. O capital social também parece estar associado inversamente à autopercepção de saúde2525 Cremonese C, Backes V, Olinto MT, Dias-da-Costa JS, Pattussi MP. Neighborhood sociodemographic and environmental contexts and self-rated health among Brazilian adults: a multilevel study. Cad Saúde Pública. 2010;26(12):2368-78. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010001200015. PMid:21243231.
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. Contudo, destaca-se que a comparação entre os presentes estudos deve ser realizada com cautela, considerando que nem todos utilizaram os indicadores de coesão social e de controle social informal propostos por Sampson et al.3030 Sampson RJ, Raudenbush SW, Earls F. Neighborhoods and violent crime: a multilevel study of collective efficacy. Science. 1997;277(5328):918-24. http://dx.doi.org/10.1126/science.277.5328.918. PMid:9252316.
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, por exemplo.

Estudos apontam diversas vias para explicar como os aspectos psicossociais podem afetar os comportamentos relacionados à saúde entre os membros de uma comunidade. Uma das teorias mais consistentes seria em decorrência de uma difusão de conhecimentos de promoção de saúde na comunidade por meio das suas redes sociais e da adoção de comportamentos de saúde2222 Yoon J, Brown TT. Does the promotion of community social capital reduce obesity risk? J Socio-Economics. 2011;40(3):296-305. http://dx.doi.org/10.1016/j.socec.2011.01.002.
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, pois a presença de maior capital social pode incentivar e facilitar a realização de uma alimentação com maior qualidade (mais saudável), assim como a realização de atividades físicas entre os membros das comunidades, por meio de organizações comunitárias4848 Viswanath K, Steele WR, Finnegan JR Jr. Social capital and health: civic engagement, community size, and recall of health messages. Am J Public Health. 2006;96(8):1456-61. http://dx.doi.org/10.2105/AJPH.2003.029793. PMid:16809608.
http://dx.doi.org/10.2105/AJPH.2003.0297...
,4949 Stephens KK, Rimal RN, Flora JA. Expanding the reach of health campaigns: community organizations as meta-channels for the dissemination of health information. J Health Commun. 2004;9(1 Supl):97-111. http://dx.doi.org/10.1080/10810730490271557. PMid:14960406.
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. Dessa forma, melhores níveis de capital social podem promover ambientes sociais mais solidários, facilitando, assim, a manutenção de normas saudáveis e a autorregularão dos comportamentos positivos relacionados à saúde2222 Yoon J, Brown TT. Does the promotion of community social capital reduce obesity risk? J Socio-Economics. 2011;40(3):296-305. http://dx.doi.org/10.1016/j.socec.2011.01.002.
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. A presença de maior capital social também pode afetar a ocorrência de obesidade, considerando a promoção de esforços para o controle de peso, especialmente pela regulação do consumo alimentar, o que facilitaria o controle do peso corporal por meio da redução de consumo de calorias e de gorduras adicionado ao aumento da prática de atividade física2222 Yoon J, Brown TT. Does the promotion of community social capital reduce obesity risk? J Socio-Economics. 2011;40(3):296-305. http://dx.doi.org/10.1016/j.socec.2011.01.002.
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. Dessa forma, os autores sugerem que a promoção de capital social contextual poderia servir como uma política pública potencialmente eficaz para combater os altos níveis de incidência de obesidade. Ademais, melhores índices de capital social também podem facilitar uma melhor organização política, auxiliando na busca de mais recursos financeiros para uma comunidade37, o37 Kawachi I, Berkman LF. Social capital, social cohesion, and health. In: Berkman LF, Kawachi I, Glymour MM, editores. Social epidemiology (2ª ed.). New York: Oxford University Press; 2014. p. 174-90. que facilitaria uma possível expansão ao acesso de alimentos. Neste sentido, seria possível hipotetizar que elevados níveis dos aspectos psicossociais podem, de certa forma, regular a qualidade do consumo alimentar de uma comunidade e seu estado nutricional2222 Yoon J, Brown TT. Does the promotion of community social capital reduce obesity risk? J Socio-Economics. 2011;40(3):296-305. http://dx.doi.org/10.1016/j.socec.2011.01.002.
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,4747 Wu YH, Moore S, Dube L. Social capital and obesity among adults: longitudinal findings from the Montreal neighborhood networks and healthy aging panel. Prev Med. 2018;111:366-70. http://dx.doi.org/10.1016/j.ypmed.2017.11.028. PMid:29197528.
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.

Entre os pontos fortes, destaca-se a realização de um estudo, de base populacional, contemplando uma amostra representativa de adultos no Sul do Brasil, utilizando-se de instrumentos previamente validados para a obtenção dos níveis de presença dos aspectos psicossociais investigados (apoio social e capital social), reforçando, assim, o rigor metodológico aplicado no presente estudo. Destaca-se também que foram realizadas análises multivariadas para a associação entre os aspectos psicossociais e o desfecho de consumo alimentar (explorado tanto como variável contínua como categórica dicotômica) e incluindo o controle para importantes fatores de confusão. Contudo, algumas limitações devem ser mencionadas. Uma limitação do estudo diz respeito ao seu delineamento, considerando que estudos com delineamento transversal são limitados quanto ao estabelecimento de relações causais, assim como a presença de causalidade reversa também não pode ser totalmente descartada, pois tanto exposição quanto desfecho são aferidos no mesmo ponto no tempo3636 Rothman K, Greenland S. Modern epidemiology (3ª ed.). Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins; 2008.. Dessa forma, pode-se considerar que, se, por um lado, os aspectos psicossociais desfavoráveis poderiam levar a uma alteração no consumo alimentar, estes também poderiam, por outro lado, ser apenas consequências de um consumo alimentar inadequado já instalado. Os estudos transversais ainda podem levar a erros sistemáticos significativos, superestimando as relações entre o objeto investigado e os comportamentos psicossociais5050 Weinstein ND. Misleading tests of health behavior theories. Ann Behav Med. 2007;33(1):1-10. http://dx.doi.org/10.1207/s15324796abm3301_1. PMid:17291165.
http://dx.doi.org/10.1207/s15324796abm33...
. Dessa forma, estudos longitudinais tornam-se necessários para confirmar as relações identificadas neste estudo. Outra possível limitação refere-se ao fato de o consumo alimentar ter sido mensurado por meio de um instrumento não validado, considerando que a presença de um possível erro de mensuração não pode ser totalmente descartado. Entretanto, destaca-se que o presente instrumento foi elaborado considerando as diretrizes presentes no guia alimentar para a população brasileira, desenvolvido pelo Ministério da Saúde do Brasil2727 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção B. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde; 2008..

Os achados deste estudo sugerem que os aspectos psicossociais podem ter um papel importante no consumo alimentar de indivíduos e de grupos. Esses achados reforçam a necessidade de novas estratégias que promovam a melhoria dos aspectos psicossociais, tanto no nível do indivíduo como do local onde ele reside, de certa forma assemelhando-se à proposta do guia alimentar brasileiro de 20145151 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção B. Guia alimentar para a população brasileira (2ª ed.). Brasília: Ministério da Saúde; 2014.. Como ponto central de estratégias futuras, esse guia inovou ao abordar as circunstâncias que envolvem o ato de comer (como, onde e com quem comer), valorizando o compartilhamento de todas as atividades relacionadas a esse ato (seleção, compras, preparo e higienização). O presente guia também assumiu que o ato de comer não é algo ligado puramente a escolhas individuais, mas ao coletivo, ao ambiente, ao acesso e à informação relacionada ao alimento. Uma importante implicação dessa relação é que as DCNT (tendo o consumo alimentar como um dos pontos centrais para amenizar seus impactos de incidência na população) podem exigir a aplicação de quadros teóricos complexos, que vão além do nível individual2222 Yoon J, Brown TT. Does the promotion of community social capital reduce obesity risk? J Socio-Economics. 2011;40(3):296-305. http://dx.doi.org/10.1016/j.socec.2011.01.002.
http://dx.doi.org/10.1016/j.socec.2011.0...
. Dessa forma, novas investigações serão necessárias visando elucidar o entendimento dessas relações, principalmente em decorrência das mudanças sociais e econômicas percebidas nas sociedades ditas como emergentes do ponto de vista econômico.

AGRADECIMENTOS

M.T. Olinto (PQ 307257/2013-4 e PQ 307175/2017-0) e M.P. Pattussi (PQ 310320/2018-6) receberam bolsa de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). V. Bierhals recebeu bolsa de estudos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, processo número 10599134). A. Garcez recebeu bolsa de Pós-doutorado Júnior do CNPq (PDJ 152923/2018-7).

  • Como citar: Bierhals VR, Bairros FS, Olinto MTA, Silva JC, Garcez A, Pattussi MP. Influência do apoio social e capital social no consumo alimentar de adultos no sul do Brasil. Cad Saúde Colet, 2022; Ahead of Print. https://doi.org/10.1590/1414-462X202230040080
  • Trabalho realizado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) – São Leopoldo (UF), Brasil.
  • Fonte de financiamento: este estudo recebeu auxílio financeiro pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq; processos números 43132920168, 47850320040 e 48141020090) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS; processos números 0415621 e 1121774).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Dez 2022
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2022

Histórico

  • Recebido
    10 Mar 2020
  • Aceito
    10 Dez 2020
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