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Percepção sobre a segurança alimentar e nutricional de instituições cadastradas no Banco de Alimentos de Itapecerica da Serra

Perception of food and nutritional security of institutions registered in the Food Bank of Itapecerica da Serra

Resumo

Introdução

O Banco de Alimentos recebe gêneros alimentícios fora dos padrões para comercialização, mas que estão próprios para o consumo humano e sem nenhuma restrição sanitária.

Objetivo

Verificar a percepção das instituições beneficiadas pelo Banco de Alimentos de Itapecerica da Serra sobre a segurança alimentar e nutricional.

Método

Estudo qualitativo realizado com 12 instituições cadastradas no Banco de Alimentos, por meio de entrevista gravada com roteiro semiestruturado.

Resultados

As instituições participantes atenderam cerca de 2.140 indivíduos em situação de vulnerabilidade social, sendo que sete delas distribuíam os alimentos doados, quatro utilizavam os alimentos doados no preparo de refeições e apenas uma realizava as duas atividades. A partir dos dados obtidos, foram extraídos cinco temas: segurança alimentar e nutricional; contribuição à instituição; vulnerabilidade social; falta de cadastro; e monotonia alimentar.

Conclusão

Os responsáveis das instituições beneficiadas pelo Banco de Alimentos apresentaram uma percepção sobre segurança alimentar e nutricional fundamentada no acesso aos alimentos pelas famílias atendidas. Isso satisfaz, parcialmente, o conceito de segurança alimentar e nutricional adotado no Brasil.

Palavras-chave:
segurança alimentar e nutricional; política pública; assistência alimentar

Abstract

Background

Food banks receive foodstuffs that are non-standard, but suitable for human consumption without any health restrictions.

Objective

To verify the perception of the institutions benefited by the Itapecerica da Serra Food Bank about food and nutrition security.

Method

Qualitative study conducted with 12 institutions registered at the Food Bank using recorded with semi-structured interviews.

Results

The participating institutions assisted approximately 2140 socially vulnerable people. Seven of these institutions distributed the donated food, four use the donated food in the preparation of meals, and only one performed both activities. Five themes were extracted from the data obtained: food and nutrition security, contribution to the institution, social vulnerability, lack of registration, and food monotony.

Conclusion

The heads of the institutions benefited by the Food Bank presented a perception of food and nutrition security based on access to food by the families assisted. This partially meets the concept of food and nutrition security adopted in Brazil.

Keywords:
food and nutrition security; public policies; food assistance

INTRODUÇÃO

A preocupação com a fome como um problema mundial teve início entre as duas grandes guerras, quando vários países tiveram suas economias fragilizadas. Nesse contexto, foi estabelecido o termo segurança alimentar, que se tornou motivo de vários debates e criação de organizações e conferências, como foi o caso da Conferência de Alimentação de Hot Springs, realizada em 1943, que foi um marco na discussão sobre esse tema11 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. A trajetória histórica da segurança alimentar e nutricional na agenda política nacional: projetos descontinuidades e consolidação [Internet]. 2014 [citado em 2019 Out 10]. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3019/1/TD_1953.pdf
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Assim, o termo segurança alimentar passou a ser associado à garantia de acesso físico e econômico ao alimento, em quantidades suficientes e de forma permanente para todos22 Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO. World Food Summit. Declaração de Roma sobre a segurança alimentar mundial e plano de acção da cimeira mundial da alimentação [Internet]. Roma: FAO; 1996 [citado em 2019 Nov 28]. Disponível em: http://www.fao.org/3/w3613p/w3613p00.htm
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.

Em 1992, na Conferência Internacional de Nutrição, foi acrescentado a esse termo o fator nutricional e sanitário, dando origem à segurança alimentar e nutricional (SAN)11 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. A trajetória histórica da segurança alimentar e nutricional na agenda política nacional: projetos descontinuidades e consolidação [Internet]. 2014 [citado em 2019 Out 10]. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3019/1/TD_1953.pdf
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, com o conceito de que o acesso deve ser também a alimentos seguros (sem contaminação química ou biológica), de qualidade (nutricional, biológica, sanitária e tecnológica), produzidos de forma sustentável e equilibrada e que fossem aceitos culturalmente33 Vendramini ALA, Oliveira JC, Campos MA. Segurança alimentar: conceito, história e prospectiva. In: Marins BR, Tancredi RCP, Gemal AL, editores. Segurança alimentar no contexto da vigilância sanitária: reflexões e práticas [Internet]. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz; 2014. p. 37-68 [citado em 2019 Nov 28]. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/seguranca_alimentar_vigilancia_0.pdf
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Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, está assegurado o direito humano à alimentação adequada, mas somente em 2010 foi aprovada no Brasil a Emenda Constitucional nº 64, que assegura esse direito à população (artigo 6º da Constituição Federal), embora isso não signifique a garantia de sua realização na prática44 Brasil. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Direito humano à alimentação adequada e soberania alimentar [Internet], 12 de dezembro de 2014 [citado em 2018 Fev 15]. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/consea/comunicacao/artigos/2014/direito-humano-a-alimentacao-adequada-e-soberania-alimentar
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A Organização das Nações Unidas (ONU), em 2000, reuniu seus representantes para estabelecer metas até 2015 a fim de erradicar a pobreza e a fome mundial por meio de oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)55 Aranha AV, editor. Fome Zero: uma história brasileira [Internet]. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Asessoria Fome Zero; 2010. 242 p. Vol. 3 [citado em 2019 Nov 14]. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/Fome%20Zero%20Vol3.pdf
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Anteriormente a isso, na década de 1960, nos Estados Unidos, voluntários recolhiam e distribuíam alimentos à população carente, dando início à criação do Banco de Alimentos (BA)66 Belik W, Cunha ARAA, Costa LA. Estratégias para a redução do desperdício na comercialização e o papel dos bancos de alimentos na segurança alimentar e nutricional no Brasil. In: Anais do 49º Congresso Brasileiro de Economia, Administração e Sociologia Rural; 2011; Belo Horizonte. Belo Horizonte: SOBER; 2011. 17 p.. No Brasil, essa iniciativa surgiu na década de 1990 por organizações não governamentais e paraestatais77 Fagundes PRS, Mondini L, Nachiluk K, Silva ROP, Figueiredo AMO. Banco CEAGESP de alimentos: captação e distribuição de alimentos. Inf Econ [Internet]. 2014 [citado em 2019 Nov 28];44(4):33-41. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/ie/2014/tec3-0814.pdf
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Durante o primeiro governo Lula (2003-2006), foi criado o Programa Fome Zero, com o objetivo de garantir a todos os brasileiros o acesso à alimentação de qualidade em quantidade suficiente e permanente, como proposto nos ODM55 Aranha AV, editor. Fome Zero: uma história brasileira [Internet]. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Asessoria Fome Zero; 2010. 242 p. Vol. 3 [citado em 2019 Nov 14]. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/Fome%20Zero%20Vol3.pdf
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. Esse programa é articulado a partir de quatro eixos principais: (1) ações que articulam o acesso aos alimentos; (2) fortalecimento da agricultura familiar; (3) geração de renda; e (4) mobilização e controle social. Neste último eixo, destaca-se o BA88 Aranha AV, editor. Fome Zero: uma história brasileira [Internet]. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Asessoria Fome Zero; 2010. 288 p. Vol. 2 [citado em 2019 Nov 15]. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/Fome%20Zero%20Vol2.pdf
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Em 2003, o BA passou a ter apoio do Programa Fome Zero, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, hoje Secretaria Especial do Desenvolvimento Social do Ministério da Cidadania, visando ao abastecimento e à SAN da população em parceria com estados, municípios, empresas e sociedade civil77 Fagundes PRS, Mondini L, Nachiluk K, Silva ROP, Figueiredo AMO. Banco CEAGESP de alimentos: captação e distribuição de alimentos. Inf Econ [Internet]. 2014 [citado em 2019 Nov 28];44(4):33-41. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/ie/2014/tec3-0814.pdf
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O trabalho do BA consiste em captar doações de gêneros alimentícios fora dos padrões para comercialização, mas que estejam próprios para o consumo humano e sem nenhuma restrição sanitária, por meio de parceiros (redes varejistas, outros BA, grandes empresas ou pequenos produtores locais). Após receber a doação, o BA irá selecionar, processar (ou não), armazenar e distribuir os gêneros alimentícios recebidos. Em seguida, faz a distribuição dessas doações entre as instituições cadastradas, que irão utilizá-las para atender a população local em situação de insegurança alimentar77 Fagundes PRS, Mondini L, Nachiluk K, Silva ROP, Figueiredo AMO. Banco CEAGESP de alimentos: captação e distribuição de alimentos. Inf Econ [Internet]. 2014 [citado em 2019 Nov 28];44(4):33-41. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/ie/2014/tec3-0814.pdf
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Em Itapecerica da Serra, no estado de São Paulo, o BA atende aproximadamente 7.000 pessoas em situação de insegurança alimentar, por intermédio de instituições cadastradas, e doou cerca de 106.690 toneladas de gêneros alimentícios desde sua inauguração, em maio de 2015, até a data de início desta pesquisa, em setembro de 201799 Itapecerica da Serra. Prefeitura. Departamento de Comunicação. Banco de Alimentos de Itapecerica já distribuiu mais de 10 toneladas de alimentos. Jornal na Net [Internet], 13 de outubro de 2015 [citado em 2017 Set 3]. Disponível em: https://www.jornalnanet.com.br/noticias/12409/
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. Em 2017, o BA distribuiu 450 cestas básicas por mês, que eram compradas e armazenadas pelo Fundo Social de Solidariedade1010 Itapecerica da Serra. Prefeitura. Banco de alimentos de Itapecerica da Serra recebe doação de mantimentos [Internet], 13 de setembro de 2017 [citado em 2018 Mar 16]. Disponível em: https://itapecerica.sp.gov.br/post/banco-de-alimentos-de-itapecerica-da-serra-recebe-doacao-de-mantimentos$3187
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Desta forma, o BA atende ao conceito de SAN adotado atualmente no Brasil, segundo o qual a SAN consiste:

[...] na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis1111 Brasil. Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências. Diário Oficial da União [Internet], Brasília, 15 de setembro de 2006 [citado em 2019 Nov 15]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11346.htm
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Sabe-se que os BA têm como objetivo a diminuição da insegurança alimentar e nutricional, com o auxílio das instituições que recebem e repassam as doações e que atuam como agentes de promoção da SAN, intermediários entre o BA e a população carente1212 Instituto Cidadania. Projeto Fome Zero: uma proposta de política de segurança alimentar e nutricional para o Brasil [Internet]. 2001 [citado em 2019 Nov 29]. Disponível em: http://www1.uol.com.br/fernandorodrigues/011017/doc_sintese.pdf
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Um ponto importante que ainda precisa ser explorado é que a existência de um BA não garante a SAN da população. É fundamental observar e avaliar como as instituições participantes, os beneficiários e o próprio BA percebem a evolução da SAN nos locais de atuação do BA.

Considerando a trajetória da política de SAN no Brasil e a importância de avaliar políticas locais de acesso, o objetivo desta pesquisa foi verificar a percepção das instituições beneficiadas pelo BA de Itapecerica da Serra sobre a SAN.

MÉTODO

Trata-se de um estudo qualitativo realizado no BA do município de Itapecerica da Serra, no estado de São Paulo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), sob número do CAAE 73067717.0.0000.5377, e pela Secretaria de Inclusão e Desenvolvimento Social do município.

Das 63 instituições beneficiadas pelo BA de Itapecerica da Serra, 47 foram excluídas por cadastro e documentação incompletos, resultando em 16 instituições convidadas. Destas, 4 não compareceram no dia e horário marcados para a entrevista, de modo a ter 12 instituições participantes da pesquisa.

Os dados das instituições participantes foram levantados pelos pesquisadores nas fichas de cadastro no próprio BA, como: tempo de fundação, tempo de cadastro no BA, número de pessoas atendidas, tipo de instituição e forma de distribuição dos alimentos doados e organizados em fichas. Os dados da caracterização das instituições foram organizados e analisados em planilha de Excel.

Para a coleta de dados qualitativos, foram realizadas entrevistas gravadas, em local reservado, com os responsáveis pelas instituições sobre a SAN, com roteiro de perguntas semiestruturadas elaboradas pelos pesquisadores, no momento da retirada da doação.

As entrevistas foram realizadas no segundo semestre de 2017. Foi feito um pré-teste com duas instituições aleatórias, beneficiadas pelo BA, que não estavam entre as selecionadas para participar da pesquisa, para posteriores ajustes no questionário, se necessário. Após a realização dos ajustes, o teste foi aplicado novamente, sendo aprovado para iniciar a coleta de dados.

As etapas de análise do conteúdo das entrevistas envolveram pré-análise, exploração do material, tratamento dos dados, inferência e interpretação, seguindo o modelo proposto por Bardin1313 Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2008..

Na pré-análise, foi realizada a leitura flutuante de todas as entrevistas, que constituíram o corpus do estudo. Em seguida, foi definida a seleção de temas a posteriori, e como indicadores, a repetição e a relevância dos temas. Com o intuito de não limitar a identificação dos temas, foi feita a opção por não estabelecer uma unidade de registro (número de palavras ou quantidade de linhas), utilizando-se apenas da unidade de contexto, definida como frase1313 Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2008..

Na etapa exploratória do material, foi feito o uso da técnica manipulativa de cutting and sorting1414 Ryan G, Bernard HR. Techniques to identify themes. Field Methods. 2003;15(1):85-109. http://dx.doi.org/10.1177/1525822X02239569.
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, que envolve a identificação das citações ou expressões que de alguma forma parecem importantes, organizando-as depois em seções de sentido comum. Para a identificação dos trechos e manutenção de seu sentido após serem recortados, cada trecho foi identificado com o número da instituição. Também foi tomado o cuidado, ao recortar o material, de manter o sentido/contexto, de modo que, após o recorte, o trecho permanecesse inteligível.

Os trechos foram separados de acordo com as semelhanças nos sentidos, e, em seguida, cada pesquisador, individualmente, analisou e nomeou os discursos. Na sequência, os temas foram discutidos entre os pesquisadores, a fim de estabelecer um consenso. Com isso, eles sofreram alguma modificação do início desta etapa até sua conclusão.

Foram identificados e classificados cinco temas a partir das respostas, sendo eles: (1) SAN, (2) contribuição à instituição, (3) vulnerabilidade social, (4) falta de cadastro e (5) monotonia alimentar.

Foi construído um codebook dos temas contendo a descrição curta e detalhada, os critérios de inclusão e exclusão, os exemplares típicos, atípicos e “close but no”, que é quando um trecho da entrevista parece se encaixar no tema, mas não apresenta os critérios necessários1515 Bernard R, Ryan GW. Codebooks and coding. In: Bernard HR, Wutich AY, Ryan GW, editores. Analyzing qualitative data: systematic approaches. Thousand Oaks: Sage; 2010.. Os temas identificados foram descritos a partir da identificação de aspectos centrais e periféricos, conforme recomendado por Bernard e Ryan1616 Bernard R, Ryan GW. Content analysis. In: Bernard HR, Wutich AY, Ryan GW, editores. Analyzing qualitative data: systematic approaches. Thousand Oaks: SAGE; 2010..

RESULTADOS

O BA de Itapecerica da Serra fornece doações para instituições de diferentes modalidades. As instituições participantes, neste estudo, podem ser classificadas em educacionais (creches e escolas de educação infantil), religiosas (igrejas e projetos de cunho religioso), socioassistenciais (que prestam serviços voltados para a recuperação da situação de vulnerabilidade social do público atendido) e centro dia para idosos (oferta durante o dia, serviços e atividades a fim de promover a inclusão social do idoso). O cadastro das instituições participantes no BA foi realizado entre 2015 e 2017.

Somadas, as instituições participantes atenderam, em 2017, cerca de 2.140 indivíduos em situação de vulnerabilidade social, sendo que sete delas distribuíam os alimentos doados, quatro utilizavam os alimentos doados no preparo de refeições e apenas uma realizava as duas atividades (Tabela 1).

Tabela 1
Caracterização das instituições cadastradas pelo Banco de Alimentos entrevistadas, Itapecerica da Serra, São Paulo, 2017

A partir dos dados qualitativos obtidos nas entrevistas com os responsáveis pelas instituições que recebiam as doações do BA, foram extraídos e analisados cinco temas que se relacionam com o contexto da SAN, apresentados a seguir.

O tema SAN apresenta como aspecto central as “falas que tenham alguma ligação com o conceito de SAN”, em que, por mais que os entrevistados não estivessem falando propriamente desse conceito, suas falas demonstravam indiretamente algum conhecimento sobre ele: “São crianças que às vezes não têm todas as alimentações durante o dia” (I1); “Qual o tamanho da família, para a gente ter uma noção também na hora da distribuição, para não correr o risco de mandar pouco para uns, bastante para outros” (I2); e “Ele simplesmente melhora a qualidade do lanche ou de uma refeição que a gente possa fazer” (I3). Entre as falas, destaca-se a segunda, em que é enfatizada a escassez de critérios para a distribuição de alimentos pela instituição, o que pode levar à não realização da SAN.

Dos discursos analisados que apresentaram relação com o conceito de SAN, apenas duas instituições mencionaram a conexão entre o alimento e a importância da qualidade da alimentação do público atendido. Entre as falas, destacam-se: “Ele simplesmente melhora a qualidade do lanche ou de uma refeição que a gente possa fazer” (I3); e “Essa é a grande importância para a gente por causa da nutrição das crianças, que eu acho que é isso também que o banco de alimentos visa, né” (I1). Nesta segunda fala, o responsável pela instituição ressalta não só a qualidade do alimento, mas também a compreensão do objetivo do BA e se de alguma forma a sua instituição está contribuindo para que esse objetivo seja atendido.

No tema contribuição à instituição, o aspecto central consiste nos “benefícios que as doações providas pelo BA ofereciam para a instituição”, em que foram escolhidas apenas as falas que citavam algum benefício específico, como: “Somos uma ONG e sem fins lucrativos, então minimiza as despesas do projeto, então diretamente o projeto... ele é beneficiado” (I7); e “A gente evita de comprar, às vezes nem tem dinheiro para comprar, e pra nós é uma grande coisa” (I9).

O tema vulnerabilidade social tem como aspecto central “selecionar quem receberá a doação por conta de sua condição financeira e carências em geral”. Neste tema, foram selecionadas todas as instituições que citaram usar como critério de escolha dos beneficiários das doações aspectos de vulnerabilidade social. Entre as respostas obtidas, destacaram-se: “A gente leva sempre em consideração a situação econômica da pessoa, a vulnerabilidade, aquele que está desempregado, a demanda da família, às vezes, aquela família tem muitos filhos, tem muitos parentes” (I11); e “Então tem muita gente com problema financeiro e de alimentação também, e esse banco de alimentos veio nos ajudar bastante, tanto as instituições quanto as famílias” (I1).

O tema falta de cadastro tem como ponto central a “falta de cadastro de quem recebe as doações por parte das entidades”. Aqui foram incluídas todas as instituições que citaram não possuir cadastro estabelecido para registrar quem irá receber as doações: “Não precisa selecionar, são todos iguais como se fossem irmãos, todos amigos, que a comunidade não é muito grande” (I8); “Nós estamos inseridos em um bairro carente, então não tem muito o que selecionar, todos que estão ali precisam” (I1); e “Os dias que eu vou distribuir o leite, né, aí as pessoas já sabem e vão lá pegar” (I9). Mesmo sem um método de seleção definido, oito instituições se preocupam em distribuir os alimentos ou fornecer refeições para as famílias em situação de vulnerabilidade social, demonstrando, assim, que, mesmo não havendo um cadastro definido, realizam uma análise, ainda que limitada, da situação financeira dos beneficiários das doações.

O tema monotonia alimentar tem como aspecto central a “ausência de variação/diversidade alimentar”, em que foram selecionadas todas as instituições que citaram em seu prato apenas alimentos convencionais da cultura em que estão inseridas, sem indícios de mudanças ou variação nas escolhas. Diferentemente dos temas anteriores, que derivaram das próprias questões, esta categoria foi criada a posteriori, em decorrência da frequência com que o assunto aparecia nas entrevistas. Exemplos de respostas neste sentido foram: “Meu prato seria de arroz, verdura e frango” (I9); “Bem básico mesmo, né, uma salada, um arroz, uma carne... mais para carne branca do que vermelha, mas bem básico mesmo, nada que fuja muito do tradicional” (I7); “É uma camada muito pequena da sociedade brasileira que tem a oportunidade de se esbanjar com diversidade de pratos, eu acho que o brasileiro ele é bem básico, aquilo que a gente é acostumado a se alimentar em casa” (I11).

DISCUSSÃO

É importante identificar a percepção do conhecimento sobre a SAN dessas instituições para conhecer melhor o que é feito com a doação após sua distribuição; se essas doações estão atingindo a finalidade a que se destinam; e se estão cumprindo seu objetivo de diminuir a insegurança alimentar no município de Itapecerica da Serra. Essas informações podem também contribuir para identificar pontos que precisam ser melhorados na distribuição, assim como estratégias para capacitação das instituições atuantes sobre a SAN.

Entre os resultados obtidos por meio da análise de conteúdo das respostas dadas pelas instituições credenciadas participantes, foi possível observar que seis delas apresentaram em suas falas, mesmo que indiretamente, algo relacionado ao conceito de SAN.

A proposta principal de um BA, segundo Fagundes et al.77 Fagundes PRS, Mondini L, Nachiluk K, Silva ROP, Figueiredo AMO. Banco CEAGESP de alimentos: captação e distribuição de alimentos. Inf Econ [Internet]. 2014 [citado em 2019 Nov 28];44(4):33-41. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/ie/2014/tec3-0814.pdf
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, é a de arrecadação de alimentos que seriam descartados, para posterior distribuição às entidades que atendem populações vulneráveis, cumprindo diretamente o quesito social e, indiretamente, o econômico e o ambiental.

Ao serem contempladas pelo BA, as instituições são diretamente beneficiadas, pois isso possibilita que elas realizem o trabalho de distribuição de alimentos e/ou refeições sem gerar gastos para a instituição ou diminuindo-os, contribuindo para um melhor funcionamento dela não apenas no âmbito alimentar77 Fagundes PRS, Mondini L, Nachiluk K, Silva ROP, Figueiredo AMO. Banco CEAGESP de alimentos: captação e distribuição de alimentos. Inf Econ [Internet]. 2014 [citado em 2019 Nov 28];44(4):33-41. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/ie/2014/tec3-0814.pdf
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. Neste sentido, entre os discursos, destaca-se: “Se fosse para tirar de nós mesmos também, só da nossa igreja, só da instituição, seria bem mais difícil, né, então é uma ajuda muito importante” (I9).

Segundo Sperandio et al.1717 Sperandio N, Morais DC, Priore SE. Escalas de percepção da insegurança alimentar validadas: a experiência dos países da América Latina e Caribe. Cien Saude Colet. 2018;23(2):449-62. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018232.08562016. PMid:29412403.
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, conhecer com exatidão a localização, a distribuição sociodemográfica, os determinantes e as consequências da insegurança alimentar e nutricional é essencial para seu controle, o que é obtido por meio de escalas que permitem dimensionar esse fenômeno.

O BA é uma ferramenta que pode contribuir para a diminuição da insegurança alimentar, uma vez que o acesso a alimentos seguros e saudáveis é um dos requisitos para garantir a SAN1717 Sperandio N, Morais DC, Priore SE. Escalas de percepção da insegurança alimentar validadas: a experiência dos países da América Latina e Caribe. Cien Saude Colet. 2018;23(2):449-62. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018232.08562016. PMid:29412403.
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É importante destacar que todas as instituições estudadas não possuíam critério ou método de seleção estabelecidos para definir as famílias beneficiárias das doações provenientes do BA. A falta de cadastro para a seleção prejudica o sistema de doações, no sentido em que não há como afirmar com certeza se o objetivo do BA de reduzir a insegurança alimentar da população em risco está sendo cumprido.

De modo geral, após a análise temática do conteúdo, os pesquisadores apontam que as instituições apresentam percepção de SAN baseada no acesso ao alimento pela população que mais necessita. Uma das perguntas do questionário foi: “Você está em um restaurante self-service com preparações ilimitadas e pode pegar o que quiser, pois você tem crédito ilimitado, como seria o seu prato?”. Sua função era apresentar a realidade do hábito alimentar vivenciada pelos participantes da pesquisa em seu cotidiano, a fim de expor suas preferências e apresentar aspectos do consumo ligados à quantidade e qualidade das refeições. Quando essa pergunta foi feita aos responsáveis pelas instituições, suas respostas caracterizam a culinária básica brasileira, composta por arroz, feijão, uma “mistura” (carne ou frango) e alguma verdura ou legume, geralmente o que estava sendo doado pelo BA no dia das entrevistas.

Em estudo realizado por Moura e Masquio1818 Moura AF, Masquio DCL. Alimentação saudável na percepção de beneficiários do Programa Banco de Alimentos – Alimentação saudável. Nutrire. 2014;39(2):222-32. http://dx.doi.org/10.4322/nutrire.2014.021.
http://dx.doi.org/10.4322/nutrire.2014.0...
, foram realizadas campanhas pela Secretaria de Segurança Alimentar do município de Mauá, estado de São Paulo, enfatizando a importância do consumo dos alimentos fornecidos pelo BA para a saúde. Os beneficiários foram questionados, posteriormente, sobre o que consideravam ser uma alimentação saudável, e as respostas obtidas abrangiam frutas, verduras e legumes (com ênfase nas recebidas pelo BA) e, em menor quantidade, arroz, feijão e carne.

Neter et al.1919 Neter JE, Dijkstra SC, Visser M, Brouwer IA. Dutch food bank parcels do not meet nutritional guidelines for a healthy diet. Br J Nutr. 2016;116(3):526-33. http://dx.doi.org/10.1017/S0007114516002087. PMid:27229880.
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, que estudaram 11 BA holandeses, apontaram a dificuldade de atender às necessidades nutricionais dos beneficiários de acordo com os alimentos doados pelas empresas. O perfil da população atendida, com alta prevalência de insegurança alimentar e excesso de peso, demandaria por alimentos de melhor qualidade nutricional, mas, ainda assim, o que é fornecido pelo BA não era suficiente para garantir a SAN.

Nesta pesquisa, não foi realizada nenhuma campanha sobre alimentação saudável ou benefícios dos alimentos doados; sendo assim, acredita-se que as respostas à questão citada anteriormente possam estar relacionadas ao medo de perder a doação e/ou de a instituição ser retirada do rol de beneficiados pelo BA.

A principal limitação deste estudo foi o número de instituições participantes comparado ao número total de instituições beneficiadas pelo BA. Cabe salientar que 4 instituições não participaram das entrevistas e outras 47 instituições não tinham documentação completa.

Faz-se necessário demonstrar às instituições a importância de se realizar o controle dos beneficiários das doações, utilizando-se de cadastros e critérios de seleção para garantir que o destino final da doação atinja a SAN e os objetivos do BA.

Em estudo qualitativo realizado por van der Velde et al.2020 van der Velde LA, Schuilenburg LA, Thrivikraman JK, Numans ME, Kiefte-de Jong JC. Needs and perceptions regarding healthy eating among people at risk of food insecurity: a qualitative analysis. Int J Equity Health. 2019;18(1):184-96. http://dx.doi.org/10.1186/s12939-019-1077-0. PMid:31775770.
http://dx.doi.org/10.1186/s12939-019-107...
com 242 residentes em bairros desfavorecidos de Haia, na Holanda, sobre insegurança alimentar, foi observado nos discursos dos participantes um ponto que reforça a necessidade de critérios na seleção dos beneficiários, pois consideram que os recursos obtidos pelos BA nem sempre eram distribuídos para quem realmente precisava.

Conclui-se que os responsáveis das instituições beneficiadas pelo BA apresentaram uma percepção de SAN fundamentada no acesso aos alimentos pelas famílias atendidas, e isso satisfaz, parcialmente, o conceito de SAN adotado no Brasil.

Esta pesquisa, portanto, salienta a necessidade de promover a capacitação sobre a SAN, a fim de aumentar o conhecimento das instituições, melhorar o trabalho desenvolvido pelo BA e garantir o direito social à alimentação.

  • Como citar: Hehnke B, Galera AS, Silva NM, De Maria PF, Kutz NA, Salgueiro MMHAO. Percepção sobre a segurança alimentar e nutricional de instituições cadastradas no Banco de Alimentos de Itapecerica da Serra. Cad Saúde Colet, 2021; Ahead of Print. https://doi.org/10.1590/1414-462X202129020586
  • Trabalho realizado no Banco de Alimentos – Itapecerica da Serra (SP), Brasil.
  • Fonte de financiamento: nenhuma.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Ago 2021
  • Data do Fascículo
    Sep-Oct 2021

Histórico

  • Recebido
    04 Dez 2018
  • Aceito
    03 Mar 2020
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