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Efeito do número de adultos de Trichogramma galloi Zucchi, 1988 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) liberados em semanas sucessivas, para o controle de Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Crambidae)

Effect of the number of Trichogramma galloi Zucchi, 1988 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) adults released by successive weeks, to control Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Crambidae)

Resumos

Neste trabalho, estudou-se o efeito do número de adultos de Trichogramma galloi Zucchi, 1988 liberados em semanas sucessivas, para o controle de Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794). O experimento foi conduzido em março de 2003, com a cultivar SP 79-1011, de quatro meses de idade. Adotou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado. Foram demarcadas quatro subáreas de 400 m² cada (20 m x 20 m), eqüidistantes 20 m. Cada parcela foi infestada artificialmente uma vez por semana com 20 casais de D. saccharalis (dois casais por gaiola, correspondendo a dez repetições por tratamento). Cada repetição correspondeu aos diferentes pontos de infestação. Repetiu-se esse procedimento por três semanas consecutivas, obtendo-se as posturas. Liberou-se T. galloi nas primeiras 24 horas após a infestação, no centro de cada uma das subáreas, nas seguintes quantidades (tratamentos): a- ausência de liberação (testemunha); b- 4.000 adultos (100.000 T. galloi/ha); c- 8.000 adultos (200.000 T. galloi/ha) e 10.000 adultos (250.000 T. galloi/ha). Com este trabalho ficou evidenciado que as liberações realizadas em áreas infestadas com ovos de D. saccharalis, em três semanas consecutivas, proporcionaram níveis elevados de parasitismoe que as melhores taxas de liberação de T. galloi para o controle de D. saccharalis, ficaram entre 150.000 e 175.000 parasitóides/ha.

Controle biológico; broca-da-cana-de-açúcar; parasitóide


This research aimed to study the effect of Trichogramma galloi Zucchi, 1988 adults released by successive weeks, on the control of Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794). The experiment was carried out on a sugarcane cultivar SP 79-1011, four months-old. An experimental design entirely randomized was adopted. The experiments were conducted in four subareas of 400 m² (20 m x 20 m) separated by 20 m from each other. The experimental plots were artificially infested with twenty D. saccharalis couples once a week (two couples for cage, corresponding a ten repetition per treatment). T. galloi adults were released weekly, in the first 24 hour after infestation, in the center of each one of the subareas, as follows: a- Control (no release); b- 4,000 adults (100,000 T. galloi/hectare); c- 8,000 adults (200,000 T. galloi/hectare); d- 10,000 adults (250,000 T. galloi/hectare). The results evidenced that the amount of parasitoids released in consecutive weeks at areas infested with eggs of D. saccharalis may still maintain high levels of parasitism. The best release rates of T. galloi were between 150,000 and 175,000 parasitoids adults per hectare per week.

Biological control; sugarcane borer; parasitoid


CIÊNCIAS AGRÁRIAS

Efeito do número de adultos de Trichogramma galloi Zucchi, 1988 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) liberados em semanas sucessivas, para o controle de Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Crambidae)

Effect of the number of Trichogramma galloi Zucchi, 1988 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) adults released by successive weeks, to control Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Crambidae)

Sônia Maria Forti Broglio-MichelettiI; Josean Leite Pereira-BarrosII; Adriano Jorge Nunes dos SantosIII; Lucyo Wagner Torres de CarvalhoIII; Luiz Henrique Torres de CarvalhoIII; Carlos José Tavares de OliveiraIII

IProfessora Adjunto, Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade, Centro de Ciências Agrárias/CECA/UFAL, BR104 N, km 85 - 57100-00 - Rio Largo, AL - soniamfbroglio@ofm.com.br

IIMestre em Agronomia, Área de Concentração: Produção Vegetal, Centro de Ciências Agrárias, CECA/UFAL, BR104 N, km 85 - 57100-00 - Rio Largo, AL - leitepb@uol.com.br

IIIEstudantes do Curso de Agronomia do Centro de Ciências Agrárias/CECA/UFAL - BR104 N, km 85 - 57100-00 - Rio Largo, AL - bolsistas de Iniciação Científica do CNPq e da Fundação de Amparo à Pesquisa em Alagoas/FAPEAL

RESUMO

Neste trabalho, estudou-se o efeito do número de adultos de Trichogramma galloi Zucchi, 1988 liberados em semanas sucessivas, para o controle de Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794). O experimento foi conduzido em março de 2003, com a cultivar SP 79-1011, de quatro meses de idade. Adotou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado. Foram demarcadas quatro subáreas de 400 m2 cada (20 m x 20 m), eqüidistantes 20 m. Cada parcela foi infestada artificialmente uma vez por semana com 20 casais de D. saccharalis (dois casais por gaiola, correspondendo a dez repetições por tratamento). Cada repetição correspondeu aos diferentes pontos de infestação. Repetiu-se esse procedimento por três semanas consecutivas, obtendo-se as posturas. Liberou-se T. galloi nas primeiras 24 horas após a infestação, no centro de cada uma das subáreas, nas seguintes quantidades (tratamentos): a- ausência de liberação (testemunha); b- 4.000 adultos (100.000 T. galloi/ha); c- 8.000 adultos (200.000 T. galloi/ha) e 10.000 adultos (250.000 T. galloi/ha). Com este trabalho ficou evidenciado que as liberações realizadas em áreas infestadas com ovos de D. saccharalis, em três semanas consecutivas, proporcionaram níveis elevados de parasitismoe que as melhores taxas de liberação de T. galloi para o controle de D. saccharalis, ficaram entre 150.000 e 175.000 parasitóides/ha.

Termos para indexação: Controle biológico, broca-da-cana-de-açúcar, parasitóide.

ABSTRACT

This research aimed to study the effect of Trichogramma galloi Zucchi, 1988 adults released by successive weeks, on the control of Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794). The experiment was carried out on a sugarcane cultivar SP 79-1011, four months-old. An experimental design entirely randomized was adopted. The experiments were conducted in four subareas of 400 m2 (20 m x 20 m) separated by 20 m from each other. The experimental plots were artificially infested with twenty D. saccharalis couples once a week (two couples for cage, corresponding a ten repetition per treatment). T. galloi adults were released weekly, in the first 24 hour after infestation, in the center of each one of the subareas, as follows: a- Control (no release); b- 4,000 adults (100,000 T. galloi/hectare); c- 8,000 adults (200,000 T. galloi/hectare); d- 10,000 adults (250,000 T. galloi/hectare). The results evidenced that the amount of parasitoids released in consecutive weeks at areas infested with eggs of D. saccharalis may still maintain high levels of parasitism. The best release rates of T. galloi were between 150,000 and 175,000 parasitoids adults per hectare per week.

Index terms: Biological control, sugarcane borer, parasitoid.

INTRODUÇÃO

A cana-de-açúcar é uma cultura de grande importância econômica para alguns países das Américas, especialmente para o Brasil. No Nordeste, a cultura canavieira se estende da Zona da Mata dos Estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe até o recôncavo baiano. No Estado de Alagoas, a produção de cana-de-açúcar atinge uma área de 450.000 hectares, favorecida pelas condições agro-climáticas. Entretanto, a ação das pragas e, conseqüentemente, dos organismos oportunistas vem limitando essa produção. Entre essas se destaca a broca-do-colmo, Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Crambidae), vulgarmente conhecida como broca-pequena-da-cana-de-açúcar (MENDONÇA, 1996).

Atualmente, o controle mais eficiente para D. saccharalis tem sido o biológico, empregando-se o endoparasitóide larval Cotesia flavipes (Cameron, 1891) (Hymenoptera: Braconidae). Entretanto, Botelho et al.(1995) observaram que o fator-chave de crescimento da população da broca-da-cana é a fase de ovo, que apresenta abundância de espécies de parasitóides, especialmente as do gênero Trichogramma spp.

Liberações inundativas de Trichogramma spp. são realizadas na Rússia, China, Taiwan (Formosa), México, EUA, Europa Ocidental, Índia, África e América do Sul para controlar pragas do algodoeiro, hortaliças, mandioca, frutíferas, milho, cana-de-açúcar e florestas, entre outras (Parra et al., 1987). Sem dúvida, é o parasitóide de ovos mais estudado no mundo, sendo que cerca de 18 espécies são criadas em 16 países, para liberações inundativas em 18 milhões de hectares (HASSAN, 1994).

O controle biológico, através de liberações inundativas de parasitóides de ovos como Trichogramma spp., apresenta a vantagem de poder reduzir a população da praga antes que algum dano seja causado à cultura (VOEGELÉ, 1988).

Segundo Smith (1996), para ocorrer sucesso nas liberações, é preciso seguir as etapas de seleção da população adequada para a liberação, desenvolvimento de um sistema de produção massal e distribuição do parasitóide produzido, além de estratégias para a liberação em campo. Para o controle da broca-da-cana, Cueva (1979, 1980) recomendou realizarem-se as primeiras liberações de Trichogramma spp. no início da cultura. Botelho (1997) citou que para se ter êxito no controle de D. saccharalis, utilizando-se Trichogramma galloi Zucchi, 1988 (Hymenoptera: Trichogrammatidae), é necessário conhecer o número ideal de insetos, a época e as condições climáticas mais propícias para o melhor desempenho do parasitóide em campo.

Este trabalho teve por objetivo estudar o efeito da quantidade de adultos de T. galloi liberados/área, em semanas sucessivas, para o controle de D. saccharalis, baseando-se em infestações artificiais desta praga.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em março de 2003, no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas, CECA/UFAL, no Município de Rio Largo, que está situado a uma latitude de 90 27' S, longitude de 35027' W e uma altitude média de 127 m acima do nível do mar, com temperatura máxima de 290C e mínima de 210C, e pluviosidade média anual de 1.267,67 mm. Utilizou-se a cultivar SP 79-1011, cana-planta com 4 meses de idade. Em campo, foram demarcadas quatro subáreas de 400 m2 (20 m x 20 m), eqüidistantes 20 m, que receberam os tratamentos, pois se considerou o raio de ação do inimigo natural de 10 metros (LOPOS, 1988; LOPES et al., 1989).

Para se obter as quantidades de parasitóides a serem liberados por tratamento, em laboratório, separaram-se duzentas posturas de D. saccharalis de primeiro dia, obtidas em papel impermeável, a partir de adultos cedidos pela Usina Triunfo Agro-Industrial (Boca da Mata, AL). Essas posturas foram agrupadas em três categorias: pequenas (1-10 ovos), médias (11-30 ovos) e grandes (31-70 ovos) e oferecidas por um período de 48 horas a adultos de T. galloi recém-emergidos. Esses parasitóides foram criados em ovos de D. saccharalis, provenientes da criação do laboratório de Entomologia, contidos em recipientes de vidro (15 cm de altura x 10 cm de diâmetro) em que foram alimentados com gotículas de mel colocadas nas bordas dos frascos, pois segundo Parraet al. (1987), Pinto et al. (2003)eYu et al. (1984), fêmeas alimentadas parasitam mais hospedeiros do que aquelas desprovidas de alimento. Para cada uma das posturas avaliaram-se a porcentagem de parasitismo, a viabilidade dos ovos e o número de adultos obtidos/ovo. A partir desses valores, considerou-se para a quantificação de T. galloi a ser liberado, o parasitismo de 79,3%; a viabilidade dos ovos parasitados de 78,0% e o número de parasitóides por ovo de 2,3; conforme metodologia descrita por Pereira-Barros (2003).

Em campo, após uma inspeção para eliminação de posturas de D. saccharalis de ocorrência natural, realizou-se a infestação artificial. Em cada subárea demarcada, foram colocadas 10 gaiolas de náilon, distribuídas aleatoriamente por toda área experimental, onde se colocaram 2 casais de adultos da broca/gaiola. Vedou-se cada gaiola através de fitas, para evitar fugas. Após 24 horas, as gaiolas foram retiradas, os adultos eliminados, as posturas contadas e as folhas de cana-de-açúcar devidamente identificadas por meio de fitas coloridas, para facilitar a visualização em campo. Procurou-se manter uniformidade na distribuição das posturas dentro da área experimental, eliminando-se as excedentes.

Os parasitóides foram liberados pela manhã, no centro de cada subárea, nas quantidades de 4.000, 8.000 e 10.000 adultos/subárea (equivalentes a 100.000, 200.000 e 250.000/adultos/ha) e uma subárea que não recebeu liberação foi mantida como testemunha, para o parasitismo natural. As avaliações foram realizadas dois dias após a liberação. As folhas de cana-de-açúcar contendo as posturas de D. saccharalis, previamente marcadas nos diferentes tratamentos, foram retiradas do campo. As posturas foram recortadas com tesoura, e colocadas em placas de Petri, sendo mantidas em laboratório, em condições ambientais (Temperatura 26±20C, UR 60±10% e fotofase de 12h), com manutenção diária de umidade em cada postura, por meio de algodão hidrófilo embebido em água destilada. Cinco dias após, as massas de ovos foram examinadas com auxílio de microscópio estereoscópico (80X), computando-se por folha de cana-de-açúcar, o número de posturas parasitadas e não parasitadas. Determinou-se o parasitismo, estabelecendo-se a relação entre o número de posturas parasitadas (estando as posturas com os ovos parasitados em sua totalidade) e o número total delas, sendo este avaliado através do teste ÷2 e pela Regressão Polinomial. Todo o procedimento anteriormente citado foi repetido por três semanas sucessivas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na primeira semana foi observado um parasitismo máximo de 71,4%, enquanto que na testemunha (sem liberação do parasitóide) registrou-se o menor parasitismo 4,7% por T. galloi, sendo que 94,0% dos dados obtidos foram explicados pela equação polinomial (R2 = 0,94) (Tabela 1 e Figura 1). Resultado semelhante foi encontrado por Cueva (1979), em que houve baixo índice de parasitismo na testemunha no início da liberação. O tratamento 250.000 T. galloi/ha apresentou uma menor eficiência, em relação ao de 100.000 e o de 200.000 parasitóides/ha. Na primeira semana de liberação, o tratamento que possibilitou melhor parasitismo foi o de 8.000 adultos/subárea, equivalentes a 200.000 parasitóides/ha com 71,4% de parasitismo.


O parasitismo na segunda semana esteve entre 25,0% (testemunha) e 80,9% (200.000 parasitóides/ha) (Tabela 1 e Figura 2). Os valores foram maiores que os da primeira semana para todos os tratamentos, embora os aumentos não tenham sido proporcionais para todos os casos. Pôde-se constatar também elevação do parasitismo na testemunha, se comparado à primeira semana de liberação, semelhante aos resultados obtidos por Botelho et al. (1995). Como se utilizou a metodologia descrita por Lopes (1988), em que se considerou um raio de ação de 10 m, o aumento no parasitismo para a testemunha, pode dever-se ao fato do parasitóide ser de ocorrência natural. O tratamento que possibilitou melhor parasitismo foi o de 200.000 parasitóides/ha, com 80,9%, sendo 87,9% dos dados obtidos, explicados pela equação polinomial (R2 = 0,90) (Figura 2). A eficiência do tratamento 250.000 T. galloi/ha (58,3%) foi muito próxima a de 100.000 parasitóides/ha (54,5%). Botelho et al. (1999) obtiveram um índice de parasitismo de 57,2%, utilizando 200.000 T. galloi/ha, com duas liberações sucessivas em intervalos semanais.


Na terceira semana o parasitismo variou entre 25,9% (sem a liberação do parasitóide) e 100,0% (200.000 parasitóides/ha) (Tabela 1 e Figura 3). Houve aumento nos parasitismos em relação às semanas anteriores, sendo que, os inimigos naturais liberados anteriormente tiveram tempo suficiente para completar o ciclo das primeiras gerações em campo, a uma temperatura média de 25ºC, pois, Lopes (1988), baseado em estudos de laboratório, observou que ocorre uma geração de T. galloi, em média, a cada 15 dias. No caso do experimento, 98,00% dos dados obtidos foram explicados pela equação polinomial (R2 = 0,98) (Figura 3). Resultado semelhante foi encontrado por Botelho et al. (1999), em que o índice de parasitismo foi de 71,4%, utilizando-se 200.000 T. galloi/ha, com três liberações sucessivas em intervalos semanais.


Analisando-se separadamente as três semanas consecutivas de liberação, foi observado que na primeira e terceira semanas os tratamentos diferiram a 1% pelo teste c2, enquanto que na segunda semana não houve diferença significativa, entre eles, a 5% pelo teste c2 (Tabela 1). No entanto, analisando-se em conjunto as três semanas, os valores diferiram a 1% pelo teste c2 (Tabela 1), obtendo-se um R2 = 0,93 (Figura 4).


Knipling (1977) relatou que, números crescentes de parasitóides liberados por unidade de área, levaram a uma redução na eficiência de Trichogramma spp. devido à competição intra-específica. À medida que aumentou a sua densidade, a probabilidade de um parasitóide encontrar um ovo não parasitado diminuiu. No entanto, se for liberada em campo uma grande quantidade de parasitóide, e se a densidade do hospedeiro for baixa, ocorrerá uma baixa taxa de parasitismo (NEIL & SPECHT, 1990).

Comparando as três semanas consecutivas de liberação de T. galloi, em área infestada artificialmente por D. saccharalis, os resultados obtidos indicaram que as melhores taxas de liberação de T. galloi, ficaram entre 150.000 e 175.000 parasitóides/ha (Tabela 1 e Figura 4), constatando-se assim, eficiência nos dois casos. Botelho et al. (1995) relataram que as liberações semanais, em áreas infestadas podem apresentar bom índice de parasitismo.

Quanto à porcentagem de predação sobre os ovos de D. saccharalis nas três semanas de liberação dos parasitóides, verificou-se que dois dias após a liberação de T. galloi, uma média de 50,5% das posturas haviam sido predadas (Tabela 2). Lopes et al. (1989) observaram, em média, 64,4% de predação após cinco dias da liberação. A predação impossibilitou a avaliação do parasitismo, conseqüentemente diminuiu a quantidade de cairomônio no campo, segundo Lewis et al. (1978).

Em função da predação, recomenda-se a coleta de posturas de D. saccharalis para avaliação do parasitismo com até 24 horas após as liberações.

A determinação do momento exato da liberação do parasitóide depende da correta avaliação populacional de ovos da broca-da-cana-de-açúcar em campo, o que na prática é trabalhoso de ser executado. Assim, Pinto & Parra (2002) relataram que em algumas situações podem-se utilizar meios indiretos para a determinação do momento ideal de liberação, em que para o controle de D. saccharalis utilizando-se T. galloi, as liberações devem ser iniciadas a partir do momento em que os primeiros machos forem capturados nas armadilhas de feromônio, pois é difícil de se determinar a densidade de ovos em campo.

CONCLUSÕES

Liberações de T. galloi realizadas em áreas infestadas com ovos de D. saccharalis em três semanas consecutivas, proporcionaram níveis elevados de parasitismo.

As melhores taxas de liberação de T. galloi para o controle de D. saccharalis, ficaram entre 150.000 e 175.000 parasitóides/ha.

AGRADECIMENTOS

Ao Banco do Nordeste, por financiar a pesquisa; ao CNPq e à FAPEAL pela concessão das bolsas de Iniciação Científica e Mestrado; à Usina Triunfo Agro-Industrial por ceder os adultos de D. saccharalis; ao Prof. Dr. Roberto Antonio Zucchi e a Drª Ranyse Barbosa Querino da Silva, por identificarem o parasitóide; ao Curso de Mestrado em Produção Vegetal do CECA/UFAL, pelo auxílio financeiro para participação em eventos e ao Prof. Dr. José Roberto Postali Parra, pelo estímulo para que a pesquisa fosse realizada.

(Recebido para publicação em 22 de junho de 2005 e aprovado em 1 de fevereiro de 2006)

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Jun 2007
  • Data do Fascículo
    Fev 2007

Histórico

  • Recebido
    22 Jun 2005
  • Aceito
    01 Fev 2006
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