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Diálogo com Angel Pino: a linguagem e a educação de jovens e adultos

Dialogue with Angel Pino: youth and adult language and education

Resumo:

Neste texto, a alfabetização de jovens e adultos é concebida, fundamentalmente, como processo de significação, inerente à participação do sujeito na vida da sociedade. Tal processo desencadeia-se da produção de linguagem oral e escrita, que o ser humano passa a realizar em um salto qualitativo que se dá a partir de sua inserção na vida social. Essa concepção é abordada, neste texto, sob a forma de conversa imaginada entre o autor e seu orientador, Angel Pino.

Palavras-chave:
Alfabetização/escolarização de jovens e adultos; Linguagem oral e escrita; Participação na vida da sociedade.

Abstract :

In this text, adult and youth literacy is conceived primarily as a process of signification, inherent to the subject's participation in the life of society. This process is triggered by the production of oral and written language, which the human being comes to accomplish in a qualitative leap that occurs from their insertion into social life. This conception is discussed in this text, in the form of an imagined conversation between the author and his supervisor, Angel Pino.

Keywords :
Literacy/education of youth and adults; Oral and written language; Participation in the life of society

É a educação que poderá desenvolver papel central na transformação do homem - este caminho da formação da consciência social das novas gerações - a forma básica para mudar a espécie histórica humana [...] E reunir pensamento e trabalho, que têm estado divididos e separados durante o processo de desenvolvimento do capitalismo. (VIGOTSKI, 1994, p. 181-182)

Prezado leitor,

Este texto-homenagem ao meu orientador Prof. Dr. Angel Pino, elaborado de uma forma dialógica imaginante, tem um real concreto baseado no prefácio que ele fez para meu livro A Constituição do Ser Humano: amor, poder, saber na - educação/alfabetização de jovens e adultos1 1 O autor defendeu sua tese A Constituição do Sujeito Político, Sujeito Epistemológico e Sujeito Amoroso na Alfabetização de Jovens e Adultos, em 18/02/2000, na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, sob orientação do Prof. Dr. Angel Pino Sirgado. A base material do trabalho foi a experiência conjunta de educação/alfabetização de jovens e adultos entre o Centro de Cultural e Desenvolvimento do Paranoá (Cedep - DF) e a Universidade de Brasília. Essa tese gerou livro publicado pela Editora Autores Associados, de Campinas-SP., em 2011, com o nome de A Constituição do Ser Humano: amor, poder e saber na educação/alfabetização de jovens e adultos. , e nas conversas de orientação que tivemos. Tem também um sentido de gratidão, pelo que me ensinou e me ensina como professor-pesquisador-amigo, mantendo vivo em meu ser e em meu em-sendo, este ser humano extraordinário e sua contribuição singular aos caminhos do desenvolvimento humano.

Acompanhe, agora, querido leitor, o diálogo por mim imaginado.

Renato Hilário dos Reis (Renato): Prezado Pino, como diz Vigotski, não nascemos humanos, nos tornamos humanos. E um dos distintivos da evolução da espécie animal, conforme se nos apresenta Engels, em seu famoso texto: O Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem. Assim sendo, quando e como a espécie Homo começou a articular sons e a produzir a fala?

Angel Pino Sirgado (Pino): não sabemos, e talvez nunca saibamos, quando e como a espécie Homo começou a articular sons e a produzir a fala.

Renato: esse acontecimento da espécie Homo quanto ao articular sons e desenvolver a fala, constitui uma das bases fundamentais da evolução da espécie animal para a espécie humana, que você chamou de espécie Homo. Qual é o papel da fala nesse processo?

Pino: sem a fala, a evolução que transformaria a espécie Homo em Homo Sapiens não teria ocorrido e talvez ela pudesse ter ficado retida nos limites da evolução biológica, a menos que algo equivalente ou superior a fala tivesse acontecido.

Renato: mas, Pino, como você compreende a fala no Homo Sapiens?

Pino: a fala é um sistema simbólico que possibilitou a espécie Homo representar-se no mundo e sua ação sobre ele, o que o transformara de faber, ou mero fabricante de utensílios, em Sapiens, ou seja, construtor de um mundo simbólico e, como tal, inteligível. Durante centenas de milhares de anos, a fala foi o único meio de comunicação dos homens em processo de evolução e de transmissão às gerações posteriores dos seus saberes, mitos e tradições. Ela permitiu aos homens reconstituir o passado e perscrutar o futuro e tecer os fios da própria história.

Renato: nas trilhas de Marx e Engels, particularmente na Ideologia Alemã, e reiteradas por Vigotski em Psicologia do Homem Concreto, o ser humano se constitui na contradição das relações sociais, o que gerou a necessidade da fala para juntar e aglutinar as pessoas?

Pino: ao exigir a presença dos interlocutores, a palavra aglutinou as pessoas, compelindo-as a se manterem próximas umas das outras nos estreitos limites dos espaços discretos das pequenas distâncias.

Renato: podemos dizer, então, Pino, que as relações sociais, e dentro delas a emergência da fala, decorrem das necessidades de sobrevivência e existência do ser humano? E, quanto à emergência da escrita, com o desenvolvimento do Homo Sapiens? Você compreende a escrita, como decorrente, do desenvolvimento da fala?

Pino: a imensa distância, Renato, que separa no tempo a emergência da escrita do aparecimento da fala revela que, apesar da estreita relação que existe entre ambas, aquela não decorre naturalmente desta, tendo sido necessário que mudanças importantes ocorressem na história humana, para que os homens fossem levados a inventar novas formas de linguagem, de linguagem gráfica, que lhes permitissem, ao mesmo tempo, romper as barreiras que as distâncias impunham à comunicação oral e criar novas formas de representação da realidade.

Renato: você poderia situar, na cronologia do desenvolvimento da espécie humana, quando pode ser colocado, mesmo aproximativamente, o aparecimento da linguagem escrita?

Pino: embora a linguagem escrita seja uma aquisição tardia na história humana - as primeiras formas sumero-acadianas datam apenas de uns 3.000 anos a.C. - ela se insere numa tradição pictográfica milenar cujas primeiras manifestações conhecidas remontam há 35.000 anos a.C., no fim do período Musteriano. Leroi-Gourhan, um paleontólogo contemporâneo, em seu livro, denominado Le geste e Le parole, publicado em 1964, em Paris, pela Editora Albin Michel, vai nos dizer que as primeiras formas de grafismo seriam constituídas de traços ou incisões gravadas no osso ou na madeira, equidistantes umas das outras. Isso justificaria a hipótese de que a finalidade dessas protoformas gráficas seria acompanhar recitados verbais ritmados, o que faria do grafismo, nos seus começos, a expressão de ritmos e não de formas. Só por volta de 20.000 anos a.C., é que aparecem nas cavernas as primeiras formas gráficas mais elaboradas de conteúdo mitológico, já demonstrando a existência de um certo domínio da técnica pictórica.

Renato: pelo que posso compreender, há uma relação direta entre o grafismo inicial e a emergência da linguagem escrita. Esse grafismo, Pino, se apresenta nas análises paleontológicas?

Pino: há duas observações que podem ser destacadas. Uma primeira é de que o grafismo teria começado não como reprodução realista ingênua da realidade, mas, como formas abstratas, ou seja, como representações simbólicas dessa realidade. O realismo pictórico é posterior. A segunda é que a arte figurativa estaria, desde as suas origens, mais próxima da linguagem do que da obra artística. Tudo indica, Renato, que os primeiros sistemas de escrita teriam surgido da conjunção de uma estrutura de representações organizadas de símbolos mitológicos e de uma estrutura elementar de contabilidade de objetos, como sugere nosso Leroi-Gourhan.

Renato: e há alguma relação entre o grafismo e a capacidade gestual humana?

Pino: o surgimento do grafismo está relacionado com a atividade gestual do homem, a qual, por estar ligada ao corpo, constitui a referência primeira de todo meio de comunicação, mantendo estreitas relações com a fala, através da articulação palavra-gesto. As formas gráficas representam a captura e o congelamento do gesto humano no instante mesmo da sua produção, primeiro em forma de imagem e depois num alinhamento de signos cuja progressiva estilização conduziria ao alfabeto grego (século VII a. C.). Mas, Renato, se o gesto pode desempenhar um papel tão importante no surgimento das formas gráficas é porque ele se tornara portador de significação.

Renato: quando você menciona significação, entendo, consoante Vigotski, que ela é fundante para o atribuir-se humano. No seu caso, qual compreensão você tem desse fenômeno da linguagem do ser humano?

Pino: a significação constitui o manancial comum da palavra, do desenho e da escrita, transformando essas diferentes formas de expressão em signos, ou seja, em sistemas que nos permitem representar a realidade. A significação é a face oculta da realidade, da qual o signo é sinal; face oculta a qual só se chega pelo trabalho de interpretação. A captura da palavra, oral ou escrita, Renato, só é útil se for seguida de um "trabalho" de decifração que permita captar a significação que ela veicula. Sim, porque a significação - enquanto saber humano a respeito das coisas - não está nem na palavra (sinal sonoro ou gráfico), nem na coisa a que ela se refere, mas, na comunidade humana produtora e depositária desse saber. Interpretar quer dizer, então, descobrir o saber a respeito da coisa que a comunidade humana veicula à palavra.

Renato: diferentemente da fala, Pino, cujas origens se perdem no passado insondável da espécie humana, a escrita está datada. Ela emerge a partir de que necessidades?

Pino: se a fala parece ter sido necessária à emergência e sobrevivência da espécie humana, caro Renato, a escrita parece ter sido necessária para a expansão da sua capacidade criativa e produtiva, ao permitir, com particular eficiência, conservar e difundir saberes e experiências historicamente produzidas. A curta história da escrita coincide com o período de maior progresso técnico, científico e artístico da espécie humana, particularmente, depois que a invenção das técnicas de multiplicação ilimitada dos textos agregou-se à universalização das práticas de leitura e escrita.

Renato: parece que esse acesso aos textos (leitura da escrita e a própria escrita), como ato universal dos seres humanos, é coisa recente?

Pino: a consciência da importância social da escrita é uma conquista relativamente recente das sociedades modernas, pois o acesso aos textos, guardados a sete chaves durante séculos nas bibliotecas conventuais, estava reservado a um grupo restrito de "ilustrados". A difusão crescente das técnicas de impressão e a aceleração do processo de industrialização tornaram o domínio da escrita, cada vez mais importante em razão, sobretudo, da introdução de novas tecnologias no campo da produção e da universalização do voto político.

Renato: que sentido e significado pode ter tudo isto para a alfabetização de crianças, jovens e adultos?

Pino: a introdução dessas novas tecnologias e a emergência da universalização do voto político vai fazer com que a alfabetização das crianças seja a função principal da escola primária e da alfabetização de jovens e adultos - esses remanescentes de uma população que mal conseguiu pisar na escola ou nela nunca pisou -, uma tarefa urgente tanto para os organismos estatais e setores empresariais preocupados com o desenvolvimento econômico, quanto para organizações não governamentais movidas por objetivos menos utilitários.

Renato: você introduz, nessa nossa conversa, a alfabetização de jovens e adultos, como forma de apropriação da leitura e da escrita e herança de gerações anteriores. O que dizer disto?

Pino: desde o início dos anos de 1960, multiplicam-se no Brasil os programas de alfabetização de jovens e adultos. Com exceção de alguns decididamente voltados para a formação de cidadãos conscientes e capazes de participar da vida nacional, esses programas têm como meta principal, ou única, um aprendizado das letras que permita assinar o próprio nome e ler textos de algumas dezenas de palavras. Mais do que contribuir à formação de leitores-escritores, esses programas têm contribuído para o engrossamento da massa dos denominados "analfabetos funcionais": aqueles que, tornados capazes de identificar as letras e de associá-las de maneira ordenada, são incapazes de entender o que os outros escrevem e de escrever de modo que os outros entendam. É constrangedor constatar que, após mais de quadro décadas de alfabetização na escola e fora dela, as elevadas taxas nacionais de analfabetismo funcional permaneçam quase constantes, apesar do aumento das estatísticas oficiais das matrículas escolares.

Renato: o que você quer nos dizer, quando diz que a experiência nos incita a pensar para além do horizonte da simples apropriação da escrita?

Pino: as ideias-mestras que compõem essa análise trafegam na contramão de quase tudo o que, em matéria de alfabetização, vem sendo feito no país. E com razão, pois, apesar do equívoco do termo "alfabetização", aprender a ler e escrever é muito mais do que adquirir o domínio das letras, ou seja, sua identificação e articulação segundo as regras gramaticais e sintáticas da língua escrita; é poder penetrar no universo da significação do mundo construído pelos homens, não só através do testemunho oral da palavra do outro, mas, através do testemunho desse outro registrado para a posteridade na forma de texto escrito.

Renato: podemos afirmar então, Pino, que aqui se identifica a possibilidade, como diz Vigotski, de um tornar-se humano, na sua linda premissa de que não nascemos humanos, mas, tornamo-nos humanos?

Pino: colocar o problema da alfabetização nesses termos pressupõe dispor de instrumental teórico definidor da linguagem, na forma oral e/ou escrita.

Renato: segundo seu entendimento, o que significa se tornar leitor-escritor para todos aqueles que constroem uma experiência de educação/alfabetização de jovens e adultos?

Pino: se a linguagem é constituinte do ser humano, não é simplesmente em razão de se revestir de uma estrutura da língua (fonética, gramatical e sintáxica), o que, até certo ponto, não a distinguiria fundamentalmente de outros sistemas de comunicação existentes no mundo natural, mesmo se o autor dessa estrutura é o próprio homem. O que confere à linguagem sua função constitutiva é que ela, e só ela, permite pensar o mundo, tornando quem o pensa um ser pensante, sinônimo de ser humano.

Renato: o que se pode dizer desse tornar-se um ser pensante, como sinônimo de ser humano, seguindo os caminhos apontados por Vigotski?

Pino: na linha de pensamento traçada por Vigotski, pensar e falar são funções diferentes, nas não se pode pensar sem linguagem nem falar sem pensar. Na falta da linguagem oral, o princípio dessa relação permanece válido desde que ela seja substituída por outros sistemas equivalentes, como os criados para a comunicação dos surdos.

Renato: como você situa, Pino, os limites e possibilidades dessa escrita?

Pino: seria tão impróprio reduzir a escrita a uma função meramente instrumental quanto lhe outorgar poderes que ela não tem. O que faz da escrita algo tão importante na história recente dos homens, a qual registra, desde a sua invenção, um salto qualitativo nos campos da ciência, da racionalidade técnica, da criatividade artística e da comunicação humana, é que ela possibilita fazer um mergulho profundo no universo da significação construído pelos homens, o universo cultural, assentado agora sobre os pilares mais estáveis do registro duradouro dos textos escritos e agora mais acessível a todos, sem exceção. Sem dúvida, a função de registro torna a escrita um meio formidável de avanço no processo de humanização.

Renato: permita-me, Pino, na conclusão desse nosso diálogo, agradecer sua contribuição decisiva, bem como, de Ana Smolka, Cecília Góes e Luci Banks e outras/o participantes do Grupo de Pensamento e Linguagem (GPPL) da Faculdade de Educação da Unicamp, para a práxis histórico-cultural da nossa educação de jovens e adultos; na orientação do Grupo de Pesquisa em Educação Popular e Estudos Filosóficos e Histórico Culturais (Genpex) da Universidade de Brasília (UnB); e na constituição de pesquisadoras/es de jovens e adultos, em nível de graduação, mestrado e doutorado, que desenvolvem um compromisso afetivo-volitivo existencial à constituição de um sujeito amoroso (que acolhe e é acolhido), de um sujeito político (que exerce poder) e de um sujeito epistemológico (que produz saber).

Obrigado.

  • ENGELS, F. Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem. In: MARX, K.; ENGELS, F. Obras Escolhidas São Paulo: Alfa-Ômega, v. II, p. 267-280, [s.d.].
  • MARX, K.; ENGELS, F. A Ideologia Alemã. São Paulo: Hucitec, 1999.
  • PINO, A. Prefácio. In: REIS, R. H. dos. A Constituição do Ser Humano: amor-poder-saber na educação/alfabetização de jovens e adultos. Campinas: Autores Associados, 2011, p. XVII a XXIV.
  • PINO, A. As Marcas do Humano: às origens da constituição cultural da criança na perspectiva de Lev S. Vigotski. São Paulo: Cortez, 2005.
  • PINO, A. O social e o cultural na obra de Vigotski. Educ. Soc., Campinas, ano XXI, n. 71, jul. 2000, p. 45-78.
  • REIS, R. H. dos. A Constituição do Ser Humano: amor, poder e saber na alfabetização de jovens e adultos., Campinas: Autores Associados 2011.
  • VIGOTSKI, L. S. The socialist alteration of man. In: VEER, R. V. D.; VALSINER, J. The Vygotsky Reader. Oxford: Blackwell, 1994, p. 175-184.
  • VIGOTSKI, L. S. Concrete Human Psychology. Soviet Psychology, v. 17, n. 2, 1989. [Trad. Enid Abreu Dobránszky. Apresentação de A. A. Puzyrei].
  • VIGOTSKI, L. S. Manuscrito de 1929.. Educ. Soc, Campinas, ano XXI, n. 71, jul. 2000, p. 21-44. [Tradução de Alexandra Marenitch, assistente de tradução Luiz Carlos de Freitas e revisão técnica de Angel Pino. Apresentação de A. A. Puzirei].
  • 1
    O autor defendeu sua tese A Constituição do Sujeito Político, Sujeito Epistemológico e Sujeito Amoroso na Alfabetização de Jovens e Adultos, em 18/02/2000, na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, sob orientação do Prof. Dr. Angel Pino Sirgado. A base material do trabalho foi a experiência conjunta de educação/alfabetização de jovens e adultos entre o Centro de Cultural e Desenvolvimento do Paranoá (Cedep - DF) e a Universidade de Brasília. Essa tese gerou livro publicado pela Editora Autores Associados, de Campinas-SP., em 2011, com o nome de A Constituição do Ser Humano: amor, poder e saber na educação/alfabetização de jovens e adultos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2015

Histórico

  • Recebido
    15 Jun 2015
  • Aceito
    30 Jul 2015
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