Neste artigo buscamos reconstruir os indícios de uma certa teoria da cultura presentes no discurso de Freud a partir das perspectivas criadas pelo ensaio O futuro de uma Ilusão. Registramos um curioso paralelo entre o discurso de Freud e o de John Lennon. Acompanhamos, assim, as marcas da "empreitada científica" por ele empreendida e as relações múltiplas que vão sendo estabelecidas com a cultura, especialmente a partir da análise das ideias religiosas e de sua possível origem no desamparo infantil, no desamparo humano. Discutimos ainda a natureza desse campo que toma a cultura como ensejo para análises e interpretações, a noção de "libideme" como equivalente gozosa da episteme epocal proposta por Foucault, e o horizonte de transição de uma cultura orientada pelo recalque para uma cultura orientada pela perversão - tudo isso incidindo diretamente sobre a vida e sobre a arte e produzindo questões urgentes e aparentemente não resolvíveis.
Cultura e psicanálise; Hermenêutica cultural; Composição e cultura; Música e psicanálise; Religião e cultura