Resumo
Dezessete amostras de cerâmica (515±95 AP, cerca de 1435 d.C.) e duas argilas de Zamala (Extremo Norte, Camarões) foram caracterizadas por difração de raios X (DRX), análise térmica (DTA/TG) e espectroscopia de fluorescência de raios X. O objetivo do trabalho foi a dedução da tecnologia de produção e proveniência dessas cerâmicas. Com exceção de uma amostra, as cerâmicas analisadas formaram um grupo químico e mineralógico homogêneo. As fases mineralógicas observadas foram quartzo, mica (biotita), feldspato de potássio (microclínio) e plagioclásio (albita e oligoclásio). O estudo de DRX de duas argilas locais revelou a presença de quartzo, caulinita, mica, feldspato e plagioclásio. A presença do pico endotérmico largo nas curvas de DTA/TG das argilas e a sua ausência nas curvas das cerâmicas indicaram que a temperatura de queima da cerâmica foi acima de 550-600 °C, que é a temperatura de transformação caulinita-metacaulinita. As experiências de queima da argila entre 400-1200 °C em atmosfera oxidante mostraram que a mica desapareceu acima de 900 °C. Portanto, a temperatura de queima dos fragmentos deve ter sido entre 600-900 °C. A correlação química entre as peças cerâmicas e as argilas locais indicaram produção local dessas cerâmicas.
Palavras-chave:
Zamala; Camarões; cerâmica arqueológica; argilas; caracterização; tecnologia de produção; proveniência