Acessibilidade / Reportar erro

Inovação Frugal: origens, evolução e perspectivas futuras

Innovación Frugal: orígenes, evolución y perspectivas futuras

Resumo

A inovação frugal tornou-se recentemente um tópico relevante no discurso social e acadêmico. O verdadeiro desafio para essa nova manifestação de inovação caracteriza-se pela introdução de algo novo ou diferente com uso de poucos recursos. As inovações frugais têm ocorrido, em geral, associadas a economias emergentes nas quais se encontram grandes grupos de consumidores na base da pirâmide com necessidades não atendidas. Todavia há evidências crescentes de que este fenômeno está se tornando relevante também nas nações industrializadas, potencialmente afetando a competitividade das empresas domésticas em longo prazo, não apenas no exterior, mas também localmente. Como consequência, os estudiosos da inovação frugal começaram a investigar tentativas de sistematizar esse campo emergente de pesquisa e promover o desenvolvimento desse debate. Desse modo, este ensaio teórico tem por objetivos: apresentar a origem e evolução da abordagem da inovação frugal e sua caracterização atual na literatura; em seguida, discutir perspectivas futuras de estudo no tema; por fim, sugere-se que estudos futuros invistam em pesquisas empíricas, enriquecendo os debates existentes sobre a inovação frugal, principalmente da lente do desenvolvimento econômico local, por meio de resultados financeiros e retornos econômicos. Reforça-se também a necessidade de desenvolvimento de instrumentos de mensuração de inovação frugal.

Palavras-chave:
Inovação frugal; Mercados emergentes; Frugalidade; Inovação

Resumen

La innovación frugal se ha convertido recientemente en un tema relevante en el discurso social y académico. El verdadero desafío para esta nueva manifestación de innovación es la introducción de algo nuevo o diferente con el uso de pocos recursos. Las innovaciones frugales generalmente se han asociado con economías emergentes donde grandes grupos de consumidores se encuentran en la parte inferior de la pirámide con necesidades no satisfechas. Sin embargo, hay cada vez más pruebas de que este fenómeno también se está volviendo relevante en los países industrializados, lo que podría afectar la competitividad a largo plazo de las empresas nacionales, no solo en el extranjero sino también a nivel local. Como consecuencia, los estudiosos de la innovación frugal han comenzado a investigar los intentos de sistematizar este campo de investigación emergente y promover el desarrollo de este debate. De este modo, este ensayo teórico pretende: presentar el origen y la evolución del enfoque de la innovación frugal y su caracterización actual en la literatura; luego discutir las perspectivas de estudio futuras sobre el tema. Finalmente, se sugiere que los estudios futuros inviertan en investigación empírica para enriquecer los debates existentes sobre innovación frugal, especialmente desde la perspectiva del desarrollo económico local, a través de resultados financieros y retornos económicos. También se refuerza la necesidad de desarrollar instrumentos de medición de innovación frugal.

Palabras clave:
Innovación frugal; Mercados emergentes; Frugalidad; Innovación

Abstract

Frugal innovation has recently become a relevant topic in social and academic discourse. The real challenge for this new manifestation of innovation is the introduction of something new or different with the use of few resources. Frugal innovations have generally been associated with emerging economies where large consumer groups are at the bottom of the pyramid with unmet needs. However, there is growing evidence that this phenomenon is also becoming relevant in industrialized nations, potentially affecting the long-term competitiveness of domestic enterprises, not only abroad but also locally. Consequently, frugal innovation scholars have begun to investigate attempts to systematize this emerging field of research and promote the development of this debate. This theoretical study presents the origin and evolution of the frugal innovation approach and its current characterization in the literature; discusses future perspectives on the topic; and suggests that future works invest in empirical research, enriching existing debates on frugal innovation, especially from the lens of local economic development, through financial results and economic returns. It also reinforces the need to develop frugal innovation measurement instruments.

Keywords:
Frugal Innovation; Emerging Markets; Frugality; Innovation

INTRODUÇÃO

A inovação tem sido um constructo amplamente investigado na literatura de gestão nos últimos anos (CHANDY, HOPSTAKEN, NARASIMHAN et al., 2006CHANDY, R. et al. From Invention to Innovation: Conversion Ability in Product Development. Journal of Marketing Research, v. 43, n. 3, p. 494-508, 2006.; LAFLEY e CHARAN, 2008LAFLEY, A. G.; CHARAM, R. The Game Changer: How you can dribble revenue and profit growth with innovation. New York: Crown Publishing, 2008.; VON KROGH e RAISCH, 2009VON KROGH G.; RAISCH, S. Focus Intensely on a Few Great Innovation Ideas. Harvard Business Review, out.2009.; KULANGARA, JACKSON e PRATER, 2016KULANGARA, N. P.; JACKSON, S. A.; PRATER, E. Examining the impact of socialization and information sharing and the mediating effect of trust on innovation capability. International Journal of Operations & Production Management, v. 36, n. 11, p. 1601-1624, 2016.; WANG e DASS, 2017WANG, X.; DASS, M. Building innovation capability: The role of top management innovativeness and relative-exploration orientation. Journal of Business Research, v. 76, p. 127-135, 2017.). De acordo com Thompson (1965THOMPSON, V. A. Bureaucracy and innovation. Administrative Science Quarterly, v. 10, n. 1, p. 1-20, 1965.), define-se inovação como a concepção, aceitação e implementação de novas ideias, processos, produtos ou serviços. Para Crossan e Apaydin (2010CROSSAN, M. M.; APAYDIN, M. A Multi-Dimensional Framework of Organizational Innovation: A Systematic Review of the Literature. Journal of Management Studies, v. 47, n. 6, p. 1154-1191, 2010.) a inovação é a produção ou adoção, assimilação e exploração de uma novidade de valor agregado nas esferas econômica e social, a renovação e ampliação de produtos, serviços e mercados, o desenvolvimento de novos métodos de produção, e o estabelecimento de novos sistemas de gestão, sendo tanto um processo como um resultado.

Percebe-se que a inovação vem manifestando-se de maneiras distintas nos diversos países no que diz respeito ao nível de investimentos, estrutura e desenvolvimento institucional (WANG, HONG, KAFOUROS et al., 2012WANG, C. et al. Exploring the role of government involvement in outward FDI from emerging economies. Journal of International Business Studies, v. 43, n. 7, p. 655-676, 2012.). Exemplo disso verifica-se nos mercados emergentes de baixa renda, nos quais existem grandes grupos de consumidores com necessidades não atendidas que viabilizam cada vez mais novas fontes de inovação (ZESCHKY, WIDENMAYER e GASSMANN, 2011ZESCHKY, M.; WIDENMAYER, B.; GASSMANN, O. Frugal Innovation in Emerging Markets: The Case of Mettler Toledo. Research-Technology Management, v. 54, n. 4, p. 38-45, 2011.; TIWARI e HERSTATT, 2012TIWARI, R.; HERSTATT, C. India - A Lead Market for Frugal Innovations? Extending the Lead Market Theory to Emerging Economies. Hamburg: Institute for Technology and Innovation Management, 2012. (Working paper, n. 67).; BREM e IVENS, 2013BREM, A.; IVENS, B. S. Do Frugal and Reverse Innovation Foster Sustainability? Introduction of a Conceptual Framework. Journal of Technology Management for Growing Economies, v. 4, n. 2, p. 31-50, 2013.). Em termos práticos, significa dizer que os locais e focos de inovação estão mudando e que se constata a urgente necessidade de aperfeiçoar teorias, modelos e framework de gerenciamento da inovação (SIMULA, HOSSAIN e HALME, 2015SIMULA, H.; HOSSAIN, M.; HALME, M. Frugal and reverse innovations - Quo Vadis? Current Science, v. 109, n. 5, p. 1567-1572, 2015.).

Considerando-se o modelo de Inovação Estruturada surgido nos EUA após a Segunda Guerra Mundial, define-se a inovação como sistema constituído por entrada e controle de recursos, processos e saídas, as quais caracterizam as inovações. Com base nessa abordagem, assume-se que quanto mais recursos são utilizados, mais inovações resultam em saídas (MAZIERI, 2016MAZIERI, M. R. Patentes e Inovação Frugal em uma perspectiva contributiva. 371p. Tese (Doutorado em Administração) - Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2016.). Levando-se em conta a distância entre países ricos e a ausência de investimentos financeiros intensivos, este modelo de inovação caracteriza-se por fluir da matriz para a subsidiária, ou do mercado desenvolvido para o emergente (GOVINDARAJAN e TRIMBLE, 2012GOVINDARAJAN, V.; TRIMBLE, C. Reverse Innovation - Is It In Your Strategic plan? Ontario: Leadership Excellence, 2012.). Todavia algumas inovações não reproduziram este fluxo, conquistando sucesso comercial e escala de mercado e auxiliando milhares de pessoas desassistidas (CRISP, 2014CRISP, L. N. Mutual learning and reverse innovation - where next? Globalization and Health, v. 10, n. 14, 2014.). É possível perceber, desse modo, que existem outras formas de inovação em curso, haja vista que o modelo de Inovação Estruturada não tem sido mais suficiente para explicar como são produzidas inovações em países emergentes, com restrições institucionais, de recursos e de infraestrutura (MAZIERI, 2016MAZIERI, M. R. Patentes e Inovação Frugal em uma perspectiva contributiva. 371p. Tese (Doutorado em Administração) - Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2016.).

Essa nova forma de inovação se manifesta em necessidades indeferidas de potenciais clientes, aqueles que estão fora do interesse de empresas devido ao seu baixo poder aquisitivo e às suas necessidades distintas (ZESCHKY, WIDENMAYER e GASSMANN, 2011ZESCHKY, M.; WIDENMAYER, B.; GASSMANN, O. Frugal Innovation in Emerging Markets: The Case of Mettler Toledo. Research-Technology Management, v. 54, n. 4, p. 38-45, 2011.; TIWARI e HERSTATT, 2012TIWARI, R.; HERSTATT, C. India - A Lead Market for Frugal Innovations? Extending the Lead Market Theory to Emerging Economies. Hamburg: Institute for Technology and Innovation Management, 2012. (Working paper, n. 67)., BREM e IVENS, 2013BREM, A.; IVENS, B. S. Do Frugal and Reverse Innovation Foster Sustainability? Introduction of a Conceptual Framework. Journal of Technology Management for Growing Economies, v. 4, n. 2, p. 31-50, 2013.). Nesse sentido, a inovação frugal caracteriza-se como um paradigma emergente que promove o (re)design de produtos e serviços para consumidores de baixa à média renda (SIMULA, HOSSAIN e HALME, 2015SIMULA, H.; HOSSAIN, M.; HALME, M. Frugal and reverse innovations - Quo Vadis? Current Science, v. 109, n. 5, p. 1567-1572, 2015.; KNORRINGA, PEŠA, LELIVELD et al., 2016KNORRINGA, P. et al. Frugal innovation and development: Aides or adversaries? The European Journal of Development Research, v. 28, n. 2, p. 143-153, 2016.). No entanto, observam-se evidências crescentes de que este fenômeno está se tornando relevante também nas nações industrializadas, potencialmente afetando a competitividade no longo prazo de empresas nacionais do mundo desenvolvido, não apenas no exterior, mas também no país de origem (TIWARI e HERSTATT, 2013TIWARI, R.; HERSTATT, C. Assessing India’s lead market potential for cost-effective innovations. Journal of Indian Business Research, v. 4, p. 97-115, 2013.; ZESCHKY, WINTERHALTER e GASSMANN, 2014ZESCHKY, M.; WINTERHALTER, S.; GASSMANN, O. From Cost to Frugal and Reverse Innovation: Mapping the Field and Implications for Global Competitiveness. Research-Technology Management, v. 57, n. 4, p. 20-27, 2014.; TIWARI, FISCHER e KALOGERAKIS, 2016TIWARI, R.; HERSTATT, C. Aiming Big with Small Cars: Emergence of a Lead Market in India. Heidelberg: Springer, 2014.).

A inovação frugal ganha destaque no discurso social e acadêmico (BOUND e THORNTON, 2012BOUND, K.; THORNTON, I. W. Our Frugal Future: Lessons from India’s Innovation System. London: Nesta, 2012.; RADJOU e PRABHU, 2014PRABHU, G. N.; GUPTA, S. Heuristics of Frugal Service Innovations. In: PORTLAND INTERNATIONAL CONFERENCE OF MANAGEMENT OF ENGINEERING AND TECHNOLOGY, 2014, Portland. Proceedings…Portland: PICMET, 2014. p. 3309-3312.; RAMDORAI e HERSTATT, 2015RAMDORAI, A.; HERSTATT, C. Frugal Innovation in Healthcare: How Targeting Low-Income Markets Leads to Disruptive Innovation. Heidelberg: Springer, 2015.) com os estudos que visam a estratégias mais adequadas aos mercados emergentes. Desse modo, verifica-se o surgimento de diferentes teorias, caracterizadas como: “inovação ressurgida” (RAY e RAY, 2010RAY, P. K.; RAY, S. Resource-Constrained Innovation for Emerging Economies: The Case of the Indian Telecommunications Industry. IEEE Transactions on Engineering Management, v. 57, n. 1, p. 144-156, fev. 2010.), “inovações frugais” (WOOLDRIDGE, 2010WOOLDRIDGE, A. The World Turned Upside Down. London: The Economist, 2010. (A Special Report on Innovation in Emerging Markets).; ARGARWAL e BREM, 2012AGARWAL, N.; BREM, A. Frugal and reverse innovation - Literature overview and case study insights from a German MNC in India and China. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENGINEERING, TECHNOLOGY AND INNOVATION, 18., 2012, Munich. Proceedings…Munich: ICE, 2012. p. 1-11.), “engenharia frugal” (KRISHAN e DAVIS, 2012), “inovação reversa” (GOVINDARAJAN e RAMAMURTI, 2011GOVINDARAJAN, V.; RAMAMURTI, R. Reverse innovation, emerging markets, and global strategy. Global Strategy Journai, v. 1, n. 3/4, p. 191-205, 2011.; GOVINDARAJAN e TRIMBLE, 2012aGOVINDARAJAN, V.; TRIMBLE, C. Reverse innovation: a global growth strategy that could pre-empt disruption at home. Strategy & Leadership, v. 40, n. 5, p. 5-11, 2012a.); “inovações disruptivas”, “inovações de custo” (WILLIAMS e VAN TRIEST, 2009WILLIAMS, C.; VAN TRIEST, S. The impact of corporate and national cultures on decentralization in multinational corporations. International Business Review, v. 18, n. 2, p. 156-167, 2009.), “inovações inclusivas” (GEORGE, MCGAHAN e PRABHU, 2012GEORGE, G.; MCGAHAN, A. M.; PRABHU, J. Innovation for Inclusive Growth: Towards a Theoretical Framework and a Research Agenda. Journal of Management Studies, v. 49, n. 4, p. 661-683, 2012.; CHATAWAY, HANLIN e KAPLINSKY, 2014CHATAWAY, J.; HANLIN, R.; KAPLINSKY, R. Inclusive Innovation: an Architecture for Policy Development. Innovation and Development, v. 4, n. 1, p. 33-54, 2014.) e “jugaad” em hindu ou “improvisação criativa” (GULATI, 2010GULATI, R. Management lessons from the edge. Academy of Management Perspectives, v. 24, n. 2, p. 25-28, 2010.; RADJOU, PRABHU e AHUJA, 2012RADJOU, N.; PRABHU, J. Frugal Innovation: How to Do More with Less. London: Profile Books, 2014.; AGARWAL e BREM, 2012AGARWAL, N.; BREM, A. Frugal and reverse innovation - Literature overview and case study insights from a German MNC in India and China. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENGINEERING, TECHNOLOGY AND INNOVATION, 18., 2012, Munich. Proceedings…Munich: ICE, 2012. p. 1-11.; BHATTI e VENTRESCA, 2013BHATTI, Y. A.; VENTRESCA, M. How can ‘Frugal Innovation’ be conceptualized? SSRN Electronic Journal, jan. 2013. Disponível em:<Disponível em:http://ssrn.com/abstract=2203552 >. Acesso em: 21 ago. 2019.
http://ssrn.com/abstract=2203552...
; BASU, BANERJEE e SWEENY, 2013BASU, R. R.; BANERJEE, P. M.; SWEENY, E. G. Frugal Innovation: Core Competencies to address Global Sustainability. Journal of Management for Global Sustainability, v. 1, n. 2, p. 63-82, 2013.; RAO, 2013RAO, B. C. How disruptive is frugal? Technology in Society, v. 35, n. 1, p. 65-73, fev. 2013.; HARTLEY, 2014HARTLEY, J. New development: Eight and a half propositions to stimulate frugal innovation in public services. Public Money & Management, v. 34, n. 3, p. 227-232, 2014.).

Bhatti e Ventresca (2013BHATTI, Y. A.; VENTRESCA, M. How can ‘Frugal Innovation’ be conceptualized? SSRN Electronic Journal, jan. 2013. Disponível em:<Disponível em:http://ssrn.com/abstract=2203552 >. Acesso em: 21 ago. 2019.
http://ssrn.com/abstract=2203552...
) afirmam que o que existe de comum entre todas estas terminologias é que elas se inspiram nas lições dos mercados emergentes e em desenvolvimento, aumentando a riqueza do diálogo, no entanto, com variações. A literatura sobre o tema apresenta diversos estudos que procuram distinguir as nuances destes termos e conceitos, objetivando que se tenha uma ideia melhor do que significa inovação frugal (BREM e WOLFRAM, 2014BREM, A.; WOLFRAM, P. Research and development from the bottom up-introduction of terminologies for new product development in emerging markets. Journal of Innovation Entrepreneurship, v. 3, n. 1, p. 1-22, 2014.; OSTRASZEWSKA e TYLEC, 2015OSTRASZEWSKA, Z.; TYLEC, A. Reverse innovation - How it works. International Journal of Business and Management, v. 3, n. 1, p. 57-74, 2015.; WEYRAUCH e HERSTATT, 2016WEYRAUCH, T.; HERSTATT, C. What is frugal innovation? Three defining criteria. Journal of Frugal Innovation, v. 2, n. 1, 2016.). Bhatti (2012)BHATTI, Y. A.; VENTRESCA, M. How can ‘Frugal Innovation’ be conceptualized? SSRN Electronic Journal, jan. 2013. Disponível em:<Disponível em:http://ssrn.com/abstract=2203552 >. Acesso em: 21 ago. 2019.
http://ssrn.com/abstract=2203552...
e Bhatti e Ventresca (2013)BOBEL, I. Jugaad: A New Innovation Mindset. Journal of Business Financial Affairs, v. 1, n. 4, 2012. Disponível em: <Disponível em: http://doi.org/10.4172/2167-0234.1000e116 >. Acesso em:21 ago. 2019.
http://doi.org/10.4172/2167-0234.1000e11...
consideram que vários estudiosos vêm citando as diversas modalidades de inovação frugal, e, muitas vezes, utilizam-nas de forma intercambiável; contudo, apesar da crescente referência, apenas alguns estudos definem o conceito, mesmo sem embasamento teórico ou empírico.

Com relação ao crescente interesse pelo tema, verifica-se o aumento do número de artigos na imprensa versando sobre a importante relação da inovação com os mercados emergentes (REENA 2009REENA, J. India’s next global export: innovation. BusinessWeek.com, New York, p. 1-3, 13 mar. 2009.; SARAF, 2009SARAF, D. India’s indigenous genius: Jugaad. The Wall Street Journal, 2009. Dispoível em:< Dispoível em:http://online.wsj.com/article/SB124745880685131765.html >. Acesso em:14 de nov. 2017.
http://online.wsj.com/article/SB12474588...
; GOVINDARAJAN e TRIMBLE 2005GOVINDARAJAN, V.; TRIMBLE, C. Organizational DNA for Strategic Innovation. California Management Review, v. 47, n. 3, p. 47-76, 2005.; CHRISTENSEN, SCOTT e ERIK, 2004CHRISTENSEN, C. M.; SCOTT, D.; ERIK, A. Seeing what’s next. Boston: Harvard Business School Publishing Corporation, 2004.). Tradicionalmente, os países em desenvolvimento têm investigado a inovação frugal, no entanto, pesquisadores e instituições têm apontado que o fenômeno está crescendo em relevância também nas economias avançadas (PISSONI, MICHELINI e MARTIGNONI, 2018PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018.). Consequentemente, alguns estudiosos perceberam a necessidade de sistematização da pesquisa neste campo, bem como a lacuna na literatura e a falta de instrumentos que permitam a mensuração e quantificação dos dados (ROSSETTO, BORINI e FRANKWICK, 2018ROSSETTO, D. E.; BORINI, F. M.; FRANKWICK, G. L. A new scale proposition for measuring Frugal Innovation: scale development process and validation. In: SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 30., 2018, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: ANPAD, 2018. p. 26-28.).

Dessa forma, objetiva-se neste ensaio teórico apresentar a origem e evolução da abordagem da inovação frugal, sua caracterização atual na literatura e discutir perspectivas futuras de estudo no tema. Com relação às contribuições deste estudo, acredita-se que fornece uma compreensão sobre a importância da abordagem de inovação frugal, por constituir-se como uma análise qualitativa da evolução do conceito e das principais conclusões de estudos dessa temática (BREM e WOLFRAM, 2014BREM, A.; WOLFRAM, P. Research and development from the bottom up-introduction of terminologies for new product development in emerging markets. Journal of Innovation Entrepreneurship, v. 3, n. 1, p. 1-22, 2014.; HOSSAIN, 2017HOSSAIN, M. Mapping the frugal innovation phenomenon. Technology in Society, v. 51, p. 199-208, nov. 2017. Disponível em:<Disponível em:https://doi.org/10.1016/j.techsoc.2017.09.006 >. Acesso em: 21 ago. 2019.
https://doi.org/10.1016/j.techsoc.2017.0...
; WEYRAUCH e HERSTATT, 2016WEYRAUCH, T.; HERSTATT, C. What is frugal innovation? Three defining criteria. Journal of Frugal Innovation, v. 2, n. 1, 2016.; AGARWAL, GROTTKE, MISHRA et al., 2017AGARWAL, N. et al. A Systematic Literature Review of Constraint-Based Innovations: State of the Art and Future Perspectives. IEEE Transactions on Engineering Management, v. 64, n.1, p. 3-15, 2017.; PISSONI, MICHELINI e MARTIGNONI, 2018PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018.). Além disso, entende-se que o estudo permite apontar algumas áreas de futuras pesquisas, bem como de aplicação dessa abordagem na literatura.

Origens e Evolução do Constructo

A mentalidade frugal surgiu nos mercados emergentes, especialmente na Índia e na China, em decorrência, principalmente, das adversidades e necessidades extremas das condições do mercado (BHATTI e VENTRESCA, 2013BHATTI, Y. A.; VENTRESCA, M. How can ‘Frugal Innovation’ be conceptualized? SSRN Electronic Journal, jan. 2013. Disponível em:<Disponível em:http://ssrn.com/abstract=2203552 >. Acesso em: 21 ago. 2019.
http://ssrn.com/abstract=2203552...
; RADJOU, PRABHU e AHUJA, 2012RADJOU, N.; PRABHU, J.; AHUJA, S. Jugaad Innovation: Think Frugal, Be Flexible, Generate Breakthrough Growth. San Francisco: Jossey-Bass, 2012.). Embora a questão da frugalidade tenha estado presente no discurso acadêmico por muito tempo, o termo “inovação frugal” é bastante novo e suas primeiras ocorrências no discurso de gestão acadêmica podem ser rastreadas desde os últimos anos da década anterior. A revista de negócios The Economist pode ser vista como uma das pioneiras, que combinou a frugalidade com a inovação quando publicou um artigo intitulado “Saúde na Índia: lições de um inovador frugal” (ECONOMIST, 2009AGARWAL, N.; BREM, A. Frugal and reverse innovation - Literature overview and case study insights from a German MNC in India and China. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENGINEERING, TECHNOLOGY AND INNOVATION, 18., 2012, Munich. Proceedings…Munich: ICE, 2012. p. 1-11.; TIWARI, KALOGERAKIS e HERSTATT, 2016TIWARI, R.; KALOGERAKIS, K.; HERSTATT, C. Frugal innovations in the mirror of scholarly discourse: Tracing theoretical basis and antecedents. In: R&D MANAGEMENT CONFERENCE, 2016, Cambridge. Proceedings… Cambridge: RND, 2016.).

Nesse contexto, a definição de frugal relaciona-se à economia na utilização de recursos, sendo caracterizada pela simplicidade e clareza (MERRIAM WEBSTER, 2015MERRIAM WEBSTER. Frugal. 2015. Disponível em: <Disponível em: http://www.merriam-webster.com/dictionary/frugal >. Acesso em:14 de nov. 2017.
http://www.merriam-webster.com/dictionar...
). Alguns estudiosos consideram a Índia como o principal mercado para a inovação frugal, enquanto outros são de opinião de que o potencial da Índia como um “laboratório para inovações frugais” é superestimado (TIWARI e HERSTATT, 2012TIWARI, R.; HERSTATT, C. India - A Lead Market for Frugal Innovations? Extending the Lead Market Theory to Emerging Economies. Hamburg: Institute for Technology and Innovation Management, 2012. (Working paper, n. 67).; PRATHAP, 2014PRATHAP, G. The myth of frugal innovation in India. Current Science, v. 106, n. 3, p. 374-377, 2014.). Essa concepção vem se disseminando entre as organizações que estão cada vez mais conscientes da necessidade de inovar com recursos limitados, garantindo o atendimento das necessidades dos consumidores de baixa renda que se encontram na base da pirâmide (RAO, 2013RAO, B. C. How disruptive is frugal? Technology in Society, v. 35, n. 1, p. 65-73, fev. 2013.). Verifica-se, com o trabalho de Pissoni, Michelini e Martignoni (2018PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018.), que o frugal é muitas vezes considerado como uma abordagem (PRABHU e JAIN, 2015PRABHU, J.; JAIN, S. Innovation and entrepreneurship in India: Understanding jugaad. Asia Pacific Journal of Management, v. 32, n. 4, p. 843-868, 2015., BREM e WOLFRAM, 2014BREM, A.; WOLFRAM, P. Research and development from the bottom up-introduction of terminologies for new product development in emerging markets. Journal of Innovation Entrepreneurship, v. 3, n. 1, p. 1-22, 2014.) ou uma mentalidade (SONI e KRISHNAN, 2014SONI, P.; KRISHNAN, R.T. Frugal innovation: Aligning theory, practice, and public policy. Journal of Indian Business Research, v. 6, n. 1, p. 29-47, 2014.) em vez de uma tipologia específica de inovação.

Compreende-se que, para investigar a natureza das inovações frugais, o conceito de “frugalidade” pode ser um início, uma vez que não se trata de um conceito novo. Todavia verifica-se sua associação com modelos de negócios e estudos de inovação como sendo a nova tendência dos estudos (SINGH, 2017SINGH, B. Concept of frugality and informal sector innovations in the context of local development. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON STRATEGIES IN VOLATILE AND UNCERTAIN ENVIRONMENT FOR EMERGING MARKETS, 2017, New Delhi. Proceedings… New Delhi: CONAL, 2017. p. 573-579.). É necessário ressaltar ainda que, segundo Bhatti e Ventresca (2013BHATTI, Y. A.; VENTRESCA, M. How can ‘Frugal Innovation’ be conceptualized? SSRN Electronic Journal, jan. 2013. Disponível em:<Disponível em:http://ssrn.com/abstract=2203552 >. Acesso em: 21 ago. 2019.
http://ssrn.com/abstract=2203552...
), a ideia de que a inovação é feita de forma diferente em contextos de países emergentes, em oposição aos países desenvolvidos, não é nova. O que difere são as diversas terminologias empregadas na descrição dos fenômenos de inovação nos mercados emergentes. Desse modo, é essencial a compreensão destes vários conceitos, tendo em vista a compreensão do que caracteriza a inovação frugal.

A inovação frugal também pode ser compreendida como inovação jugaad, palavra hindu cujo significado é improvisação criativa, o que requer adaptação rápida e inteligente a circunstâncias incertas (RADJOU, PRABHU e AHUJA, 2012RADJOU, N.; PRABHU, J.; AHUJA, S. Jugaad Innovation: Think Frugal, Be Flexible, Generate Breakthrough Growth. San Francisco: Jossey-Bass, 2012.; BOBEL, 2012BOBEL, I. Jugaad: A New Innovation Mindset. Journal of Business Financial Affairs, v. 1, n. 4, 2012. Disponível em: <Disponível em: http://doi.org/10.4172/2167-0234.1000e116 >. Acesso em:21 ago. 2019.
http://doi.org/10.4172/2167-0234.1000e11...
; RADJOU e PRABHU, 2014). No entanto, trata-se de um termo com conotação negativa entre os pesquisadores da inovação, considerando-se o seu significado - um trabalho simples - e seu emprego em oposição à corrente principal no que se refere ao processo de inovação (KRISHNAN, 2010KRISHNAN, R. T. From Jugaad to Systematic Innovation: The Challenge for India. Bangalore: The Utpreraka Foundation, 2010.; BIRTCHNELL, 2011BIRTCHNELL, T. Jugaad as systemic risk and disruptive innovation in India. Contemp. South Asia, v. 19, n. 4, p. 357-372, 2011.). Jugaad, em outras palavras, refere-se a uma solução para a restrição e contingência de recursos (MAZIERI, 2016MAZIERI, M. R. Patentes e Inovação Frugal em uma perspectiva contributiva. 371p. Tese (Doutorado em Administração) - Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2016.). Enquanto as empresas tradicionalmente se concentraram em ferramentas, processos e técnicas estruturadas para gerenciar a inovação, jugaad se refere a soluções de base menos voltadas a processos de inovação formal e mais a pessoas e criatividade (SIMULA, HOSSAIN e HALME, 2015SIMULA, H.; HOSSAIN, M.; HALME, M. Frugal and reverse innovations - Quo Vadis? Current Science, v. 109, n. 5, p. 1567-1572, 2015.).

Uma outra terminologia relativa às inovações em mercados emergentes, refere-se à engenharia frugal que, de acordo com Brem e Wolfram (2014BREM, A.; WOLFRAM, P. Research and development from the bottom up-introduction of terminologies for new product development in emerging markets. Journal of Innovation Entrepreneurship, v. 3, n. 1, p. 1-22, 2014., p. 6), caracteriza-se como:

[...] capacidade de absorver, adaptar e construir sobre as tecnologias importadas do exterior ao invés de produzir tecnologias completamente novas” (KUMAR, 2008KUMAR, N., PURANAM, P. India inside: The emerging innovation challenge to the West. Boston: Harvard Business Press, 2012., p. 251) para reduzir o custo total, acelerar o desenvolvimento de produtos (REDDY, 2011, p. 1), e entregar valor para o dinheiro (KUMAR, 2008KUMAR, N., PURANAM, P. India inside: The emerging innovation challenge to the West. Boston: Harvard Business Press, 2012., p. 254). A engenharia frugal ou a inovação baseada em restrições enfoca a conscientização e uma abordagem cognitiva no desenvolvimento de novos produtos, serviços e negócios em condições de constrição (SHARMA e GOPALKRISHNAN, 2012SHARMA, A.; IYER, G. R. Resource-constrained product development: implications for green marketing and green supply chains. Industrial Marketing Management, v. 41, n. 4, p. 599-608, 2012.).

Outra definição similar que se enquadra em inovações com recursos limitados é a chamada inovação catalítica. Christensen, Baumann, Ruggles et al. (2006CHRISTENSEN, C. M. et al. Disruptive innovation for social change. Harvard Business Review, v. 84, n. 12, p. 94-101, 2006., p. 96) afirmam que os empreendedores sociais comprometidos com esse tipo de inovação anseiam expandir a riqueza social de clientes pobres, criando “[...] soluções escaláveis, sustentáveis e com mudança de sistema”. Bhatti e Ventresca (2013BHATTI, Y. A.; VENTRESCA, M. How can ‘Frugal Innovation’ be conceptualized? SSRN Electronic Journal, jan. 2013. Disponível em:<Disponível em:http://ssrn.com/abstract=2203552 >. Acesso em: 21 ago. 2019.
http://ssrn.com/abstract=2203552...
) enfatizam que, nos países desenvolvidos, o fornecimento sustentável de serviços básicos a todos os cidadãos é cada vez mais desafiador, colocando, assim, “[...] a escassez na agenda das empresas ocidentais, forçando-as a encontrar maneiras frugais de crescer com menos” (RADJOU, PRABHU e AHUJA, 2012RADJOU, N.; PRABHU, J.; AHUJA, S. Jugaad Innovation: Think Frugal, Be Flexible, Generate Breakthrough Growth. San Francisco: Jossey-Bass, 2012., p. 14). As empresas adotam a frugalidade em tempos de receita recessiva reduzida, ou de lucros espremidos induzidos pela competitividade.

Christensen, Baumann, Ruggles et al. (2006CHRISTENSEN, C. M. et al. Disruptive innovation for social change. Harvard Business Review, v. 84, n. 12, p. 94-101, 2006.) destacam cinco características conferidas aos inovadores catalíticos: 1) viabilizam as mudanças sociais de forma sistemática, usando economias de escala e replicação; 2) atendem necessidades que são mal atendidas ou superestimadas (porque a solução existente é mais complexa do que muitas pessoas exigem) ou não é disponibilizada de forma alguma; 3) disponibilizam soluções de baixo custo com desempenho reduzido, mesmo assim suficiente para a satisfação do cliente; 4) exploram recursos incomuns que não eram considerados atraentes pela concorrência, como: mão de obra voluntária, doações e capital intelectual; 5) são subestimados ou ignorados pelos concorrentes atuais. Considerando-se essas características, a analogia entre inovação catalítica e inovação frugal é compreensível, mas no caso da primeira se dá mais importância a concorrentes pequenos, inusitados e a mudanças sociais (BREM e WOLFRAM, 2014BREM, A.; WOLFRAM, P. Research and development from the bottom up-introduction of terminologies for new product development in emerging markets. Journal of Innovation Entrepreneurship, v. 3, n. 1, p. 1-22, 2014.).

Outro termo que possui relação com o contexto do mercado emergente refere-se à inovação de base mapeada no estudo de Brem e Wolfram (2014BREM, A.; WOLFRAM, P. Research and development from the bottom up-introduction of terminologies for new product development in emerging markets. Journal of Innovation Entrepreneurship, v. 3, n. 1, p. 1-22, 2014.). Nesta tipologia, criadas por habitantes locais com os recursos disponíveis, as invenções são projetadas principalmente para reduzir ou eliminar o trabalho pesado (GUPTA, 2008GUPTA, V. An inquiry into the characteristics of entrepreneurship in India. Journal of International Business Research, v. 7, n. S1, p. 53-69, 2008.). Dessa forma, a inovação ao nível da base é semelhante à jugaad. Segundo Brem e Wolfran (2014), as particularidades adicionais de redes e compreensão ecológica são fatores importantes na inovação de base que não se encontram no conceito de jugaad. Os referidos autores ainda acrescentam que na inovação de base destacam-se de forma significativa, por parte das empresas, a questão da responsabilidade social e a valorização da capacidade criativa das pessoas de baixa renda. Neste tipo de fenômeno relacionado ao mercado emergente, o avanço nas inovações de base ocorre especialmente em áreas rurais, onde os recursos da ciência e a política raramente chegam, o que exige da população local uma intensa comunicação no intuito de suprir a escassez de recursos científicos (GUPTA, 1999GUPTA, A. K. Science, sustainability and social purpose: barriers to effective articulation, dialogue and utilization of formal and informal science in public policy. Massachusetts: Harvard Kennedy School, 1999. Disponível em: <Disponível em: http://www.hks.harvard.edu/sustsci/ists/TWAS_0202/gupta_300199.pdf >. Acesso em:21 maio 2012.
http://www.hks.harvard.edu/sustsci/ists/...
).

A inovação nativa (indigenous innovation) é mais um termo relativo ao contexto de inovações no mercado emergente rastreado pelo estudo de Brem e Wolfram (2014BREM, A.; WOLFRAM, P. Research and development from the bottom up-introduction of terminologies for new product development in emerging markets. Journal of Innovation Entrepreneurship, v. 3, n. 1, p. 1-22, 2014.). Os autores verificam a reduzida pesquisa acerca do termo, cujo foco concentra-se no nível macroeconômico e refere-se à dificuldade inerente de ampliar os benefícios do comércio internacional aos países em desenvolvimento. Relativamente ao cenário de atividades internacionais de P&D, a investigação sobre inovação nativa analisa a transferência de tecnologia entre organizações nos países avançados e em desenvolvimento, assim como os efeitos resultantes para as economias domésticas nos países em desenvolvimento, ou efeitos de vazamento (FU e GONG 2011FU, X.; GONG, Y. Indigenous and foreign innovation efforts and drivers of technological upgrading: evidence fr om China. World development, v. 39. n. 7. p. 1213-1225. 2011.; SCHWAAG SERGER e BREIDNE, 2007SCHWAAG SERGER, S.; BREIDNE, M. China’s fifteen-year plan for science and technology: an assessment. In: FAIR, C.; FRAZIER, MW. (Eds.). Asia Policy. Washington, DC: The National Bureau of Asian Research, 2007. p. 135-164. v. 4.; BREM e WOLFRAM, 2014BREM, A.; WOLFRAM, P. Research and development from the bottom up-introduction of terminologies for new product development in emerging markets. Journal of Innovation Entrepreneurship, v. 3, n. 1, p. 1-22, 2014.).

Diante disto, verifica-se que o propósito da inovação frugal tem acarretado uma reflexão acerca da natureza da inovação caracterizada como uma capacidade de fazer mais com menos, que cria mais valor comercial e social e minimiza o uso de recursos como energia, capital e tempo (RADJOU e PRABHU, 2014PRABHU, G. N.; GUPTA, S. Heuristics of Frugal Service Innovations. In: PORTLAND INTERNATIONAL CONFERENCE OF MANAGEMENT OF ENGINEERING AND TECHNOLOGY, 2014, Portland. Proceedings…Portland: PICMET, 2014. p. 3309-3312.). Para Gupta (2011GUPTA, V. Corporate response to global financial crisis: a knowledge-based model. Global Economy Journal, v. 11, n. 2, p. 1-15, 2011.), a inovação frugal refere-se à uma nova filosofia de gerenciamento, a qual incorpora necessidades específicas dos mercados da base da pirâmide social como ponto de partida, e trabalha no sentido reverso, ou seja, em sentido contrário, para desenvolver soluções adequadas que podem ser significativamente diferentes das soluções existentes, projetadas para atender às necessidades dos segmentos de mercado. Mazieri, Santos e Quoniam (2014MAZIERI, M. R; SANTOS, A. M.; QUONIAM, L. Inovação a partir das informações de patentes: Proposição de Modelo Open Source de Extração de Informações de Patentes (crawler). In: SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, 17., 2014, São Paulo. Anais...São Paulo: FEA USP, 2014. Disponível em:<Disponível em:http://sistema.semead.com.br/17semead/resultado/trabalhosPDF/712.pdf >. Acesso em: 21 ago. 2019.
http://sistema.semead.com.br/17semead/re...
) definem que a inovação frugal é uma resposta a um contexto restritivo observável, desenvolvida com drástica economia de recursos e com foco na decisiva inclusão das massas demográficas desatendidas.

Por fim, apresenta-se mais uma terminologia correlata que é a da inovação reversa, a qual é frequentemente utilizada como um sinônimo de inovação frugal. Todavia, apesar de apresentarem designações similares e estarem inter-relacionados (SIMULA, HOSSAIN e HALME, 2015SIMULA, H.; HOSSAIN, M.; HALME, M. Frugal and reverse innovations - Quo Vadis? Current Science, v. 109, n. 5, p. 1567-1572, 2015.), há uma diferença que distingue uma da outra, caracterizando-se a inovação reversa como aquela que é adotada primeiro em economias pobres (emergentes), antes de migrar para países ricos (GOVINDARAJAN e RAMAMURTI, 2011GOVINDARAJAN, V.; RAMAMURTI, R. Reverse innovation, emerging markets, and global strategy. Global Strategy Journai, v. 1, n. 3/4, p. 191-205, 2011.). Nunes e Breene (2011NUNES P. F.; BREENE T S. Jumping the S-curve: how to beat the growth cycle, get on top, and stay there. Harvard: Harvard Business Review Press, 2011.) enfatizam a diferença, explicitando que a inovação frugal está projetando ofertas especificamente para segmentos de mercado de baixa renda, enquanto que a inovação reversa está desenvolvendo e vendendo novos produtos em mercados emergentes como primeiro passo e depois, modificando esses produtos para venda em países desenvolvidos. Esta diferenciação é relevante, tendo-se em conta que a inovação reversa é o principal desafio para as organizações de mercados desenvolvidos devido à crescente importância da P&D nos mercados em desenvolvimento (AGARWAL e BREM, 2012AGARWAL, N.; BREM, A. Frugal and reverse innovation - Literature overview and case study insights from a German MNC in India and China. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENGINEERING, TECHNOLOGY AND INNOVATION, 18., 2012, Munich. Proceedings…Munich: ICE, 2012. p. 1-11.; SINGHAL, 2011SINGHAL, V. The impact of emerging economies innovative new models of global growth and vitality are emerging. Vision, v. 35, n. 2, p. 12-14, 2011.).

Nesse sentido, verifica-se que a inovação reversa é contrária ao fluxo tradicional de inovação, ou seja, da lógica da Inovação Estruturada, segundo a qual os países ricos são os núcleos e as origens das inovações que, em seguida, fluem para os clientes nos países em desenvolvimento. Dessa forma, o que se constata é que os países emergentes não são apenas receptores de inovação dos países ricos. Por fim, algumas dessas inovações são adotadas nos países ricos, pois, atendem às necessidades de um determinado conjunto de clientes e têm instigado uma gama de pesquisadores a estudar este fenômeno (IMMELT, GOVINDARAJAN e TRIMBLE, 2009IMMELT, J. R.; GOVINDARAJAN, V.; TRIMBLE, C. How GE is disrupting itself. Harvard Business Review, v. 87, n. 10, p. 56-65, 2009.; RAMAMURTI, 2012RAMAMURTI, R. Competing with Emerging Market Multinationals. Business Horizons, v. 55, n. 3, p. 241-249, maio/jun.2012.; GOVINDARAJAN e RAMAMURTI, 2011GOVINDARAJAN, V.; RAMAMURTI, R. Reverse innovation, emerging markets, and global strategy. Global Strategy Journai, v. 1, n. 3/4, p. 191-205, 2011.; GOVINDARAJAN e TRIMBLE, 2012GOVINDARAJAN, V.; TRIMBLE, C. Reverse innovation: Create far from home, win everywhere. Massachusetts: Harvard Business School Press, 2012b.; HOSSAIN e SIMULA, 2013HOSSAIN, M; SIMULA, H. Frugal innovation and reverse innovation: imperative in the global business. In: BRITISH ACADEMY OF MANAGEMENT CONFERENCE, 27., 2013, Liverpool. Proceedings… Liverpool: BAM, 2013.).

Caracterização da Inovação Frugal

Com base no estudo das abordagens inovadoras dos mercados emergentes, fica mais evidente que não há uma compreensão comum dos termos usados e das relações entre elas. Os diferentes termos são parcialmente confusos e nenhuma delimitação entre eles é feita. Isso dificulta a discussão acadêmica e uma visão mais profunda das diferentes perspectivas (BREM e WOLFRAM, 2014BREM, A.; WOLFRAM, P. Research and development from the bottom up-introduction of terminologies for new product development in emerging markets. Journal of Innovation Entrepreneurship, v. 3, n. 1, p. 1-22, 2014.). Todavia as recentes tentativas de sistematização das contribuições sobre a inovação frugal confirmaram a crescente atenção dos estudiosos pelo tema (PISSONI, MICHELINI e MARTIGNONI, 2018PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018.).

Nesse sentido, são apresentados no Quadro 1 algumas definições e características da Inovação Frugal encontradas na literatura.

Quadro 1
Características e Definições de Inovação Frugal resgatadas na literatura

Com relação a origens e definições do constructo, verificou-se na literatura analisada que foi definido de várias maneiras nos últimos anos. A partir do estudo de Pissoni, Michelini e Martignoni (2018PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018.), verifica-se a existência de três classes de estudos: 1) classe orientada para o produto, tendo em conta que as definições salientam os recursos baseados em produtos e serviços; 2) classe de estudos que expande os critérios além das características dos produtos e apresenta um conjunto de variáveis, as quais estabelecem diferenças e semelhanças; 3) classe de pesquisas que representa um ponto de ruptura, retornando à origem do conceito e identificando critérios que caracterizam a inovação frugal.

Com isso, verifica-se entre os estudos analisados que consta em quase toda definição ou descrição de inovação frugal na literatura uma preocupação com o aspecto preço de compra, ou custos envolvidos consideravelmente menores, sendo possível compreendê-la como uma das dimensões de inovação frugal, considerando-se seu aparecimento por meio dos termos: preço de compra reduzido, produtos e serviços de baixo custo, preços premium, minimização de custos não essenciais, custos iniciais consideravelmente menores (AGARWAL e BREM, 2012AGARWAL, N.; BREM, A. Frugal and reverse innovation - Literature overview and case study insights from a German MNC in India and China. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENGINEERING, TECHNOLOGY AND INNOVATION, 18., 2012, Munich. Proceedings…Munich: ICE, 2012. p. 1-11.; BOUND e THORNTON, 2012BOUND, K.; THORNTON, I. W. Our Frugal Future: Lessons from India’s Innovation System. London: Nesta, 2012.; DOZ e WILSON, 2012DOZ, Y. L., WILSON, K. Managing Global Innovation: Frameworks for Integrating Capabilities Around the World. Boston: Harvard Business School Press, 2012.; ECONOMIST, 2010; RADJOU e PRABHU, 2015RADJOU, N.; PRABHU, J. Frugal Innovation: How to do More with Less. New York: PublicAffairs, 2015.; ZESCHKY, WIDENMAYER e GASSMANN, 2011ZESCHKY, M.; WIDENMAYER, B.; GASSMANN, O. Frugal Innovation in Emerging Markets: The Case of Mettler Toledo. Research-Technology Management, v. 54, n. 4, p. 38-45, 2011.). Em outras palavras, enfatiza-se que a dimensão custo é quase unânime em todos os trabalhos sobre inovação frugal. Na definição de Tiwari e Herstatt (2012TIWARI, R.; HERSTATT, C. India - A Lead Market for Frugal Innovations? Extending the Lead Market Theory to Emerging Economies. Hamburg: Institute for Technology and Innovation Management, 2012. (Working paper, n. 67).), aparece evidenciado este atributo relacionado ao aspecto preço, mais especificamente pelas características de acessibilidade e proposta de valor atraente, e também no estudo de 2014 (TIWARI e HERSTATT, 2014TIWARI, R.; HERSTATT, C. Aiming Big with Small Cars: Emergence of a Lead Market in India. Heidelberg: Springer, 2014.) e de 2016 (TIWARI, FISHER e KALOGERAKIS, 2016TIWARI, R.; FISCHER, L.; KALOGERAKIS, K. Frugal Innovation in Scholarly and Social Discourse: An Assessment of Trends and Potential Societal Implications. Leipzig/Hamburg: Fraunhofer MOEZ Leipzig; Hamburg University of Technology, 2016. (Working paper, n. 189/ WEP 2-22).). É uma dimensão encontrada no estudo de Weyrauch e Herstatt (2016WEYRAUCH, T.; HERSTATT, C. What is frugal innovation? Three defining criteria. Journal of Frugal Innovation, v. 2, n. 1, 2016.) como redução substancial e limitação de custos, dimensão que foi definida pelos autores com base em atributos e outras caracterizações de Inovação Frugal.

Outro aspecto da definição do constructo de inovação frugal seria uma dimensão relacionada a funcionalidades reduzidas e características desnecessárias, dimensão que também encontra respaldo na literatura acadêmica (CHRISTENSEN, 1997CHRISTENSEN, C. M. The innovator’s dilemma: When New Technologies Cause Great Firms to Fail. Cambridge: Harvard Business School Publishing Corporation, 1997.; PRAHALAD, 2010PRAHALAD, C. K. The fortune at the bottom of the pyramid: Eradicating poverty through profits. New Jersey: Prentice Hall, 2010.; AGARWAL e BREM, 2012AGARWAL, N.; BREM, A. Frugal and reverse innovation - Literature overview and case study insights from a German MNC in India and China. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENGINEERING, TECHNOLOGY AND INNOVATION, 18., 2012, Munich. Proceedings…Munich: ICE, 2012. p. 1-11.; BASU, BANERJEE e SWEENY, 2013BASU, R. R.; BANERJEE, P. M.; SWEENY, E. G. Frugal Innovation: Core Competencies to address Global Sustainability. Journal of Management for Global Sustainability, v. 1, n. 2, p. 63-82, 2013.; BHATTI, 2012BHATTI, Y. What Is Frugal, What Is Innovation? Towards a Theory of Frugal Innovation. SSRN Electronic Journal, fev. 2012. Disponível em: <Disponível em: https://ssrn.com/abstract=2005910 >. Acesso em: 10 nov. 2017.
https://ssrn.com/abstract=2005910...
; BOUND e THORNTON, 2012BOUND, K.; THORNTON, I. W. Our Frugal Future: Lessons from India’s Innovation System. London: Nesta, 2012.; BREM e IVENS, 2013BREM, A.; IVENS, B. S. Do Frugal and Reverse Innovation Foster Sustainability? Introduction of a Conceptual Framework. Journal of Technology Management for Growing Economies, v. 4, n. 2, p. 31-50, 2013.; CUNHA, REGO, OLIVEIRA et al., 2014CUNHA, M. P. et al. Product innovation in resource-poor environments: three research streams. Journal of Product Innovation Management, v. 31, n. 2, p. 202-210, 2014.; THE ECONOMIST, 2010THE ECONOMIST. Burgeoning bourgeoisie. London: The Economist, 2009. (A special report on the new middle classes in emerging markets).; RADJOU, PRABHU e AHUJA, 2012RADJOU, N.; PRABHU, J.; AHUJA, S. Jugaad Innovation: Think Frugal, Be Flexible, Generate Breakthrough Growth. San Francisco: Jossey-Bass, 2012.; SONI e KRISHNAN, 2014SONI, P.; KRISHNAN, R.T. Frugal innovation: Aligning theory, practice, and public policy. Journal of Indian Business Research, v. 6, n. 1, p. 29-47, 2014.; TIWARI e HERSTATT, 2012TIWARI, R.; HERSTATT, C. India - A Lead Market for Frugal Innovations? Extending the Lead Market Theory to Emerging Economies. Hamburg: Institute for Technology and Innovation Management, 2012. (Working paper, n. 67).; 86; ZESCHKY, WINTERHALTER e GASSMANN, 2014ZESCHKY, M.; WINTERHALTER, S.; GASSMANN, O. From Cost to Frugal and Reverse Innovation: Mapping the Field and Implications for Global Competitiveness. Research-Technology Management, v. 57, n. 4, p. 20-27, 2014.). Dentro dessa dimensão denominada de concentração em funcionalidades básicas, de acordo com os atributos definidos no estudo de Weyrauch e Herstatt (2016WEYRAUCH, T.; HERSTATT, C. What is frugal innovation? Three defining criteria. Journal of Frugal Innovation, v. 2, n. 1, 2016., p. 6) constam: “funcional e focado no essencial”, “minimização do uso de recursos materiais e financeiros” e “amigo do usuário e fácil de usar”.

Ainda, levando-se em consideração dados da literatura, entende-se que o esforço ecológico é um outro atributo importante relativo à inovação frugal (GUPTA e WANG 2009GUPTA A. K; WANG H. Getting China and India right. San Francisco: Jossey-Bass/Wiley; 2009.; HOWARD 2011HOWARD, M. Will frugal innovation challenge the west? Market Leader, London, Quarter 3, p. 53, jun. 2011.), haja vista que a noção de frugalidade nos remete a ideia de uma preocupação com o meio ambiente e com a sustentabilidade. Desse modo, entende-se como um atributo que deveria ser adicionado a esta dimensão, mesmo que os resultados do estudo de Weyrauch e Herstatt (2016WEYRAUCH, T.; HERSTATT, C. What is frugal innovation? Three defining criteria. Journal of Frugal Innovation, v. 2, n. 1, 2016.) mostrem que a inovação frugal não envolve necessariamente sustentabilidade. Estudos afirmam que as inovações frugais podem contribuir para a sustentabilidade minimizando o uso de recursos (SHARMA e IYER 2012SHARMA, A.; IYER, G. R. Resource-constrained product development: implications for green marketing and green supply chains. Industrial Marketing Management, v. 41, n. 4, p. 599-608, 2012.). Além disso, o estudo de Tiwari, Kalogerakis e Herstatt (2016TIWARI, R.; KALOGERAKIS, K.; HERSTATT, C. Frugal innovations in the mirror of scholarly discourse: Tracing theoretical basis and antecedents. In: R&D MANAGEMENT CONFERENCE, 2016, Cambridge. Proceedings… Cambridge: RND, 2016.) indica que um crescente corpo de literatura revela que as inovações frugais estão preparadas para assumir um papel maior no futuro, oferecendo uma medida contra a complexidade tecnológica desnecessária, reduzindo a utilização de recursos preciosos. De outro modo, considera-se que existe um componente de sustentabilidade incorporado em inovações frugais que as caracteriza como “inovações responsáveis” (TIWARI, KALOGERAKIS e HERSTATT, 2016TIWARI, R.; KALOGERAKIS, K.; HERSTATT, C. Frugal innovations in the mirror of scholarly discourse: Tracing theoretical basis and antecedents. In: R&D MANAGEMENT CONFERENCE, 2016, Cambridge. Proceedings… Cambridge: RND, 2016.), apesar de se compreender que nem sempre a sustentabilidade é o foco da Inovação Frugal. Já o estudo de Silva (2018SILVA, I. M. Capacidades Organizacionais para a Inovação Frugal. 2018. 166 p. Tese (Doutorado em Administração) - Programa de Pós-Graduação em Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.) salienta que as inovações frugais não se resumem a oferta de produtos e servidos a um preço acessível, devendo também ser orientadas para a sustentabilidade, e para o uso de tecnologias e conhecimentos internos ou externos que se traduzam em redução do custo de inovação e na produção de processos e produtos.

Por fim, conforme Weyrauch e Herstatt (2016WEYRAUCH, T.; HERSTATT, C. What is frugal innovation? Three defining criteria. Journal of Frugal Innovation, v. 2, n. 1, 2016.), outra dimensão que se entende deva estar presente simultaneamente é a de desempenho otimizado, considerando-se desempenho em um significado amplo que abrange todas as funcionalidades e características de engenharia, como velocidade, potência, durabilidade e precisão.

Na literatura, encontram-se vários entendimentos com relação à natureza do processo frugal, dentre eles destaca-se que pode se caracterizar como uma mentalidade, um resultado e como um processo. Soni e Krishnan (2014SONI, P.; KRISHNAN, R.T. Frugal innovation: Aligning theory, practice, and public policy. Journal of Indian Business Research, v. 6, n. 1, p. 29-47, 2014.) observam que o processo é muitas vezes referido como engenharia frugal, sendo a inovação frugal o resultado, visão que também é compartilhada por Brem e Wolfram (2014BREM, A.; WOLFRAM, P. Research and development from the bottom up-introduction of terminologies for new product development in emerging markets. Journal of Innovation Entrepreneurship, v. 3, n. 1, p. 1-22, 2014.). Em contrapartida, Basu, Banerjee e Sweeny (2013BASU, R. R.; BANERJEE, P. M.; SWEENY, E. G. Frugal Innovation: Core Competencies to address Global Sustainability. Journal of Management for Global Sustainability, v. 1, n. 2, p. 63-82, 2013.) compreendem o processo de inovação frugal como complexo em vez de apenas um resultado, conforme George, Mcgahan e Prabhu (2012GEORGE, G.; MCGAHAN, A. M.; PRABHU, J. Innovation for Inclusive Growth: Towards a Theoretical Framework and a Research Agenda. Journal of Management Studies, v. 49, n. 4, p. 661-683, 2012.).

A partir da revisão da literatura constata-se, conforme estudo de Tiwari, Fisher e Kalogerakis (2016TIWARI, R.; KALOGERAKIS, K.; HERSTATT, C. Frugal innovations in the mirror of scholarly discourse: Tracing theoretical basis and antecedents. In: R&D MANAGEMENT CONFERENCE, 2016, Cambridge. Proceedings… Cambridge: RND, 2016.), que as inovações frugais parecem estar intimamente ligadas a conceitos como “Bottom of the Pyramid” (BOP), “inovação disruptiva” e “inovação reversa”. Todavia o fenômeno não pode ser definido por nenhum destes termos, uma vez que “Botton of the Pyramid”, por definição, refere-se aos pobres como consumidores alvo e se concentra em grande parte nos mercados B2C (business-to-consumer) (PRAHALAD, 2010PRAHALAD, C. K. The fortune at the bottom of the pyramid: Eradicating poverty through profits. New Jersey: Prentice Hall, 2010.). Desse modo, compreendendo-se que as inovações frugais podem ser direcionadas a clientes em qualquer segmento da pirâmide econômica, sensíveis ao preço por escolha ou simplesmente pela busca de produtos “mais simples”, e que melhor atendam às suas necessidades reais, elas também podem ser exigidas por clientes em segmentos B2B (business-to-business) e B2C (business-to-consumer) devido à pressão dos preços, ou por convicção ecológica (TIWARI, FISHER e KALOGERAKIS, 2016TIWARI, R.; KALOGERAKIS, K.; HERSTATT, C. Frugal innovations in the mirror of scholarly discourse: Tracing theoretical basis and antecedents. In: R&D MANAGEMENT CONFERENCE, 2016, Cambridge. Proceedings… Cambridge: RND, 2016.). No que se refere à inovação reversa, relacionada a produtos e serviços inicialmente criados nas economias emergentes para os mercados locais, mas que depois encontram difusão no mundo desenvolvido (GOVINDARAJAN e TRIMBLE, 2012GOVINDARAJAN, V.; TRIMBLE, C. Reverse Innovation - Is It In Your Strategic plan? Ontario: Leadership Excellence, 2012.), verifica-se que há exemplos de inovações frugais que ocorrem tanto no mundo desenvolvido quanto no mundo em desenvolvimento - com ou sem difusão internacional (TIWARI, FISHER e KALOGERAKIS, 2016TIWARI, R.; KALOGERAKIS, K.; HERSTATT, C. Frugal innovations in the mirror of scholarly discourse: Tracing theoretical basis and antecedents. In: R&D MANAGEMENT CONFERENCE, 2016, Cambridge. Proceedings… Cambridge: RND, 2016.).

Aplicação e Sugestões de Pesquisas Futuras

Com base na literatura analisada no presente estudo, constata-se que as inovações frugais representam um novo e emergente campo de pesquisa (TIWARI, KALOGERAKIS e HERSTATT, 2016TIWARI, R.; KALOGERAKIS, K.; HERSTATT, C. Frugal innovations in the mirror of scholarly discourse: Tracing theoretical basis and antecedents. In: R&D MANAGEMENT CONFERENCE, 2016, Cambridge. Proceedings… Cambridge: RND, 2016.) e que 2012 confirma-se como o ano em que as publicações sobre este tema atingiram um pico após anos de crescimento lento (AGARWAL, GROTTKE, MISHRA et al., 2017AGARWAL, N. et al. A Systematic Literature Review of Constraint-Based Innovations: State of the Art and Future Perspectives. IEEE Transactions on Engineering Management, v. 64, n.1, p. 3-15, 2017.; PISONI, MICHELINI e MARTIGNONI, 2018PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018.).

Por meio do estudo de Pisoni, Michelini e Martignoni (2018)PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018., verifica-se que a crescente importância dos mercados emergentes tem estimulado uma competição cada vez mais forte nos mercados globais, forçando mudanças nas estratégias das empresas multinacionais (BORINI, COSTA e MIRANDA, 2012BORINI, F. M. et al. The reverse transfer of innovation of foreign subsidiaries of Brazilian multinationals. European Management Journal, v. 30, n. 3, p. 219-231, 2012.; RAY e RAY, 2010RAY, P. K.; RAY, S. Resource-Constrained Innovation for Emerging Economies: The Case of the Indian Telecommunications Industry. IEEE Transactions on Engineering Management, v. 57, n. 1, p. 144-156, fev. 2010.). As autoras referidas acima enfatizam que, as multinacionais que se concentram em mercados de baixa renda precisam repensar seus esforços de inovação para atender à demanda “não convencional” desses mercados (OJHA, 2014OJHA, A. K. MNCs in India: focus on frugal innovation. Journal of Indian Business Research, v. 6, n. 1, p. 4-28, 2014.). Nesse caso, segundo Brem e Ivens (2013BREM, A.; IVENS, B. S. Do Frugal and Reverse Innovation Foster Sustainability? Introduction of a Conceptual Framework. Journal of Technology Management for Growing Economies, v. 4, n. 2, p. 31-50, 2013.), verifica-se a inovação reversa que descreve o fenômeno da inversão de direção quanto a origem e destino da inovação.

Mazieri (2016MAZIERI, M. R. Patentes e Inovação Frugal em uma perspectiva contributiva. 371p. Tese (Doutorado em Administração) - Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2016.) salienta que, no modelo de Inovação Estruturada, as inovações originavam-se nas matrizes das multinacionais dos países desenvolvidos, e eram então enviadas aos países emergentes para serem aplicadas pelas subsidiárias. Todavia a literatura mais recente reconhece que, atualmente, as multinacionais não estão procurando subsidiárias que limitam suas atividades na cadeia de produção para adaptação e comercialização de produtos, mas estão bastante interessadas em conhecimento tecnológico e inovações (BEZERRA e BORINI, 2015BEZERRA, M. A.; BORINI, F. M. The impact of social and relational contexts on innovation transfer in foreign subsidiaries. International Journal of Learning Intellectual Capital, v.12, n. 1, p. 6-31, 2015.; BORINI, COSTA e OLIVEIRA JUNIOR, 2016BORINI, F. M.; COSTA, S.; OLIVEIRA JUNIOR, M. Reverse innovation antecedents. International Journal of Emerging Markets, v. 11, n. 2, p. 175-189, 2016.; PISONI, MICHELINI e MARTIGNONI, 2018PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018.). No estudo de Pisoni, Michelini e Martignoni (2018)PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018., constatou-se que vários estudiosos destacaram a necessidade de alavancar o conhecimento tecnológico em diferentes locais - em termos de articulação e mobilização da inovação desenvolvida pelas subsidiárias - como um fator chave para ajudar as multinacionais a melhorarem em termos de competitividade sustentável (BEZERRA e BORINI, 2015BEZERRA, M. A.; BORINI, F. M. The impact of social and relational contexts on innovation transfer in foreign subsidiaries. International Journal of Learning Intellectual Capital, v.12, n. 1, p. 6-31, 2015.; BORINI, OLIVEIRA JUNIOR, SILVEIRA et al., 2012BORINI, F. M. et al. The reverse transfer of innovation of foreign subsidiaries of Brazilian multinationals. European Management Journal, v. 30, n. 3, p. 219-231, 2012.; BORINI, COSTA e OLIVEIRA JUNIOR, 2016BORINI, F. M.; COSTA, S.; OLIVEIRA JUNIOR, M. Reverse innovation antecedents. International Journal of Emerging Markets, v. 11, n. 2, p. 175-189, 2016.). Nesse sentido, o potencial de inovação reversa, ou seja, em termos de inovações projetadas por subsidiárias e idealmente absorvidas e utilizadas por sua controladora, traduz-se em reconsiderar a arquitetura de inovação implementada por multinacionais em suas estruturas e estratégias globais (RAY e RAY, 2010RAY, P. K.; RAY, S. Resource-Constrained Innovation for Emerging Economies: The Case of the Indian Telecommunications Industry. IEEE Transactions on Engineering Management, v. 57, n. 1, p. 144-156, fev. 2010.; BORINI, OLIVEIRA JUNIOR, SILVEIRA et al., 2012BOUND, K.; THORNTON, I. W. Our Frugal Future: Lessons from India’s Innovation System. London: Nesta, 2012.; OJHA, 2014OJHA, A. K. MNCs in India: focus on frugal innovation. Journal of Indian Business Research, v. 6, n. 1, p. 4-28, 2014.). Dessa forma, constata-se no estudo de Pisoni, Michelini e Martignoni (2018) que a transferência de tecnologia percorre direções não tradicionais, de países em desenvolvimento para países desenvolvidos, e de subsidiárias para empresas controladoras (BORINI, OLIVEIRA JUNIOR, SILVEIRA et al., 2012BOUND, K.; THORNTON, I. W. Our Frugal Future: Lessons from India’s Innovation System. London: Nesta, 2012.; BORINI, COSTA e OLIVEIRA JUNIOR, 2016BORINI, F. M. et al. The reverse transfer of innovation of foreign subsidiaries of Brazilian multinationals. European Management Journal, v. 30, n. 3, p. 219-231, 2012.). Mazieri (2016) explicita o termo de inovação aberta, proposto principalmente por Chesbrough, e preceitua a necessidade de cooperação e relacionamento com entidades externas à empresa. O autor enfatiza, desse modo, que a inovação frugal como uma forma de resposta a um contexto restritivo não depende de direção (podendo ser inovação reversa ou não) e não depende de formato tampouco, podendo ser inovação aberta ou não.

Outra constatação do estudo de Pisoni, Michelini e Martignoni (2018)PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018. é que há pelo menos três tipos de organizações quando se aplica uma abordagem frugal à inovação: empresas locais/micro, pequenas e médias empresas e empresas multinacionais. Apesar do papel bem conhecido e desempenhado pelas pequenas e médias empresas e por empresas locais no apoio à inovação frugal, a literatura tem se concentrado principalmente em como as multinacionais implementam e se beneficiam da adoção de abordagens econômicas para a inovação em países emergentes e em desenvolvimento, conforme apresentado no parágrafo anterior (RAY e RAY, 2010RAY, P. K.; RAY, S. Resource-Constrained Innovation for Emerging Economies: The Case of the Indian Telecommunications Industry. IEEE Transactions on Engineering Management, v. 57, n. 1, p. 144-156, fev. 2010.). O reconhecimento da área de pesquisa mais promissora para países emergentes e em desenvolvimento como sendo a inovação em pequenas e médias empresas e startups, segundo o estudo de Pisoni, Michelini e Martignoni (2018)PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018., chama a atenção, tendo em conta as várias particularidades do contexto deste tipo de organizações, bem como as barreiras à inovação com que se deparam no seu processo de desenvolvimento. Além disso, é importante salientar que há características únicas das pequenas empresas, as quais fornecem um contexto interessante para a análise da inovação frugal. Em adição a isso, citam-se também as empresas sociais, as quais, segundo Prabhu e Jain (2015PRABHU, J.; JAIN, S. Innovation and entrepreneurship in India: Understanding jugaad. Asia Pacific Journal of Management, v. 32, n. 4, p. 843-868, 2015.), têm paixão, compromisso, paciência e conhecimento local, muito embora faltem-lhes, às vezes, a capacidade de dimensionar suas soluções. As pequenas e médias empresas (PMEs) são fundamentais para promover o crescimento econômico, criar empregos, renda e melhorar as condições de vida da população. Segundo dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 9 milhões de PMEs, as quais representam 27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, são responsáveis por empregar 52% da mão de obra formal do país e respondem por 40% dos salários pagos (SEBRAE, 2014). Tais dados demonstram sua significativa participação na economia nacional. No entanto, a maior parte das pequenas empresas possui recursos limitados em termos de finanças, experiências e tempo, fatores que levam à dificuldade na captação de clientes e recursos necessários à inovação, elemento crítico na geração de receita nas empresas (AGBEIBOR JUNIOR, 2006AGBEIBOR JUNIOR, W. Pro-poor economic growth: role of small and medium sized enterprises. Journal of Asian Economics, v. 17, n. 1, p. 35-40, 2006.), e que sugere o estudo da inovação frugal neste contexto. Ling, Simsek, Lubatkin et al. (2008LING, Y. et al. The impact of transformational CEOs on the performance of small- to medium-sized firms: does organizational context matter? Journal of Applied Psychology, v. 93, n. 4, p. 923-934, 2008.) reforçam ainda que as PMEs possuem maiores restrições na tomada de decisão quando comparadas com as grandes organizações. Em seu estudo, as autoras ainda verificaram que as abordagens frugais para a inovação foram identificadas principalmente em ambientes com recursos limitados, países emergentes e em desenvolvimento e contextos da base da pirâmide, onde o ecossistema desempenha um papel crucial (PISONI, MICHELINI e MARTIGNONI, 2018PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018.).

Apesar do crescente número de artigos publicados sobre Inovação Frugal, reconhece-se a falta de instrumentos de mensuração deste fenômeno, com vistas a viabilizar que investigações mais precisas e quantificáveis sejam realizadas. O aumento do interesse acerca do presente constructo estimulou vários pesquisadores a investigá-lo, alguns por meio da proposição de conceituações de inovação frugal (AGARWAL e BREM, 2012AGARWAL, N.; BREM, A. Frugal and reverse innovation - Literature overview and case study insights from a German MNC in India and China. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENGINEERING, TECHNOLOGY AND INNOVATION, 18., 2012, Munich. Proceedings…Munich: ICE, 2012. p. 1-11.; BHATTI, 2012BHATTI, Y. What Is Frugal, What Is Innovation? Towards a Theory of Frugal Innovation. SSRN Electronic Journal, fev. 2012. Disponível em: <Disponível em: https://ssrn.com/abstract=2005910 >. Acesso em: 10 nov. 2017.
https://ssrn.com/abstract=2005910...
; THE ECONOMIST, 2009THE ECONOMIST. First break all the rules: the charms of frugal innovation. London: The Economist, 2010. (Special report on innovation in emerging markets).; RAO, 2013RAO, B. C. How disruptive is frugal? Technology in Society, v. 35, n. 1, p. 65-73, fev. 2013.; SONI e KRISHNAN, 2014SONI, P.; KRISHNAN, R.T. Frugal innovation: Aligning theory, practice, and public policy. Journal of Indian Business Research, v. 6, n. 1, p. 29-47, 2014.; TIWARI, FISCHER e KALOGERAKIS, 2016TIWARI, R.; KALOGERAKIS, K.; HERSTATT, C. Frugal innovations in the mirror of scholarly discourse: Tracing theoretical basis and antecedents. In: R&D MANAGEMENT CONFERENCE, 2016, Cambridge. Proceedings… Cambridge: RND, 2016.; TIWARI; KALOGERAKIS e HERSTATT 2016TIWARI, R.; KALOGERAKIS, K.; HERSTATT, C. Frugal innovations in the mirror of scholarly discourse: Tracing theoretical basis and antecedents. In: R&D MANAGEMENT CONFERENCE, 2016, Cambridge. Proceedings… Cambridge: RND, 2016., WEYRAUCH e HERSTATT, 2016WEYRAUCH, T.; HERSTATT, C. What is frugal innovation? Three defining criteria. Journal of Frugal Innovation, v. 2, n. 1, 2016.; ZESCHKY, WIDENMAYER e GASSMANN, 2011ZESCHKY, M.; WIDENMAYER, B.; GASSMANN, O. Frugal Innovation in Emerging Markets: The Case of Mettler Toledo. Research-Technology Management, v. 54, n. 4, p. 38-45, 2011.). Outros trabalhos debruçam-se mais sobre as características e estruturas distintivas da inovação frugal (BASU, BANERJEE e SWEENY, 2013BASU, R. R.; BANERJEE, P. M.; SWEENY, E. G. Frugal Innovation: Core Competencies to address Global Sustainability. Journal of Management for Global Sustainability, v. 1, n. 2, p. 63-82, 2013.; BREM e WOLFRAM, 2014BREM, A. Frugal innovation-past, present, and future. IEEE Engineering Management Review, v. 45, n. 3, p. 37-41, 2017.; CUNHA, REGO, OLIVEIRA et al., 2014CUNHA, M. P. et al. Product innovation in resource-poor environments: three research streams. Journal of Product Innovation Management, v. 31, n. 2, p. 202-210, 2014.; GOVINDARAJAN e TRIMBLE, 2012GOVINDARAJAN, V.; TRIMBLE, C. Reverse Innovation - Is It In Your Strategic plan? Ontario: Leadership Excellence, 2012.; PRAHALAD, 2010PRAHALAD, C. K. The fortune at the bottom of the pyramid: Eradicating poverty through profits. New Jersey: Prentice Hall, 2010.; RADJOU, PRABHU e AHUJA, 2012RADJOU, N.; PRABHU, J.; AHUJA, S. Jugaad Innovation: Think Frugal, Be Flexible, Generate Breakthrough Growth. San Francisco: Jossey-Bass, 2012.; RAO, 2013RAO, B. C. How disruptive is frugal? Technology in Society, v. 35, n. 1, p. 65-73, fev. 2013.; TIWARI e HERSTATT, 2012TIWARI, R.; KALOGERAKIS, K.; HERSTATT, C. Frugal innovations in the mirror of scholarly discourse: Tracing theoretical basis and antecedents. In: R&D MANAGEMENT CONFERENCE, 2016, Cambridge. Proceedings… Cambridge: RND, 2016.; ZESCHKY, WINTERHALTER e GASSMANN, 2014ZESCHKY, M.; WINTERHALTER, S.; GASSMANN, O. From Cost to Frugal and Reverse Innovation: Mapping the Field and Implications for Global Competitiveness. Research-Technology Management, v. 57, n. 4, p. 20-27, 2014.). E por fim, há os trabalhos que se dedicam à elaboração de regras e princípios para a inovação frugal (KUMAR e PURANAM, 2012KUMAR, N., PURANAM, P. India inside: The emerging innovation challenge to the West. Boston: Harvard Business Press, 2012.; PRAHALAD e MASHELKAR, 2010; RADJOU, PRABHU e AHUJA, 2012PRAHALAD, C. K.; MASHELKAR, R.A. Innovation’s Holy Grail. Harvard Business Review, v. 88, p. 132-141, jul./ago. 2010.).

A medição é uma atividade fundamental da ciência (DEVELLIS, 2012DEVELLIS, R. F. Scale development: theory and applications. 3. ed. Beverly Hills: Sage Publications, 2012.) e é central para o processo de investigação científica (TUCKER, VISWANATHAN e WALFORD, 2010TUCKER, E.; VISWANATHAN, M.; WALFORD, G. Reflections on Social Measurement: How Social Scientists Generate, Modify, and Validate Indicators and Scales. In: TUCKER, E.; VISWANATHAN, M.; WALFORD, G. (Eds.). The SAGE Handbook of Measurement. London: SAGE, 2010. p. 1-7. v. 1.). Nesse sentido, a ciência compreende o processo de medição, objetivando possibilitar a verificação e comparação dos resultados entre estudos. Com base nisso, entende-se que o desenvolvimento de instrumentos de mensuração de inovação frugal viabilizará determinar características de grupos de empresas, medir a predisposição das organizações para a inovação frugal e comparar escalas produzidas em contextos diferentes.

Importante destacar também, conforme apontado por Bound e Thornton (2012BOUND, K.; THORNTON, I. W. Our Frugal Future: Lessons from India’s Innovation System. London: Nesta, 2012.), que há muitas razões para que o mundo desenvolvido abrace inovações frugais, as quais incluem: (a) crescimento lento nas economias desenvolvidas, o que aumentará a demanda por inovações frugais; (b) restrições ambientais, o que aumentará a demanda por modelos mais frugais de produção e consumo; (c) cuidados com sociedades que envelhecem rapidamente, o que exigirá abordagens novas e frugais para a saúde; (d) entender que os mercados de mais rápido crescimento estão nas economias em desenvolvimento, onde a demanda por produtos e serviços frugais é alta.

De acordo com Rosca, Arnold e Bendul (2017ROSCA, E.; ARNOLD, M.; BENDUL, J. C. Business models for sustainable innovation - an empirical analysis of frugal products and services. Journal of Cleaner Production, v. 162, n. 20, p. S133-S145, 2017.), vários pesquisadores já apontaram contribuições potenciais da inovação frugal para vários aspectos da sustentabilidade. As inovações frugais podem contribuir para o desenvolvimento sustentável, proporcionando às comunidades em desenvolvimento maior capacidade de comprar produtos que atendam às suas necessidades, reduzindo o uso de recursos naturais e criando crescimento econômico inclusivo, por meio do envolvimento das comunidades locais na cadeia de valor (BAUD, 2016BAUD, I. Moving towards inclusive development? Recent views on inequalities, frugal innovations, urban geo-technologies, gender and hybrid governance. The European Journal of Development Research, v. 28, n. 2, p. 119-129, 2016.; KNORRINGA, PEŠA, LELIVELD et al., 2016KNORRINGA, P. et al. Frugal innovation and development: Aides or adversaries? The European Journal of Development Research, v. 28, n. 2, p. 143-153, 2016.). Todavia, no trabalho empírico atual existente na literatura do tema, sugere-se que as inovações frugais não são inerentemente sustentáveis (ROSCA, ARNOLD e BENDUL, 2017ROSCA, E.; ARNOLD, M.; BENDUL, J. C. Business models for sustainable innovation - an empirical analysis of frugal products and services. Journal of Cleaner Production, v. 162, n. 20, p. S133-S145, 2017.). Nesse sentido, é importante explorar em profundidade se, como e quando as inovações frugais podem impulsionar o desenvolvimento sustentável. A investigação individual sofre várias limitações que impedem uma compreensão clara do papel da inovação frugal no apoio ao desenvolvimento sustentável ​ (ROSCA, ARNOLD e BENDUL, 2017ROSCA, E.; ARNOLD, M.; BENDUL, J. C. Business models for sustainable innovation - an empirical analysis of frugal products and services. Journal of Cleaner Production, v. 162, n. 20, p. S133-S145, 2017.).

Para pesquisas futuras, sugere-se o desenvolvimento de instrumentos que visem à mensuração do fenômeno da inovação frugal, a julgar pela constatação da inexistência de instrumentos na literatura do tema. Além disso, em linha com as sugestões de outros estudos, destacam-se como propostas de pesquisa sobre o tema: analisar os aspectos relacionados ao ecossistema; como promover a colaboração entre os diferentes atores envolvidos no processo de inovação frugal e, especificamente, como aprender com o envolvimento da comunidade; por último, e não menos importante, como difundir e comercializar estratégias de inovações frugais (PISONI, MICHELINI e MARTIGNONI, 2018PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018.). Em linha com as sugestões de estudos de Knorringa, Peša, Leliveld et al. (2016KNORRINGA, P. et al. Frugal innovation and development: Aides or adversaries? The European Journal of Development Research, v. 28, n. 2, p. 143-153, 2016.), veem-se como necessários estudos empíricos para avançar os debates existentes sobre a inovação frugal.

Um dos principais objetivos dos estudos empíricos deve ser olhar para a inovação frugal pela lente do desenvolvimento econômico local, mas, ao mesmo tempo, relacionar os processos locais com os níveis nacional e mundial. Tais estudos empíricos podem gerar uma melhor compreensão sobre quais atores desempenham papéis na inovação frugal, tanto no nível internacional, como no local (KNORRINGA, PEŠA, LELIVELD et al., 2016KNORRINGA, P. et al. Frugal innovation and development: Aides or adversaries? The European Journal of Development Research, v. 28, n. 2, p. 143-153, 2016.). Hossain e Simula (2013HOSSAIN, M; SIMULA, H. Frugal innovation and reverse innovation: imperative in the global business. In: BRITISH ACADEMY OF MANAGEMENT CONFERENCE, 27., 2013, Liverpool. Proceedings… Liverpool: BAM, 2013.) sugerem ainda o estudo de como as oportunidades e ameaças para a inovação diferem entre os países em desenvolvimento e os países desenvolvidos. O estudo de Simula, Hossain e Halme (2015)SIMULA, H.; HOSSAIN, M.; HALME, M. Frugal and reverse innovations - Quo Vadis? Current Science, v. 109, n. 5, p. 1567-1572, 2015.apresenta questões pertinentes para futuras pesquisas:

1) como as inovações frugais se difundem entre os mercados emergentes de baixa renda, e que modelos de negócios podem suportar isso; 2) como as empresas dos mercados emergentes de baixa renda podem entrar nos mercados ocidentais com inovação reversa; 3) quais oportunidades existem para as empresas ocidentais capturar as receitas de mercados emergentes de baixa renda com inovações frugais; 4) como as empresas ocidentais podem construir ou reestruturar seus modelos de negócios e estratégias para aproveitar clientes desatendidos e não atendidos com inovações frugais; 5) como as empresas ocidentais podem colaborar com os agentes locais de mercados emergentes de baixa renda com inovações frugais e reversas; 6) quais são as barreiras contra a adoção da inovação reversa pelos mercados desenvolvidos.

Quadro 2
Síntese das Aplicações e Sugestões para Pesquisas Futuras

CONCLUSÃO

Este ensaio teórico teve por objetivo apresentar a origem e a evolução do constructo da inovação frugal, bem como sua caracterização atual na literatura, e, por fim, apresentar sua importância e aplicação, bem como sugestões de pesquisas futuras. Para tanto, com base em uma revisão bibliográfica, buscou-se analisar as produções teóricas acerca do fenômeno, com o intuito de estabelecer relações, evidenciar ideias, métodos e subtemas que têm recebido maior ou menor ênfase na literatura selecionada (VOSGERAU e ROMANOWSKI, 2014VOSGERAU, D. S. R.; ROMANOWSKI, J. P. Estudos de revisão: implicações conceituais e metodológicas. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 14, n. 41, p. 165-189, jan./abr. 2014.). Para Rother (2007ROTHER, E. T. Revisão sistemática x revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem, v. 20, n. 2, p. 2007.), o objetivo principal deste tipo de revisão fundamenta-se na aquisição e atualização de conhecimento acerca de um determinado tema, sem estabelecer uma metodologia que possibilite sua reprodução e aquisição dos dados apresentados. De acordo com Bernardo, Nobre e Jatene (2004NOBRE, M. R. C.; BERNARDO, W. M., JATENE, F B. A prática clínica baseada em evidências: parte III Avaliação crítica das informações de pesquisas clínicas. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 50, n. 2, p. 221-228, 2004.), esse tipo de revisão é gerada segundo a opinião do autor, que decide quais as informações são mais relevantes, sem explicitar a forma como elas são obtidas, havendo nesse sentido uma interferência da sua percepção subjetiva.

Com o presente ensaio teórico, verificou-se que a inovação frugal envolve a concepção de soluções especificamente para os segmentos de mercado de baixa renda, ou seja, da base da pirâmide (BoP), podendo ainda ser empregado em outros segmentos econômicos, tanto de países emergentes quanto de países desenvolvidos Verifica-se que as empresas nos mercados emergentes enfrentam fortes restrições de recursos e desenvolvem capacidades para criar soluções de produtos valiosos, substituindo elementos de capital por mão de obra local a baixo custo (RAY e RAY, 2010RAY, P. K.; RAY, S. Resource-Constrained Innovation for Emerging Economies: The Case of the Indian Telecommunications Industry. IEEE Transactions on Engineering Management, v. 57, n. 1, p. 144-156, fev. 2010.; DAWAR e CHATTOPADHYAY, 2002DAWAR, N.; CHATTOPADHYAY, A. Rethinking marketing programs for emerging markets. Long Range Planning, v. 35, n. 5, p. 457-474, 2002.). Contudo, a importância da investigação mais aprofundada de tais capacidades reside em que a crescente escassez de recursos também está no foco dos mercados desenvolvidos (BREM e WOLFRAM, 2014BREM, A.; WOLFRAM, P. Research and development from the bottom up-introduction of terminologies for new product development in emerging markets. Journal of Innovation Entrepreneurship, v. 3, n. 1, p. 1-22, 2014.). E, além disso, é importante lembrar que a capacidade de desenvolvimento da inovação frugal é um pré-requisito para a inovação reversa (ZESCHKY, WINTERHALTER e GASSMANN, 2014ZESCHKY, M.; WINTERHALTER, S.; GASSMANN, O. From Cost to Frugal and Reverse Innovation: Mapping the Field and Implications for Global Competitiveness. Research-Technology Management, v. 57, n. 4, p. 20-27, 2014.). Isso significa que, se a inovação frugal for adotada e aplicada adequadamente, ela pode vir a se tornar uma vantagem para a organização em qualquer mercado ou setor, permitindo que as empresas atinjam muitos benefícios (ROSSETTO, BORINI e FRANKWICK, 2018ROSSETTO, D. E.; BORINI, F. M.; FRANKWICK, G. L. A new scale proposition for measuring Frugal Innovation: scale development process and validation. In: SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 30., 2018, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: ANPAD, 2018. p. 26-28.).

Com relação à evolução histórica do conceito, suas origens e definições, verifica-se que as perspectivas heterogêneas dos autores estão gradualmente se movendo em direção a uma compreensão convergente das principais características da inovação frugal. Como em Pisoni, Michelini e Martignoni (2018)WOOLDRIDGE, A. The World Turned Upside Down. London: The Economist, 2010. (A Special Report on Innovation in Emerging Markets)., compreende-se que a inovação frugal deve ser considerada como uma abordagem que envolve todo o processo de inovação, ou características de produto/serviço, em vez de uma tipologia específica de inovação, tendo em vista torná-la “adaptável” e “transferível” para qualquer contexto industrial e territorial, o que confirma as mais recentes definições, segundo as quais a inovação frugal visa “criar proposições de valor atraentes para seus grupos de clientes alvo, focando nas funcionalidades essenciais e minimizando, assim, o uso de recursos materiais e financeiros em toda a cadeia de valor” (TIWARI, FISCHER e KALOGERAKIS, 2016TIWARI, R.; KALOGERAKIS, K.; HERSTATT, C. Frugal innovations in the mirror of scholarly discourse: Tracing theoretical basis and antecedents. In: R&D MANAGEMENT CONFERENCE, 2016, Cambridge. Proceedings… Cambridge: RND, 2016., p. 17; MICHELINI, PISONI e MARTIGNONI, 2018WOOLDRIDGE, A. The World Turned Upside Down. London: The Economist, 2010. (A Special Report on Innovation in Emerging Markets).).

O presente ensaio teórico permitiu apontar algumas áreas futuras de desenvolvimento do tema, bem como a evolução e o crescimento da importância e aplicação dessa abordagem de inovação pela literatura. Nesse sentido, entende-se como primordial o investimento em pesquisas empíricas, as quais enriqueçam os debates existentes sobre a inovação frugal, principalmente da lente do desenvolvimento econômico local, mediante resultados financeiros e retornos econômicos, ao mesmo tempo relacionando os processos locais com os níveis nacional e mundial. Tais estudos empíricos podem gerar uma melhor compreensão sobre quais atores desempenham um papel na inovação frugal, tanto internacional quanto localmente. Sugere-se, ainda, conforme já destacam algumas pesquisas (BREM, 2017BREM, A. Frugal innovation-past, present, and future. IEEE Engineering Management Review, v. 45, n. 3, p. 37-41, 2017.; HOSSAIN, 2017HOSSAIN, M. Mapping the frugal innovation phenomenon. Technology in Society, v. 51, p. 199-208, nov. 2017. Disponível em:<Disponível em:https://doi.org/10.1016/j.techsoc.2017.09.006 >. Acesso em: 21 ago. 2019.
https://doi.org/10.1016/j.techsoc.2017.0...
; PISONI, MICHELINI e MARTIGNONI, 2018WOOLDRIDGE, A. The World Turned Upside Down. London: The Economist, 2010. (A Special Report on Innovation in Emerging Markets).; ROSSETTO, BORINI e FRANKWICK, 2018ROSSETTO, D. E.; BORINI, F. M.; FRANKWICK, G. L. A new scale proposition for measuring Frugal Innovation: scale development process and validation. In: SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 30., 2018, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: ANPAD, 2018. p. 26-28.) o desenvolvimento de instrumentos de mensuração de inovação frugal.

REFERÊNCIAS

  • AGARWAL, N.; BREM, A. Frugal and reverse innovation - Literature overview and case study insights from a German MNC in India and China. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENGINEERING, TECHNOLOGY AND INNOVATION, 18., 2012, Munich. Proceedings…Munich: ICE, 2012. p. 1-11.
  • AGARWAL, N. et al. A Systematic Literature Review of Constraint-Based Innovations: State of the Art and Future Perspectives. IEEE Transactions on Engineering Management, v. 64, n.1, p. 3-15, 2017.
  • AGBEIBOR JUNIOR, W. Pro-poor economic growth: role of small and medium sized enterprises. Journal of Asian Economics, v. 17, n. 1, p. 35-40, 2006.
  • BASU, R. R.; BANERJEE, P. M.; SWEENY, E. G. Frugal Innovation: Core Competencies to address Global Sustainability. Journal of Management for Global Sustainability, v. 1, n. 2, p. 63-82, 2013.
  • BAUD, I. Moving towards inclusive development? Recent views on inequalities, frugal innovations, urban geo-technologies, gender and hybrid governance. The European Journal of Development Research, v. 28, n. 2, p. 119-129, 2016.
  • BIRTCHNELL, T. Jugaad as systemic risk and disruptive innovation in India. Contemp. South Asia, v. 19, n. 4, p. 357-372, 2011.
  • BEZERRA, M. A.; BORINI, F. M. The impact of social and relational contexts on innovation transfer in foreign subsidiaries. International Journal of Learning Intellectual Capital, v.12, n. 1, p. 6-31, 2015.
  • BHATTI, Y. What Is Frugal, What Is Innovation? Towards a Theory of Frugal Innovation. SSRN Electronic Journal, fev. 2012. Disponível em: <Disponível em: https://ssrn.com/abstract=2005910 >. Acesso em: 10 nov. 2017.
    » https://ssrn.com/abstract=2005910
  • BHATTI, Y. A.; VENTRESCA, M. How can ‘Frugal Innovation’ be conceptualized? SSRN Electronic Journal, jan. 2013. Disponível em:<Disponível em:http://ssrn.com/abstract=2203552 >. Acesso em: 21 ago. 2019.
    » http://ssrn.com/abstract=2203552
  • BOBEL, I. Jugaad: A New Innovation Mindset. Journal of Business Financial Affairs, v. 1, n. 4, 2012. Disponível em: <Disponível em: http://doi.org/10.4172/2167-0234.1000e116 >. Acesso em:21 ago. 2019.
    » http://doi.org/10.4172/2167-0234.1000e116
  • BORINI, F. M.; COSTA, S.; OLIVEIRA JUNIOR, M. Reverse innovation antecedents. International Journal of Emerging Markets, v. 11, n. 2, p. 175-189, 2016.
  • BORINI, F. M. et al. The reverse transfer of innovation of foreign subsidiaries of Brazilian multinationals. European Management Journal, v. 30, n. 3, p. 219-231, 2012.
  • BOUND, K.; THORNTON, I. W. Our Frugal Future: Lessons from India’s Innovation System. London: Nesta, 2012.
  • BREM, A. Frugal innovation-past, present, and future. IEEE Engineering Management Review, v. 45, n. 3, p. 37-41, 2017.
  • BREM, A.; IVENS, B. S. Do Frugal and Reverse Innovation Foster Sustainability? Introduction of a Conceptual Framework. Journal of Technology Management for Growing Economies, v. 4, n. 2, p. 31-50, 2013.
  • BREM, A.; WOLFRAM, P. Research and development from the bottom up-introduction of terminologies for new product development in emerging markets. Journal of Innovation Entrepreneurship, v. 3, n. 1, p. 1-22, 2014.
  • CHANDY, R. et al. From Invention to Innovation: Conversion Ability in Product Development. Journal of Marketing Research, v. 43, n. 3, p. 494-508, 2006.
  • CHATAWAY, J.; HANLIN, R.; KAPLINSKY, R. Inclusive Innovation: an Architecture for Policy Development. Innovation and Development, v. 4, n. 1, p. 33-54, 2014.
  • CHRISTENSEN, C. M. et al. Disruptive innovation for social change. Harvard Business Review, v. 84, n. 12, p. 94-101, 2006.
  • CHRISTENSEN, C. M.; SCOTT, D.; ERIK, A. Seeing what’s next. Boston: Harvard Business School Publishing Corporation, 2004.
  • CHRISTENSEN, C. M. The innovator’s dilemma: When New Technologies Cause Great Firms to Fail. Cambridge: Harvard Business School Publishing Corporation, 1997.
  • CRISP, L. N. Mutual learning and reverse innovation - where next? Globalization and Health, v. 10, n. 14, 2014.
  • CROSSAN, M. M.; APAYDIN, M. A Multi-Dimensional Framework of Organizational Innovation: A Systematic Review of the Literature. Journal of Management Studies, v. 47, n. 6, p. 1154-1191, 2010.
  • CUNHA, M. P. et al. Product innovation in resource-poor environments: three research streams. Journal of Product Innovation Management, v. 31, n. 2, p. 202-210, 2014.
  • DAWAR, N.; CHATTOPADHYAY, A. Rethinking marketing programs for emerging markets. Long Range Planning, v. 35, n. 5, p. 457-474, 2002.
  • DEVELLIS, R. F. Scale development: theory and applications. 3. ed. Beverly Hills: Sage Publications, 2012.
  • DOZ, Y. L., WILSON, K. Managing Global Innovation: Frameworks for Integrating Capabilities Around the World. Boston: Harvard Business School Press, 2012.
  • FU, X.; GONG, Y. Indigenous and foreign innovation efforts and drivers of technological upgrading: evidence fr om China. World development, v. 39. n. 7. p. 1213-1225. 2011.
  • GEORGE, G.; MCGAHAN, A. M.; PRABHU, J. Innovation for Inclusive Growth: Towards a Theoretical Framework and a Research Agenda. Journal of Management Studies, v. 49, n. 4, p. 661-683, 2012.
  • GOVINDARAJAN, V.; TRIMBLE, C. Organizational DNA for Strategic Innovation. California Management Review, v. 47, n. 3, p. 47-76, 2005.
  • GOVINDARAJAN, V.; TRIMBLE, C. Reverse Innovation - Is It In Your Strategic plan? Ontario: Leadership Excellence, 2012.
  • GOVINDARAJAN, V.; TRIMBLE, C. Reverse innovation: a global growth strategy that could pre-empt disruption at home. Strategy & Leadership, v. 40, n. 5, p. 5-11, 2012a.
  • GOVINDARAJAN, V.; TRIMBLE, C. Reverse innovation: Create far from home, win everywhere. Massachusetts: Harvard Business School Press, 2012b.
  • GOVINDARAJAN, V.; RAMAMURTI, R. Reverse innovation, emerging markets, and global strategy. Global Strategy Journai, v. 1, n. 3/4, p. 191-205, 2011.
  • GULATI, R. Management lessons from the edge. Academy of Management Perspectives, v. 24, n. 2, p. 25-28, 2010.
  • GUPTA, V. An inquiry into the characteristics of entrepreneurship in India. Journal of International Business Research, v. 7, n. S1, p. 53-69, 2008.
  • GUPTA, A. K. Science, sustainability and social purpose: barriers to effective articulation, dialogue and utilization of formal and informal science in public policy. Massachusetts: Harvard Kennedy School, 1999. Disponível em: <Disponível em: http://www.hks.harvard.edu/sustsci/ists/TWAS_0202/gupta_300199.pdf >. Acesso em:21 maio 2012.
    » http://www.hks.harvard.edu/sustsci/ists/TWAS_0202/gupta_300199.pdf
  • GUPTA, V. Corporate response to global financial crisis: a knowledge-based model. Global Economy Journal, v. 11, n. 2, p. 1-15, 2011.
  • GUPTA A. K; WANG H. Getting China and India right. San Francisco: Jossey-Bass/Wiley; 2009.
  • HARTLEY, J. New development: Eight and a half propositions to stimulate frugal innovation in public services. Public Money & Management, v. 34, n. 3, p. 227-232, 2014.
  • HOSSAIN, M. Mapping the frugal innovation phenomenon. Technology in Society, v. 51, p. 199-208, nov. 2017. Disponível em:<Disponível em:https://doi.org/10.1016/j.techsoc.2017.09.006 >. Acesso em: 21 ago. 2019.
    » https://doi.org/10.1016/j.techsoc.2017.09.006
  • HOSSAIN, M; SIMULA, H. Frugal innovation and reverse innovation: imperative in the global business. In: BRITISH ACADEMY OF MANAGEMENT CONFERENCE, 27., 2013, Liverpool. Proceedings… Liverpool: BAM, 2013.
  • HOWARD, M. Will frugal innovation challenge the west? Market Leader, London, Quarter 3, p. 53, jun. 2011.
  • IMMELT, J. R.; GOVINDARAJAN, V.; TRIMBLE, C. How GE is disrupting itself. Harvard Business Review, v. 87, n. 10, p. 56-65, 2009.
  • KNORRINGA, P. et al. Frugal innovation and development: Aides or adversaries? The European Journal of Development Research, v. 28, n. 2, p. 143-153, 2016.
  • KRISHNAN, R. T. From Jugaad to Systematic Innovation: The Challenge for India. Bangalore: The Utpreraka Foundation, 2010.
  • KULANGARA, N. P.; JACKSON, S. A.; PRATER, E. Examining the impact of socialization and information sharing and the mediating effect of trust on innovation capability. International Journal of Operations & Production Management, v. 36, n. 11, p. 1601-1624, 2016.
  • KUMAR, N., PURANAM, P. India inside: The emerging innovation challenge to the West. Boston: Harvard Business Press, 2012.
  • LAFLEY, A. G.; CHARAM, R. The Game Changer: How you can dribble revenue and profit growth with innovation. New York: Crown Publishing, 2008.
  • LING, Y. et al. The impact of transformational CEOs on the performance of small- to medium-sized firms: does organizational context matter? Journal of Applied Psychology, v. 93, n. 4, p. 923-934, 2008.
  • MAZIERI, M. R. Patentes e Inovação Frugal em uma perspectiva contributiva. 371p. Tese (Doutorado em Administração) - Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2016.
  • MAZIERI, M. R; SANTOS, A. M.; QUONIAM, L. Inovação a partir das informações de patentes: Proposição de Modelo Open Source de Extração de Informações de Patentes (crawler). In: SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, 17., 2014, São Paulo. Anais...São Paulo: FEA USP, 2014. Disponível em:<Disponível em:http://sistema.semead.com.br/17semead/resultado/trabalhosPDF/712.pdf >. Acesso em: 21 ago. 2019.
    » http://sistema.semead.com.br/17semead/resultado/trabalhosPDF/712.pdf
  • MERRIAM WEBSTER. Frugal. 2015. Disponível em: <Disponível em: http://www.merriam-webster.com/dictionary/frugal >. Acesso em:14 de nov. 2017.
    » http://www.merriam-webster.com/dictionary/frugal
  • NOBRE, M. R. C.; BERNARDO, W. M., JATENE, F B. A prática clínica baseada em evidências: parte III Avaliação crítica das informações de pesquisas clínicas. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 50, n. 2, p. 221-228, 2004.
  • NUNES P. F.; BREENE T S. Jumping the S-curve: how to beat the growth cycle, get on top, and stay there. Harvard: Harvard Business Review Press, 2011.
  • OJHA, A. K. MNCs in India: focus on frugal innovation. Journal of Indian Business Research, v. 6, n. 1, p. 4-28, 2014.
  • OSTRASZEWSKA, Z.; TYLEC, A. Reverse innovation - How it works. International Journal of Business and Management, v. 3, n. 1, p. 57-74, 2015.
  • PAWLOWSKI, J. M. Towards Born-Global Innovation: The Role of Knowledge Management and Social Software. In: EUROPEAN CONFERENCE ON KNOWLEDGE MANAGEMENT, 14., 2013, Kauna. Proceedings… Kauna: Academic Conferences and Publishing International Limited, 2013.
  • PISSONI, A.; MICHELINI, L.; MARTIGNONI, G. Frugal approach to innovation: state of the art and future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 171, p. 107-126, 2018.
  • PRABHU, G. N.; GUPTA, S. Heuristics of Frugal Service Innovations. In: PORTLAND INTERNATIONAL CONFERENCE OF MANAGEMENT OF ENGINEERING AND TECHNOLOGY, 2014, Portland. Proceedings…Portland: PICMET, 2014. p. 3309-3312.
  • PRABHU, J.; JAIN, S. Innovation and entrepreneurship in India: Understanding jugaad. Asia Pacific Journal of Management, v. 32, n. 4, p. 843-868, 2015.
  • PRAHALAD, C. K.; MASHELKAR, R.A. Innovation’s Holy Grail. Harvard Business Review, v. 88, p. 132-141, jul./ago. 2010.
  • PRAHALAD, C. K. The fortune at the bottom of the pyramid: Eradicating poverty through profits. New Jersey: Prentice Hall, 2010.
  • PRATHAP, G. The myth of frugal innovation in India. Current Science, v. 106, n. 3, p. 374-377, 2014.
  • RADJOU, N.; PRABHU, J.; AHUJA, S. Jugaad Innovation: Think Frugal, Be Flexible, Generate Breakthrough Growth. San Francisco: Jossey-Bass, 2012.
  • RADJOU, N.; PRABHU, J. Frugal Innovation: How to Do More with Less. London: Profile Books, 2014.
  • RADJOU, N.; PRABHU, J. Frugal Innovation: How to do More with Less. New York: PublicAffairs, 2015.
  • RAMAMURTI, R. Competing with Emerging Market Multinationals. Business Horizons, v. 55, n. 3, p. 241-249, maio/jun.2012.
  • RAMDORAI, A.; HERSTATT, C. Frugal Innovation in Healthcare: How Targeting Low-Income Markets Leads to Disruptive Innovation. Heidelberg: Springer, 2015.
  • RAO, B. C. How disruptive is frugal? Technology in Society, v. 35, n. 1, p. 65-73, fev. 2013.
  • RAY, P. K.; RAY, S. Resource-Constrained Innovation for Emerging Economies: The Case of the Indian Telecommunications Industry. IEEE Transactions on Engineering Management, v. 57, n. 1, p. 144-156, fev. 2010.
  • REENA, J. India’s next global export: innovation. BusinessWeek.com, New York, p. 1-3, 13 mar. 2009.
  • ROSCA, E.; ARNOLD, M.; BENDUL, J. C. Business models for sustainable innovation - an empirical analysis of frugal products and services. Journal of Cleaner Production, v. 162, n. 20, p. S133-S145, 2017.
  • ROSSETTO, D. E.; BORINI, F. M.; FRANKWICK, G. L. A new scale proposition for measuring Frugal Innovation: scale development process and validation. In: SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 30., 2018, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: ANPAD, 2018. p. 26-28.
  • ROTHER, E. T. Revisão sistemática x revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem, v. 20, n. 2, p. 2007.
  • SARAF, D. India’s indigenous genius: Jugaad. The Wall Street Journal, 2009. Dispoível em:< Dispoível em:http://online.wsj.com/article/SB124745880685131765.html >. Acesso em:14 de nov. 2017.
    » http://online.wsj.com/article/SB124745880685131765.html
  • SCHWAAG SERGER, S.; BREIDNE, M. China’s fifteen-year plan for science and technology: an assessment. In: FAIR, C.; FRAZIER, MW. (Eds.). Asia Policy. Washington, DC: The National Bureau of Asian Research, 2007. p. 135-164. v. 4.
  • SHARMA, A.; IYER, G. R. Resource-constrained product development: implications for green marketing and green supply chains. Industrial Marketing Management, v. 41, n. 4, p. 599-608, 2012.
  • SILVA, I. M. Capacidades Organizacionais para a Inovação Frugal. 2018. 166 p. Tese (Doutorado em Administração) - Programa de Pós-Graduação em Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
  • SIMULA, H.; HOSSAIN, M.; HALME, M. Frugal and reverse innovations - Quo Vadis? Current Science, v. 109, n. 5, p. 1567-1572, 2015.
  • SINGH, B. Concept of frugality and informal sector innovations in the context of local development. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON STRATEGIES IN VOLATILE AND UNCERTAIN ENVIRONMENT FOR EMERGING MARKETS, 2017, New Delhi. Proceedings… New Delhi: CONAL, 2017. p. 573-579.
  • SINGHAL, V. The impact of emerging economies innovative new models of global growth and vitality are emerging. Vision, v. 35, n. 2, p. 12-14, 2011.
  • SONI, P.; KRISHNAN, R.T. Frugal innovation: Aligning theory, practice, and public policy. Journal of Indian Business Research, v. 6, n. 1, p. 29-47, 2014.
  • THE ECONOMIST. First break all the rules: the charms of frugal innovation. London: The Economist, 2010. (Special report on innovation in emerging markets).
  • THE ECONOMIST. Burgeoning bourgeoisie. London: The Economist, 2009. (A special report on the new middle classes in emerging markets).
  • TIWARI, R.; HERSTATT, C. India - A Lead Market for Frugal Innovations? Extending the Lead Market Theory to Emerging Economies. Hamburg: Institute for Technology and Innovation Management, 2012. (Working paper, n. 67).
  • TIWARI, R.; HERSTATT, C. Assessing India’s lead market potential for cost-effective innovations. Journal of Indian Business Research, v. 4, p. 97-115, 2013.
  • TIWARI, R.; HERSTATT, C. Aiming Big with Small Cars: Emergence of a Lead Market in India. Heidelberg: Springer, 2014.
  • TIWARI, R.; FISCHER, L.; KALOGERAKIS, K. Frugal Innovation in Scholarly and Social Discourse: An Assessment of Trends and Potential Societal Implications. Leipzig/Hamburg: Fraunhofer MOEZ Leipzig; Hamburg University of Technology, 2016. (Working paper, n. 189/ WEP 2-22).
  • TIWARI, R.; KALOGERAKIS, K.; HERSTATT, C. Frugal innovations in the mirror of scholarly discourse: Tracing theoretical basis and antecedents. In: R&D MANAGEMENT CONFERENCE, 2016, Cambridge. Proceedings… Cambridge: RND, 2016.
  • THOMPSON, V. A. Bureaucracy and innovation. Administrative Science Quarterly, v. 10, n. 1, p. 1-20, 1965.
  • TUCKER, E.; VISWANATHAN, M.; WALFORD, G. Reflections on Social Measurement: How Social Scientists Generate, Modify, and Validate Indicators and Scales. In: TUCKER, E.; VISWANATHAN, M.; WALFORD, G. (Eds.). The SAGE Handbook of Measurement. London: SAGE, 2010. p. 1-7. v. 1.
  • VON KROGH G.; RAISCH, S. Focus Intensely on a Few Great Innovation Ideas. Harvard Business Review, out.2009.
  • VOSGERAU, D. S. R.; ROMANOWSKI, J. P. Estudos de revisão: implicações conceituais e metodológicas. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 14, n. 41, p. 165-189, jan./abr. 2014.
  • WANG, C. et al. Exploring the role of government involvement in outward FDI from emerging economies. Journal of International Business Studies, v. 43, n. 7, p. 655-676, 2012.
  • WANG, X.; DASS, M. Building innovation capability: The role of top management innovativeness and relative-exploration orientation. Journal of Business Research, v. 76, p. 127-135, 2017.
  • WEYRAUCH, T.; HERSTATT, C. What is frugal innovation? Three defining criteria. Journal of Frugal Innovation, v. 2, n. 1, 2016.
  • WILLIAMS, C.; VAN TRIEST, S. The impact of corporate and national cultures on decentralization in multinational corporations. International Business Review, v. 18, n. 2, p. 156-167, 2009.
  • WOOLDRIDGE, A. The World Turned Upside Down. London: The Economist, 2010. (A Special Report on Innovation in Emerging Markets).
  • ZESCHKY, M.; WIDENMAYER, B.; GASSMANN, O. Frugal Innovation in Emerging Markets: The Case of Mettler Toledo. Research-Technology Management, v. 54, n. 4, p. 38-45, 2011.
  • ZESCHKY, M.; WINTERHALTER, S.; GASSMANN, O. From Cost to Frugal and Reverse Innovation: Mapping the Field and Implications for Global Competitiveness. Research-Technology Management, v. 57, n. 4, p. 20-27, 2014.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Jan 2020
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2019

Histórico

  • Recebido
    31 Mar 2018
  • Aceito
    06 Jun 2019
Fundação Getulio Vargas, Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas Rua Jornalista Orlando Dantas, 30 - sala 107, 22231-010 Rio de Janeiro/RJ Brasil, Tel.: (21) 3083-2731 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernosebape@fgv.br