Acessibilidade / Reportar erro

ANÁLISE ESTRUTURAL EM RELICTOS DE CERRADO NO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ, MUNICÍPIO DE TIBAGI, ESTADO DO PARANÁ, BRASIL

STRUCTURAL ANALYSIS IN CERRADO'S RELICTS AT STATE PARK OF GUARTELÁ, TIBAGI, PARANA STATE, BRAZIL

RESUMO

O estudo foi desenvolvido em relictos de cerrado existentes no Parque Estadual do Guartelá, Tibagi-PR, (24º39'10"S e 50º15'25"W), os quais representam um dos poucos remanescentes extremo-meridional deste tipo de formação. Para a análise fitossociológica, foram alocadas 50 parcelas de 5 x 5 m, incluindo-se os indivíduos com altura ≥ 1 m, divididos em duas amostragens para avaliar os seguintes estratos: a) superior - plantas com DAS ≥ 3 cm; e b) médio - plantas com DAS < 3 cm. Ainda, em cada parcela foram estabelecidas subparcelas de 1 x 1 m para amostrar o estrato inferior, constituído por indivíduos com altura < 1 m e > 10 cm. No total foram amostrados 1.340 indivíduos, distribuídos em 28 famílias, 66 gêneros e 115 espécies. O índice de diversidade foi maior para o estrato médio (H'=3,30), seguido do superior (H'=3,09) e inferior (H'=2,91). A ocorrência frequente de moitas é uma característica notável da fisionomia das áreas do PEG, sendo que 82 % das populações analisadas distribuem-se com padrão agregado. Por se tratar de uma região limítrofe de ocorrência do Cerrado, sob influência atual de um clima subtropical, mais úmido e frio, comparado à zona core de tal bioma, nota-se que estas áreas se caracterizam por uma diminuição na estatura, riqueza e diversidade de sua flora. Apesar disso, preserva espécies características dos cerrados brasileiros, mas, por apresentarem distribuição em relictos e estes terem sido em parte devastados, algumas estão incluídas na lista vermelha de plantas ameaçadas de extinção no Estado do Paraná, o que evidencia a importância da preservação e manejo destas áreas.

Palavras-chave:
Cerrado Meridional; estrutura de comunidade; Campos Gerais do Paraná

ABSTRACT

This study was accomplished in existing Cerrado's relicts at State Park Guartelá, Tibagi, PR (24º39'10"S and 50º15'25"W), which represent one of the last extreme-meridional remanescents of this type of formation. Fifty plots with dimensions of 5x5m were allocated for phyto-sociological analysis, including in the sample individuals with height ≥ 1 m, divided into two samples to evaluate the following strata: a) upper- plants with DAS ≥ 3 cm, and b) intermediate - plants with DAS <3cm. Moreover, in each plot, there were established sub-plots with dimensions of 1x1m for sampling the lower stratum, comprised by individuals with height <1m and >10cm. The complete survey found 1340 individuals distributed in 28 families, 66 genera and 115 species. The diversity index was higher for the mean component (H'=3.30), followed by the superior component (H'=3.09) and the inferior (H'=2.91). The frequent occurrence of bushes is a remarkable characteristic of the physiognomy of the areas inside the park and 82 % of the populations studied are distributed in aggregated standard. Because it is a marginal region of occurrence of cerrado vegetation, now under the influence of a subtropical climate, more humid and cold, compared to the core area of this biome, it is noted that these areas are characterized by a decrease in stature, richness and diversity of its flora. Nevertheless, they preserve typical species of the Brazilian Savannah; but, due to their distribution in relicts and been, in part, devastated, some are included in the red list of endangered plants in Parana state, which evidences the importance of conservation and management of these areas.

Keywords:
Southern "Cerrado", Brazilian savannah; community structure; Campos Gerais do Paraná

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • ANDRADE, L. A. Z.; FELFILI, J. M.; VIOLATTI, L. Fitossociologia de uma área de cerrado denso na RECOR-IBGE, Brasília-DF. Acta Botânica Brasílica, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 225-240, abr. 2002.
  • ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP II. An update of the Angiosperm phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Annals of the Botanical Journal of the Linnean Society, London, v. 141, n. 4, p. 399- 436, 2003.
  • APEZZATO-DA-GLÓRIA, B. Raízes gemíferas: uma abordagem anatômica e ecológica. In: CAVALCANTI, T. B. et al(Org.). Tópicos atuais em Botânica: palestras convidadas do 51º Congresso Nacional de Botânica. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia/ Sociedade Botânica do Brasil, 2000. p. 73-77.
  • ARAÚJO, A. R. B.; TEIXEIRA, M. I. J. G.; RODRIGUES, R. R. Florística e fitossociologia de um trecho de cerrado no município de Franca. Naturalia, Rio Claro, v. 24, p. 153-170, 1999.
  • ASSUNÇÃO, S. L.; FELFILI, J. M. Fitossociologia de um fragmento de cerrado sensu stricto na APA do Paranoá, DF, Brasil. Acta Botânica Brasílica , São Paulo, v. 18, n. 4, p. 903-909, out./dez. 2004.
  • BALDUINO, A. P. do C. et al. fitossociologia e análise comparativa da composição florística do cerrado da flora de Paraopeba-MG. Revista Árvore, Viçosa, v.29, n. 1, p. 25-34, jan./fev. 2005.
  • BARREIRA, S. et al. Estudo da estrutura da regeneração natural e da vegetação adulta de um cerrado senso stricto para fins de manejo florestal. Scientia Forestalis, Piracicaba, n. 61, p. 64-78, junho 2002.
  • BASTOS, M. N. C. Levantamento florísico dos campos do estado Pará. I-Campo de Joanes (Ilha de Marajó). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, série Botânica, Belém, v. 1, n.1/2, p. 67-86, 1984.
  • BATALHA, M. A.; ARAGAKI, S.; MANTOVANI, W. Florística do cerrado em Emas (Pirassununga, SP). Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 16, p. 49-64, 1997.
  • BATALHA, M. A.; MANTOVANI, W. Floristic composition of the cerrado in the Pé-De-Gigante Reserve (Santa Rita Do Passa Quatro, Southeastern Brazil) Acta Botânica Brasílica , São Paulo, v. 15, n. 3, p. 289-304, set./dez. 2001.
  • BATALHA, M. A.; MANTOVANI, W. Reprodutive phenological patterns of cerrado plant species at the Pé-de-Gigante reserve (Santa Rita do Passa Quatro, SP): a comparison between the herbaceous and woody floras. Revista Brasileira de Biologia, São Carlos, v. 60, n. 1, p. 129-145, mar. 2000.
  • BRANDO, P. M.; DURIGAN, G. Changes in cerrado vegetation after disturbance by frost (São Paulo State, Brazil). Plant Ecology, Perth, v. 175, n. 2, p. 205-215, Jan. 2005.
  • BROWER, J. E.; ZAR, J. H. Field and laboratory methods for general ecology. Dubuque: Wm. C. Brown Publishers, 1984. 226 p.
  • CARMO, M. R. B. Caracterização fitofisionômica do Parque Estadual do Guartelá, município de Tibagi, estado do Paraná. 2006. 142 f. Tese (Doutorado em Biologia Vegetal)-Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2006.
  • CÉSAR, O. et al. Estrutura fitossociológica do estrato arbóreo de uma área de vegetação de cerrado no município de Corumbataí (Estado de São Paulo). Naturalia , Rio Claro, v. 13, p. 91-101, 1988.
  • COSTA, I. R. da; ARAÚJO, F. S.; LIMA-VERDE, L. W. Flora e aspectos auto-ecológicos de um encrave de cerrado na chapada do Araripe, Nordeste do Brasil. Acta Botânica Brasílica , São Paulo, v. 18, n. 4, p. 759-770, out./dez. 2004.
  • CRUZ, G. C. F. Alguns aspectos do clima dos Campos Gerais. In: MELO, M. S.; MORO, R. S.; GUIMARÃES, G. B. (Ed.). Patrimônio Natural dos Campos Gerais do Paraná. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2007. Cap. 5, p. 59-72.
  • DIEDRICHS, L. A. O processo de criação do Parque Estadual do Guartelá. 1995. 48 p. Monografia de Especialização. UFPR. Curitiba, 1995.
  • DURIGAN, G. et al. Caracterização de dois estratos da vegetação em uma área de cerrado no Município de Brotas, SP. Acta Botânica Brasílica , São Paulo, v. 16, n. 3, p. 251-262, jul./set. 2002.
  • DURIGAN, G. et al. Inventário florístico do cerrado na estação ecológica de Assis, SP. Hoehnea, São Paulo, v. 26, n. 2, p. 149-172, dez. 1999.
  • DURIGAN, G.; LEITÃO FILHO, H. F.; RODRIGUES, R. R. Phytosociology and structure of a frequently burnt cerrado vegetation in SE-Brazil. Flora, Jena, v. 189, n. 2, p. 153-160, 1994.
  • EGLER, W. A. Contribuições ao conhecimento dos campos da Amazônia. 1- Os campos do Ariramba. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi , série Botânica, Belém, v. 4, p. 1-40, 1960.
  • EITEN, G. The cerrado vegetation of Brazil. The Botanical Review, New York, v. 38, p. 201-341, 1972.
  • FELFILI, J. M. et al. Composição florística e fitossociologia do cerrado sentido restrito no município de Água Boa - MT. Acta Botânica Brasílica , São Paulo, v. 16, n. 1, p. 103-112, jan. 2002.
  • FIDELIS, A. T.; GODOY, S. A. P. Estrutura de um cerrado stricto sensu na gleba cerrado Pé-de-Gigante, Santa Rita do Passa Quatro, SP. Acta Botânica Brasílica , São Paulo, v. 17, n. 4, p. 531- 539, out./dez. 2003.
  • FONSECA, M. S.; SILVA JUNIOR, M. C. Fitossociologia e similaridade florística entre trechos de cerrado sentido restrito em interflúvio e em vale no Jardim Botânico de Brasília, DF. Acta Botânica Brasílica , São Paulo, v.18, n. 1, p. 19-29, jan./mar. 2004.
  • HUECK, K. As Florestas da América do Sul. São Paulo: Polígono, 1972. 465 p.
  • IAP-INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ. Plano de Manejo do Parque Estadual do Guartelá. Curitiba: IAP, 2002.
  • KLEIN, R. M.; HATSCHBACH, G. Fitofisionomia e notas complementares sobre o mapa fitogeográfico de Quero-Quero (Paraná). Boletim Paranaense de Geociências, Curitiba, v. 28-29, p. 159-188, 1970/1971.
  • LUDWIG, J. A.; REYNOLDS, J. F. Statistical ecology: a primer on methods and computing. New York: John Wiley e Sons, 1988. 337 p.
  • MAACK, R. Geografia física do Estado do Paraná. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1981. 450 p.
  • MAACK, R. Notas complementares à apresentação preliminar do Mapa Fitogeográfico do Estado do Paraná (Brasil). Arquivos do Museu Paranaense, Curitiba, v. 7, p. 351-362, dez. 1949.
  • MANTOVANI, W.; MARTINS, F. R. Florística do cerrado na reserva biológica de Moji Guaçu, SP. Acta Botânica Brasílica , São Paulo, v. 7, n. 1, p. 33-60, jun. 1993.
  • MEIRA NETO, J. A. A.; SAPORETTI JÚNIOR, A. W. Parâmetros fitossociológicos de um cerrado no Parque Nacional da Serra do Cipó, MG. Revista Árvore , Viçosa, v. 26, n. 5, p. 645-648, set./out. 2002.
  • MELO, M. S. Canyon do Guartelá, PR - Profunda garganta fluvial com notáveis exposições de arenitos devonianos. In: SCHOBBENHAUS, C. et al. (Ed.) Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. 1. ed. Brasilia: DNPM/CPRM - Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP), 2002, v. 01, p. 279-288.
  • MIRANDA, I. S. Estrutura do estrato arbóreo do cerrado amazônico em Alter-do-Chão, Pará, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v.16, n. 2, p. 143-150, jun. 1993.
  • MUELLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: John Wiley e Sons , 1974. 547 p.
  • NASCIMENTO, M. T.; SADDI, N. Structure and floristic composition in an area of cerrado in Cuiabá- MT, Brazil. Revista Brasileira de Botânica , São Paulo, v. 15, n. 1, p. 47-55, mar. 1992.
  • NERI, A. V. et al. Análise da estrutura de uma comunidade lenhosa em área de cerrado sensu stricto no Município de Senador Modestino Gonçalves, Norte de Minas Gerais, Brasil. Revista Árvore , Viçosa, v. 31, n. 1, p. 123-134, jan./fev. 2007.
  • PARANÁ. Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Lista vermelha de plantas ameaçadas de extinção no estado do Paraná. Curitiba: SEMA/ GTZ, 1995. 139 p.
  • PASSOS, M. M. Biogeografia e Paisagem. 2. ed. Maringá: [s. n.], 2003. 264 p.
  • PINTO, J. R. R.; LENZA, E.; PINTO, A. S. Composição florística e estrutura da vegetação arbustivo-arbórea em cerrado rupestre, Cocalzinho de Goiás, Goiás. Revista Brasileira de Botânica , São Paulo, v. 32, n. 1, p. 1-10, jan./mar. 2009.
  • RATTER, J. A.; BRIDGEWATER, S.; RIBEIRO, J. F. Analysis of the floristic composition of the brazilian cerrado vegetation III: comparison of the woody vegetation of 376 areas. Edinburgh Journal of Botany, Edinburgh, v. 60, n. 1, p. 57- 109, Mar. 2003.
  • RATTER, J. A.; RIBEIRO, J. F.; BRIDGEWATER, S. The Brazilian Cerrado vegetation and threats to its biodiversity. Annals of Botany, Exeter, v. 80, n. 3, p. 223-230, Sept. 1997.
  • RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. Fitofisionomias do Bioma Cerrado. In: SANO, S.; ALMEIDA, S. P. (Ed). Cerrado: ambiente e flora. Brasília: Embrapa Cerrados, 1998. p. 87-166.
  • SANAIOTTI, T. M.; BRIDGEWATER, S.; RATTER, J. A. A floristic study of the savanna vegetation of the state of Amapá, Brazil, and suggestions for its conservation. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi , série Botânica, Belém, v. 13, n. 1, p. 1-27, 1997.
  • SHEPHERD, G. J. Fitopac 1. Manual de Usuário. Campinas: Departamento de Botânica, UNICAMP, 1995.
  • SILVA, L. O et al. Levantamento florístico e fitossociológico em duas áreas cerrado sensu stricto no Parque estadual da Serra de Caldas Novas, Goiás. Acta Botânica Brasílica , São Paulo, v. 16, n. 1, p. 43-53, jan. 2002.
  • TAKEDA, I. J. M.; MORO, R. S.; KACZMARECH, R. Análise florística de um encrave de cerrado no Parque do Guartelá, Tibagi, PR. Publicatio, Ponta Grossa, v. 2, n. 1, p. 21-31, 1996.
  • TOREZAN, J. M. D. Nota sobre a vegetação do rio Tibagi. In: MEDRI, M. E. et al. (Ed.). A Bacia do Rio Tibagi. Londrina: UEL/Copati/Klabin, 2002. Cap. 7, p. 103-107.
  • UHLMANN, A. et al. Relações entre a distribuição de categorias fitofisionômicas e padrões geomórficos e pedológicos em uma área de savana (cerrado) no estado do Paraná, Brasil. Arquivos de Biologia e Tecnologia, Curitiba, v. 40, n. 2, p. 473- 483, jun. 1997.
  • UHLMANN, A.; GALVÃO, F.; SILVA, S. M. Análise da estrutura de duas unidades fitofisionômicas de savana (cerrado) no sul do Brasil. Acta Botânica Brasílica , São Paulo, v. 12, n. 3, p. 231-247, dez. 1998.
  • VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A. L. R; LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universalRio de Janeiro: IBGE - DERMA, 1991. 123 p.
  • VON LINSINGEN, L. et al. Composição florística do Parque Estadual do Cerrado de Jaguariaíva, Paraná, Brasil. Acta Biológica Paranaense, Curitiba, v. 35, n. 3-4, p. 197-232, 2006.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2012
Universidade Federal de Santa Maria Av. Roraima, 1.000, 97105-900 Santa Maria RS Brasil, Tel. : (55 55)3220-8444 r.37, Fax: (55 55)3220-8444 r.22 - Santa Maria - RS - Brazil
E-mail: cienciaflorestal@ufsm.br