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AVANÇOS TEÓRICOS DO CAMPO DE CONHECIMENTOS DA GESTÃO SOCIAL: UMA ANÁLISE INTEGRATIVA

Theoretical advances in the social management field: an integrative analysis

Avances teóricos en el campo del conocimiento de la gestión social: un análisis integrador

RESUMO

O campo de conhecimentos da gestão social (GS), cuja cientificidade vem sendo construída e validada na academia brasileira, posiciona-se por meio de evidências empíricas e de uma construção teórica desde a década de 1990. Além disso, as pesquisas desenvolvidas sob a égide da GS têm se pautado em interlocuções com diversos temas e áreas de conhecimento. Assim, o presente artigo apresenta uma síntese integrada dos artigos disponibilizados na base de dados Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL), entre o período de 2010 a 2020. Analisou-se a evolução da GS, enquanto campo de conhecimentos, explorando conceitos, categorias teóricas, pressupostos epistemológicos e ontológicos e referenciais teóricos. Quando analisadas as categorias e aproximações teóricas da GS, foram identificados a esfera pública, o espaço social, a participação, a cooperação, o cooperativismo, a descentralização, a economia solidária, a sustentabilidade empresarial, a governança pública e a inovação social. No que tange à análise dos pressupostos epistemológicos e ontológicos do campo, foi possível perceber uma multiplicidade considerável de abordagens: teoria crítica habermasiana, teoria da estruturação, colonialidade de poder, ecologia, sociologia maffesoliana, sociologias das ausências e emergências de Boaventura de Sousa Santos, dicotomia fato × valor de Putnam, estratégia como prática e decolonialidade. Como resultado, fica claro o esforço do campo na resolução de incoerências e incompreensões que invalidam sua prática. Além disso, é manifesta a urgência das ações que a GS propõe, pois o modelo atual do mainstream reforça e eleva as disparidades sociais entre os grupos, impedindo a realização do bem comum.

Palavras-chave:
campo de conhecimentos; categorias teóricas; epistemologia; gestão social; revisão integrativa

ABSTRACT

The scientificity of the social management field (SM) has been constructed and validated in the Brazilian academy. It is positioned based on empirical evidence and a theoretical construction since the 1990s. In addition, the research developed under the aegis of SM has been guided by dialogues with different topics and areas of knowledge. Thus, this article presents an integrated synthesis of the articles available in the SPELL database, between 2010 and 2020. The evolution of SM was analyzed as a field of knowledge, exploring concepts, theoretical categories, epistemological and ontological assumptions, and theoretical references. When analyzing the categories and theoretical approaches of SM, the public sphere, social space, participation, cooperation, cooperativism, decentralization, solidarity economy, corporate sustainability, public governance, and social innovation were identified. Regarding the analysis of the epistemological and ontological assumptions of the field, it was possible to perceive a considerable multiplicity of approaches: Habermas critical theory, structuring theory, coloniality of power, ecology, Maffesolian sociology, sociologies of absences and emergencies by Boaventura de Sousa Santos, Putnam’s fact vs. value dichotomy, strategy as practice and decoloniality. As a result, the field’s effort to resolve inconsistencies and misunderstandings that invalidate its practice is clear. In addition, the urgency of carrying out the actions proposed by SM is evident, since the current mainstream model reinforces and elevates social disparities between groups, preventing the common good.

Keywords:
field of knowledge; theoretical categories; epistemology; social management; integrative review

RESUMEN

El campo de conocimiento de la gestión social (GS), cuya cientificidad ha sido construida y validada en la academia brasileña, se posiciona por medio de la evidencia empírica y una construcción teórica desde la década de 1990. Además, las investigaciones desarrolladas bajo la égida de la GS se han guiado por diálogos con diferentes temas y áreas de conocimiento. Así, este artículo presenta una síntesis integrada de los artículos disponibles en la base de datos Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL), en el período de 2010 a 2020. Se analizó la evolución de la GS como campo de conocimiento, explorando conceptos, categorías teóricas, supuestos epistemológicos y ontológicos y referentes teóricos. Al analizar las categorías y enfoques teóricos de la GS se identificaron la esfera pública, el espacio social, la participación, cooperación, cooperativismo, descentralización, economía solidaria, sostenibilidad empresarial, gobernanza pública e innovación social. En cuanto al análisis de los presupuestos epistemológicos y ontológicos del campo, fue posible percibir una multiplicidad considerable de enfoques: teoría crítica habermasiana, teoría de la estructuración, colonialidad del poder, ecología, sociología maffesoliana, sociologías de las ausencias y de las emergencias de Boaventura de Sousa Santos, dicotomía hecho-valor de Putnam, la estrategia como práctica y decolonialidad. Como resultado, es claro el esfuerzo del campo por resolver las inconsistencias y malentendidos que invalidan su práctica. Además, se evidencia la urgencia de llevar a cabo las acciones propuestas por la GS, ya que el modelo actual de la corriente principal refuerza y eleva las disparidades sociales entre grupos, impidiendo la realización del bien común.

Palabras clave:
campo de conocimiento; categorías teóricas; epistemología; gestión social; revisión integradora

INTRODUÇÃO

A gestão social (GS), muito além de opor-se a preceitos dominantes da gestão estratégica, constitui uma forma própria de administração emergente em um contexto com demandas crescentes por respostas sociais mais efetivas para a coletividade. As primeiras publicações sobre o tema começaram a surgir na década de 1990, e um conceito central a ser destacado é o de Tenório (1998)Tenório, F. G. (1998). Gestão social: uma perspectiva conceitual. Revista de Administração Pública, 32(5), 7-23. https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/7754
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, o qual compreende a GS como uma ação dialógica, participativa, cujo processo de decisão ocorre democraticamente. A GS avança na busca por um gerenciamento mais dialógico, com base no interesse público não estatal, em prol do bem comum e direcionado para o fim último da emancipação (Cançado, 2011Cançado, A. C. (2011). Fundamentos teóricos da gestão social. 146f. [Tese de Doutorado em Administração]. Universidade Federal de Lavras.; Cançado et al., 2022Cançado, A. C., Tenório, F. G., & Pereira, J. R. (2022). Gestão social: epistemologia de um paradigma. 3. ed. MC&G Editorial.; Tenório, 1998Tenório, F. G. (1998). Gestão social: uma perspectiva conceitual. Revista de Administração Pública, 32(5), 7-23. https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/7754
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). Para Guerra e Teodósio (2014)Guerra, J. F. C., & Teodósio, A. D. S. S. (2014). Gestão social: aspectos que a aproximam dos domínios da Administração. Reuna, 19(3), 49-64. https://revistas.una.br/reuna/article/view/576
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, trata-se de um campo em construção e híbrido, vinculado ao campo da administração e que abrange ainda outras áreas de conhecimento, como quando se aproxima de debates na esfera política, tratando questões democráticas e participativas.

A GS foi objeto de revisões recentes que orientaram o propósito deste trabalho. Entre elas, salienta-se a de Menon e Coelho (2019)Menon, I. O., & Coelho, F. S. (2019). Gestão social como campo do saber no Brasil: uma investigação de sua produção científica pela modelagem de redes sociais (2005-2015). Cadernos Gestão Pública e Cidadania, 24(79), 1-27. https://doi.org/10.12660/cgpc.v24n79.79851
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, que por meio da análise longitudinal da rede de produção científica em GS, no período de 2005 a 2015, apresentou um mapeamento do campo com análises de tendências temporais, principais autores e índices de colaboração, que contribuiu para a compreensão do desenvolvimento da GS no Brasil. Para os autores, o campo da GS pode ser avaliado pela gestão pública e também como área de ensino e pesquisa, em conjunto com a administração pública e as políticas públicas.

Por sua vez, Aguiar-Barbosa e Chim-Miki (2020)Aguiar-Barbosa, A. P., & Chim-Miki, A. F. (2020). Evolução do conceito de gestão social (1990-2018): uma análise de copalavras. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, 25(80), 1-22. https://doi.org/10.12660/cgpc.v25n80.80525
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realizaram uma metanálise do conceito de GS entre 1990 e 2018 e constataram que, apesar da evolução, o campo ainda se encontrava em estado de maturação, em busca de consenso entre os pesquisadores. Com base nos achados, as autoras depararam com a predominância de categorias teóricas como democracia, cidadania deliberativa, interesse bem compreendido, dialogicidade, consulta e compartilhamento.

Complementarmente, o trabalho de Felizardo et al. (2021)Felizardo, L. F., Pereira, A. L. C., Silva, J. K. L., & Pereira, J. R. P. (2021). Social Management: an international bibliometric analysis of the different uses for the term. In: Encontro Nacional de Pesquisadores em Gestão Social, 2021, Maceió (AL). Anais... trouxe uma análise bibliométrica mundial da GS na base de dados Web of Science, com o objetivo de sistematizar as tendências do campo. Um dos resultados principais do estudo confirmou que a GS, como é reconhecida pelos pesquisadores brasileiros, apesar de dispor de uma teoria já estabelecida, ainda não é reconhecida no cenário internacional.

Considerando que as revisões não se debruçam sobre uma visão integrada da GS nem sobre seus avanços teóricos no período de 2010 a 2020, lapso de aprimoramento e amadurecimento, quais contribuições teóricas desenvolvidas para o campo de conhecimentos da GS poderiam ser analisadas? O objetivo do estudo é traçar uma revisão integrativa do campo de conhecimentos da GS, por intermédio da análise de conceitos, categorias teóricas, pressupostos epistemológicos e ontológicos e referenciais teóricos.

Depois do posicionamento da GS como campo do conhecimento científico, proposto por Cançado et al. (2015)Cançado, A. C., Pereira, J. R., & Tenório, F. G. (2015). Gestão social: epistemologia de um paradigma. CRV. em “Gestão social: epistemologia de um paradigma”, diversas abordagens vêm sendo discutidas nos últimos anos. Dessa forma, o artigo busca apresentar uma contribuição aos avanços teóricos do campo de conhecimentos da GS provenientes das áreas de administração e economia que foram desenvolvidos entre 2010 e 2020, por meio de uma síntese integrada dos artigos disponibilizados na base de dados Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL).

Mesmo após o expressivo avanço do campo da GS, há ainda divergências de interpretação, como afirmam Araújo (2012)Araújo, E. T. (2012). (In)consistências da gestão social e seus processos deformação: um campo em construção. 2012. [Tese de Doutorado em Serviço Social]. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo., Pimentel e Pimentel (2010)Pimentel, M. P. C., & Pimentel, T. D. (2010). Gestão social: perspectivas, princípios e (de)limitações. In: VI Encontro de Estudos Organizacionais, 2010, Florianópolis. Anais... Anpad, 1. p. 1-16. e Tenório e Araújo (2020)Tenório, F. G., & Araújo, E. T. (2020). Mais uma vez o conceito de gestão social. Cadernos EBAPE.BR, 18(4), 891-905. https://doi.org/10.1590/1679-395120200105
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. Segundo os autores, muitos confundem GS com gestão de práticas assistencialistas de ajuda, do terceiro setor ou de políticas públicas compensatórias. Ainda, há aqueles que a consideram mera utopia (Pinho & Santos, 2015Pinho, J. A. G., & Santos, M. E. P. D. (2015). Aporias em torno do conceito de Gestão Social: dilemas teóricos e políticos. Revista de Gestão, 22(2), 155-172. https://doi.org/10.5700/rege556
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), contudo a GS está além de suas críticas e visões reducionistas. De acordo com Tenório e Araújo (2020)Tenório, F. G., & Araújo, E. T. (2020). Mais uma vez o conceito de gestão social. Cadernos EBAPE.BR, 18(4), 891-905. https://doi.org/10.1590/1679-395120200105
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, ela faz-se urgente por causa da insuficiência do modelo de organização política e econômica atrelado ao mercado e que não consegue suprir as necessidades da República - bem comum -, já que a concentração de renda e desigualdades cessa o suprimento de necessidades essenciais da maioria da população.

Ademais, a GS surge como pauta em meio a processos cuja tomada de decisão política é centralizada pela representatividade dos interesses daqueles que potencializam financeiramente os eleitos pela população. A GS não pode mais ser relegada nem considerada utópica, pois a sua construção é real, e seu arcabouço teórico avança em sua consolidação e no desenvolvimento de seus delineamentos metodológicos e, consequentemente, em seus resultados empíricos, refletidos em resoluções efetivas para a “nova modernidade”.

Além desta introdução, o artigo apresenta as seções de revisão de literatura, com aspectos teóricos essenciais para a compreensão do campo da GS; método, na qual é trazido o protocolo de pesquisa; resultados e discussão, com a análise dos quatro grupos derivados da pesquisa; e considerações finais, com as principais implicações do estudo.

GESTÃO SOCIAL: REFLEXÕES DE UM CAMPO DE CONHECIMENTOS

Enquanto campo do conhecimento científico, por alguns considerado consolidado, por outros em construção, a GS encontra-se em expansão em relação à sua demarcação teórica. Ela constitui uma possibilidade objetiva de formação de um campo científico específico, baseando-se em uma ação gerencial dialógica, no interesse público não estatal voltado para a promoção do bem comum (Cançado et al., 2022Cançado, A. C., Tenório, F. G., & Pereira, J. R. (2022). Gestão social: epistemologia de um paradigma. 3. ed. MC&G Editorial.).

Cançado (2011)Cançado, A. C. (2011). Fundamentos teóricos da gestão social. 146f. [Tese de Doutorado em Administração]. Universidade Federal de Lavras. delimita o campo da GS e caracteriza-o em termos ontológicos, epistemológicos e metodológicos, com base nos trabalhos de Jones, de 1993, e de Burrell e Morgan, de 1979. A ontologia da GS é denominada nominalista, pois se baseia na capacidade que o indivíduo tem de construção da própria realidade com base no entendimento, uma vez que a tomada de decisão é coletiva. É antipositivista, em termos epistemológicos, pois o pesquisador é também sujeito da pesquisa (o indivíduo compõe a realidade e ainda age sobre ela). O voluntarismo como natureza humana, em contraposição ao determinismo, impõe uma capacidade de livre-arbítrio ao processo. Quanto à metodologia, configura-se como ideográfica, pois se faz essencial permitir que o sujeito da pesquisa tenha a liberdade de revelar a sua natureza e suas características. Cançado (2011)Cançado, A. C. (2011). Fundamentos teóricos da gestão social. 146f. [Tese de Doutorado em Administração]. Universidade Federal de Lavras., ainda, define o enquadramento da GS de acordo com o paradigma do humanismo radical, na abordagem de Burrell e Morgan, e, de forma complementar, os paradigmas estrutural do conflito e interpretativo, na abordagem de Jones.

A GS foi sofrendo transformações no decorrer do seu desenvolvimento. A busca por articulações teóricas foi um marco em todo o seu processo, no entanto ressalta-se que essas reflexões ganharam maturidade analítica mediante diálogos promovidos sejam nos cursos de graduação e pós-graduação, sejam naqueles oriundos dos eventos específicos sobre a temática. Nesse sentido, as diversas abordagens teóricas que revelam a multiplicidade do campo devem ser analisadas com cautela e contextualização. A seguir, são descritas algumas articulações teóricas do campo.

Peres Júnior e Pereira (2014)Peres Júnior, M. R., & Pereira, J. R. (2014). Abordagens teóricas da Gestão Social: uma análise de citações exploratória. Cadernos EBAPE.BR, 12(2), 221-236. https://doi.org/10.1590/1679-39519079
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identificaram quatro abordagens principais:

  • teoria crítica frankfurteana, da qual derivam os trabalhos de Fernando Guilherme Tenório e Genauto Carvalho de França Filho;

  • gestão do desenvolvimento social interorganizacional (organizações complexas), por Tânia Maria Diederichs Fischer;

  • administração pública societal, elaborada por Ana Paula Paes de Paula;

  • abordagem puquiana, em razão da atuação dos autores na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como Ladislau Dowbor e Luciano Junqueira.

Nesse sentido, Alcântara (2015)Alcântara, V. C. (2015). Mundo-da-vida e sistema: o lócus da gestão social sob a abordagem habermasiana. [Dissertação de Mestrado em Administração]. Universidade Federal de Lavras. destacou os loci principais de cada uma dessas abordagens. Na abordagem crítica frankfurteana, evidencia-se a sociedade como locus da GS: o terceiro setor, o espaço social, o locus compartilhado e a esfera pública. A abordagem da gestão do desenvolvimento social interorganizacional apresenta o espaço local, o território e as interorganizações como loci da GS. Na abordagem da administração pública societal são comuns os conselhos gestores, os orçamentos participativos e as demais experiências locais que envolvem participação. Por fim, a abordagem puquiana traz o espaço público, o terceiro setor, as organizações não governamentais e os movimentos sociais (Alcântara, 2015Alcântara, V. C. (2015). Mundo-da-vida e sistema: o lócus da gestão social sob a abordagem habermasiana. [Dissertação de Mestrado em Administração]. Universidade Federal de Lavras.).

Em uma perspectiva mais recente, Tenório et al. (2022)Tenório, F. G., Parra, F. L., & Tenório, G. M. (2022). Tem ancestralidade o conceito de gestão social? Estudios de la Gestión, 11, 17-44. https://doi.org/10.32719/25506641.2022.11.1
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afirmam que a GS pode associar-se às experiências pontuais que ocorreram em distintos territórios, centúrias anteriores ao século XX, o que os autores denominam de práticas de gestão coletiva pré-capitalistas. Assim, ampliam a relação do conceito e da área de conhecimento com eventos históricos.

MÉTODO

O presente estudo, qualitativo, tem caráter descritivo e exploratório (Gil, 2008Gil, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª ed. Atlas.) e foi realizado por meio de uma revisão integrativa da literatura sobre GS. O método da revisão integrativa consiste em uma categoria de revisão bibliográfica com capacidade de sistematizar o conhecimento científico, fornecendo um quadro geral sobre a problemática a ser pesquisada e um panorama da evolução a respeito do tema (Botelho et al., 2011Botelho, L. L. R., Cunha, C. C. A., & Macedo, M. (2011). O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e Sociedade, 5(11), 121-136. https://doi.org/10.21171/ges.v5i11.1220
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). É um tipo de pesquisa que também possibilita a elaboração de novos frameworks e perspectivas acerca do assunto revisado (Torraco, 2005Torraco, R. J. (2005). Writing integrative literature reviews: guidelines and examples. Human Resources Development Review, 4(3), 356-367. https://doi.org/10.1177/1534484305278283
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).

Os procedimentos da pesquisa seguiram as etapas detalhadas na Tabela 1. Inicialmente, após a definição do tema e da questão de pesquisa, procedeu-se à obtenção do corpus de análise, mediante a busca pelo descritor \social management\. O uso das barras permitiu a busca pela expressão exata. Na sequência foi escolhida a base para operacionalização da pesquisa, sendo definido o SPELL, uma base de dados representativa dos periódicos nacionais das áreas de administração pública e de empresas e, portanto, aderente à proposta desta pesquisa.

Tabela 1
Protocolo da pesquisa.

É importante mencionar que, antes da definição da base SPELL, também foram realizadas buscas na Scopus, Web of Science e Biblioteca Eletrônica Científica Online (SciELO), considerando as diferenças temporais de inclusão entre as bases, no entanto os resultados apresentavam artigos duplicados ou que não contribuíam com a proposta deste artigo.

Para composição da revisão, foram seguidas as etapas “escolha dos critérios de inclusão e exclusão” e “seleção dos estudos” (Tabela 1). Primeiramente, definiram-se os filtros de busca que melhor atenderam, em um primeiro momento, à questão de pesquisa proposta. No que tange ao período, este foi definido de 2010 a 2020, visando alcançar a evolução do debate sobre GS nos anos mais recentes. No filtro por tipo de documento, optou-se exclusivamente por artigos. O último filtro definido foi relativo à área, sendo selecionadas administração e economia. A busca após a realização dos filtros retornou 84 artigos. Na sequência foram eliminados os artigos (1) que utilizavam o termo “gestão social” de forma distinta ao que é proposto pelo presente estudo. Eliminaram-se também os artigos de revisão com caráter mais descritivo (7), uma vez que o objetivo foi propor uma nova revisão de perspectivas teóricas originais sobre a GS que contribuíram para a delimitação do campo.

Na etapa 3 da pesquisa, efetuaram-se a leitura dos títulos, dos resumos e das palavras-chave e depois a seleção dos artigos teóricos. Essa etapa tinha como objetivo selecionar os artigos (30) que refletiam aspectos teóricos do campo da GS. Quando necessário melhor aprofundamento, foi feita a leitura do artigo na íntegra.

Para os procedimentos de análise dos resultados, primeiramente foi efetuada a classificação dos estudos (Tabela 1), organizados em grupos. Para retratar o campo da GS, foram estabelecidos quatro tópicos de análise, mediante a leitura e sistematização dos artigos:

  • gestão social: conceitos e delimitações;

  • categorias e aproximações teóricas;

  • pressupostos epistemológicos e ontológicos;

  • referenciais teóricos.

Após as análises, foram descritas as implicações do artigo, suas limitações e possibilidades de estudos futuros. Procedeu-se também a um compilado do conhecimento, mediante a síntese da contribuição, e às demais considerações finais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análise descritiva dos trabalhos

Esta seção apresenta análises descritivas dos 30 artigos que versam sobre aspectos teóricos da GS. A primeira delas refere-se à distribuição temporal das publicações, conforme a Figura 1.

Figura 1
Distribuição temporal dos artigos

O período de 2014 a 2018 apresentou o maior volume de publicações (70% dos trabalhos), com queda no ano de 2017. Essa concentração possivelmente indica a necessidade de revisitar o campo da GS, em busca de categorias, aproximações e posicionamentos teóricos mais consistentes. Isso mostra que o campo ainda se encontra em desenvolvimento, incorrendo em constantes retomadas. Na Tabela 2 são apresentados os cinco autores com o maior número de publicações.

Tabela 2
Autores com o maior número de publicações.

Os cinco autores com o maior número de publicações foram José Roberto Pereira, Airton Cardoso Cançado e Valderí de Castro Alcântara, todos comprometidos em algum momento com pesquisas na Universidade Federal de Lavras (UFLA) - Pereira é atualmente docente na instituição. Luís Moretto Neto é professor no Programa de Pós-Graduação em Administração Pública da Universidade Federal de Santa Maria. Eloísa Helena de Souza Cabral também atua na UFLA, como docente no Mestrado Profissional em Administração Pública.

Considerando os principais periódicos que abrangem as publicações analisadas, há o destaque para Cadernos EBAPE.BR e Administração Pública e Gestão Social (APGS). A metade do número de artigos selecionados está concentrada em ambos os periódicos. O Cadernos EBAPE.BR, líder nas publicações, pertence à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas. A centralidade do periódico justifica-se pela sua linha editorial, voltada para ensaios teóricos relacionados à área de administração, bem como às chamadas a respeito da GS. O segundo periódico, APGS, da Universidade Federal de Viçosa, desde 2009 se compromete com o desenvolvimento das áreas de administração pública, contabilidade pública, GS e terceiro setor.

Na Tabela 3, é apresentada a matriz de síntese dos artigos selecionados.

Tabela 3
Matriz de síntese por grupos de análise.

A matriz de síntese dos artigos (Quadro 3) apresenta o título, seu respectivo autor e ano. Os artigos foram agrupados, como indicado, em quatro grupos de análise, com base na leitura dos materiais. Essa classificação teve como objetivo explorar: aqueles artigos que apresentam aspectos mais gerais do campo, evidenciando definições e características da GS; aqueles que abordam as categorias e aproximações teóricas da GS; os artigos que discorrem sobre aspectos epistemológicos e ontológicos da GS; e, por fim, os trabalhos que salientam referenciais teóricos específicos de autores que contribuem para o campo.

Gestão social: conceitos, delimitações, categorias e aproximações teóricas

Nesta subseção foram evidenciados dois grupos de análise, concentrados em conceitos e categorias da GS. Em sete artigos do primeiro grupo, realizaram-se a análise conceitual da GS e sua delimitação. Guerra e Teodósio (2014)Guerra, J. F. C., & Teodósio, A. D. S. S. (2014). Gestão social: aspectos que a aproximam dos domínios da Administração. Reuna, 19(3), 49-64. https://revistas.una.br/reuna/article/view/576
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propuseram a vinculação da GS à administração, à medida que a GS contrapõe os pressupostos arraigados do campo, os quais colapsam mediante as visões estritamente gerenciais, verticalizadas e capitalistas. Quando os autores indicam que a GS se opõe ao mainstream da administração, vão ao encontro do artigo de Cançado et al. (2016)Cançado, A. C., Villela, L. E., & Sausen, J. O. (2016). Gestão social e gestão estratégica: reflexões sobre as diferenças e aproximações de conceitos. Revista de Gestão Social e Ambiental, 10(3), 69-84. https://doi.org/10.24857/rgsa.v10i3.1179
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. Os autores apresentaram os conceitos de gestão estratégica e GS, apontando suas diferenças, com base na perspectiva antipositivista de Feyerabend (2007), com o objetivo de torná-los complementares e equilibrados.

Para Freitas et al. (2016)Freitas, A. F., Freitas, A. F., & Ferreira, M. A. M. (2016). Gestão social como projeto político e prática discursiva. Cadernos EBAPE.BR, 14(2), 278-292. https://doi.org/10.1590/1679-395136904
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, a GS constitui projeto político e prática discursiva voltados para a transformação da realidade, social e política. O Estado aproxima-se do real sentido do termo social: elo da gestão pública. Enquanto projeto político, a GS vislumbra a importância da formação de um novo gestor, encontrando, assim, eco no artigo de Assis e Paes de Paula (2014)Assis, L. B., & Paes de Paula, A. P. (2014). Gestão social e bildung: reflexões sobre a importância da formação para a democratização no setor público. Administração Pública e Gestão Social, 6(2), 57-64. https://doi.org/10.21118/apgs.v6i2.4547
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. As autoras trabalharam o conceito de formação, no sentido adorniano, e constataram que para a efetivação da GS democrática seria necessário dispor de pessoas educadas e não exclusivamente profissionalizadas, em busca da consciência e emancipação. A ênfase na participação, permeada pela deliberação e emancipação, como fim último, adquire centralidade ao se definir a GS (Assis & Paes de Paula, 2014Assis, L. B., & Paes de Paula, A. P. (2014). Gestão social e bildung: reflexões sobre a importância da formação para a democratização no setor público. Administração Pública e Gestão Social, 6(2), 57-64. https://doi.org/10.21118/apgs.v6i2.4547
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; Cançado et al., 2011Cançado, A. C., Tenório, F. G., & Pereira, J. R. (2011). Gestão social: reflexões teóricas e conceituais. Cadernos EBAPE.BR, 9(3), 681-703. https://doi.org/10.1590/S1679-39512011000300002
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; Freitas et al., 2016Freitas, A. F., Freitas, A. F., & Ferreira, M. A. M. (2016). Gestão social como projeto político e prática discursiva. Cadernos EBAPE.BR, 14(2), 278-292. https://doi.org/10.1590/1679-395136904
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; Guerra & Teodósio, 2014Guerra, J. F. C., & Teodósio, A. D. S. S. (2014). Gestão social: aspectos que a aproximam dos domínios da Administração. Reuna, 19(3), 49-64. https://revistas.una.br/reuna/article/view/576
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).

Os demais artigos desse primeiro grupo abordaram críticas à GS e possibilidades de ampliações teóricas, conforme o Quadro 3. Pinho e Santos (2015)Pinho, J. A. G., & Santos, M. E. P. D. (2015). Aporias em torno do conceito de Gestão Social: dilemas teóricos e políticos. Revista de Gestão, 22(2), 155-172. https://doi.org/10.5700/rege556
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discutiram as aporias ocasionadas pelo conceito de GS, discorrendo que faltam condições para que ela se constitua como campo de conhecimentos e de produção de sujeitos com capacidade de alterar as assimetrias típicas da gestão estratégica. Críticas anteriores já vinham sendo feitas em torno da GS e foram essenciais para a construção de fundamentações necessárias à sedimentação do campo. Pacifico Filho et al. (2018)Pacifico Filho, M., Borges, T. P., & Cançado, A. C. (2018). Gestão social: Fernand Braudel e a ampliação dos debates em torno de sua contextualização histórica. Desenvolvimento em Questão, 16(42), 124-156. https://doi.org/10.21527/2237-6453.2018.42.124-156
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mostraram que as críticas à GS dos autores Pinho e Araújo se dão sob bases históricas passíveis de debates e ampliação de quadros teóricos. Para tanto, utilizaram a análise comparativa com o campo de conhecimentos da história, com base no conceito de longa duração de Fernand Braudel.

Seguindo essa linha crítica, o artigo de Cançado et al. (2011)Cançado, A. C., Tenório, F. G., & Pereira, J. R. (2011). Gestão social: reflexões teóricas e conceituais. Cadernos EBAPE.BR, 9(3), 681-703. https://doi.org/10.1590/S1679-39512011000300002
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também mencionou os avanços da GS e usou os questionamentos de Pinho (2010)Pinho, J. A. G. (2010). Gestão Social: conceituando e discutindo os limites e possibilidades reais na sociedade brasileira. In A. S. Rigo, J. T. Silva Jr., P. C. Schommer & A. C. Cançado. Gestão social e políticas públicas de desenvolvimento: ações, articulações e agenda (pp. 21-52). Univasf. e as preocupações de Boullosa e Schommer (2008Boullosa, R. F., & Schommer, P. C. (2008). Limites da natureza da inovação ou qual o futuro da gestão social? In: Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, 32, Rio de Janeiro. Anais… Anpad. 1 CD ROM., 2009Boullosa, R. F., & Schommer, P. C. (2009). Gestão social: caso de inovação em políticas públicas ou mais um enigma de lampedusa? In: Encontro Nacional de Pesquisadores em Gestão Social, 3, Juazeiro/Petrolina. Anais... NIGS/UnivasF. 1 CD ROM.) com a precoce institucionalização da GS como estímulos para o aprimoramento teórico do campo. Esse é um dos artigos centrais na discussão da GS e contribui para reforçar seu conceito. A GS é pensada como uma alternativa teórica e prática em meio a uma realidade marcada pelo pensamento organizacional hegemônico. Ela é contrária à gestão estratégica, hierarquizada, desigual, focada no mercado, pois prioriza a participação de todos (sociedade) no processo de decisão.

O segundo grupo de artigos (12) destinou-se à descrição de categorias e aproximações teóricas da GS, conforme a Tabela 4. Considerando a categoria teórica “esfera pública”, três artigos abordaram especificamente o tema. Oliveira et al. (2010)Oliveira, V. A. R., Cançado, A. C., & Pereira, J. R. (2010). Gestão social e esfera pública: aproximações teórico-conceituais. Cadernos EBAPE.BR, 8(4), 613-626. https://doi.org/10.1590/S1679-39512010000400004
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evidenciaram a esfera pública habermasiana como espaço em que a sociedade civil declara sua opinião, a qual será convertida em decisão política pela ação coletiva. O artigo de Persson e Moretto Neto (2018)Persson, E., & Moretto Neto, L. (2018). Discutindo a natureza ideológica dos delineamentos teóricos habermasianos e sua apropriação pela gestão social no campo da administração. Cadernos EBAPE.BR, 16(4), 578-593. https://doi.org/10.1590/1679-395167095
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, de forma crítica à teoria habermasiana, indicou a necessidade de entender a esfera pública como um espaço discursivo naturalmente assimétrico e propenso ao conflito e, ainda, como composta de formação informal da opinião pública no processo de tomada de decisão. Nesse sentido, Garcia et al. (2018)Garcia, A. S., Pereira, J. R., Alcântara, V. C., & Cruz, E. S. T. (2018). Aprofundamento das esferas públicas para a gestão social: caminhos para uma reconstrução empírico-descritiva e normativa. Cadernos EBAPE.BR, 16(2), 163-185. https://doi.org/10.1590/1679-395160265
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buscaram reconstruir as esferas públicas como uma categoria empírico-descritiva e normativa da GS, adequando-as às especificidades do contexto brasileiro, partindo e indo além das proposições de Habermas, admitindo consensos e conflitos, democracia e opressão. Já Pimentel (2014)Pimentel, T. D. (2014). O espaço em situações de gestão: entre a gestão estratégica e a gestão social. Administração Pública e Gestão Social, 6(3), 141-150. https://doi.org/10.21118/apgs.v6i3.4601
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trouxe o conceito de “espaço social” e afirmou que, no âmbito da GS, haveria uma dupla inserção da dimensão espacial na GS, como “esfera” (locus de atuação) - em que os espaços são variados, podendo ser até mesmo “não deliberativos” por natureza - e como metonímia do espaço social que considera a vinculação a um território específico.

Tabela 4
Categorias e aproximações teóricas centrais da gestão social.

Os demais artigos discorreram sobre as seguintes categorias:

  • participação: Abreu et al. (2019)Abreu, J. C. A., Oliveira, V. C. S., & Kraemer, C. F. B. (2019). Uma análise de construtos teóricos sobre participação e gestão social. Desenvolvimento em Questão, 17(48), 34-51. https://doi.org/10.21527/2237-6453.2019.48.34-51
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    propuseram um quadro referencial para análise dos movimentos histórico-sociais voltados para o engajamento social e/ou para a ampliação do acesso coletivo às instâncias de deliberação. Cançado e Pinheiro (2016)Cançado, A. C., & Pinheiro, L. S. (2016). Social management and social control: opportunities and challenges of direct participation. Amazônia, Organizações e Sustentabilidade, 5(2), 7-20. https://doi.org/10.17800/2238-8893/aos.v5n2p7-20
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    conceberam a GS como ferramenta de controle social e a participação como um tema central do campo, para além da participação indireta e representativa;

  • cooperação: Pereira et al. (2015)Pereira, J. R., Cabral, E. H. S., & Pereira, J. R. (2015). Gestão Social e Governing the Commons: a cooperação como elo de convergência. Revista de Ciências da Administração, 17(43), 112-122. https://doi.org/10.5007/2175-8077.2015v17n43p112
    https://doi.org/10.5007/2175-8077.2015v1...
    analisaram a cooperação como atributo valorativo e elo de convergência entre a abordagem de Ostrom (1990)Ostrom, E. (1990). Governing the commons: the evolution of institutions for collective action. Cambridge University Press. do neoinstitucionalismo sobre formas de ação coletiva e a GS. Alcântara et al. (2018)Alcântara, V. C., Cabral, E. H. S., Muzy, P. T., & Oliveira, L. C. (2018). Em busca da cooperação na gestão social: evidências de uma categoria posta à coordenação de lógicas e espaços híbridos do terceiro setor. Revista de Gestão Social e Ambiental, 12(1), 38-55. https://doi.org/10.24857/rgsa.v12i1.1398
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    problematizaram a cooperação como uma categoria teórico-empírica fundamental no campo de práticas e teorias da GS;

  • economia solidária, descentralização e cooperativismo: Monje-Reyes (2011)Monje-Reyes, P. (2011). Economía solidaria, cooperativismo y descentralización: la gestión social puesta en práctica. Cadernos EBAPE.BR, 9(3), 704-723. https://doi.org/10.1590/S1679-39512011000300003
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    afirmou que há integração democrática entre a sociedade civil e o poder público local, em um processo democrático e de participação (cooperativismo), visando ao bem-estar social, econômico, político e ambiental (descentralização e economia solidária);

  • sustentabilidade empresarial: Justen e Moretto Neto (2012)Justen, C. E., & Moretto Neto, L. (2012). Do economicismo à dialogicidade: as contribuições do paradigma da ecologia profunda e da noção de gestão social para a temática da sustentabilidade empresarial. Cadernos EBAPE.BR, 10(3), 736-750. https://doi.org/10.1590/S1679-39512012000300015
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    posicionaram a sustentabilidade diante do paradigma da ecologia profunda e sob o gerenciamento de uma gestão mais coerente, a GS;

  • governança pública: Alcântara et al. (2015)Alcântara, V. C., Pereira, J. R., & Silva, A. F. (2015). Gestão social e governança pública: aproximações e (de)limitações teórico-conceituais. Revista de Ciências da Administração, 17(Ed. Esp.), 11-29. https://doi.org/10.5007/2175-8077.2015v17nespp11
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    partiram da redução sociológica proposta por Guerreiro Ramos, em 1965 e 1981, e aproximaram a GS da governança pública no que tange ao debate sobre a cooperação entre Estado, mercado e sociedade civil em direção à consecução de objetivos comuns (interesse público) e às práticas de transparência, autonomia, pluralismo e bem comum;

  • inovação social: Silva e Pacheco (2018)Silva, K. V., & Pacheco, A. S. V. (2018). Gestão social e inovação social organizacional: convergências e divergências teóricas. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, 12(2), 88-101. https://periodicos.uff.br/pca/article/view/11357
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    ressaltaram a complementariedade entre a GS e a inovação social e suas similaridades acerca dos conceitos de participação, empoderamento, bem comum, autonomia dos sujeitos, atendimento a necessidades não supridas pelo Estado e pelo mercado e materialização como processo.

Pressupostos epistemológicos, ontológicos e referenciais teóricos da gestão social

A presente subseção foi composta de artigos que evidenciaram aspectos epistemológicos, ontológicos e referencias teóricos relevantes para o campo da GS. O primeiro grupo de análise foi composto dos artigos que suscitaram novos olhares epistemológicos e ontológicos para a GS. Foram identificadas oito perspectivas distintas, conforme a Tabela 5.

Quadro 5
Pressupostos epistemológicos e ontológicos da gestão social.

Dois artigos utilizaram preceitos habermasianos para tecer contribuições inovadoras para o campo, ressaltando o conceito de mundo-da-vida. Alcântara e Pereira (2017Alcântara, V. C., & Pereira, J. R. (2017). O locus da gestão social no contexto das inter-relações e tensões entre mundo-da-vida (lebenswelt) e sistema (system). Organizações & Sociedade, 24(82), 412-431. https://doi.org/10.1590/1984-9240823
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, p. 427) abordaram “os loci da gestão social no contexto das inter-relações e tensões entre o mundo-da-vida e o sistema, à luz de Jürgen Habermas e sua recepção crítica”, visando equilibrar o histórico embate entre forças colonizadoras e emancipatórias e, ainda, democratizar o mundo-da-vida e o sistema, dois elementos centrais para a compreensão sociológica e epistemológica do locus da prática da GS. Em um novo estudo, Alcântara et al. (2017)Alcântara, V. C., Cabral, E. H. S., Muzy, P. T., & Pereira, J. R. (2017). Fatos, valores e o mundo-da-vida: argumentos epistemológicos para avaliação no âmbito da gestão social. Cadernos EBAPE.BR, 15(4), 808-830. https://doi.org/10.1590/1679-395155012
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abordaram o mundo-da-vida (dialogicidade) de Habermas e trouxeram uma nova perspectiva - a refutação da dicotomia fato × valor (discussão racional), de Hilary Putnam -, na explicação epistemológica do processo de avaliação em GS, ressaltando o papel da linguagem (entendimento e acordo).

Peres Júnior et al. (2013)Peres Júnior, M. R., Pereira, J. R., & Oliveira, L. C. (2013). Gestão Social sob a lente estruturacionista. Revista de Administração Mackenzie, 14(6), 18-49. https://doi.org/10.1590/S1678-69712013000600003
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apontaram uma nova perspectiva para o estudo da GS, com base na teoria da estruturação de Anthony Giddens. Para tanto, os autores utilizaram pressupostos teóricos estruturacionistas para revisão do modelo sistêmico multidimensional de Whittington, de 1992, e incorporaram o sistema deliberativo de Mansbridge, de 1999, como um novo sistema social. Com isso, as práticas da GS são analisadas, com o objetivo de compreender as condições que definem a continuidade ou as mudanças das estruturas e, por conseguinte, a sua reprodução.

A perspectiva sociológica fez-se presente em dois artigos. Pacifico Filho et al. (2015)Pacifico Filho, M., Cançado, A. C., & Borges, T. P. (2015). A sociologia de Michel Maffesoli e a gestão social: gerencie-me ou te devoro. Revista de Ciências da Administração, 17(Ed. Esp.), 30-44. https://doi.org/10.5007/2175-8077.2015v17nespp30
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aproximaram a GS da sociologia de Michel Maffesoli e sua análise da contemporaneidade (politeísmo popular, socialidade). Os autores constataram que a GS busca equilibrar questões da contemporaneidade mencionadas pela sociologia maffesoliana, a qual fornece elementos para que a GS se torne uma “gestão para o que é”, presente, e não apenas “gestão para o que deve ser”, futuro distante e impreciso. Já Silva e Moretto Neto (2016)Silva, R. R. C. C., & Moretto Neto, L. (2016). A gestão social a partir do olhar crítico da sociologia das ausências e da sociologia das emergências de Boaventura de Sousa Santos. Administração Pública e Gestão Social, 8(1), 27-37. https://doi.org/10.21118/apgs.v1i1.4816
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propuseram uma contribuição teórica para o campo da GS ao identificar a perspectiva da sociologia das ausências e da sociologia das emergências, sob análise de Boaventura de Sousa Santos, na produção acadêmica brasileira sobre GS (ecologia dos saberes, ecologia do reconhecimento, ecologia das transescalas e ecologia da produtividade).

Dois artigos propuseram debates atuais, associando a análise da GS conforme as abordagens de colonialidade e decolonialidade. Justen et al. (2014)Justen, C. E., Moretto Neto, L., & Garrido, P. O. (2014). Para além da dupla consciência: Gestão Social e as antessalas epistemológicas. Cadernos EBAPE.BR, 12(2), 237-251. https://doi.org/10.1590/1679-39519081
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fizeram uma reflexão epistemológica para a GS, de modo a afastá-la do erro da dupla consciência de Du Bois. Os autores trouxeram temáticas associadas às relações de poder - colonialidade de poder - e a relação homem/natureza - ecologia. A GS mostra-se como uma gestão-problema que precisa desenvolver a capacidade de se autoproblematizar. Do mesmo modo, Tenório e Araújo (2020)Tenório, F. G., & Araújo, E. T. (2020). Mais uma vez o conceito de gestão social. Cadernos EBAPE.BR, 18(4), 891-905. https://doi.org/10.1590/1679-395120200105
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aproximaram a GS da contemporaneidade. Para tanto, na tentativa de melhor delinear a GS, abordaram a necessidade de avançar no seu sentido originário epistemológico e axiológico decolonial, com a inserção de debates sobre desigualdades e diversidade (raça, gênero, classe social e outros), mais próximos dos preceitos da GS, sobretudo por guardar os princípios da res publica.

Por fim, o artigo de Paiva et al. (2018)Paiva, A. L., Alcântara, V. de C., Cruz, E. S. T., & Andrade, L. F. S. (2018). Em busca das práticas: contribuições epistemo-metodológicas das teorias da prática aos estudos da gestão social. Administração Pública e Gestão Social, 10(1), 34-44. https://doi.org/10.21118/apgs.v0i0.5172
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resgatou as abordagens teóricas marcadas pela virada da prática, de modo a contribuir para que o campo da GS focalizasse o cotidiano dos processos de organizar, nas práticas organizativas e na sua importância para a análise social. Os estudos empreendidos permitiram compreender a pluralidade do campo da GS e a ampliação do seu objeto de estudo de organização para o “organizar práticas”, as relações constitutivas entre práticas, práxis e praticantes.

O segundo grupo de análise incluiu três artigos que se concentraram no estudo de autores relevantes para o desenvolvimento do campo da GS, conforme Tabela 3. Foram eles:

Alberto Guerreiro Ramos: Schmitz Junior et al. (2014)Schmitz Junior, S., Paixão, G. J., Meller, A. J., & Moretto Neto, L. (2014). O legado do pensamento de Alberto Guerreiro Ramos para a gestão social. Revista Gestão Organizacional, 7(3), 47-60. https://doi.org/10.22277/rgo.v7i3.1861
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elucidaram o legado de Guerreiro Ramos, cuja relação com a GS se estabeleceu uma vez que esta, colocada em prática, promove a mediação, trabalhada pelo autor, entre a racionalidade instrumental e a racionalidade substantiva;

Luciano Antonio Prates Junqueira: Cora e Motta (2019)Cora, M. A. J., & Motta, R. G. (2019). Intersetorialidade e redes: a trajetória de Luciano Antonio Prates Junqueira na gestão social. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, 24(79), 1-20. https://doi.org/10.12660/cgpc.v24n79.79946
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identificaram que Junqueira se consolidou ao mesmo tempo que a GS se formava, pois estudava o campo e também praticava em seu cotidiano o conhecimento que adquiria, constatando que novas relações de rede favoreciam a abertura de novos espaços de saber;

Celso Furtado: Oliveira et al. (2020)Oliveira, L. C., Cançado, A. C., & Pereira, J. R. (2020). Forma e espírito da gestão social: o relato de Celso Furtado na brigada internacional do trabalho - Iugoslávia 1947. Administração Pública e Gestão Social, 12(4), 1-16. https://doi.org/10.21118/apgs.v12i4.6034
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analisaram relatos de uma experiência de Celso Furtado e encontraram aspectos referentes ao campo da GS, como interesse bem compreendido (união nacional e solidariedade internacional entre jovens), esfera pública (correntes de opiniões) e emancipação (revolução psicológica). A realização da pesquisa ocorreu em razão da ausência de uma abordagem de GS fundamentada em Max Weber, utilizando, para tanto, a abordagem da sociologia compreensiva, com base nos conceitos de forma e espírito.

Síntese do conhecimento

Mediante a análise conceitual da GS, de acordo com o recorte desta pesquisa, foi possível compreender seu posicionamento nos campos da administração e da economia, sendo a GS complementar à gestão estratégica, ao projeto político e à prática discursiva, pois incita a participação. Críticas em torno da GS foram fundamentais para a construção de delimitações teóricas e novas possibilidades de diálogo com outras áreas de conhecimento. Uma síntese da análise do conjunto de artigos e seus quatro grupos, de forma integrada, é mostrada na Figura 2.

Figura 2
Contribuições para o campo da gestão social (2010 a 2020).

Quando analisadas as categorias e aproximações teóricas da GS, foram identificados a esfera pública, o espaço social, a participação, a cooperação, o cooperativismo, a descentralização, a economia solidária, a sustentabilidade empresarial, a governança pública e a inovação social. Pela análise, foi possível perceber uma tentativa de melhor construção de categorias para a GS que a torne mais consolidada no campo da administração no Brasil. Para tanto, em alguns momentos há o abandono ou a ultrapassagem dos preceitos da teoria crítica habermasiana, talvez pela sua incompletude, talvez pela falta de compreensão e adequação à realidade brasileira atual.

No que tange à análise dos pressupostos epistemológicos e ontológicos do campo, foi possível perceber uma multiplicidade considerável de abordagens, entre elas: teoria crítica habermasiana, teoria da estruturação de Giddens, colonialidade de poder, ecologia, sociologia maffesoliana, sociologias das ausências e emergências de Boaventura de Sousa Santos, dicotomia fato × valor de Putnam, estratégia como prática e decolonialidade. Depois de uma trajetória voltada para a apresentação e delimitação inicial do campo da GS, desde 1990, o período 2010-2020 parece dedicar-se ao contorno das críticas, por meio de ampliações teóricas, que tornem a GS possível como alternativa a aquelas áreas, segmentos e demandas que a gestão estratégica não consegue atender.

Por fim, foram descritos os três artigos que detiveram suas análises ao estudo da trajetória dos intelectuais Alberto Guerreiro Ramos, Luciano Antonio Prates Junqueira e Celso Furtado (contribuição prática). O detalhamento da história e do impacto científico desses autores, nem sempre utilizados como referenciais teóricos relevantes para a GS, abriu possibilidade para melhor aprofundamento de suas contribuições.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo realizou uma revisão integrativa da GS, de modo a contribuir para a consolidação do campo e seus avanços teóricos, por meio de uma síntese integrada dos artigos disponibilizados na base de dados SPELL, entre o período de 2010 a 2020. Analisaram-se aspectos conceituais, epistemológicos, categorias e referenciais teóricos do campo evidenciados no período mencionado. Concluiu-se que a GS expande seu conceito e, sobretudo, incorpora teorias que guardam relação com a prática e com elementos contextuais e históricos.

Diante de toda explanação resultante da revisão dos artigos sobre GS, fica clara a evolução do campo, por intermédio dos variados debates e discussões que vêm aprimorando seu desenvolvimento teórico. É manifesta a urgência das ações que a GS propõe, pois o modelo atual do mainstream reforça e eleva as disparidades sociais entre os grupos, impedindo a realização do bem comum. A GS não pode mais ser relegada nem considerada utópica, pois a sua construção é real. Faz-se preciso consolidar o arcabouço teórico do campo para que se possa avançar em seus delineamentos metodológicos e, consequentemente, em seus resultados empíricos, refletidos em resoluções efetivas para a “nova modernidade”.

Como limitação da pesquisa, indica-se o uso restrito de artigos que estavam inseridos na base de dados SPELL. Artigos presentes em periódicos não indexados nessa base (por exemplo, a revista NAU Social e a Revista Interdisciplinar de Gestão Social) podem fornecer diferentes contribuições e novos olhares para o campo da GS. Como o campo é essencialmente interdisciplinar, há também a necessidade de ampliar futuramente a busca teórica para outras áreas, de modo a abranger outras perspectivas que contemplem a GS, para além da administração e economia.

Sugere-se ainda para pesquisas futuras a exploração dos artigos empíricos que reflitam a prática da GS e sua associação com os pressupostos teóricos descritos neste trabalho. A constatação das ações efetivas de GS funcionarão como validação dos esforços empreendidos nos últimos anos para consolidação do campo e direcionamento válido para mudanças estruturais na configuração da atual res pública.

  • Avaliado pelo sistema double blind review.

REFERÊNCIAS

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  • Aguiar-Barbosa, A. P., & Chim-Miki, A. F. (2020). Evolução do conceito de gestão social (1990-2018): uma análise de copalavras. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, 25(80), 1-22. https://doi.org/10.12660/cgpc.v25n80.80525
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  • Alcântara, V. C. (2015). Mundo-da-vida e sistema: o lócus da gestão social sob a abordagem habermasiana. [Dissertação de Mestrado em Administração]. Universidade Federal de Lavras.
  • Alcântara, V. C., Cabral, E. H. S., Muzy, P. T., & Oliveira, L. C. (2018). Em busca da cooperação na gestão social: evidências de uma categoria posta à coordenação de lógicas e espaços híbridos do terceiro setor. Revista de Gestão Social e Ambiental, 12(1), 38-55. https://doi.org/10.24857/rgsa.v12i1.1398
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  • Alcântara, V. C., Cabral, E. H. S., Muzy, P. T., & Pereira, J. R. (2017). Fatos, valores e o mundo-da-vida: argumentos epistemológicos para avaliação no âmbito da gestão social. Cadernos EBAPE.BR, 15(4), 808-830. https://doi.org/10.1590/1679-395155012
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  • Alcântara, V. C., & Pereira, J. R. (2017). O locus da gestão social no contexto das inter-relações e tensões entre mundo-da-vida (lebenswelt) e sistema (system). Organizações & Sociedade, 24(82), 412-431. https://doi.org/10.1590/1984-9240823
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Editado por

Editor Associado: Jeová Torres Silva Junior

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Dez 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    29 Ago 2022
  • Aceito
    25 Jan 2023
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