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Os 45 anos do IBICT

EDITORIAL

Os 45 anos do IBICT

José Rincon Ferreira

A origem do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia remonta ao início da década de 50, quando a Unesco sugeriu à Fundação Getúlio Vargas (FGV), que promovesse a criação, no Brasil, de um centro nacional de bibliografia. A ação da Unesco, à época, foi decisiva para o surgimento de instituições do gênero em diferentes países. A escolha inicial da FGV deveu-se ao fato de aquela instituição estar realizando importantes atividades na área de bibliografia e documentação.

Por essa época, estava sendo criado, também, o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), que tinha, entre suas atribuições, "manter relação com instituições nacionais e estrangeiras para intercâmbio de documentação técnico-científica".

Por meio de proposta conjunta CNPq/FGV, foi criado, em 27 de fevereiro de 1954, por Decreto do presidente da República, o Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), que passou a integrar a estrutura organizacional do CNPq.

A primeira finalidade do IBBD foi prover informação científica e tecnológica aos pesquisadores que a solicitassem.

O seu modelo de concepção inicial, baseado na organização de sistemas descentralizados, norteou todos os processos de mudanças que ocorreram na instituição durante os seus 45 anos de existência. A percepção ali demonstrada levou em consideração a dimensão geográfica do país e a dispersão de seus recursos informacionais, inclusive das áreas de excelência, muitas vezes criadas e desenvolvidas em função de prioridades da economia, da indústria e da geoprodução. Esse modelo consagrou a parceria, evitou custos e integrou esforços.

Neste retrospecto sobre a história da informação em ciência e tecnologia do país, merece destaque a liderança de Lídia Queiróz Sambaquy, a primeira diretora deste Instituto, que delineou o modelo, definiu a missão e cumpriu os objetivos do IBBD, fazendo com que nela personifiquemos, conforme decisão do Conselho Diretor do IBICT, a homenagem e o reconhecimento desta casa, em seus 45 anos, ao seu trabalho inteligente, criativo e inovador.

Os anos 70 são marcados por uma reorganização das atividades de ciência e tecnologia no país. Registra-se a transformação do Conselho Nacional de Pesquisas em Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, ampliando o seu poder, transformando-o em fundação, ligando-o à Secretaria do Planejamento e à Presidência da República.

Da mesma maneira que o CNPq, o IBBD passa por uma transformação, inclusive com a mudança de nome para Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), consolidando-se como órgão que coordenadoria, no Brasil, as atividades de informação em C&T. Nesse mesmo período, dão-se também a expansão e a consolidação da pós-graduação em ciência da informação. Segue-se, nos anos 80, um período caracterizado pela formulação de uma política para o setor de informação científica e tecnológica e a instalação de redes dessa mesma natureza, apoiadas pelo PADCT.

Na década de 90, o mundo vem testemunhando o progresso de longo alcance das telecomunicações, da tecnologia e da engenharia de produção. Os desafios da economia de mercado exigem ações de informação direcionadas ao desenvolvimento.

Em seu aniversário de 45 anos, o IBICT, o que ele foi, é neste momento, o objeto da presença ilustre da elite governamental e empresarial brasileira. A propósito, quero agradecer a generosidade do grupo Moura, cujo presidente, Dr. Edson Moura Mororó, reconheceu a contribuição reconheceu a contribuição do IBICT e da Universidade Federal de Pernambuco para o desenvolvimento das baterias Moura. Esse agradecimento deve também ser entendido como estímulo às instituições de ciência e tecnologia do país a tornarem disponível o seu aparato técnico e físico para o desenvolvimento da ciência e a competitividade da nossa tecnologia.

Há, no entanto, de se perguntar se este mesmo aparato e o próprio IBICT estão preparados para atuar nos anos que virão e nos desafios ora impostos, para seguirem recebendo o reconhecimento hoje aqui expresso.

As atividades de planejamento do IBICT têm demonstrado necessidade de realizarmos mudanças estruturais que nos ofereçam condições de atuação no cumprimento de nossa missão.

Há de se reconhecer nesse processo a pressão que sofremos do mercado de trabalho que nos vem subtraindo os técnicos mais competentes, além do processo quase que compulsório de aposentadoria. Essas forças vêm corroendo a instituição, tirando-nos profissionais experientes e com conhecimento acumulado.

Passamos, assim, por um processo de redução de pessoal, impulsionado não pela racionalidade, mas por ações fora de nosso controle. A equipe que aqui trabalha continua a fazê-lo, cada vez de forma mais intensa, porém exigindo, muitas vezes, forte programa de treinamento. Por outro lado, as diversas avaliações técnicas e tecnológicas por que passou este Instituto, nos últimos anos, apontaram para a necessidade de melhorarmos a nossa plataforma de máquinas, em específico de servidores, roteadores e outras tecnologias de informação.

Essas constatações são partes de nosso pensamento coletivo e deverão ser objeto de reflexão sobre um modelo organizacional que ofereça melhores condições de eficiência e qualidade.

As atividades econômicas vêm exigindo alto grau de inovação no setor empresarial e o crescimento da ciência. O conhecimento tornou-se o referencial de desenvolvimento dos países, e há necessidade de que políticas de informação sejam discutidas e implantadas.

O projeto Sociedade da Informação, aprovado no Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia da Presidência da República, recebeu do Ministério da Ciência e Tecnologia, na pessoa do professor Luiz Carlos Bresser Pereira, a necessária prioridade para sua implementação. Por meio desse projeto, poderemos contribuir não só para a busca da excelência na área científica e no desenvolvimento tecnológico, mas também no estímulo a informações que conduzam para a erradicação da miséria e o equilíbrio social do país. A falta de conhecimento e de difusão de informações gera pobreza e sofrimento desnecessários.

São estes os nossos desafios para os anos que virão e constituem o foco de atuação e revitalização institucional, são forças de estímulo e motivação, exigindo aliança e parcerias.

Por isso, esta data é uma comemoração, mas é também uma festa, pois está revestida da força institucional em seguir contribuindo para o crescimento de nosso país e para a sua política científica e tecnológica.

José Rincon Ferreira

Diretor do Instituto Brasileiro de Informação em

Ciência e Tecnologia (IBICT).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Nov 1999
  • Data do Fascículo
    Jan 1999
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