Acessibilidade / Reportar erro

Da educação em ciência às orientações para o ensino das ciências: um repensar epistemológico

From Science Education to Science Teaching: an epsitemological rethinking

Resumos

No presente artigo, discute-se a construção epistemológica da Educação em Ciência como área interdisciplinar que integra, por apropriações e transposições educacionais, campos relevantes do saber, nomeadamente a Filosofia da Ciência, a História da Ciência, a Sociologia da Ciência e a Psicologia Educacional. Desenvolvem-se, em seguida, argumentos de natureza curricular e de política educativa4 que procuram clarificar, afinal, para quê e para quem a Educação em Ciência. Debruçamo-nos, necessariamente, por fim, sobre o ensino das Ciências e suas orientações preferenciais e que se perfilam como as mais congruentes com os referenciais teóricos enunciados. Note-se que esse percurso de pesquisa/teoria/prática exige reflexão, tempo, maturação de idéias, cumplicidade com a inovação e empenho na ação.

Educação em Ciência; Ensino das Ciências; Epistemologia


The paper starts with a brief description of the epistemological construction of Science Education and its interdisciplinary character, in particular the contributions of the Philosophy of Science, History of Science, Sociology of Science and Educational Psychology. Secondly, arguments are developed in order to find out appropriate answers to two key educational issues, namely, the purpose of science education and who science education is for. Finally, the paper characterizes three main orientations for science teaching based on the previously developed framework.

Science Education; Science Teaching; Educational Psychology


ARTIGOS

Da educação em ciência às orientações para o ensino das ciências: um repensar epistemológico

From science education to science teaching: an epsitemological rethinking

António CachapuzI; João PraiaII; Manuela JorgeIII

IProfessor Catedrático, Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa, Universidade de Aveiro, Aveiro. Portugal. (e-mail: cachapuz@dte.ua.pt)

IIProfessor Associado com Agregação, Departamento/Centro de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Porto. Portugal. (e-mail:jfpraia@fc.up.pt)

IIIAssistente, Departamento de Educação e Psicologia, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real. Portugal. (e-mail: manuelajorge@mail.telepac.pt)

IVEm Portugal o Sistema Educativo organiza-se em três grandes ciclos: o Básico, o Secundário e o Superior. O Ensino Básico compreende o 1º ciclo com quatro anos de escolaridade e o 2º ciclo com dois anos. Quanto ao Ensino Secundário, abrange um ciclo de três anos (7º, 8º e 9º) e um outro igualmente de três anos (10º, 11º e 12º). O Ensino Superior compreende o Ensino Politécnico e o Ensino Universitário

RESUMO

No presente artigo, discute-se a construção epistemológica da Educação em Ciência como área interdisciplinar que integra, por apropriações e transposições educacionais, campos relevantes do saber, nomeadamente a Filosofia da Ciência, a História da Ciência, a Sociologia da Ciência e a Psicologia Educacional. Desenvolvem-se, em seguida, argumentos de natureza curricular e de política educativa4 que procuram clarificar, afinal, para quê e para quem a Educação em Ciência. Debruçamo-nos, necessariamente, por fim, sobre o ensino das Ciências e suas orientações preferenciais e que se perfilam como as mais congruentes com os referenciais teóricos enunciados. Note-se que esse percurso de pesquisa/teoria/prática exige reflexão, tempo, maturação de idéias, cumplicidade com a inovação e empenho na ação.

Unitermos: Educação em Ciência, Ensino das Ciências, Epistemologia.

ABSTRACT

The paper starts with a brief description of the epistemological construction of Science Education and its interdisciplinary character, in particular the contributions of the Philosophy of Science, History of Science, Sociology of Science and Educational Psychology. Secondly, arguments are developed in order to find out appropriate answers to two key educational issues, namely, the purpose of science education and who science education is for. Finally, the paper characterizes three main orientations for science teaching based on the previously developed framework.

Keywords: Science Education, Science Teaching, Educational Psychology.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • ABIMBOLA, I. The relevance of the new philosophy of science for the science curriculum. School Science & Mathematics, Menasha, v. 83, n. 3, p. 181-192. 1983.
  • AMERICAN ASSOCIATION FOR THE ADVANCEMENT OF SCIENCE. Project 2061: science for all Americans. Washington, DC: AAAS. 1989.
  • BAKHTIN, M. M. The dialogic imagination: four essays. Austin: University of Texas Press. 1981.
  • BOHR, N. Essays of atomic physics and human knowledge New York: John Wiley, 1963.
  • CACHAPUZ, A. O ensino das cięncias para a excelęncia da Aprendizagem. In: CARVALHO, A (Org.). Novas Metodologias da Educaçăo. Porto: Porto Editora, 1995. p. 350-385.
  • ______; PRAIA, J.; JORGE, M. Cięncia, educaçăo em cięncia e ensino das cięncias Lisboa: Ministério da Educaçăo, 2000.
  • ______, et al A emergęncia da didática das cięncias como campo específico de conhecimento. Revista Portuguesa de Educaçăo, Braga, v. 14, n. 1, p. 155-195. 2001.
  • CHASSOT, A. Alfabetizaçăo científica: questőes e desafios para a educaçăo. Ijui: Ed. da Unijui, 2000.
  • COLLINS, H. A comunidade científica em tempos de disputa. In: GIL, F. (Coord.). A cięncia tal qual se faz Lisboa: Sá da Costa, 1999. p. 53-64.
  • FENSHAM, P. J. Science for all: a reflective essay. Journal of Curriculum Studies, Basingstoke, Inglaterra, v. 17, n. 4, p. 415-435. 1985.
  • FERREIRA, M. Jogos inacabados. Jornal de Letras: artes e idéias, Lisboa, n. 17, mar. 2001.
  • FOUREZ, G. La constrution des sciences Bruxelles: De Boeck University, 1995.
  • GEELAN, D. Epistemological anarchy and the many forms of constructivism. Science & Education, New York, 1997. p. 615-28.
  • GLASERSFELD, E. Constructivism, the psychology of learning, and the nature of mathematics:  some critical issues. Science & Education, New York, n. 2, p. 87-93. 1993.
  • ______ . A construçăo do conhecimento: em novos paradigmas, cultura e subjectividade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. p. 75-92.
  • HARRÉ, R. Varities of realism Oxford: Blackwell, 1986.
  • HODSON, D. Teaching and learning science Buckingham: Open University Press. 1998.
  • HOLTON, G. A cultura científica e os seus inimigos: o legado de Einstein. Lisboa: Gradiva. 1998.
  • LAKATOS, I. History of science and its national reconstructions. In: WORRAL & CURRIE (Eds.). The methodology of scientific research programmes Cambridge: Cambridge Univiversity Press, 1992.
  • LAVE, J.; WENGER, E. Situated learning: legitimate peripheral participation. Cambridge: Cambridge University Press. 1991.
  • MCMURRAY, F. Concepts of mind and intelligence in educational theory. Educational Theory, Urbana, n. 25, p. 234-242. 1975.
  • MILLAR, R. Towards a science curriculum for public understanding. School Science Review, London, v. 77, n. 280, p. 7-18, 1996.
  • MILNER, B. Why teach science and why to all? In: NELLIST & NICHOL (Ed.). The ASE Teachers Handbook 1986. p. 1-10.
  • MOREIRA, M. Teorias de aprendizagem Săo Paulo: EPU. 1999.
  • MORIN, E. Os sete saberes necessários ŕ educaçăo do futuro Săo Paulo: Cortez 1999.
  • OSBORNE, B. Science Education: a concise review of the past thirty years. Perspectives, n. 45, p. 6-13. 1992.
  • PFUNDF, H.; DUIT, R. Bibliography: students' alternative frameworks and science education. 4 ed. Kiel, Germany: Institute for Science Education at the University of Kiel, 1991.
  • PHILLIPS, D. The good, the bad, and the ugly: the many faces of constructivism. Educational Researcher, Washington: American Educational Research Association, v. 24, n. 7, p. 5-12, 1995.
  • RAMONET, I. La tyrannie de la communication Paris: Gagilée, 1999.
  • RODRIGUEZ, A. Strategies for counterresistance: toward socio transformative constructivism and learning to teach science for diversity and for understanding. Journal of Research in Science  Teaching, New York, v. 35, n. 6, p. 589-622, 1998.
  • SHAMOS, M. The myth of scientific literacy New Brunswick, NJ: Rutgers University Press, 1995.
  • STEFFE, L.; GALE, J. (Ed.). Constructivism in education Hillsdale, NJ: Erlbaum, 1995.
  • UNESCO. Ciência para o século XXI: um novo compromisso. Lisboa: Comissão Nacional da Unesco, 1999.
  • VROOM, V. Work and motivation New York: John Wiley, 1964.
  • VYGOTSKY, L. Thought and language Cambridge: MIT Press, 1962.
  • ______. Mind and society Oxford: Blackwell, 1978.
  • WITTGENSTEIN, L. Philosophical investigations London: Blackwell, 1958.
  • ZIMAN, J. A cięncia na sociedade moderna. In: GIL, F. (Coord.). A Cięncia tal qual se faz Lisboa: Sá da Costa, 1999. p. 437-450.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Ago 2009
  • Data do Fascículo
    Dez 2004
Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências, campus de Bauru. Av. Engenheiro Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01, Campus Universitário - Vargem Limpa CEP 17033-360 Bauru - SP/ Brasil , Tel./Fax: (55 14) 3103 6177 - Bauru - SP - Brazil
E-mail: revista@fc.unesp.br