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Escoliose torácica sinistro-convexa: análise retrospectiva de 25 pacientes após o tratamento cirúrgico

OBJETIVO: Foi realizado estudo retrospectivo baseado em parâmetros clínicos e radiológicos, com ênfase nas complicações, fatores de risco e seguimento mínimo de dois anos. A qualidade de vida pós-operatória foi avaliada por meio do questionário SRS-22. MÉTODOS: No período de 1999 a 2009, 25 pacientes (nove do sexo masculino e 16 do sexo feminino) com idade variando de 2,3 a 29,8 anos (média de idade de 13,7 anos) foram submetidos a tratamento cirúrgico por meio de instrumentação e artrodese. Sete pacientes apresentavam escoliose congenital, cinco apresentavam escoliose idiopática, quatro neuropática, três associada à neoplasia ou iatrogenia, e seis associada a outras doenças. A média dos valores pré-operatórios do ângulo de Cobb foi 74° (49-102°). RESULTADOS: A média de correção no pós-operatório foi de 51%. Na avaliação de seguimento final, o valor médio do ângulo de Cobb foi 45° com variação de 19 a 85°, tendo ocorrido significante perda da correção com o valor médio de 8.8°. Complicações maiores ocorreram em cinco pacientes (20%): insuficiência respiratória requerendo entubação prolongada, parada cardíaca intraoperatória com ressuscitação, clônus persistente, infecção de baixo grau, complicações com implantes requerendo revisão cirúrgica, e descompensação do tronco. Complicações menores foram observadas em 22 pacientes (88%), sendo principalmente gastrointestinais e pulmonares. Nenhum caso de paraplegia ou morte ocorreu na série de pacientes estudados. As curvas de etiologia não congênita foram diagnosticadas antes dos 10 anos de idade em todos os pacientes que apresentaram complicações maiores. O melhor escore do questionário SRS-22 foi observado no domínio da dor (87%), e o pior no domínio da autoimagem (68%). CONCLUSÕES: O resultado do estudo enfatiza as altas taxas de complicação nos pacientes portadores de escoliose torácica sinistro-convexa que são submetidos ao tratamento cirúrgico. Avaliações pré-operatórias adicionais (RNM, avaliação pediátrica, avaliação cardiológica, teste de função pulmonar) devem ser realizadas nesse grupo de pacientes. Antes do procedimento, os pacientes devem ser informados acerca do alto risco de complicações cardiopulmonares e neurológicas associadas ao tratamento cirúrgico da deformidade.

Instrumentação; Complicações; Fatores de risco; Qualidade de vida; Questionários


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