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Morbidade relacionada à abordagem transtorácica anterior da coluna: estudo clínico e revisão da literatura

INTRODUÇÃO: A abordagem anterior da coluna torácica tem sido utilizada por meio da toracotomia aberta (TA) ou vídeo-assistida (TVA). A abordagem vídeo-assistida tem sido mencionada como a de menor morbidade do procedimento, apesar de não existir evidência científica que confirme essa observação. OBJETIVO: Observar os resultados relacionados à morbidade da toracotomia aberta para a correção de deformidade da coluna vertebral e toracotomia para a colocação de tubo de drenagem torácica, utilizando um grupo de pacientes como controle. MÉTODOS: Com base em questionário relacionado com a avaliação da morbidade da abordagem anterior da coluna torácica respondido pelos pacientes, e utilizando critérios estritos de inclusão dos pacientes, foram avaliados, em termos de porcentagem (morbidade %), 43 pacientes submetidos à toracotomia aberta para tratamento da escoliose (Grupo OTC) e 30 pacientes portadores de outras doenças de menor gravidade submetidos à toracotomia para a colocação de dreno de tórax após o procedimento (por exemplo, pneumotórax) (Grupo CTT). RESULTADOS: A média de idade dos pacientes de ambos os grupos foi 50,2 e 16,5 anos; seguimento clínico médio foi de 32,2 e 58,4 meses; e a extensão da incisão da pele 2,5 e 25,5 cm, respectivamente. A média do número de vértebras artrodesadas foi 5,8 no grupo submetido à toracotomia aberta para a correção de deformidade. A morbidade média (variando de 0%, nenhuma morbidade, a 100%, alta morbidade) no grupo de pacientes submetidos à toracotomia para colocação de dreno de tórax foi 10,8±15,4 (0-59,5%), e 42% dos pacientes não apresentavam morbidade. No grupo submetido à toracotomia aberta para a colocação do dreno de tórax, foi observada neuralgia intercostal em 16,7%, e 35,5% dos pacientes apresentavam morbidade maior que 10% (média 27,5%). A morbidade foi definida como a presença de dor crônica após toracotomia. No grupo submetido à toracotomia aberta para tratamento de escoliose, a média da morbidade foi 7,0±12,7% (0-52,1%), e 44% não apresentava morbidade. De toda a amostra, 18,6% apresentaram morbidade >10% (média: 28,6%). Sinais de neuralgia intercostal foram observados em 14% dos pacientes. Em ambos os grupos, a presença de neuralgia intercostal teve impacto significativo e apresentou correlação com a morbidade (p<0,0001). Na avaliação clínica, a gravidade da morbidade após a toracotomia aberta para a correção da deformidade vertebral ou toracotomia para a colocação de dreno torácico foi de grau leve, com exceção de um paciente em cada grupo. A idade e o tempo de seguimento foram diferentes entre os dois grupos (p<0,0001, p=0,02), mas não foi observada diferença no índice de morbidade entre os dois grupos (p=0,08). CONCLUSÕES: A morbidade da toracotomia aberta ou vídeo-assistida pode ser avaliada por meio de questionários respondidos pelos pacientes. A avaliação da morbidade após a realização de toracotomia aberta para a correção de deformidade da coluna vertebral não apresentou diferença em relação à morbidade observada nos pacientes nos quais foi realizada a toracotomia para a colocação de dreno torácico. Os pacientes com neuralgia intercostal apresentaram o maior índice de morbidade em ambos os grupos. Os resultados do estudo demonstraram que o aspecto cosmético não foi relevante para os pacientes submetidos à toracotomia aberta e o índice de morbidade foi semelhante no grupo de pacientes submetidos à toracotomia aberta e toracotomia para a colocação de dreno de tórax.

Morbidade; Coluna vertebral; Toracotomia; cirurgia vídeo-assistida


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