Resumo
Em dezembro de 2018, fazia 5 anos que Leonor cuidava sozinha de sua mãe idosa, cega, surda, sem dentes, com câncer em um dos rins e doença de Alzheimer avançada. O envelhecimento de Dona Carmem foi incorporado à vida cotidiana, ao corpo e à mente de sua filha e cuidadora Leonor, que desenvolveu prolapso genital, tendinite e depressão em decorrência do trabalho do cuidado somado ao trabalho doméstico. Neste texto, eu apresento como a relação de cuidado entre mãe e filha, idoso e cuidador, se sobrepõem na vida cotidiana e produzem potência e vulnerabilidade. Ao descrever a vida dessas mulheres, eu mostro o processo de coprodução de corpos por meio do duplo envelhecimento e adoecimento em conexão com um conjunto heterogêneo de doenças que se acumulam com o passar dos anos. Ao mesmo tempo, analiso a coprodução de corpos na relação com processos sociais e temporalidades mais amplas.
Cuidado; Cotidiano; Família; Trabalho Doméstico; Envelhecimento