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Produção de forrageiras de inverno em diferentes espaçamentos entre drenos superficiais sob pisoteio animal em várzea

Lowland winter species production under different distances between superficial drainage channels and animal load

Resumos

O objetivo do trabalho foi avaliar o desenvolvimento de espécies forrageiras de inverno em diferentes espaçamentos entre drenos superficiais e efeito do pisoteio animal em propriedades físicas de solo de várzea, num Planossolo, em Santa Maria, RS, Brasil, 1996. Foi utilizado delineamento de blocos ao acaso, dispostos em parcelas subdivididas, com parcelas principais para os espaçamentos entre drenos (4, 8, 12 e 16m) e subparcelas para as espécies de inverno, conforme segue: aveia (Avena strigosa), azevém (Lolium multiflorum), L. multiflorum + trevo branco (Trifolium repens), L. multiflorum + trevo vesiculoso (T. vesiculosum), L. multiflorum + comichão (Lotus corniculatus), L. multiflorum + serradela (Ornitophus micranthus). O comportamento das espécies de inverno nos diferentes espaçamentos entre drenos foi avaliado através de coletas de massa seca, realizadas de metro em metro do dreno até o centro da parcela. O pastejo teve início aos 75 dias após a emergência (DAE) com carga animal adequada ao resíduo e peso vivo de 150 a 200kg/animal. Verificou-se que não houve diferença no desenvolvimento das espécies forrageiras quanto aos espaçamentos entre drenos superficiais. As propriedades físicas do solo foram influenciadas pelo pisoteio animal, ocorrendo aumento da densidade superficial do solo e diminuição da microporosidade, macroporosidade e porosidade total.

drenagem superficial; propriedades físicas; pisoteio animal


The research evaluated the development of winter species under dijferent distances between superficial drainage channeis as well as the ejfect of animal stepping on the physical properties of an Albaqualf soil located in Santa Maria, Brazil 1996. The experimental design was a split piot, where the main plots were distances between drainage channeis, 4, 8, 12 and 16 meters and subplots were the winter species: Avena strigosa, Lolium multiflorum, L. multiflorum + Trifolium repens, L. multiflorum + T. vesiculosum, L. multiflorum + Lotus corniculatus, L. multiflorum + Ornitophus micranthus. Drainage leveis were evaluated by coilecting plant dry matter on every metter from the drainage channeis to the piot conter. Grazzing began 75 days after plant emergence (DAE) with an adequate animal load, each one weighting between 150 and 200kg. No difference was observed on the development of the species due to dijferent distances between superficial drainage channels. In regard to soil physical properties, fhey were ajfected by the animal stepping. It was observed an increase on the soil superficial density and a decrease in microporosity, macroporosity and total porosity.

superficial density; physical properties; animal stepping


PRODUÇÃO DE FORRAGEIRAS DE INVERNO EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS ENTRE DRENOS SUPERFICIAIS SOB PISOTEIO ANIMAL EM VÁRZEA1 1 Trabalho apresentado no VII Salão de Iniciação Científica e V Feira de Iniciação Científica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS.

LOWLAND WINTER SPECIES PRODUCTION UNDER DIFFERENT DISTANCES BETWEEN SUPERFICIAL DRAINAGE CHANNELS AND ANIMAL LOAD

Enio Marchezan2 1 Trabalho apresentado no VII Salão de Iniciação Científica e V Feira de Iniciação Científica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS. Vandro Rogério Vizzotto3 1 Trabalho apresentado no VII Salão de Iniciação Científica e V Feira de Iniciação Científica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS. Fernando Luiz Zimmermann4 1 Trabalho apresentado no VII Salão de Iniciação Científica e V Feira de Iniciação Científica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS.

RESUMO

O objetivo do trabalho foi avaliar o desenvolvimento de espécies forrageiras de inverno em diferentes espaçamentos entre drenos superficiais e efeito do pisoteio animal em propriedades físicas de solo de várzea, num Planossolo, em Santa Maria, RS, Brasil, 1996. Foi utilizado delineamento de blocos ao acaso, dispostos em parcelas subdivididas, com parcelas principais para os espaçamentos entre drenos (4, 8, 12 e 16m) e subparcelas para as espécies de inverno, conforme segue: aveia (Avena strigosa), azevém (Lolium multiflorum), L. multiflorum + trevo branco (Trifolium repens), L. multiflorum + trevo vesiculoso (T. vesiculosum), L. multiflorum + comichão (Lotus corniculatus), L. multiflorum + serradela (Ornitophus micranthus). O comportamento das espécies de inverno nos diferentes espaçamentos entre drenos foi avaliado através de coletas de massa seca, realizadas de metro em metro do dreno até o centro da parcela. O pastejo teve início aos 75 dias após a emergência (DAE) com carga animal adequada ao resíduo e peso vivo de 150 a 200kg/animal. Verificou-se que não houve diferença no desenvolvimento das espécies forrageiras quanto aos espaçamentos entre drenos superficiais. As propriedades físicas do solo foram influenciadas pelo pisoteio animal, ocorrendo aumento da densidade superficial do solo e diminuição da microporosidade, macroporosidade e porosidade total.

Palavras-chave: drenagem superficial, propriedades físicas, pisoteio animal.

SUMMARY

The research evaluated the development of winter species under dijferent distances between superficial drainage channeis as well as the ejfect of animal stepping on the physical properties of an Albaqualf soil located in Santa Maria, Brazil 1996. The experimental design was a split piot, where the main plots were distances between drainage channeis, 4, 8, 12 and 16 meters and subplots were the winter species: Avena strigosa, Lolium multiflorum, L. multiflorum + Trifolium repens, L. multiflorum + T. vesiculosum, L. multiflorum + Lotus corniculatus, L. multiflorum + Ornitophus micranthus. Drainage leveis were evaluated by coilecting plant dry matter on every metter from the drainage channeis to the piot conter. Grazzing began 75 days after plant emergence (DAE) with an adequate animal load, each one weighting between 150 and 200kg. No difference was observed on the development of the species due to dijferent distances between superficial drainage channels. In regard to soil physical properties, fhey were ajfected by the animal stepping. It was observed an increase on the soil superficial density and a decrease in microporosity, macroporosity and total porosity.

Key words: superficial density, physical properties, animal stepping.

INTRODUÇÃO

O cultivo das áreas de várzea do Rio Grande do Sul restringe-se basicamente à cultura do arroz irrigado, sendo comum a permanência dessas áreas em pousio e em pequena parte em cultivo com azevém durante o inverno. A monocultura favoreceu o surgimento de desequilíbrios nutricionais e a proliferação de doenças, pragas e invasoras específicas, evidenciando a necessidade de rotação de culturas. A dificuldade de cultivo com plantas anuais sensíveis ao excesso de água leva a um subaproveitamento das várzeas. Para utilização mais intensiva dessas áreas, BAUER (1984) e GOMES et al. (1993) propõem, além do azevém, outras forrageiras de inverno, e dentre elas espécies leguminosas, principalmente na forma de pastagens consorciadas.

Para possibilitar a integração lavoura, pecuária, necessita-se de forrageiras que sejam adaptáveis às condições edafoclimáticas do local, compatíveis de coexistir e passíveis de um mesmo manejo, ABRAMIDES (1986). Além disso, deve haver a adequação de condições que favoreçam o desenvolvimento das plantas, tais como a correção da superfície do solo e um eficiente sistema de drenagem que retire a água superficial (POTTER, 1984).

E característica dos solos de várzea a deficiência da drenagem natural, devido à baixa condutividade hidráulica e à impermeabilidade da camada subsuperficial; com isso, o nível freático fica mais próximo à superfície do solo por um período maior (KLAMT, 1984), limitando o desenvolvimento radicular das plantas de sequeiro. Nos meses de inverno, a drenagem torna-se mais problemática devido à redução da evapotranspiração associada a um período de maior precipitação pluvial, o que explica a pouca utilização de rotação de culturas em várzea e a necessidade de se identificar espécies adaptadas a solos com baixa disponibilidade de espaço aéreo.

A compactação do solo influencia o desenvolvimento das culturas. Segundo MACHADO & BRUM (1981), o cultivo intensivo aumenta a densidade das camadas superficiais do solo com diminuição do teor de matéria orgânica, ocasionando a redução da porosidade total, macroporosidade e aumento da microporosidade. TREIN et al. (1991),estudaram a influência do pisoteio bovino sobre amistura aveia + trevo subterrâneo, sobre propriedades físicas de um solo podzolico vermelho-escuro, textura franco-argilosa, utilizando 40.000kg de carga animal/ha, durante 36 horas. Concluíram que houve compactação somente na camada superficial com aumento da densidade do solo, microporosidade e diminuição da porosidade total e macroporosidade. Além da redução da taxa de infiltração, esse solo apresentou limitação ao desenvolvimento radicular, por ultrapassar 26 kgf/cm2 de resistência ao penetrômetro, que segundo Phillips & Kirkham, apud TREIN et al. (1991) é o valor limite.

Em estudos realizados por BASSANI (1996), em solo podzolico bruno acinzentado, utilizando aveia + azevém, com resíduo médio de 1996 kg/ha e carga animal adequada a esta quantidade de massa seca, não foram encontradas diferenças significativas entre as avaliações realizadas antes e após o pastoreio para a densidade do solo, macroporosidade, microporosidade e porosidade total. O autor considerou importante a ação protetora do resíduo, que reduziu o efeito da pata bovina sobre as propriedades físicas do solo.

As informações a respeito da influência do pisoteio animal sobre propriedades físicas do solo, dizem respeito a solos de melhor drenagem natural, tipo podzóiicos. Em solos hidromórficos, há carência de resultados de pesquisa que forneçam parâmetros para adoção de procedimentos de manejo da área e das culturas. Assim, os objetivos deste trabalho foram avaliar o comportamento das espécies de inverno em diferentes espaçamentos entre drenos superficiais e efeito do pisoteio animal em propriedades físicas do solo.

MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido a campo, em área de várzea, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. De acordo com a análise química do solo, foram aplicados 4,0 t/ha de calcário dolomítico, 8 meses antes da implantação do experimento. Cerca de 30 dias antes da instalação, foi realizada nova análise química do solo que resultou no seguinte: textura = 4, argila = 25%, pH em água = 5,7, SMP = 6,0, P = 4 ppm, K = 66 ppm, M.O.= 1,1%, Al trocável = 0,0 cmolc/l e Ca+Mg = 7,3 cmolc/l.

O solo pertence à Unidade de Mapeamento Vacacaí, classificado como Planossolo. A área experimental foi sistematizada em desnível de 0,06% no verão anterior, com corte máximo de 40 cm. O preparo final do solo e a demarcação dos drenos superficiais foram realizados cerca de 45 dias antes da semeadura, que ocorreu dia 18 de abril de 1996. No período entre o preparo do solo e a semeadura, verificou-se emergência de plantas daninhas invasoras que foram controladas com produto herbicida de ação total. Após a semeadura, em função da estiagem, realizaram-se três irrigações sucessivas com lâmina total de 80mm e a emergência das espécies cultivadas foi observada dia 18 de maio de 1996.

Utilizou-se delineamento experimental de blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e quatro repetições. As parcelas principais consistiram de quatro espaçamentos entre drenos superficiais (4, 8,12 e 16m) e as subparcelas de seis espécies e/ou consorciações de espécies. Os drenos foram feitos com valetadeira rotativa, com uma profundidade entre 20-25cm e largura de 12cm. Em cultivo utilizou-se aveia (Avena strigosa), azevém (Lolium multiflorum), azevém + trevo branco (Trifolium repens), azevém + trevo vesiculoso (Trifolium vesiculosum), azevém + comichão {Lotus corniculatus) e azevém + serradela nativa (Ornitophus micranthus).

A quantidade de semente foi correspondente a 35 kg/ha de azevém e 95 kg/ha de aveia. Nas consorciações foram utilizados 25 kg/ha de azevém + 5 kg/ha de trevo branco, 8 kg/ha de trevo vesiculoso, 9 kg/ha de comichão e 50 kg/ha de serradela. Realizou-se a quebra da dormência dos trevos e do comichão através de escarificação mecânica por 15 segundos (MOOJEN, 1979). A serradela foi escarificada com lixa em piso de cimento e após foi realizada a inoculação com Rhyzobium específico para cada espécie leguminosa. A adubação mineral foi realizada a lanço, após a semeadura, de acordo com a análise química do solo, utilizando 700kg/ha de fertilizante da fórmula 5-20-20. Foram realizadas duas adubações nitrogenadas, com 20kg/ha de nitrogénio aos 61 e 103 dias após a emergência (DAE).

O pastejo iniciou aos 75 DAE, com carga animal adequada ao resíduo e pressão de pastejo em torno de 10%. Os animais apresentavam de 150 a 200kg de peso vivo e permaneceram no experimento por 94 dias. A avaliação de densidade superficial do solo, microporosidade, macroporosidade e porosidade total foi realizada através do método do cilindro de Uhiand, de acordo com EMBRAPA (1979). Em função do melhor desenvolvimento, foram coletadas sete amostras no tratamento com aveia e sete amostras de solo nos tratamentos com azevém + trevo branco e azevém + comichão, não realizando-se amostragens nos tratamentos com trevo vesiculoso e serradela. As determinações foram feitas em solo coletado em duas épocas; a primeira, antes do início do pastejo e a segunda, após a retirada dos animais. Foram utilizados poços de observação para verificar a profundidade do nível freático. Utilizou-se tubos de PVC de 50mm de diâmetro interno, perfurados a cada 8cm, transversalmente e em sentido alternado, em toda a sua extensão (90cm). Os locais de observação foram demarcados de metro em metro, a partir do dreno até o centro da parcela, totalizando 120 poços. Realizou-se leitura diária da profundidade do nível freático, utilizando-se um bloco do experimento, onde as parcelas foram consideradas como repetições.

Logo após a emergência das plantas e também após o pastejo, estimou-se a população de plantas da área, utilizando-se um quadrado de 0,25m de lado, com duas amostragens por parcela. Aos 50 DAE, foram realizadas coletas de plantas para verificar o acúmulo de massa seca, numa área de 0,25 x 0,25 m. A partir do dreno, as amostras foram retiradas com distanciamento de l,0m entre si até a linha central das parcelas.

Os dados de massa seca, densidade do solo, porosidade total, macro e microporosidade foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade, sendo a profundidade do nível freático submetida à análise de regressão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O comportamento das espécies vegetais, avaliado através da população de plantas após a emergência e das plantas presentes, após o pastejo, é apresentado na Tabela 1. A espécie serradela foi a que apresentou maior redução de plantas (100%). Observaram-se plantas de serradela com pequeno desenvolvimento inicial, comportamento que se agravou com o transcorrer do experimento devido à competição com o azevém. Uma possível causa foi a época tardia de emergência das plantas que ocorreu em maio, pois, de acordo com MENEZES et al. (1994), esta espécie apresenta potencial significativo para ser explorado em área de várzea, mas preconizam que a semeadura seja realizada até o mês de abril.

Ainda dentre as leguminosas, os trevos e o comichão apresentaram redução de plantas de 30 a 46% da emergência até o final do pastejo, sobressaindo-se, nesta condição de solo, o trevo branco e o comichão pela contribuição botânica no consórcio com azevém. Segundo PROAGRO (1982), trevo branco e comichão podem fixar entre 120 e 150 kg/ha/ano de nitrogénio atmosférico, contribuindo para o desenvolvimento das gramíneas consorciadas.

Com relação às gramíneas, destacou-se o azevém, pela maior tolerância ao ambiente de várzea. A aveia, ao final do pastejo, no mês de novembro, já havia encerrado o ciclo biológico, não havendo mais plantas desta espécie. O azevém apresentava-se emitindo espigas, viabilizando a ressemeadura.

A Tabela 2 contém os resultados de massa seca das espécies. Não houve diferença no desenvolvimento das plantas que estavam próximas do dreno superficial daquelas que estavam no centro da parcela. A observação da área experimental logo após as chuvas, que formavam lâmina de água, mostrava a importância de, associado a drenos superficiais, realizar-se também correção de microrelevo, de modo a não permitir a formação de poças de água na região entre os drenos.

A análise geral dos resultados contidos na Tabela 2 mostra que as espécies produziram em torno de 2.000kg/ha de massa seca aos 50 DAE. Este valor pode ser atribuído apenas ao azevém, pois a participação das leguminosas em termos de massa seca era praticamente nula nessa ocasião. Resíduo semelhante foi encontrado por SÁ (1992) aos 73 DAE, em solo não hidromórfico. Este desenvolvimento obtido em várzea pode ser atribuído à menor ocorrência de chuvas durante o inverno, principalmente na fase de estabelecimento das espécies, ou seja, maio, junho e julho. Nestes três meses, a precipitação total foi de 183,9mm, enquanto o normal da região é de 489mm. Deve-se destacar também que, durante a condução do experimento, de abril a outubro de 1996, ocorreu precipitação pluvial 35% inferior ao normal para a região, no período.

Na fase inicial do experimento, o nível freático encontrava-se a 30cm da superfície do solo, quando ocorreu uma chuva de 25mm causando saturação (Figura 1). Nesta condição, o aumento da profundidade do nível freático para 40cm de altura, ocorreu somente no sétimo dia após a saturação; do sétimo ao décimo dia, houve relativa estabilização da altura do nível freático. Em estudos com azevém, BACK (1994) verificou que a produção de massa seca diminuiu com a elevação do nível freático, concluindo que, para um bom desempenho dessa espécie, o nível freático não deve estar a menos de 40cm da superfície.


Nesse sentido, é lícito esperar que tenha havido prejuízo às plantas no período em que o nível freático esteve muito perto da superfície do solo, pois a condição de pouca aeração do solo induz também a perda de nitrogénio por denitrificação (MILLAR, 1978). Por esse resultado, identificase a dificuldade de se obter a expressão do potencial de produção de massa seca de espécies vegetais em solos de várzea, especialmente no período de inverno, que no Estado caracteriza-se por maior número de dias com chuvas, temperatura mais baixa e menor insolação, culminando com menor evapotranspiração potencial.

A análise da influência das coberturas vegetais de azevém + trevo branco, azevém + comichão e aveia sobre as propriedades físicas do solo, em função do pisoteio animal sob pastejo contínuo, revela que não houve efeito significativo entre espécies ou consorciações vegetais. Observa-se na Tabela 3 que o pisoteio animal, comparando o solo antes (época 1) e depois (época 2), influenciou em todas as propriedades físicas do solo analisadas. Ocorreu redução da microporosidade e porosidade total, em consequência a relação micro/macroporosidade foi alterada. Os valores passaram de 4,28:1 para 6,9:1 após o pisoteio animal, enquanto que a relação considerada adequada para o bom desenvolvimento das plantas é de 2:1 (SOUZA et al., 1994). A redução da macroporosidade de 8,95% para 5,31% e o aumento da densidade do solo de 1,38 g.cm3 para 1,49 g.cm3, caracterizam o efeito do pisosteio dos animais na camada superficial do solo. Ainda de acordo com SOUZA et al. (1994), a macroporosidade é a responsável pela aeração do solo, indicando que o espaço aéreo não deveria ser inferior a 10%, pois provoca redução na difusão do oxigênio, prejudicando o desenvolvimento das plantas. Isso caracteriza que o manejo utilizado pode interferir no desenvolvimento de plantas de sequeiro, limitando a produtividade. Faz-se necessário avaliar este efeito sobre culturas de verão.

CONCLUSÕES

1. Não há diferença na disponibilidade de massa seca da aveia, azevém, azevém + trevo branco, azevém + trevo vesiculoso, azevém + comichão e azevém + serradela nos espaçamentos entre drenos superficiais de 4 a 16 metros, aos 50 dias após a emergência.

2. O pisoteio animal em várzea, com carga adequada ao resíduo e pastejo contínuo eleva a densidade superficial do solo e reduz microporosidade, macroporosidade e porosidade total.

2 Engenheiro Agrônomo, Professor Doutor, Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Rurais (CCR), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pesquisador CNPq. 97105-900. Santa Maria, RS. Autor para correspondência.

3 Engenheiro Agrônomo, aluno de Pós-graduação em Agronomia, CCR/UFSM.

4 Acadêmico de Agronomia, bolsista CNPQ, CCR/UFSM.

Recebido para publicação em 30.05.97. Aprovado em 01.04.98

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    Trabalho apresentado no VII Salão de Iniciação Científica e V Feira de Iniciação Científica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      10 Out 2007
    • Data do Fascículo
      Set 1998

    Histórico

    • Aceito
      01 Abr 1998
    • Recebido
      30 Maio 1997
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