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Da legitimação a (res)significação: o itinerário terapêutico de trabalhadores com LER/DORT

No Brasil, as LER/DORT representam um importante problema de saúde pública. Seu modo de adoecimento, a multideterminação de sua origem e a conturbada assistência prestada aos lesionados parecem expor as próprias contradições do modo de produção capitalista. Neste artigo, buscou-se compreender os processos macrossociais identificados nos percursos de cura feito por trabalhadores com LER/DORT, atentando para os processos de negociação e (res)significação operados nessas trajetórias. Entrevistas em profundidade com trabalhadores sob regime de benefício pela previdência social brasileira passaram por "análise temática" sob a luz dos "modelos explanatórios" e da noção de "itinerário terapêutico" para abarcar o domínio socioeconômico e político. Sobressaiu o excesso e a culpabilização, ligados à etiologia; dor, cansaço e estresse iniciando os sintomas e, no curso da doença, somam-se a perícia médica, as reabilitações e o prognóstico tal como (res)significado pelos trabalhadores na tentativa de forjar um "tipo ideal" de trabalhador que, apesar da lesão, se mantém produtivo. Recomenda-se pensar políticas de saúde que sejam também responsivas aos processos mais amplos das organizações e das relações de poder e classe envolvidos na assistência às LER/DORT.

LER/DORT; Itinerário terapêutico; Modelos explanatórios


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