Este artigo apresenta os resultados de um estudo socioantropológico com mulheres de uma comunidade de baixa renda em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Usando métodos qualitativos, analisa a gravidez pela perspectiva das jovens mães e a contribuição de seu ambiente socioeconômico. Mostra o papel de diferentes atores nas decisões reprodutivas e identifica normas culturais contraditórias que recriminam práticas sexuais na adolescência, mas vê a maternidade como ritual de passagem para a vida adulta. Com base em críticas sobre a insuficiência de programas de planejamento familiar e das consequências para sua saúde e futuro econômico, este artigo argumenta que a maternidade é uma atividade bem sucedida por meio da qual essas jovens preenchem o ideal coletivamente reconhecido de se tornar mulher, além de carregar um senso de realização num ambiente onde a falta de oportunidades prevalece antes mesmo da ocorrência de uma gravidez. Adequação na instrução formal e melhores perspectivas econômicas são possíveis soluções para provê-las com metas que vão além da maternidade, porém dentro dos limites de sua realidade econômica.
Gravidez na Adolescência; Anticoncepção; Planejamento Familiar
