As manifestações de doença e de saúde ocorrem em contexto socioecológico complexo, caracterizado tanto por circuitos de retroalimentação, que atravessam o espaço e o tempo, quanto pela auto-organização, holarquias e mudanças bruscas ao nível da organização ao atingir-se certos limiares. Mesmo programas de controle de doenças bem sucedidos podem prejudicar a saúde; inversamente, programas agrícolas e de desenvolvimento econômico projetados para melhorar a saúde podem alterar os perfis das doenças. Assim, uma estratégia de pesquisa e desenvolvimento voltada à promoção sustentável da saúde deve incorporar múltiplas escalas e perspectivas e elevados graus de incerteza. A abordagem ecossistêmica desenvolvida por pesquisadores na Bacia dos Grandes Lagos satisfaz tais critérios, com implicações importantes para a participação comunitária em pesquisa e políticas de desenvolvimento, bem como para a compreensão e controle de doenças tropicais e emergentes. Ainda quando a abordagem ecossistêmica não obtém êxito quanto a metas específicas, exigências de comunicação aberta e democrática, negociação e consciência ecológica justificam sua implementação.
Ecossistema; Medicina Tropical; Saúde Pública; Saúde