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O caso Dolly, o fármaco Polly e a moralidade da clonagem humana

Em 1996, a ovelha Dolly foi clonada, valendo-se da técnica revolucionária do somatic cell nuclear-transfer (SCNT), desenvolvida por pesquisadores escoceses do Roslin Institute de Edimburgo. Esse fato representa uma inovação biotecnocientífica relevante, com prováveis conseqüências significativas no campo da saúde pública, pois permitirá, em princípio, ampliar as possibilidades da autonomia reprodutiva de casais inférteis e portadores de doenças de origem mitocondrial. Neste artigo, abordam-se 1) os dados técnicos do experimento e as implicações teóricas para as ciências biológicas; 2) a percepção pública no que se refere à clonagem e os principais documentos internacionais que visam a sua regulamentação jurídica e moral; 3) os argumentos morais pró e contra a clonagem, do ponto de vista da teoria moral conseqüencialista. Conclui-se que, no estágio atual do debate sobre a moralidade da clonagem, no qual não existem argumentos deontológicos cogentes, nem a favor nem contra, a ponderação da probabilidade de riscos e benefícios constitui a única maneira razoável de enfrentar a questão em sociedades que se pretendem democráticas, pluralistas e tolerantes.

Engenharia Genética; Clonagem; Saúde Reprodutiva; Bioética


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