Eventos estressantes são situações evitáveis e potencialmente traumáticas que prejudicam a saúde física e mental. Pesquisas sobre esse tema geralmente são realizadas em contextos sem desigualdades sociais significativas. Descrevemos medidas de prevalência e de desigualdade para exposição a diferentes eventos estressantes de acordo com sexo, cor da pele, renda familiar e escolaridade, utilizando dados de cinco acompanhamentos da coorte de nascimentos de Pelotas (Brasil) de 1993. Avaliamos eventos estressantes até a adolescência (< 18 anos, n = 2.755), na idade adulta (18-30 anos, n = 1.752) e em ambos os contextos (n = 1.400). As características das amostras analíticas foram semelhantes à linha de base de acordo com a ponderação de probabilidade inversa. Utilizaram-se medidas simples e complexas para medir desigualdades (diferença, razão, índice de inclinação da desigualdade e índice de concentração). Até a adolescência, os eventos estressantes mais prevalentes foram separação dos pais (67,5% dos homens) e morte de um familiar (66,1% das mulheres). A morte de um familiar foi o evento estressante mais prevalente para ambos os sexos na idade adulta (homens: 65,8%; mulheres: 63,2%) e em ambos os períodos (homens: 44,1%; mulheres: 44,2%). Independentemente do período da vida, negros e indivíduos menos escolarizados e mais pobres foram os mais expostos à maioria dos eventos estressantes. Negligência emocional, encarceramento, separação dos pais e discriminação foram as exposições mais desiguais, com negros, aqueles com menor escolaridade e os mais pobres sendo os mais afetados, as mulheres sendo mais expostas à negligência emocional e à discriminação, e os homens às demais exposições. Programas de saúde física e mental devem ser desenvolvidos para prevenir tais exposições e minimizar os danos à saúde, especialmente nos grupos mais vulneráveis.
Palavras-chave:
Estresse Psicológico; Fatores Socioeconômicos; Demografia; Desigualdades Sociais; Coorte de Nascimento
Thumbnail
Thumbnail
Thumbnail
Thumbnail



