| Diagnóstico do diabetes na APS |
NT-8 |
“Tem muito tempo que tenho diabetes, fui lá no posto, aí foi lá que descobri. O médico mediu e viu que tava com diabetes, mas já tem tempo. Lembro que sentia assim que fazia xixi direto, tinha vez que perdia o sono e comia doce” (E14 - mulher, 71 anos, zona urbana) |
| Pé diabético e encaminhamento na APS |
NT-9 |
“Fui no posto, chegou a médica falou pra mim: ‘oh seu pé não tem jeito aqui não. Você vai ter que ir no Hospital de Base, que lá que mexe com essas coisas’. Aí, primeiro fui pra UPA, fiquei uns quatro dias, porque não tinha vaga, fiquei ali naquela salinha dormindo numa cadeira. Aí, depois surgiu a vaga, me mandaram pra cá pro Hospital de Base, chegou lá, me internaram logo” (E18 - mulher, 68 anos, zona rural) |
| Ausência de encaminhamento na APS |
NT-10 |
“Quando começou a mancha, fui no posto. Mas ninguém me mandou procurar outro lugar não. Eu mesmo fui vendo se melhorava. [Minha esposa] me levou pra o hospital. Eu mesmo não tava querendo ir não, mas ela falou: ‘Vamos lá pra ver’. Aí, no começo da semana tinha ido no posto. Quando foi no domingo, aumentou rápido. Começou a empretecer o pé, aí falei, é, não tem jeito não, vamos lá” (E9 - homem, 52 anos, zona rural) |
| Busca por serviços de emergência |
NT-11 |
“Quando fiquei internada foi lá no Hospital de Base. Fui direto pro hospital, porque sempre que a gente sente assim esses problemas o povo fala que é lá que resolve. Aí, já fui direto pra lá” (E12 - mulher, 68 anos, zona rural) “Fiquei uns 15 dias internado pra ver se o sangue circulava e o sangue não circulou. Aí, fiz outros exames e teve que amputar a perna. Mas fiquei uns 10 dias na UPA, até surgir a vaga da cirurgia no Hospital de Base. Fiquei uns 30 a 40 dias internado entre a UPA e o Hospital de Base” (E3 - homem, 74 anos, zona urbana) |
| Busca por serviços de saúde privado |
NT-12 |
“Aí, fui peguei daqueles táxis (...), falei pra o moço, oh você não me leva nem pra UPA, nem pra o Hospital de Base, me leva pro Unimec [hospital privado]. Aí, na segunda, fui no médico, no meu cardiologista. Paguei a consulta, mas como era bem no tempo da pandemia, ele falou que não podia resolver nada. Ele falou: ‘você vai ou pra UPA ou pro Hospital de Base’. Aí, minha sobrinha que é nojenta falou: ‘lá você não vai não. Vumbora pro Unimec [hospital privado]’. Chegou lá, me botou o dia todo de castigo lá. Esse médico é particular, era 300 reais. Aí, a gente pagou logo. Esse médico fez exame de sangue, ultrassom, fez tudo. Quando foi 5 horas da tarde, ele chegou na cara de [minha sobrinha] e falou: ‘não, esse caso, não resolvemos não. Esse caso, é caso de amputação, você tem que levar ou pra UPA ou pra o Hospital de Base’” (E11 - homem, 49 anos, zona rural) |
| Acesso aos serviços de saúde após amputação |
NT-13 |
“Aí, ele [cirurgião] passou os remédios e falou: ‘você precisa só tomar os remédios’. Ele deu os relatórios, aí, quando preciso, vou no posto e o doutor [médico da EqSF] faz os encaminhamentos. Ele que mandou ir no angiologista, ele que me deu as guias, faz esse trabalho todo” (E3 - homem, 74 anos, zona urbana) “Depois de lá do hospital, eles [médicos] mandou ir lá pra o CEMAE. Sei que fui lá um bocado de vezes, fazer exame com o médico lá do CEMAE, pra ele me olhar e tal. (...) E fui no CEMERF tirar as medidas pra fazer a prótese, isso foi quase um ano depois da cirurgia (...) Tenho só que acostumar com a prótese” (E9 - homem, 52 anos, zona rural) “(...) Aí, o rapaz concordou, mas falou: ‘é, mas vou encaminhar a senhora pra clínica de reabilitação, porque lá tem os profissionais de fazer o tratamento, lá os materiais não são comuns’. Porque geralmente quando a gente vai no posto é mais de primeira urgência, é gaze. E lá não, é espuma, tem placa hiper cara, tratamento adequado. E ia fazia os curativos lá na clínica. (...) A clínica lá foi excelente. Ainda tô lá, só que agora numa nova versão, na fisioterapia, porque vou colocar a prótese e tem que fazer (E16 - mulher, 59 anos, zona urbana) |
| Busca pela ESF |
NT-14 |
“No posto, eu demorava de ir, mas ia. E depois que começou essa perna que comecei ir na UPA. No posto, quem mais me atende é o doutor [e] vou no posto mais por causa da pressão e do diabetes e é só ele [médico] e a menina do curativo, que me atende” (E3 - homem, 74 anos, zona urbana) “No posto, costumo ir. O remédio da pressão, pego no posto. E a insulina, também, pego no posto. E quem mais me atende lá é [a ACS]. Aí sempre quando preciso assim, que adoeço sempre vou no posto. Mas já tem tempo que não vou” (E12 - mulher, 68 anos, zona rural) |
| Autocuidado |
NT-15 |
“Agora, parei de comer muito doce, refrigerante, porque eu era doida por causa de refrigerante. Meu café, tô bebendo amargando, porque tem o adoçante, mas não dou muito bem. Parei mais com negócio de massa. Pão mesmo, tirei mais. E esses dias, passei até aqui na nutricionista do posto. Ela passou um monte de coisa pra mim comer. Arroz, macarrão, pão, tudo integral. Pão mesmo, só como uma vez no dia, porque comia muito pão. Esse negócio de massa, beiju, essas coisas tudo tirei mais. Aí, vai controlando” (E10 - mulher, 58 anos, zona rural) “Comprei a faixa, adaptei uns aparelhos com garrafa pet, areia, uso o próprio andador, pra não parar. Porque o restante da perna tem que ficar bem flexível, ele não pode ficar duro, enrijecido. Minha parte, eu to fazendo. Porque o possível a gente faz, e o impossível a gente entrega pra Deus. Então, to fazendo, é tá vigiando com o que come, tá fazendo a fisioterapia. As coisas que o médico orienta, to fazendo (E16 - mulher, 59 anos, zona urbana) |
| Automedicação |
NT-16 |
“Aí é difícil o atendimento, [e] aí às vezes aqui em casa mesmo se ela [taxa glicêmica] tiver muita alta, eu mesmo aumento a dose da insulina pra ver se consigo baixar” (E6, homem, 53 anos, zona urbana) “No pé, eu passava umas coisas, o pessoal falava ‘ah isso aqui é bom’, aí continuei, mas acho que foi pior pra mim. Nem lembro o que usava, porque um e outro me davam um remédio pra ir passando, aí naquela ansiedade pra sarar, ia passava uma pomada, passava o que mandava e por cima tava melhorando, mas por dentro ela [lesão no pé] tava viva [sem apresentar melhora]. Achei que tava melhorando, mas não tava. Cheguei a essa conclusão” (E8 - homem, 61 anos, zona rural) |
| Cuidados domésticos |
NT-17 |
“Ele [o pé] começou a enroxar a unha, aí depois foi crescendo, crescendo, fui esperando, colocando remédio pra ver se sarava, usava remédio do mato. Muita gente já me deu explicação de um remédio que é bom, sempre as pessoas me ensinou. Uma coisa que dou bem mesmo quando ela [taxa glicêmica] tá bem alta é folha de graviola, faz o chá. Se tiver de 500 [taxa glicêmica] e você tomar em 40 minutos baixa (E6 - homem, 53 anos, zona urbana) “Aí, chegou aqui minha menina começou cuidar. Ela pegava babosa, mastruz, fazia aquela papa, passava, enrolava e eu tomava os medicamentos, os antibióticos. Aí foi cuidando, cuidando com tanto amor, pois tem hora que amor resolve problema, pois meu pé sarou. (...) E tomo muito chá, as folhas da árvore servem de remédio [e] meço minha diabetes, tomo chá, ela fica boa (E17 - mulher, 77 anos, zona rural) |
| Religiosidade |
NT-18 |
“Aí você pede, bate o joelho no chão que Deus ouve tudo. Mas, aí pra você ver, Deus faz tudo certo. Passei apurada, fiquei de cadeira de rodas, moleta, deitada, sentido dor e mais dor, (...) e Deus deu tudo pra mim. Cheguei minha idade, deu meu aposento. Por isso que falo, tem que ter muita fé, oração e tudo. Aí, sempre vou na igreja, peço oração, rezo o terço [e] graças a Deus, pedi muito a Deus, porque fiquei ruim mesmo. Só não morri, porque não foi o dia de Deus levar. Sou da igreja católica. Pedi muita oração. Esse povo aqui, os vizinhos, fez muita oração. É a fé, quem tem fé em Deus” (E10 - mulher, 58 anos, zona rural) “Procurei uma igreja de crente aqui mesmo e fui muito abençoada, porque só andava de bengala. Aí quando foi um dia o pastor me rezou e falou assim: ‘de hoje em diante, a senhora não vai mais usar bengala’. Acho que não sei, a fé. Porque, eu tava doida pra ter saúde mesmo. Aí desse tempo pra cá, não usei mais a bengala (E12 - mulher, 68 anos, zona rural) “Então, quando a gente começar a fazer essas indagações e a gente mesmo responder com teoria bíblica a coisa muda de figura. A dor, o peso, o sofrimento, tudo diminui” (E16 - mulher, 59 anos, zona urbana) |