Hesitação vacinal para influenza entre trabalhadores(as) da saúde, Bahia, Brasil

Souza, Fernanda de Oliveira; Werneck, Guilherme Loureiro; Pinho, Paloma de Sousa; Teixeira, Jules Ramon Brito; Lua, Iracema; Araújo, Tânia Maria de

doi:10.1590/0102-311X00098521

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Sumário

ARTIGO • Cad. Saúde Pública 38 (1) • 2022 • https://doi.org/10.1590/0102-311X00098521 copiar

Hesitação vacinal para influenza entre trabalhadores(as) da saúde, Bahia, Brasil

Influenza vaccine hesitancy among health workers, Bahia State, Brazil

Vacilación en la vacunación contra la gripe entre trabajadores/as de salud, Bahía, Brasil

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo:

A Organização Mundial da Saúde reconhece a hesitação vacinal como uma das dez maiores ameaças à saúde pública no mundo. Este estudo investigou a associação entre confiança, conveniência e complacência e a hesitação vacinal para influenza entre trabalhadores(as) do setor saúde. Foram incluídos 453 trabalhadores(as) de serviços de atenção primária e média complexidade de uma cidade de médio porte do estado brasileiro da Bahia. Foram considerados hesitantes em vacinar aqueles que não receberam vacina para influenza em 2019. Modelos de equações estruturais foram utilizados para avaliar interrelações entre variáveis preditoras de interesse e hesitação vacinal. Um quarto dos(as) trabalhadores(as) (25,4%) hesitaram em se vacinar para influenza. Menor confiança (coeficiente padronizado - CP = 0,261; p = 0,044) e maior complacência (CP = 0,256; p < 0,001) associaram-se significativamente à hesitação vacinal. A conveniência não esteve associada à hesitação vacinal. Trabalhadores(as) não assistenciais, da média complexidade e do sexo masculino referiram menor acolhimento pelo profissional que administrava as vacinas. O medo de agulhas associou-se à menor confiança e à hesitação vacinal. História de reação vacinal não esteve associada diretamente com hesitação vacinal, mas associou-se à maior complacência, isto é, menor percepção do risco de doenças imunopreveníveis. Por ser uma vacina recomendada anualmente, a hesitação vacinal para influenza pode contribuir para aumentar a carga da doença na população. Os dados sustentam a hipótese de que fatores relacionados à confiança e complacência produzem prejuízos na aceitação desta vacina, devendo ser considerados no desenvolvimento de estratégias e ações para maior adesão à vacinação.

Palavras-chave:
Vacinação; Trabalhadores da Saúde; Recusa de Vacinação

Itens	n	%	IC95%
Confiança (resposta: Sim) *
C1. Já aconteceu algo na sua vida ou comunidade que fez com que você deixasse de acreditar nas vacinas?	32	7,1	4,9-9,8
C2. Você acredita que o governo fornece a melhor vacina do mercado?	293	70,6	65,9-74,9
C3. Você confia em informações que os profissionais lhe repassam sobre vacinação?	406	90,2	87,1-92,8
C4. Você se sente seguro para receber novas vacinas?	367	81,4	77,4-84,8
C5. Você confia nas pessoas que cuidam do processo de vacinação na Unidade Saúde da Família?	414	91,8	88,8-94,1
Conveniência (resposta: Sim) *
V1. Nas campanhas de vacinação, você tem informações suficientes para decidir se vacinar?	367	81,6	77,6-85,0
V2. Você se sente informado suficiente sobre riscos/benefícios da vacinação?	350	77,3	73,1-81,0
V3. Eu me vacinei contra gripe porque foi realizada campanha de vacinação no meu trabalho.	250	55,8	51,0-60,4
V4. Eu me vacinei contra gripe após ouvir informações sobre os benefícios da vacina nos meios de comunicação (televisão, rádio, redes sociais).	246	54,9	50,1-59,5
Complacência (resposta: Discordo) *
L1. Trabalhar com muitas pessoas todo dia aumenta minhas chances de pegar gripe.	63	14,0	10,9-17,5
L2. Eu tenho muito a ganhar ao me vacinar contra gripe.	79	18,1	14,5-22,0
L3. Para me vacinar contra gripe, eu precisaria abrir mão de minhas concepções sobre utilidade, benefícios e riscos da vacinação.	367	81,6	77,6-85,0

Variáveis *	Total		Prevalência de hesitação vacinal		IC95%
Variáveis *	n	%	n	%
Total	453	100,0	114	25,4	21,2-29,4
Sociodemográficas
Sexo (n = 453)
Feminino	375	82,8	88	23,7	19,2-28
Masculino	78	17,2	26	33,8	23,0-44,9
Escolaridade (n = 440)
Ensino Fundamental	13	3,0	4	30,8	9,1-61,4
Ensino Médio	120	27,3	34	28,3	20,5-37,3
Ensino Técnico	87	19,8	19	22,1	13,7-32,0
Ensino Superior	142	32,3	43	30,9	22,8-38,5
Pós-graduação	78	17,7	11	14,1	7,2-23,8
Faixa etária (anos) (n = 442)
21-30	44	10,0	10	23,3	11,4-37,8
31-49	292	66,1	73	25,3	20,1-30,3
Mais de 50	106	24,0	27	25,5	17,5-34,8
Renda familiar mensal (salários mínimos) (n = 374)
≤ 2 (até R$ 1.996)	253	67,6	74	29,4	23,7-35,2
> 2 (R$ 1.996 ou mais)	121	32,4	22	18,2	11,7-26,2
Situação conjugal (n = 450)
Com companheiro(a)	272	60,9	69	25,7	20,3-30,9
Sem companheiro(a)	175	39,1	44	25,3	18,9-32,2
Filhos (n = 444)
Sim	328	73,9	82	25,2	20,4-30,0
Não	116	26,1	28	24,3	16,6-32,9
Raça/Cor (n = 448)
Pretos	146	32,9	39	26,9	19,7-34,6
Pardos	222	50,0	51	23,2	17,6-29,0
Não negros	72	16,2	21	29,6	19,0-41,0
Não sabe	4	0,9	3	75,0	19,4-99,3
Ocupacionais
Tempo de trabalho (anos) (n = 453)
Até 10	244	53,9	51	21,8	15,9-26,5
Mais de 10	209	46,1	56	26,9	20,9-33,3
Categoria profissional (n = 444)
Assistenciais	137	30,9	28	20,7	14,0-28,1
Apoio técnico	175	39,4	55	31,4	24,6-38,8
Administrativo e operacional	132	29,7	30	23,1	15,9-30,8
Vínculo de trabalho (n = 446)
Permanente	308	69,1	82	26,7	21,7-31,9
Temporário	138	30,9	31	23,0	15,8-30,3
Complexidade do serviço (n = 453)
Atenção básica	352	77,7	83	23,8	19,2-28,3
Média complexidade	101	22,3	31	31,0	21,9-40,6

Índices	Modelo 1 *	Modelo 2 *	Modelo 3 *	Modelo estrutural
RMSEA
Índice	0,046	0,035	0,055	0,023
IC90%	0,032-0,059	0,000-0,059	0,012-0,096	0,000-0,039
CFI	0,953	0,985	0,985	0,974
TLI	0,938	0,979	0,968	0,964

Itens/Efeitos diretos	Modelos de mensuração
	Modelo 1		Modelo 2		Modelo 3
	CP	Valor de p	CP	Valor de p	CP	Valor de p
Confiança
C1	0,460	< 0,001	0,448	< 0,001	0,436	< 0,001
C2	0,625	< 0,001	0,621	< 0,001	0,636	< 0,001
C3	0,933	< 0,001	0,955	< 0,001	0,970	< 0,001
C4	0,853	< 0,001	0,814	< 0,001	0,805	< 0,001
C5	0,743	< 0,001	0,774	< 0,001	0,757	< 0,001
Conveniência
V1	0,667	< 0,001	0,732	< 0,001
V2	0,680	< 0,001	0,736	< 0,001
V3	0,305	< 0,001
V4	0,348	< 0,001	0,282	< 0,001
Complacência
L1	0,194	0,001
L2	0,935	< 0,001
L3	0,389	< 0,001
Itens/Efeitos diretos	Modelo de equação estrutural
Itens/Efeitos diretos	CP	Valor de p
Confiança (on)
Acolhimento	0,438	< 0,001
Medo de agulhas	0,139	0,032
História de reação adversa	0,122	0,068
Conveniência	0,351	< 0,001
Complacência	0,167	0,004
Conveniência (on)
Acolhimento	0,404	< 0,001
Complacência (on)
Acolhimento	0,385	< 0,001
História de reação adversa	0,168	< 0,001
Hesitação (on)
Confiança	0,261	0,044
Hesitação (on)
Complacência	0,256	< 0,001
Conveniência	-0,079	0,249
Medo de agulhas	0,063	0,216
História de reação adversa	-0,066	0,190
Acolhimento (on)
Ocupação	0,158	< 0,001
Atenção primária/Média complexidade	0,176	0,014
Sexo	0,149	0,006

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