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Atendimento odontológico de urgência no sistema público brasileiro de saúde: lições da pandemia da COVID-19 para situações futuras

Este estudo ecológico descreveu como a pandemia da COVID-19 e o desenvolvimento socioeconômico afetaram o uso da assistência odontológica de urgência (AOU) e seu perfil. Comparamos taxas de AOU para cada 100 mil habitantes antes (de março a junho de 2019) e durante (de março a junho de 2020) a pandemia da COVID-19 em 4.062 municípios brasileiros. Os dados foram coletados de fontes oficiais. As taxas de mortalidade e internação pela COVID-19 indicaram níveis restritivos de lockdown e Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) indicou o nível de desenvolvimento socioeconômico. Foram utilizadas regressões logísticas múltiplas e risco relativo de excesso devido à interação (RERI) para análises estatísticas. O teste t de Student foi usado para comparar alterações no perfil das causas e procedimentos da AOU nos dois períodos. As taxas de AOU foram menores em 69,1% dos municípios e associadas a IDH maior (OR = 1,20; IC95%: 1,01; 1,42). A mortalidade apresentou uma razão de chances de 0,88 (IC95%: 0,73; 1,06) para municípios com IDH < 0,70 e de 1,45 (IC95%: 1,07; 1,97) para municípios com IDH > 0,70. O RERI entre IDH e COVID-19 foi de 0,13 (p < 0,05). Os municípios com maior cobertura de atenção primária à saúde apresentaram menor redução nas suas taxas de emergência. Procedimentos endodônticos e dor dentária foram os fatores mais frequentes antes e durante a pandemia. O percentual de AOUs aumentou devido à dor, danos nos tecidos moles, vedação temporária e procedimentos cirúrgicos. Variáveis socioeconômicas afetaram as taxas de AOU durante o período mais restritivo da pandemia da COVID-19 e devem ser incluídas no planejamento de ações de saúde em emergências futuras.

Palavras-chave:
COVID-19; Sistemas de Saúde; Serviços Médicos de Emergência; Fatores Socioeconômicos


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